quarta-feira, 31 de maio de 2017

EU ME ORGULHO DE ESTAR DO LADO CERTO DA HISTÓRIA

https://www.facebook.com/lindbergh.farias/videos/1536688759675747/

Precisam quebrar a principal linha de resistência dos trabalhadores



 

                                                                                                                          José Álvaro de Lima Cardoso.
         O grupo que tomou o poder à força em 2016, e que, cindido e denunciado até o talo, luta para mantê-lo neste momento, vem destruindo a democracia e as instituições visando implantar um projeto ultraneoliberal, que não se realizou em plenitude em nenhuma parte do mundo. Dentre os objetivos básicos deste grupo está o de reduzir ao máximo a ação do Estado brasileiro em todas as suas dimensões. Não há direitos sociais sem um Estado que possa garanti-los na prática. Por isso quando votaram a Emenda Constitucional 95 (a PEC da Morte), que congela gastos sociais por 20 anos, no fundo, estavam agredindo a própria soberania do país.
     Não há país soberano com um povo que não tenha o mínimo de sossego e bem-estar social. O congelamento dos gastos sociais por 20 anos, para, conforme foi revelado, pagar ainda mais juros da dívida pública, significa que os golpistas não queriam apenas aprovar uma medida absurda, que não foi adotada em nenhuma parte do mundo. Mais do que isso, queriam obrigar os futuros governos a executarem as políticas neoliberais ultrarradicais que vêm implantando. É um projeto de destruição de direitos e soberania, pensado para durar décadas.
     Nessa política de subserviência e de entreguismo extremos, não cabe a indústria nacional, tampouco direitos ou mesmo políticas de Seguridade Social. Menos ainda estatais em setores estratégicos, daí o interesse em privatizar o que restou de patrimônio público (CEF, BB, BNDES, Petrobrás, estatais estaduais). Fundamental também entregar a joia da Coroa, o pré-sal, que mudou a inserção do Brasil no mundo, na área energética. Por isso é fundamental desmontar a Petrobrás como já vêm fazendo os golpistas desde a primeira hora de governo. 
     Para os sindicatos de trabalhadores, e para a esmagadora maioria dos brasileiros, a luta contra o golpe não significa uma defesa abstrata ou teórica da democracia. Se trata de uma questão de sobrevivência. Ou a gente acaba com o golpe ou o golpe acaba com o movimento sindical, com a aposentadoria, com as estatais, com a Petrobrás. Acabam com o Brasil. Fecham os partidos democráticos e liquidam o pouco que restou de democracia. Não é uma posição teórica ou meramente ideológica. É questão de vida ou morte (inclusive física por que há uma evidente restrição da democracia desde o golpe).  A restrição da democracia não ocorre por acaso. Como calar 150, ou 160 milhões de brasileiros que se recusam a ir para o matadouro como gado, com comportamento bovino, em face da destruição do país?  Para 90% ou 95% da população, quem pode prescindir da seguridade social, dos serviços públicos, das leis trabalhistas, dos recursos do pré-sal? Não é por acaso que Temer é o presidente que tem a menor taxa de aprovação da história.
       A radicalização advinda do golpe de Estado está evidenciando que, ao fim e ao cabo, quem pode defender os trabalhadores são suas organizações, por mais limitações que ainda tenham. A mobilização popular organizada pelos sindicatos e movimento popular, foi decisiva inclusive na mudança da conjuntura, provocando rachaduras no bloco golpista. Se não fossem as mobilizações, que agora parecem ter agregado uma parte da classe trabalhadora que estava apática, os golpistas não teriam rachado, fenômeno que abre uma brecha importante para a luta do povo. Com todos os poderes da República envolvidos até o pescoço no golpe, quem ainda pode defender os trabalhadores contra o golpismo e todas as suas consequências são as organizações sindicais e sociais. Por isso está no centro da estratégia do inimigo a destruição da principal linha de resistência dos trabalhadores.
                                                                                                             *Economista.

