Por Marco Piva
O professor José Pastore, no artigo “Médicos cubanos – sustos trabalhistas”, publicado no “Estadão” (5/11/13), levanta uma série de críticas ao Programa Mais Médicos com foco específico nos profissionais cubanos. Renomado estudioso das relações do trabalho no Brasil, ele tem o direito de expressar sua opinião sempre que esclareça de qual ponto de vista está falando. Afinal, é um homem da academia. Mas, já que ele não disse ou se negou a dizer, digo eu. Ao apontar eventuais falhas do programa em relação aos aspectos da legislação trabalhista, ele o faz a partir de um olhar neoliberal e, por isso, erra em dobro: na economia e na política.
Erra na economia porque entende o programa como se fosse uma relação de trabalho corriqueira amparada na legislação atual, que tanto condena. Apela a uma manifestação da Secretaria da Receita Federal para cravar que será inexorável transformar o convênio com Cuba, intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (OPS), em uma relação formal de trabalho recheada de dores de cabeça e desperdício de dinheiro público. Aposta ainda que os profissionais cubanos vão tomar conhecimento e gosto pela legislação trabalhista brasileira e passarão a acionar o Estado com pedidos de indenização milionários. Não respeitarão os compromissos que assumiram e decidirão pedir asilo às centenas. Sem dúvida, um devaneio típico de quem trafega entre o desejo e a ficção.
Ora, um médico cubano se forma com outra visão de mundo e assume por conta disso compromissos sociais bem diferentes daqueles vigentes nos consultórios particulares da região dos Jardins, em São Paulo. São capazes de um sacrifício que muitos médicos brasileiros rechaçaram e transformaram em motivo de chacota e agressões. Desconhece o professor que muitos desses profissionais que hoje atuam nos rincões mais pobres do Brasil já trabalharam em outros países e todos eles são e continuarão sendo funcionários do Estado cubano designados para uma missão internacional.
Mas o erro político, intencional ou não, é mais grave. Pastore repete uma acusação que mereceria, no mínimo, que desse “nome aos bois”. Afirma que “...Não comentarei tampouco a insinuação de que os recursos que vão para Cuba acabarão voltando para o Brasil - não se sabe para quê”. Jogar uma frase assim publicamente traz duas consequências: por um lado, aguça a curiosidade do leitor, o que é bom, e, de outro, levanta suspeitas contra o Governo Federal sem a devida comprovação, o que é ruim. O que ele quis dizer e não teve coragem de escrever, é que o dinheiro enviado a Cuba para pagamento dos médicos (confisco na sua visão) retornará ao Brasil para financiar a campanha eleitoral do PT em 2014. Por que não o fez? Porque isso não passa de uma especulação ridícula, típica da guerra fria, na qual o professor se formou e da qual ainda não se livrou, com a agravante de não apresentar qualquer prova.
Infelizmente, o Brasil se tem tornado um terreno fértil para acusações fáceis, sem compromisso sério com investigações detalhadas e responsáveis. Com o respaldo da mídia comercial, o que importa é a manchete de jornal a qualquer custo, não interessando muito se a acusação de hoje será provada amanhã. Com esse tipo de atuação leviana, a reputação de centenas de pessoas e instituições é jogada na lama, sem a devida reparação posterior no caso de inocência. Vivemos o tempo do “quanto pior, melhor”.
O Programa Mais Médicos certamente tem erros, alguns deles reservados para o futuro com o jogo sendo jogado. Quem sabe teremos até mesmo alguns pedidos de indenização ou de asilo de um ou outro médico cubano. Se isso acontece dentro das nossas casas por que não ocorreria num projeto que envolve milhares de profissionais país afora? Mas, parece que o endereço do professor é outro, embora ele se negue a assumir. No caso, apenas usa os riscos de possíveis questionamentos na Justiça trabalhista para ocultar seu verdadeiro objetivo: promover a luta política contra o governo da presidente Dilma Roussef e, de quebra, alimentar surtos (e não sustos) da direita mais atrasada desse país.
