sábado, 30 de abril de 2016

Solidariedade internacional: brigadistas de 34 países estarão no 1º de Maio em Cuba

http://convencao2009.blogspot.com.br/2016/04/solidariedade-internacional-brigadistas.html

Moniz Bandeira: Deputado que votou pelo impeachment atestou sua vocação criminosa

 
Paulinho e Eduardo Cunha 
‘A república presidencialista está podre, sua essência é a corrupção’
 
Segundo Moniz Bandeira, a corrupção não começou com os governos do PT e as privatizações do governo FHC foram um poderoso veículo para os corruptos.


 do La Onda digital, via Carta Maior

Após a decisão da Câmara dos Deputados do Brasil, de dar início ao juízo político da presidenta Dilma Rousseff, LA ONDA digital, realizou uma entrevista por e-mail com o cientista político e historiador brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira*, para conhecer sua opinião sobre as causas, o contexto político e social no qual se toma esta excepcional medida. Moniz Bandeira acaba de apresentar seu novo livro: “A Segunda Guerra Fria”, na Feira do Livro de Buenos Aires, que se realiza esta semana, na capital argentina.
– Após a vitória da oposição na Câmara dos Deputados, por uma margem bastante grande (367 votos a favor, 137 contra), foi declarado o início do juízo político contra a presidenta Dilma Rousseff. A pergunta que muitos se fazem na América do Sul é: como o partido do governo e o próprio governo chegaram a esta solidão, a este cenário de falta de apoio político?
– “A campanha subterrânea dos grupos internacionais se aliou à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”. Estas palavras foram escritas pelo presidente Getúlio Vargas, na carta que deixou antes de se suicidar, em 24 de agosto de 1954.
Elas também explicam o que aconteceu na Câmara dos Deputados no dia 17 de abril de 2016. Mas, como disse Marx, a história se repete, uma vez como tragédia, a outra como farsa. Em 1954, o processo do golpe de Estado culminou com uma tragédia, o suicídio do presidente, que impediu a completa conquista dos objetivos por parte dos interesses nacionais e internacionais que moveram a campanha contra o seu governo.
Já o que aconteceu na Câmara de Deputados no recente 17 de abril foi outro golpe de Estado, mas com as características ridículas de um espetáculo de circo. Uma Câmara de Deputados, composta, em 60% do seu total, por parlamentares acusados ou envolvidos indiretamente em processos de corrupção, fraude eleitoral, desmantelamento, sequestro, homicídio, e sob a presidência de um sujeito (Eduardo Cunha) que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), também acusado de corrupção, lavagem dinheiro ilícito, com 40 milhões de dólares em contas secretas na Suíça e no Panamá, que aprovou o impeachment de uma presidenta honesta, que não cometeu nenhum crime.
A votação do último dia 17 foi um show de estupidez, no qual cada deputado que votou pelo impeachment demonstrou também sua vocação criminosa.
– Isso significa que o governo brasileiro e o PT, antes da derrota no parlamento, já havia perdido a credibilidade e a simpatia perante a sociedade?
– Sim, o governo brasileiro cometeu muitos erros, sobretudo na política econômica, e eles contribuíram para diminuir sua popularidade. Isso foi aproveitado por uma intensa campanha dos meios de comunicação da imprensa corporativa.
No Brasil, a liberdade de imprensa é uma ficção. Está virtualmente restrita a quatro ou cinco famílias, que são as donas dos principais veículos de imprensa, rádio e televisão. Mas o golpe de Estado estava articulado desde antes da presidenta Dilma ser eleita pela segunda vez. O objetivo era o retorno do ex-presidente Lula, impedir sua eleição em 2018 e mudar toda a sua política externa.
As manifestações de junho de 2013 foram, sem dúvidas, organizadas por ativistas de ONGs, saídos de cursos de liderança e uso de técnicas de luta não-violenta, conforme os ensinamentos do professor Gene Sharp, autor de From Dictatorship to Democracy. Esses cursos são realizados nas universidades americanas, como Yale e outras, e também dentro da Embaixada dos Estados Unidos.
O juiz Sérgio Moro, que conduz o processo contra a Petrobras, realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007. No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. Em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu os indícios de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou a informação ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demostrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros). E para começar um processo de impeachment, bastava inventar um motivo. O clima já existia.
O juiz Sérgio Moro, que deveria ser submetido a uma investigação sobre suas conexões com os interesses dos Estados Unidos, manipulou os antecedentes, com a desculpa de combater a corrupção, estimulando as classes sociais médias e altas, assim como grande parte da pequena burguesia e do empresariado, que nunca aceitaram de bom grado os programas sociais como o Bolsa Família e outros criados pelo governo de Lula, que foram mantidos pela presidenta Dilma Rousseff. Essas classes médias e altas tampouco conseguiram digerir o fato de ter um operário nordestino como presidente de Brasil.
O que ocorre no Brasil é também uma exacerbação da feroz luta de classes. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) gastou milhões de reais na campanha pelo impeachment da presidenta Dilma. A entidade não transparece esses números, mas se calcula que a FIESP teve um custo de pelo menos cinco milhões de reais em propaganda a favor do impeachment nas edições impressas dos jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, sem incluir o gasto nas edições digitais, suborno de deputados e outros. Houve e há muito dinheiro nacional e estrangeiro correndo no Brasil para financiar o impeachment.
– Mas os juízos políticos não estão previstos na Constituição brasileira? A Justiça processou alguns altos funcionários do governo e da estatal Petrobras. A presidenta não tem responsabilidade institucional e política nesses casos?
– O impeachment está previsto na Constituição, mas não se aplica aos casos que estão descritos no processo contra a presidenta Dilma Rousseff que estão sendo analisados no Legislativo. Não há prova nenhuma de que ela cometeu algum crime de responsabilidade fiscal.
Essa versão foi levantada pelo Tribunal de Contas da União, já com o propósito de justificar um processo de impeachment. Mas nada está provado, e o que aconteceu foi um atraso no repasse de verbas aos bancos públicos, dando momentaneamente uma cobertura às contas do governo. Todos os presidentes, inclusive Fernando Henrique Cardoso no Brasil e Ronald Reagan nos Estados Unidos, fizeram manobras similares. E isso não é motivo para um impeachment. Deve-se observar e discutir muito mais esta questão. Reitero, o processo para tirar a presidenta Dilma Rousseff do governo é resultado de um projeto político muito bem montado, há muito tempo.
– Durante a votação na Câmara dos Deputados, muitos parlamentares, em seus discursos, dedicavam seu voto a favor do impeachment “a Deus”. Isso quer dizer que os governos de Lula e Dilma perseguiram ou tentaram perseguir as religiões?
– Não, nada disso. Foram os deputados evangélicos, representantes de seitas que estão infestando o Brasil, que votaram assim por livre e espontânea vontade. A votação na Câmara foi um espetáculo burlesco, que demonstra o baixo nível dos políticos brasileiros. E muitos certamente estiveram na folha de pagamento da FIESP ou das ONGs que recebem dinheiro do exterior.
– O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assegurou, num evento em São Paulo, que o governo de Dilma Rousseff “não tem mais condições de governar”, e que o Brasil vive uma democracia “corroída e corrompida”. É possível assegurar hoje que o sistema político brasileiro está em crise total?
– Sim, a República presidencialista está podre, sua essência é a corrupção, e essa não começou com os governos do PT. As privatizações, ocorridas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foram um poderoso veículo de corrupção dos políticos do seu partido. Mas a imprensa corporativa nunca disse nada sobre isso, e se esquece dos grandes escândalos, como a compra do sistema de defesa da Amazônia por parte de uma empresa norte-americana, na qual o presidente Bill Clinton atuou diretamente. E houve muitos outros escândalos.