Desmonte na Petrobras atinge setor de refino

http://rogeriocerqueiraleite.com.br/desmonte-na-petrobras-atinge-setor-de-refino/

As bases e o 'habitat' da nova direita

Por Glauco Faria e Luciano Velleda, na Revista do Brasil. 
Transcrito no Blog do Miro.

O Instituto Liberal, entidade presidida pelo economista e ex-colunista da revista Veja Rodrigo Constantino e que tem Bernardo Santoro como diretor-executivo, é tido como um dos principais think tanks brasileiros. A expressão inglesa designa as organizações ou instituições que produzem e divulgam conhecimento com o objetivo de influenciar mudanças sociais, políticas e econômicas. O papel desempenhado por entidades como Instituto Millenium, Mises Brasil e Estudantes pela Liberdade ajuda a entender melhor o atual estágio do liberalismo no país e as suas bases.

Na página de abertura do site Estudantes pela Liberdade (EPL) há um ícone onde se lê: “Receba recursos do Fundo Donald Stewart Jr”. O atraente convite tem potencial para desenrolar um extenso novelo sobre a origem, o desenvolvimento e o crescimento da ideologia liberal no Brasil. Apesar do nome em inglês, Donald Stewart Jr. foi um engenheiro civil carioca, fundador do Instituto Liberal, em 1983, a primeira entidade a divulgar de modo sistemático as ideias desse campo no país.

“O trabalho inicial do Instituto se concentrou por algum tempo na tradução, edição e publicação de livros e panfletos, já que eram muito poucos os textos sobre liberalismo existentes no Brasil”, explica o próprio site do Instituto Liberal. Em 1984, nasceu no Rio Grande do Sul o Instituto de Estudos Empresariais (IEE), organização composta na ocasião por jovens empresários, entre eles William Ling, do grupo Évora. Apenas quatro anos depois, em 1988, o IEE criou o Fórum pela Liberdade, tradicional evento de debate político e econômico que, em 2017, realizou sua 30° edição tendo como astro o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).

Wiston Ling, também do grupo Évora e irmão de William, é o fundador do Instituto Liberdade do Rio Grande do Sul, entidade que nasceu como uma expansão regional do Instituto Liberal de Stewart Jr. e depois passou a ter vida própria. Seu filho, Anthony Ling, é por sua vez um dos fundadores do Estudantes pela Liberdade, ao lado de Juliano Torres e Fábio Ostermann. O grupo surgiu em 2012 com a missão de “desenvolver nos estudantes seu potencial máximo de liderança”.

Em junho de 2013, a efervescência das manifestações que tomaram conta do país também mexeu com o brio dos membros do Estudantes pela Liberdade (EPL). Porém, como a entidade recebia financiamento de organizações estrangeiras, seus integrantes não podiam levar às ruas a bandeira EPL. Para contornar o empecilho, tiveram então a singela ideia de criar uma marca apenas para participar das manifestações que sacudiam o Brasil: nascia assim o Movimento Brasil Livre (MBL).

“Quando teve os protestos em 2013 pelo Passe Livre, vários membros do Estudantes pela Liberdade queriam participar, só que, como a gente recebe recursos de organizações como a Atlas e a Students for Liberty, por uma questão de imposto de renda lá, eles não podem desenvolver atividades políticas. Então a gente falou: ‘Os membros do EPL podem participar como pessoas físicas, mas não como organização para evitar problemas. Aí a gente resolveu criar uma marca, não era uma organização, era só uma marca para a gente se vender nas manifestações como Movimento Brasil Livre. Então juntou eu, Fábio [Ostermann], juntou o Felipe França, que é de Recife e São Paulo, mais umas quatro, cinco pessoas, criamos o logo, a campanha de Facebook. E aí acabaram as manifestações, acabou o projeto. E a gente estava procurando alguém para assumir, já tinha mais de 10 mil likes na página, panfletos. E aí a gente encontrou o Kim [Kataguiri] e o Renan [Haas], que afinal deram uma guinada incrível no movimento com as passeatas contra a Dilma e coisas do tipo. Inclusive, o Kim é membro da EPL, então ele foi treinado pela EPL também. E boa parte dos organizadores locais são membros do EPL. Eles atuam como integrantes do Movimento Brasil Livre, mas foram treinados pela gente, em cursos de liderança”, disse Juliano Torres, diretor-executivo do Estudantes pela Liberdade (EPL), em entrevista concedida à Agência Pública em 2015.