O professor José Pastore, no artigo “Médicos cubanos – sustos trabalhistas”, publicado no “Estadão” (5/11/13), levanta uma série de críticas ao Programa Mais Médicos com foco específico nos profissionais cubanos. Renomado estudioso das relações do trabalho no Brasil, ele tem o direito de expressar sua opinião sempre que esclareça de qual ponto de vista está falando. Afinal, é um homem da academia. Mas, já que ele não disse ou se negou a dizer, digo eu. Ao apontar eventuais falhas do programa em relação aos aspectos da legislação trabalhista, ele o faz a partir de um olhar neoliberal e, por isso, erra em dobro: na economia e na política.
Erra na economia porque entende o programa como se fosse uma relação de trabalho corriqueira amparada na legislação atual, que tanto condena. Apela a uma manifestação da Secretaria da Receita Federal para cravar que será inexorável transformar o convênio com Cuba, intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (OPS), em uma relação formal de trabalho recheada de dores de cabeça e desperdício de dinheiro público. Aposta ainda que os profissionais cubanos vão tomar conhecimento e gosto pela legislação trabalhista brasileira e passarão a acionar o Estado com pedidos de indenização milionários. Não respeitarão os compromissos que assumiram e decidirão pedir asilo às centenas. Sem dúvida, um devaneio típico de quem trafega entre o desejo e a ficção.
Ora, um médico cubano se forma com outra visão de mundo e assume por conta disso compromissos sociais bem diferentes daqueles vigentes nos consultórios particulares da região dos Jardins, em São Paulo. São capazes de um sacrifício que muitos médicos brasileiros rechaçaram e transformaram em motivo de chacota e agressões. Desconhece o professor que muitos desses profissionais que hoje atuam nos rincões mais pobres do Brasil já trabalharam em outros países e todos eles são e continuarão sendo funcionários do Estado cubano designados para uma missão internacional.
Mas o erro político, intencional ou não, é mais grave. Pastore repete uma acusação que mereceria, no mínimo, que desse “nome aos bois”. Afirma que “...Não comentarei tampouco a insinuação de que os recursos que vão para Cuba acabarão voltando para o Brasil - não se sabe para quê”. Jogar uma frase assim publicamente traz duas consequências: por um lado, aguça a curiosidade do leitor, o que é bom, e, de outro, levanta suspeitas contra o Governo Federal sem a devida comprovação, o que é ruim. O que ele quis dizer e não teve coragem de escrever, é que o dinheiro enviado a Cuba para pagamento dos médicos (confisco na sua visão) retornará ao Brasil para financiar a campanha eleitoral do PT em 2014. Por que não o fez? Porque isso não passa de uma especulação ridícula, típica da guerra fria, na qual o professor se formou e da qual ainda não se livrou, com a agravante de não apresentar qualquer prova.
Infelizmente, o Brasil se tem tornado um terreno fértil para acusações fáceis, sem compromisso sério com investigações detalhadas e responsáveis. Com o respaldo da mídia comercial, o que importa é a manchete de jornal a qualquer custo, não interessando muito se a acusação de hoje será provada amanhã. Com esse tipo de atuação leviana, a reputação de centenas de pessoas e instituições é jogada na lama, sem a devida reparação posterior no caso de inocência. Vivemos o tempo do “quanto pior, melhor”.
O Programa Mais Médicos certamente tem erros, alguns deles reservados para o futuro com o jogo sendo jogado. Quem sabe teremos até mesmo alguns pedidos de indenização ou de asilo de um ou outro médico cubano. Se isso acontece dentro das nossas casas por que não ocorreria num projeto que envolve milhares de profissionais país afora? Mas, parece que o endereço do professor é outro, embora ele se negue a assumir. No caso, apenas usa os riscos de possíveis questionamentos na Justiça trabalhista para ocultar seu verdadeiro objetivo: promover a luta política contra o governo da presidente Dilma Roussef e, de quebra, alimentar surtos (e não sustos) da direita mais atrasada desse país.
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