Infelizmente, Fernando Henrique está renegando o seu passado democrata, ao apoiar o golpe de Estado sob a forma de um impeachment. E ele, que faz parte dessa conspiração, é possivelmente o candidato a ser eleito depois que o vice-presidente Michel Temer, que também enfrenta um processo de impeachment na Câmara e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seja impedido. Assim como o deputado Eduardo Cunha, que é réu no STF e que possivelmente perderá seu mandato, e tampouco poderá assumir o governo.
– Por que os BRICS, bloco do qual Brasil é integrante, não saiu em defesa do governo de Dilma?
– É um problema diplomático. É importante não intervir nos assuntos internos de outro país. Mas o impeachment da presidenta Dilma Rousseff é um meio de romper o bloco dos BRICS, que busca fortalecer o comércio fora do sistema do dólar, no qual se baseia a hegemonia dos Estados Unidos, o país que tem o absurdo privilégio e o poder exclusivo de emitir a moeda mundial de reserva.
Na imprensa dos Estados Unidos, os principais jornais criticaram severamente o impeachment, como em quase toda a imprensa europeia. Entretanto, os setores neoconservadores dos Partidos Republicano e Democrata, os bancos e os interesses da indústria bélica, com o beneplácito do presidente Barack Obama, vem estimulando e financiando o processo contra Dilma, conjuntamente com as classes conservadoras, o empresariado brasileiro e os gritos das capas das revistas.
O regime iniciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou a independência econômica do Brasil. O plano estratégico nacional instituiu que o Brasil não pode importar nada sem um contrato que estabeleça transferência de tecnologia, algo que os Estados Unidos não admite. Há uma lei do Congresso norte-americano que não permite transferência de tecnologia.
Por isso o Brasil desenvolve sua indústria nuclear, para exportação de urânio com tecnologia alemã, por isso não assinou o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação (TNP), o que permitiria investigações intrusivas, completas e sem aviso da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), para descobrir os segredos das usinas de produção de urânio enriquecido. O Brasil constrói seu submarino nuclear e outros equipamentos com tecnologia francesa. Comprou helicópteros da Rússia e fabrica aviões em associação com a Suécia. E cancelou o acordo para construir uma base de lançamentos de mísseis com os Estados Unidos, na ilha de Alcântara, no norte do país.
Não esqueçamos que o governo de Lula, com seus dois grandes diplomatas, os embaixadores Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, frustraram a implantação da ALCA (Área de Libre Comércio para as Américas), que hoje os Estados Unidos ainda tentam restaurar, através de vários diferentes acordos bilaterais. Logo, o governo de Dilma Rousseff denunciou a espionagem da NSA, e protestou contra o grampo no telefone pessoas da presidenta cancelando a visita de Estado a Washington, em 2013. Tudo isso levou os Estados Unidos a apostarem na troca de regime no Brasil.
– A imprensa argentina diz que o governo de Mauricio Macri deu vários sinais de alerta e preocupação por um possível avanço do juízo político contra a chefa de Estado brasileira.
– Qualquer que seja o governo no Brasil, a Argentina seguirá sendo sua prioridade. Não creio que isso possa afetar o comércio com o Brasil. Porém, no caso da União Europeia, as negociações parecem ser uma incógnita. Ainda é muito difícil prever. Mas se Michel Temer assumir o governo, também não será por muito tempo. Está condenado a cair, assim como o deputado Eduardo Cunha, presidente do Congresso, que responde processo no STF e não poderá assumir o governo.
– Nos últimos anos, vem surgido dados que configuram um certo tipo de crise do sistema capitalista. É interessante observar como os Estados Unidos, a Espanha e o Brasil, para citar alguns exemplos, tenham sintomas similares. Seria correto afirmar que o capitalismo entrou numa situação que pode finalizar numa crise generalizada e mais profunda que a desatada há 20 anos? A China também está mostrando elementos da crise que se manifesta a nível mundial. Significa que se se encerra a possibilidade de que esse país se transforme no gigante do mundo? Diante dessa realidade, o Terceiro Mundo deve se integrar?
– Sim, existe uma crise sistêmica do capitalismo, que vem se acentuando desde 2007 e 2008. Mas o capitalismo ainda não esgotou a capacidade de desenvolvimento das suas forças produtivas, muito menos na China, que ainda pode absorver grandes espaços de áreas não-capitalistas, pré-capitalistas ou ainda mais atrasadas, sobretudo agrícolas.
Por isso os dirigentes do PC chinês estão prevendo o começo da socialização somente para daqui a 100 anos. E estão certos, conforme a doutrina de Karl Marx, que escreveu que uma formação social nunca desmorona sem que as forças produtivas dentro dela estejam suficientemente desenvolvidas, e as novas relações superiores de produção jamais aparecem em lugares onde as condições materiais para sua existência sejam incubadas nas entranhas da própria sociedade antiga.
Marx e Engels jamais conceberam o socialismo como via de desenvolvimento econômico ou modelo alternativo para o capitalismo, mas sim como consequência do desenvolvimento histórico do próprio capitalismo. Quem pensa o contrário não aprendeu nada, nem mesmo com a experiência da história, como foi demostrado no colapso da União Soviética.
Com respeito ao Terceiro Mundo, ele não existe. Foi uma expressão política criada numa determinada época, mas todo o mundo está, de um modo ou de outro, integrado no sistema capitalista mundial, único modo de produção que teve capacidade e condições de se expandir, ainda que de forma desigual, irregular e combinada, em todos os continentes do planeta. É preciso que a esquerda leia Marx, Rosa Luxemburgo, Kautsky e todos os teóricos que desenvolveram o pensamento de Marx, no qual o método é o elemento mais importante e plenamente atual.
O desenvolvimento científico e tecnológico, dos meios de comunicação e dos instrumentos eletrônicos, aumentando a produtividade do trabalho e impulsando ainda mais a internacionalização e a globalização da economia, produzindo uma profunda mutação no sistema capitalista mundial, na estrutura social dos poderes industriais e no caráter da própria classe operária, provocou que esta já não seja a classe operária que algumas tendências políticas de esquerda ainda concebem na teoria, pensando o mundo como se ainda estivessem no Século XIX, ou começo do Século XX.
O deslocamento do centro da produção industrial aos países asiáticos foi acelerado, e hoje se busca mudar a arquitetura política internacional. Embora o capitalismo ainda exista, ele é como o rio, que se altera continuamente, pois as águas estão sempre correndo e passando. “Nós entramos e não entramos no mesmo rio, somos e não somos”, nos ensinou Heráclito. Isso não significa que o capitalismo seja eterno. Chegará dia em que todas as possibilidades de desenvolvimento capitalista estarão esgotadas, e a história mostrará o que acontece com todo sistema econômico: ele há de cair, pelo peso de suas próprias contradições, as violentas e/ou as não violentas. Isso ocorreu com o Império Romano e com o feudalismo.
Hoje, porém, o desenvolvimento da tecnologia digital, dos meios de comunicação e de transporte deram maior velocidade à civilização moderna. Entretanto, é possível que a queda do capitalismo ainda tarde algumas décadas. Mas chegará, e será dramática e violenta, como sua ascensão.
* Luiz Alberto Moniz Bandeira é doutor em ciência política, professor titular de história da política exterior brasileira da Universidade de Brasília (aposentado), possui mais de 20 obras publicadas, entre as quais estão: “Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque)” e “A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e ao Oriente Médio). Várias delas foram editadas em outros países, como Argentina, Chile, Alemanha, China, Rússia e Portugal.