As organizações Atlas e Students for Liberty citadas por Juliano Torres como financiadoras do Estudantes pela Liberdade são dois think tanks estadunidenses de peso na propagação da ideologia liberal não só nos Estados Unidos como na América Latina e em diversos países, incluindo a formação de novos e jovens líderes. “São poucos os analistas que conhecem o papel dos think tanks, mas são eles que facilitam a circulação de recursos, espaços físicos e mesmo virtuais, não só recursos financeiros como pessoais, muitas vezes com gente de fora, dos Estados Unidos, da Alemanha, Espanha”, explica Camila Rocha, doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP).

O fio do novelo que envolve essas organizações, movimentos e partidos da nova direita, chega até o argentino Alejandro Chafuen, presidente da Atlas Network. Em 2015, ele passou por Porto Alegre e participou das manifestações pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, publicou no Facebook uma foto ao lado de Fábio Ostermann. Naquele ano, ao lado do colombiano Plinio Apuleyo Mendoza, coautor do livro Manual do perfeito idiota latino-americano, Chafuen participou do Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.

Foi no mesmo Fórum da Liberdade, em 2006, que foi lançado o Instituto Millenium, desde então uma das organizações mais influentes do liberalismo brasileiro. Em sua página na internet, o instituto se define como “entidade sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária com sede no Rio de Janeiro. Formado por intelectuais e empresários, o think tank promove valores e princípios que garantem uma sociedade livre, como liberdade individual, direito de propriedade, economia de mercado, democracia representativa, Estado de Direito e limites institucionais à ação do governo”.

Entre seus patrocinadores estão a Gerdau, a Pottencial Seguradora, a editora Abril, o Bank of America Merrill Lynch e o grupo Évora. Hélio Beltrão, do grupo Ultra, também é um dos fundadores do Instituto Millenium, ainda que o empresário tenha a sua própria entidade, o Mises Brasil, “associação voltada à produção e à disseminação de estudos econômicos e de ciências sociais que promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre”, segundo o próprio site do instituto.

É como decorrência das teorias econômicas de Ludwig von Mises, da chamada Escola Austríaca, que surgiu a frase muitas vezes vista nas manifestações pró-impeachment e proferida por alguns líderes dos novos movimentos direitistas: “Menos Marx e mais Mises”.

A internet e o discurso anticorrupção como "elemento unificador"

Uma das principais características dos movimentos que levaram milhões de pessoas a manifestações, especialmente em 2015, é o uso da internet como ferramenta de articulação. “A direita sempre teve presença nas redes sociais no Brasil, desde o Orkut já havia comunidades que reuniam grupos direitistas”, conta o sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Sergio Amadeu. Segundo ele, um ponto importante na trajetória dos grupos direitistas foi a polêmica em torno da questão do aborto, explorada pela campanha do candidato do PSDB José Serra contra Dilma Rousseff (PT) na eleição de 2010, quando páginas e perfis de direita se fortaleceram no embate.

Amadeu também destaca outro fato, ocorrido após os protestos de junho de 2013, a apropriação de símbolos que marcaram aquele período, com outro viés. É o caso, por exemplo, da criação do MBL, cujo nome é “inspirado” no Movimento Passe Livre (MPL), e o Vem Pra Rua, grito dos manifestantes usado para chamar mais pessoas para protestarem contra o reajuste das tarifas de transporte público. “É o uso de uma tática antiga da direita totalitária, como quando a extrema direita alemã adotou a expressão ‘nacional socialismo’. É uma batalha semiótica por vários termos, envolvendo desde coletivos construídos a dedo até alguns menos coesos”, aponta o professor da UFABC.