Golpista, pisa ligeiro!

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Banco dos Brics: a primeira pedra que Serra vai desmanchar para os EUA

bricsusa

Fiquei penalizado, ontem, lendo o artigo do corretíssimo Paulo Nogueira Batista Jr. sobre os avanços do Banco dos Brics, integrado, além do Brasil, por Rússia, India, China e África do Sul. Batista é o diretor brasileiro, com mandato de dois anos e Serra, a esta altura, deve estar analisando a possibilidade de substituí-lo ou de “renunciá-lo”.
Gente do calibre de John Craig Roberts, economista, colunista do The Wall Stret Journal e ex-dirigente da Secretaria do Tesouro americano não usa meias palavras para descrever o interesse americano nisso: Washington está se movendo para colocar no poder político de um partido de direita que Washington controle, a fim de encerrar as  crescentes relações do Brasil com a China e a Rússia.
A inviabilização do Banco dos Brics é uma peça chave para a imposição da  política de “Aliança Transpacífico” dos Estados Unidos para manter seu controle sobre o comércio internacional e, acima de tudo, o poder incontrastável  do dólar no padrão monetário internacional.
Para quem não sabe, o fato de poder emitir sem gerar inflação interna – porque dois terços dos dólares circulam fora de suas fronteiras – e poder manter sua moeda sobrevalorizada – foi uma das chaves da hegemonia norte-americana desde o pós-guerra e qualquer pacto multinacional que trabalhe fora do padrão-dólar é perigoso a ele.
José Serra, portanto, fará o possível e o impossível para melar os Brics, com ou sem a prudência necessária para não criar um mal-estar. E melar a trajetória – ainda tímida – de sucesso, na nova instituição, que nogueira Batista Jr. descreve abaixo, inicialmente focada na área de energia sustentável.

Um bom começo

Paulo Nogueira Batista Jr.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. Queria falar um pouco hoje sobre o que conseguimos alcançar nos primeiros meses de existência da instituição. Bem sei que, em meio às convulsões que vive nosso país, será difícil conectar o interesse do leitor com tema tão específico e distante, mas vou tentar mesmo assim.
Quando cheguei a Xangai, em julho de 2015, estávamos começando praticamente do zero. Tínhamos o Convênio Constitutivo, assinado em Fortaleza um ano antes, e um andar praticamente vazio de um prédio no distrito financeiro de Pudong. Agora, em abril de 2016, apenas dez meses depois, a diretoria do NBD aprovou a primeira leva de projetos do banco.
Confesso que tive dificuldade de acreditar quando o presidente do NBD, K.V. Kamath, definiu o objetivo de aprovar os primeiros projetos já no segundo trimestre de 2016. Mas conseguimos — à custa de muito trabalho e sacrifício de uma equipe ainda pequena e do apoio que tivemos dos governos dos países fundadores. No caso do projeto brasileiro, foi fundamental a parceria com o BNDES, um dos mais experientes bancos nacionais de desenvolvimento do mundo.
Foram aprovados quatro projetos, num total de US$ 811 milhões, a maior parte no campo da energia renovável, seguindo orientação recebida dos líderes do Brics por ocasião da sua última cúpula, em julho de 2015, na Rússia.
O projeto brasileiro é um empréstimo ao BNDES, de US$ 300 milhões, que será repassado a empreendimentos privados em áreas como energia eólica e solar. O projeto chinês, denominado em yuan e equivalente a US$ 81 milhões, é na área de energia solar. O sul-africano, de US$ 180 milhões, está direcionado ao financiamento de linhas de transmissão de energia elétrica. O projeto indiano é uma linha de crédito de US$ 250 milhões ao Banco Canara, destinada a projetos nas áreas solar, eólica, geotérmica e ao financiamento de pequenas hidrelétricas. Um quinto projeto, com a Rússia, está em fase avançada de negociação.
Do lado do funding, o NBD também está fazendo progresso. Em janeiro deste ano, os sócios fundadores fizeram o primeiro aporte de capital, conforme previsto no Convênio Constitutivo. A Rússia pagou adiantado a segunda parcela do seu aporte e, assim, o NBD conta com mais capital do que o previsto, num total de US$ 1 bilhão. Estamos preparando também a primeira emissão de bônus, que deve ocorrer em meados deste ano. Será um bônus verde, emitido em yuan no mercado chinês.
Assim, o NBD, em linha com o seu mandato, está se configurando como um banco “verde” tanto do lado do ativo quanto do lado do passivo. A questão da sustentabilidade dos projetos apoiados está sendo e continuará a ser um dos focos fundamentais do NBD.
Estamos apenas começando. Há uma tarefa imensa pela frente. Temos muito que aprender. Não subestimamos jamais o tamanho do desafio que este banco foi chamado a enfrentar.
Afinal, é a primeira vez que um banco que tem a aspiração de ser uma instituição de escopo global está sendo construído exclusivamente por países emergentes, sem a participação de países avançados.

Vão conseguir destruir o legado de Vargas?

Vietnã, uma guerra e duas gerações

Quando eu tinha 16 meses de idade minha mãe foi para a guerra. Duong Thi Xuan Quy se tornou a primeira correspondente de guerra mulher do Vietnã do Norte, mas ela nunca voltou para casa - o que não é raro em um país onde três milhões de pessoas morreram. Nós ainda estamos em busca de seus restos mortais
 
A arte de buscar histórias que moveu Quy e inspira Huang a seguir os passos da mãe
Por Huong Ly*
Do Portal Vermelho
Minha mãe tinha 27 anos quando decidiu que era hora de se provar como jornalista. Ela procurou a aprovação da família, suplicando a seu pai para assinar os papéis e deixá-la cobrir a Guerra do Vietnã. Ela disse a ele que era a chance de sua vida, uma chance de testemunhar a história acontecendo.

Ela escolheu ir para a região central do Vietnã, que tinha a reputação de ser o campo de batalha mais violento no conflito. Cheia de energia e determinação, ela deixou Hanói e foi a pé pela trilha Ho Chi Minh – uma rede de trilhas pela selva e por montanhas utilizadas pelo Vietnã do Norte para enviar suprimentos e tropas para o sul.