“Em 2013 havia a ideia de que as manifestações não podiam ser lideradas por alguém, uma crítica explícita à liderança política tradicional. Houve a quebra de uma estética tradicional e aquilo animou uma parcela da população. Mesmo que as manifestações tenham começado com um movimento de esquerda, o Passe Livre, a base central era a desconfiança da política”, analisa o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Rodrigo Estramanho de Almeida. “Houve também uma nova estratégia de comunicação via internet utilizada por diversos setores, um divisor de águas na forma de se fazer política e que abriu espaço para o protagonismo de jovens e de novos grupos.”

Para o professor, é possível traçar paralelos entre esses novos grupos e movimentos ocorridos em outros países nos quais o meio virtual também foi fundamental para o trabalho de articulação. “Essa nova forma de comunicação pela internet é algo ligado ao espírito do tempo, que se relaciona com a Primavera Árabe anos antes, algo que vem acontecendo com muita força e é uma tendência. E até hoje os partidos políticos estão completamente perdidos em como se comunicar com a sociedade, não conseguem usar as novas formas”, observa Estramanho. “Na última eleição tivemos inclusive alguns políticos novos eleitos graças às redes sociais. Há um aprendizado com essas novas formas de se comunicar e fazer política, estamos vivendo um momento de mudança social, nem sempre pra frente.”

O que de certa forma amalgamou segmentos que ainda têm muitas diferenças entre si e os fortaleceu na internet, trazendo militantes e simpatizantes para suas páginas e perfis, foi o discurso anticorrupção, associado ao antipetismo, que ganhou força no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. “A direita faz uso do discurso da corrupção contra a esquerda no mundo todo. Nas redes, para reproduzir esse discurso, adota o mais raso senso comum”, afirma Sergio Amadeu.

A falta de um “inimigo” que unifique os diversos segmentos que transitam na chamada nova direita poderia explicar, por exemplo, o fracasso das manifestações convocadas pelos movimentos que trabalharam pelo impeachment de Dilma no dia 26 de março. Mas não é o único fator. “Faltou um inimigo unificador. Mas é preciso considerar quatro coisas a mais: primeiro, o objetivo principal desses movimentos foi alcançado com o impedimento da presidente Rousseff, logo, o ‘fora PT’ foi vitorioso; segundo, é impossível para qualquer grupo manter um estado de mobilização constante, esses refluxos são esperáveis e esperados; terceiro, as últimas passeatas foram convocadas em nome de bandeiras muito abstratas, como uma questão técnica de legislação eleitoral, o que não é o mais excitante dos temas; e, por fim, há a percepção que a Operação Lava Jato anda e que (ainda) não está ameaçada”, reflete Adriano Codato.

Uma mostra do tsunami direitista nas redes sociais é um estudo feito no início de março pela ePoliticSchool (EPS) em 150 páginas de influenciadores, partidos, veículos de mídia e partidos avaliou que o número de interações em páginas de direita alcançou 14,7 milhões no período analisado, enquanto nas páginas de esquerda o número chegou a pouco menos da metade desse total, 7,1 milhões. O levantamento ainda aponta que 60,5% dos fãs das páginas estudadas eram ligados a tendências da direita.

O sociólogo ainda alerta para uma espécie de “jogo sujo” que já estaria sendo utilizado por grupos direitistas nas redes sociais e que pode ganhar ainda mais amplitude com os recursos financeiros mobilizados que costumam anabolizar algumas páginas. “Na campanha de Donald Trump houve uma estratégia que pode ser reproduzida aqui, mobilizando uma espécie de novo fascismo”, observa Amadeu. “Com essa estratégia operacional, que alguns chamam de estratégia da pós-verdade, quando se desmente um fato, existe outro sendo produzido. É uma tática já usada no Brasil e que vai ser ainda mais sofisticada, exigindo uma ação mais contundente em relação a essa despolitização que privilegia não o factual, mas a ideia da ‘convicção’”, aponta.