Ela era a única mulher em um grupo de mais de cem escritores, artistas, músicos e fotógrafos, todos a caminho da frente de batalha para cobrir a guerra ou produzir obras inspiradas nos acontecimentos.
Quy cobriu a guerra na região central do Vietnã, campo de batalha mais violenta no conflito

Quy levava sua própria comida, uma rede para dormir à noite e o resto de seus pertences nas costas – a mochila pesava tanto quanto ela. 
Depois de dois meses na trilha, ela chegou a um acampamento para jornalistas em uma região controlada pelos Vietcong nas montanhas a oeste de Da Nang. Aqui ela se reencontrou com meu pai, também jornalista, que tinha ido cobrir a guerra no ano anterior. Mas eles não passaram muito tempo juntos – foram incorporados a diferentes unidades e estavam envolvidos em operações diferentes.

Então, em uma noite de primavera em 1969, Quy desapareceu. O grupo de guerrilheiros vietcongues que ela estava acompanhando foi capturado em uma operação de fuzileiros navais sul-coreanos, que lutavam ao lado de tropas norte-americanas.

Quy era a única mulher no grupo de repórteres
Os fuzileiros abriram fogo e Quy caiu ao pé de um guerrilheiro, que, em seguida, lançou uma granada em direção ao inimigos para afastá-los. Os guerrilheiros escaparam com sucesso, mas deixaram Quy para trás supondo que ela estava morta. Ela nunca mais foi vista.

Passaram-se 40 anos** desde que a guerra terminou, mas seu corpo ainda não foi encontrado. A história da minha mãe, a tentativa de descobrir o que aconteceu com ela e de encontrar seus restos mortais ainda causa grande angústia para a minha família.

Ao longo desses anos, visitamos a área muitas vezes.

Este ano, voltei ao Vietnã, uma viagem que faz parte da minha busca incessante. Entrei em contato com os Estados Unidos e com grupos de veteranos coreanos para obter informações e eles se comprometeram a tentar nos ajudar. Já chegamos até a procurar videntes na esperança de que eles nos dissessem algo.

Quy partiu quando Huong tinha um ano e quatro meses de idade 
Nós escavamos toda a área à mão, com a ajuda de moradores locais. Só encontramos um botão e um grampo de cabelo – que podem ser dela ou não.

No local onde Quy foi vista pela última vez, erguemos uma lápide em sua memória com a ajuda de moradores. Nós a trouxemos das Montanhas de Mármore de Da Nang – um reduto de guerra para os combatentes comunistas, e hoje um destino turístico. Nos conforta saber que sua alma agora tem um lugar para descansar. Mas ainda temos muitas perguntas.

Falamos sobre ela quase toda vez que eu ligo para casa.

Quase todas as famílias neste país foram tocadas pela "guerra americana" e ainda choram por alguém que perderam no conflito.

No Vietnã, nós veneramos nossos antepassados. Quase todas as casas neste país de 90 milhões de pessoas têm um altar onde orações são oferecidas aos pais, avós e outros que morreram. O passado nunca vai embora.

Muitos anos após ela morrer, minha família me entregou uma cópia do diário de minha mãe – que ela deixou com meu pai antes de acompanhar a guerrilha no campo de batalha. Fiquei chocada ao perceber que ela escrevia para mim todos os dias.

Em um dos dias em que ela escreveu, enquanto descrevia como havia escapado de um bombardeio americano que matou unidades de soldados norte-vietnamitas à sua frente e atrás dela na trilha Ho Chi Minh, ela escreveu que me deixar para cobrir a guerra foi a decisão mais difícil que ela já havia tomado.

Ela falou de seu medo de morrer e não ser capaz de me criar. Este pensamento era tão forte em sua mente que ela prometeu voltar para casa depois de terminada a operação militar em andamento, a mesma em que ela perdeu a vida.

Em outro dia, ela falou sobre o meu segundo aniversário, que ela passou na selva. Ela escreveu: "Para a minha querida filha, pequena Ly. Minha pequena, hoje é um dia bonito onde estou. A luz do sol está florescendo, tão fresco e forte depois de dias de chuva. Seu aniversário tem que ser bonito. Mas, minha pobre pequena, você não vai ganhar um presente de aniversário, doces e roupas novas de mim em seu dia especial. Meu coração dói quando penso em você.''

Seis anos depois que ela escreveu essas palavras, em 30 de abril de 1975, o dia em que o Vietnã do Sul finalmente caiu para as forças comunistas do Norte, minha família experimentou tanto alegria quanto tristeza.

A única foto que Huong tem com seu pai e sua mãe 
No Norte, como membro da Brigada Pioneira de Crianças, eu estava marchando pelas ruas de Hanói, de cabeça erguida, balançando uma bandeira comunista caseira e cantando canções revolucionárias.

Poucos dias antes, depois de passar anos fora, meu pai havia retornado da guerra, finalmente confirmando a notícia da morte da minha mãe. Apesar de já suspeitarmos de sua morte, minha avó tremia e rapidamente encostou na lateral de um armário, o apoio mais próximo que encontrou. Ela ficou assim, em silêncio, por um longo tempo.

Eu estava ao seu lado. Agarrei as mãos da minha avó, me senti perdida. Foi a primeira vez que vi meu pai desde que eu era um bebê.

Toda a família não sabia como devíamos nos sentir – se tristes ou felizes. À noite, lamentávamos a morte de minha mãe. À luz do sol nós ríamos, na escuridão chorávamos. Era assim.

Nos dias seguintes, deixamos de lado nossa dor para celebrar o retorno de meu pai e o fim da guerra. Falávamos com orgulho de um membro da família que tinha sido parte da delegação norte-vietnamita que negociou os Acordos de Paz de Paris, de 1973, para acabar com o conflito.

Nós também estávamos animados com a perspectiva de reencontro com a metade da família que vivia no Sul.

Mas a 1.500 km de distância, em Saigon, agora cidade de Ho Chi Minh, um membro de nossa família, um tenente-coronel do Exército vietnamita do Sul, foi levado por forças norte-vietnamitas. Ele passou os próximos 13 anos em um campo de reeducação. Outro parente, que trabalhou como médico em um hospital militar, também serviu quatro anos em um campo por ter socorrido soldados que lutaram contra o Norte.

Mas um parente conseguiu passar por um mar de civis desesperados e subir em um navio norte-americano que deixou o Vietnã.

Muitos outros membros da família no Sul partiram mar afora ou por via aérea temendo represálias do Norte. Mais tarde, eles se instalaram nos EUA, no Canadá, na França e na Bélgica. Quarenta anos depois, alguns ainda se recusam a voltar para casa no Vietnã. "Não queremos abrir uma ferida antiga e nos machucar", dizem eles.

Hoje, minha família evita mencionar o conflito em reuniões familiares. Temos completa noção de que o que para alguns são boas lembranças pode causar dor aos outros.

Nós ainda nos referimos uns aos outros como "a metade do sul" e "a parte do norte".

Uma parte chama o conflito de Guerra do Vietnã e a outra, de Guerra de Resistência contra os EUA.
Mas nós sobrevivemos. E minha mãe é lembrada. Não muito tempo atrás, eu encontrei uma rua com o seu nome na cidade de Da Nang, perto de estradas com nomes de meu avô e de três outros membros da família.
Anos mais tarde, Huang encontou uma rua com o nome de sua mãe
A família de Quy era bem conhecida. Durante os dias de dominação francesa, no final da década de 1930, seu pai era um parlamentar. Ele também foi fundador e editor de vários jornais e revistas, alguns deles mais tarde fechados pelos franceses por sua oposição ao domínio colonial.

Sua irmã mais velha tinha sido parte do movimento de independência nacional contra os franceses. Em 1945, quando Ho Chi Minh proclamou publicamente a independência do Vietnã, em uma praça no centro de Hanói, um membro da família hasteou a bandeira nacional. Outro foi o primeiro locutor de rádio do sexo feminino na "Voz do Vietnã".

Nós pensamos na minha mãe quase todos os dias. Eu não perdi a esperança de que um dia a gente encontre o seu lugar de descanso final, seus restos mortais, e saiba o que aconteceu com ela.

Quanto a mim, minha mãe foi a razão pela qual eu me tornei jornalista. Agora trabalho para a BBC e já estive em zonas de conflito no Afeganistão, no Iraque, no Iêmen, no Norte da África e no Oriente Médio. Ao seguir os passos dela, me sinto perto dela. Eu vivo pela vida que ela perdeu cedo demais.

**O artigo foi publicado em 2015, este ano a vitória do Vietnã completa 41 anos
*Huong Ly é jornalista da BBC

O DIEESE e a luta por uma vida digna no Brasil


Por José Álvaro de Lima Cardoso*
O DIEESE foi criado, em 1955, em função da necessidade de os trabalhadores disporem de uma instituição de pesquisa, que conseguisse enfrentar com consistência técnica a argumentação dos patrões e seus prepostos. Se hoje o trabalhador sabidamente ainda tem pouco acesso à educação, e dificuldades na interpretação de indicadores sócio econômicos, na década de 1950, certamente elas dificuldades eram muito maiores. Na luta sindical, principalmente no processo de negociação coletiva, os argumentos não podem ter apenas uma dimensão ideológica, moralista ou política. A base da negociação coletiva, já naquela época, era a ciência, mormente economia, estatística, sociologia, e outras áreas. Na negociação coletiva, ontem como hoje, não basta a reivindicação ser justa, ela tem que ser economicamente viável, o que pressupõe, na argumentação, estudo e preparação por parte dos trabalhadores.
Mas lastrear sua atuação com base na ciência, não significa ser neutro. Forjado numa sociedade de classes, o DIEESE se posiciona estatutariamente a “serviço da classe trabalhadora”, portanto se soma à luta pela justiça, soberania e igualdade no Brasil. É uma leitura do mundo, a partir de uma referência científica, com o objetivo de transformar a realidade para melhor. Isso significa que só tem sentido pesquisar o mercado de trabalho, por exemplo, se essa ação servir para os atores intervirem sobre a realidade social, mudando-a para melhor. Para transformar a realidade positivamente é essencial que o diagnóstico seja o mais preciso possível. Daí o rigor conceitual que o DIEESE procura imprimir à sua produção técnica e ao trabalho de assessoria, o que historicamente lhe garantiu seu maior patrimônio: credibilidade. A verdade interessa aos trabalhadores, mesmo que, em determinada conjuntura, ela possa atrapalhar este ou aquele progresso tático.
O DIEESE não tem patrimônio material. Seus ativos mais importantes são intangíveis: formação de quadro técnico comprometido com a verdade e com o País, e credibilidade da sua produção técnica. Reconhecida pelos próprios interlocutores patronais que, mesmo discordando da análise muitas vezes, não duvidam que a informação foi sistematizada de forma honesta e rigorosa conceitualmente. Esse é o principal patrimônio do DIEESE, assim como uma equipe que ingressou por méritos na instituição e preserva os seus princípios mais essenciais.
Com muitas dificuldades, e necessários recuos táticos, os organizadores do DIEESE foram viabilizando ao longo dos anos as condições para a construção de uma entidade técnica, plural, unitária e democrática. Uma entidade científica não poderia ser dogmática, como se portadora fosse de verdades absolutas. Seria postura anticientífica, com risco de não funcionar no Brasil, dada a própria diversidade cultural do nosso povo. Nas ciências sociais e humanas a interpretação da realidade está permanentemente sujeita à variadas leituras. É a conhecida analogia do copo de água pela metade: está meio cheio ou meio vazio? As duas informações estão corretas, depende do ponto de vista do observador. Daí a necessidade da pluralidade e de abertura às diferentes interpretações, que o DIEESE ao longo da história tem sabido levar em conta.
Talvez a maior virtude do trabalho do Departamento seja conseguir, ainda que com limitações, correlacionar os números frios da estatística e da economia, à luta social em busca de uma vida digna. A taxa de desemprego não é somente uma fria estatística. Ela representa para muita gente, fome, sofrimento e humilhações. Isso talvez seja o mais importante no trabalho do DIEESE: vincular os dados e indicadores ao movimento social, dando um significado para aqueles números e mostrando que eles não são um fim em si mesmos.
Com o passar dos anos os dirigentes sindicais, e suas assessorias, foram percebendo o papel fundamental do conhecimento na luta política e social. Não basta reivindicar salários e direitos, por mais legítimo que seja. É fundamental também embasar as reivindicações em estudos regulares, profundos, criteriosos, e comprometidos com as melhores causas da sociedade brasileira. Por isso, como poucas vezes foi, a hora é de fortalecer o DIEESE e demais organizações dos trabalhadores.
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