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Facebook: ambiente polarizado

Levantamento realizado pelos pesquisadores Esther Solano (Unifesp), Pablo Ortellado e Marcio Moretto (USP) em uma manifestação pró-impeachment da presidenta Dilma em 12 de abril de 2016 mostrou que 47,3% dos entrevistados diziam se informar muito sobre política no Facebook, e 26,6% o faziam por WhatsApp, o que dá uma dimensão da importância das redes sociais no debate.

No mês anterior, março, os pesquisadores coletaram uma amostra de 6,2 mil postagens de 66 mil páginas brasileiras relacionadas à política. O mesmo elemento organizador constatado nas manifestações aparece de novo aqui: é a figura do PT que está no centro da dinâmica da rede, formando um bloco antipetista, de um lado, e outro com páginas petistas e também de esquerda críticas ao petismo, mas contrárias ao impeachment.

Xadrez de como Janot foi conduzido no caso JBS

http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-de-como-janot-foi-conduzido-no-caso-jbs

terça-feira, 30 de maio de 2017

Um país não pode viver em meio à farsa

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço

Michel Temer aos correspondentes estrangeiros, chamou a crise política de “desafios acidentais”. Há certo gosto pela palavra acidente, que ele já usou ao classificar como “acidente pavoroso” o massacre de presidiários.

Fernando Henrique, duas vezes presidente por eleição direta, enrola-se naquilo que seu primeiro-amigo e sócio, Sergio Motta, chamava de “masturbação sociológica“.

O mercado das delações, com a dolce vita concedida aos Batista – que continuarão, aliás, sendo bilionários sem a empresa, que será, como eles mesmos planejavam, internacionalizada ou, para ficarmos na linguagem de açougue, “porcionada”- segue em alta temperatura, na base do “dede um e leve dois”.

O outro mercado, o financeiro, apóia a queda de juros que não caem, porque a inflação baixa, arrastada pela brutal recessão do país, num país que “subvive”, com uma legião de 14,2 milhões de desempregados.

A política passou a ser dos novos “grandes partidos”, o PPF (Partido da Polícia Federal), o PMP, do Ministério Público, e do PSTF, que teme ser dominado pelo gilmarismo. O Partido de Curitiba, que já teve dias melhores, serve agora apenas para perseguir Lula e acalmar Cunha.

E assim viramos uma república carnavalesca, sem rumo, embriagada pelos escândalos, fantasiada de moralismo e correndo o risco de levar umas borrachadas do guarda Bolsonaro e suas agressivas milícias.

Os fracos espasmos de lucidez, que pedem uma eleição que reorganize o país pela vontade popular – no instante em que não se tem mais líderes por ela legitimados – são chamados por essa gente de “golpismo”, porque exigem emendar a Constituição, o que, claro, só é admissível para restabelecer a escravidão.

Um país imenso, rico, com uma população imensa condenada ao atraso e à brutalidade está dedicado a bisbilhotar, grampear, delatar.

Quase dá para ouvir a voz da Elis Regina, cantando para nossas elites políticas e econômicas: o Brasil não merece o Brasil…

Pensando melhor, antes vinha: “Do Brasil, S.O.S. ao Brasil”.

Doria, nazismo na Cracolândia, por Aldo Fornazieri

http://jornalggn.com.br/noticia/doria-nazismo-na-cracolandia-por-aldo-fornazieri

Maduro envia mensagem aos brasileiros

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O fim de Temer é uma iniciativa da estratégia golpista



José Álvaro de Lima Cardoso.

     Temer pode não saber, mas já está liquidado. Só se encontra formalmente no cargo de presidente porque as facções golpistas não chegaram a um acordo em relação à continuidade do golpe. Irá cair porque um segmento dos golpistas viu que não conseguirá irá entregar o que prometeu, especialmente, a destruição da seguridade social e os direitos sociais e trabalhistas (essas são as principais neste momento, mas o cardápio de crimes contra o Brasil é mito mais amplo. Os golpistas provavelmente têm muito mais maldades a realizar, que ainda não revelaram). A base parlamentar de Temer, corrupta até os ossos, começa a se esfarelar, o que é típico de ambientes de “fim de festa”.
        Uma facção dos golpistas está tentando viabilizar, pela via indireta, um novo representante para aprovar as contrarreformas, especialmente o fim da Seguridade Social e dos direitos trabalhistas. Outra parte, em franca diminuição numérica, aposta suas últimas fichas no atual governo ilegítimo. O restinho do governo Temer advém de uma divergência tática entre os golpistas, no que refere ao seu preposto. Porém eles mantêm a unidade estratégica no que se refere à destruição dos direitos e à realização de eleições indiretas, via Congresso.
     A unidade do bloco golpista está em manter o povo longe da escolha, via a realização de eleições indiretas. Para eles o melhor é a eleição do presidente num jogo de cartas marcadas, por um oongresso corrupto, para garantir a continuidade do golpe, com a aprovação das contrarreformas da previdência e trabalhista, além da entrega das riquezas naturais e estatais ao capital internacional. Realização de golpes de Estado é tarefa complexa e perigosa. O golpe no Brasil não foi executado para, candidamente, devolver o governo central às forças progressistas nas próximas eleições.
     A vinda à público do conteúdo da delação da JBS foi iniciativa de parte dos golpistas para seguir com os seus objetivos. O ideal, para eles, seria que o governo Temer, mesmo com todos os seus problemas, tivesse cumprido os objetivos do golpe (contrarreformas, entrega do pré-sal, destruição da esquerda, etc.), de preferência com algum grau de apoio da população. Afinal não tem blindagem da mídia que sustente um governo que é rejeitado por, no mínimo, 95% da população.
     O fim do governo Temer, no conjunto dos acontecimentos, é importante e abre oportunidades de virada do jogo por parte do movimento popular. Mas se os golpistas divergem momentaneamente sobre o que fazer com o governo Temer, têm unidade estratégica em torno da continuidade do golpe. Mais do que isso, a liquidação de Temer decorre da necessidade de aprofundamento do golpe, ou seja, da aprovação das contrarreformas da previdência e trabalhista. O vazamento das gravações contra Temer e Aécio, mostra apenas que a iniciativa política continua na mão dos golpistas. É uma crise interna das facções que participaram do golpe, mas a iniciativa é dos golpistas. Claro é uma operação arriscada porque podem perder o controle do processo. 
     A cisão no bloco golpista está relacionada ao próprio crescimento do movimento de massas, visível principalmente a partir das mobilizações de março. O grau de repressão e truculência à manifestação do dia 24 é sintoma de que esses blocos estão muito preocupados com o avanço das mobilizações. Não por acaso os setores que ainda tentavam manter Temer através de aparelhos já estão abrindo mão e, ao que tudo indica, estão apenas discutindo a melhor forma de se livrar dele, evitando, por exemplo sua prisão.  
     Com todos os poderes metidos no golpe, não há saída, a não ser as manifestações populares e a organização dos trabalhadores através de suas entidades. O Congresso começa a preparar-se para eleger, por via indireta, um sucessor sem voto, o que só poderá ser impedido se as forças populares e democráticas forem capazes de produzir uma grande mobilização em defesa das eleições diretas. A única forma de interromper o golpe, que agora pode continuar sem Temer, é a mobilização popular, que parece ter ingressado num patamar superior.
                                                                                                         *Economista.