Quem vai infernizar Temer?

Por Fernando Brito, no Tijolaço. Transcrito do blog do Miro.

A perfumada tropa de choque do golpismo na imprensa se dedica a “pré-desculpar” Michel Temer pelas dificuldades de seu governo de usurpação alegando que serão provocadas por uma decisão do PT de “infernizar” sua gestão.

Se fosse isso, Temer poderia ficar tranquilo, porque nos últimos tempos o PT não vem se caracterizando como eficiente nem mesmo em infernizar.

A verdade é que até nas manifestações legalistas, anti-impeachment, o PT perdeu a hegemonia e restou-lhe Lula, maior, muito maior que ele.

Muito mais importantes têm sido os movimentos sociais que lhe guardam simpatia, mas não pertencimento orgânico, a juventude, os estudantes, o regresso de uma classe média intelectual que havia se afastado da política e está enojada com o que está acontecendo.

Nem mesmo nesta única trincheira de comunicação que sobrou a defender o governo petista, o PT é hegemônico: a maioria dos blogueiros não é petista, embora trate fraternalmente o partido e seus militantes, porque os reconhece como a mais estruturada força orgânica da esquerda da política brasileira. E, para desespero dos que nos chamam chapas-brancas, sequer sofreremos com as eventuais perda de migalhas de publicidade estatal, que inunda – até hoje, pasmem! – os veículos da grande e golpista mídia.

(No caso deste modestíssimo blog, jamais entrou um centavo de publicidade federal)

Então, o que vai infernizar – e vai mesmo – o usurpador Temer?

É simples e está à vista de todos.

O fim dos reajustes do mínimo e das aposentadorias. O corte do Bolsa Família. A mudança nas regras da aposentadoria. A venda indiscriminada de patrimônio público. Os aumentos (ainda maiores) das tarifas públicas. A orgia que se instalará no parlamento, para aprovação destas medidas. O corte de verbas da saúde e da educação. A alienação do pré-sal.

Não é vantagem alguma para temer abrir mão da reeleição. Sabe que será um presidente odiado, ilegítimo, repudiado, que não poderá sair à rua.

Não é o PT nem a esquerda que transformarão seu governo num molambo, se é que será preciso transformá-lo no que já é. Dele, só se agradam os políticos e os empresários, que sabem que vão comer rápido e aos nacos, como faz um cachorro ladrão, a carne do povo brasileiro.

Esqueçam a ideia de “unir o país”. Este país nunca foi único, salvo nos tempos em que Lula, com sua capacidade de prestidigitação política, conseguiu construir uma pequena janela por onde pudemos ver quão enorme seria o Brasil caso se compreendesse como um só povo e uma só Nação.

A elite brasileira não quer isso, quer uma colônia gradeada.

Ao contrário da frase de Sartre, para Temer o inferno não serão os outros.

É ele mesmo, que sobe ao poder com pactos de Fausto e, como Fausto, terá de pagar seu resgate a Mefistófeles.

Janaína Paschoal simboliza a plutocracia

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo. Transcrito do blog do Miro.

Uma das tragédias de situações como a que o Brasil vive é ver nulidades como Janaína Paschoal ser alvo de torrenciais holofotes.

Não foi fácil suportá-la no Senado na noite de quinta, na comissão que discute o impeachment.

Num momento de autoempolgação, Janaína traiu sua confusão mental e seu antipetismo delirante. Ela disse aos senadores que, se eles não tirarem Dilma, teremos dezesseis anos de PT no poder.

Ela completou essa frase dizendo que, ao contrário dos petistas, é “democrata”.

No Planeta Janaína, não é o povo que escolhe quem deve ficar ou não no poder. São eles, os senadores.

Há pouco mais de um ano, 54 milhões de brasileiros deram nas urnas a Dilma um segundo mandato, mas para Janaína isso não é democracia, pelo visto.

Como todo megalomaníaco, Janaína não se limita a falar do assunto que está em discussão. No Senado, ela deu um jeito de atacar a “ditadura” venezuelana.

É uma das frases feitas da direita brasileira, um clichê cínico e obtuso. Chávez primeiro e depois Maduro se submeteram às urnas repetidas vezes em eleições verificadas e aprovadas por observadores internacionais do calibre de Jimmy Carter.

Ditadura?

Ela citou, em tom fúnebre, Leopoldo Lopez como uma vítima do governo venezuelano. Ora, Lopez, um fanático de direita apoiado pelos Estados Unidos, incitou manifestações pela derrubada de Maduro das quais resultaram a morte de dezenas de pessoas.

Lopez e Janaína pertencem a um mesmo grupo: o de extremistas de direita da América Latina dedicados a buscar por meios escusos o que não conseguem pelos votos populares.

São símbolos de uma plutocracia predadora, gananciosa, desonesta – responsável pela desigualdade social indecente que marca a região.

Por conta de gente como Janaína, corremos um enorme risco de nos transformar numa imensa Venezuela. Ou alguém acha que não haverá reação, e forte, ao golpe?

Sob outro prisma, ela é uma clássica midiota. Sofreu uma lavagem cerebral da imprensa brasileira. Repete como verdades absolutas pseudonotícias da Veja e da Globo.

Seremos uma sociedade brutalmente desigual, uma Escandinávia do avesso, se dependermos de gente como ela.

Dias atrás, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, disse que com desigualdade os brasileiros jamais terão estabilidade política. E citou as virtudes de sociedades igualitárias, como a Suíça, onde todos frequentam as mesmas escolas e vão aos mesmos hospitais.

Somos o oposto disso por causa de pessoas como Janaína Paschoal.

Ela adora falar em patriotismo, mas não foi o idealismo que a levou a elaborar o pedido de impeachment. Ela recebeu 45 mil reais do PSDB para montar o parecer que seria a base do golpe.

Janaína estaria na merecida obscuridade não fosse o gesto de vingança de Eduardo Cunha ao aceitar o pedido de impeachment de que ela é coautora porque o PT não o blindou diante de seus múltiplos atos de corrupção.

É uma desgraça que uma pessoa como ela tenha sido colocada numa posição-chave para a supressão, por um golpe, de 54 milhões de votos.

O impeachment não pode ser vendido separadamente. O pacote é este, inteirinho

http://www.tijolaco.com.br/blog/o-impeachment-nao-pode-ser-vendido-separadamente-o-pacote-e-este/

A Escolinha do Professor Raimundo

http://brasileiros.com.br/2016/04/escolinha-professor-raimundo/

Adeus, Brasil cordial - José de Abreu

José de Abreu (ator)

A crise política que vivemos proporciona uma outra leitura sobre o nosso povo. De "homem cordial", o brasileiro passou a "homem troglodita". Sem escalas.
De que outra maneira explicar, por exemplo, a agressão ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega em um hospital, em fevereiro do ano passado? Não em um hospital qualquer, o que já seria intolerável, mas no Albert Einstein, instituição de referência no país.
Na ocasião, uma grita nacional deveria ter repreendido os que insultaram o ex-ministro em momento de extrema fragilidade, quando ele levava sua mulher, doente, para buscar atendimento.
Nada, contudo, aconteceu. Nada. Algumas notícias depois, o assunto morreu, mas o mau exemplo prosseguiu. Mantega foi hostilizado mais duas vezes, não em hospitais, mas em restaurantes.
Pouco depois, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha foi insultado, também num restaurante. O mesmo ocorreu com o comediante Gregorio Duvivier. E também com Jaques Wagner, ministro-chefe do gabinete pessoal da presidente Dilma Rousseff. O álcool dá coragem.
O disparate chegou a tal ponto que até mesmo o velório de José Eduardo Dutra, ex-presidente nacional do PT, ficou tristemente marcado por ofensas. Panfletos com a inscrição "petista bom é petista morto" foram jogados no local onde o corpo era velado. Talvez em outro país tal ato fosse tratado como um escândalo nacional. Aqui, mais uma vez, nada aconteceu.
Insultaram ainda o ex-senador Eduardo Suplicy (acreditam nisso, o Suplicy?) na Livraria Cultura de São Paulo. E a livraria deixou. A Cultura.
No Rio, Chico Buarque, acompanhado de amigos (o escritor Eric Nepomuceno e os cineastas Cacá Diegues, Rui Solberg e Miguel Faria Jr.), foi hostilizado na saída de um restaurante por um grupo de jovens antipetistas. Um deles confessou depois ter ido perguntar ao pai quem era mesmo Chico Buarque. Aconteceu alguma coisa? Nada.
Poderia citar aqui muitos outros exemplos. Em todos eles, nada aconteceu aos agressores e preconceituosos. Nada.
Por ser um ator conhecido e eleitor do PT, sabia que era um alvo fácil e que minha vez não demoraria a chegar.
Até que chegou mesmo, em um restaurante (mais uma vez) de São Paulo. Reagi como deu, com um cuspe. Ser chamado de ladrão, ver sua mulher xingada de vagabunda e sua mãe de puta, isso não é muito legal. Usei a juridicamente chamada "retorsão imediata à injúria". O injuriante, que se dizia advogado, deve saber que vai ser processado civil e criminalmente e denunciado à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Os fascistas tentaram transformar os vândalos agressores em vítimas. Mas as "vítimas", caso inédito nos anais da criminalidade, fugiram. Nem eles acreditaram na mentira de seus defensores.
Todos esses casos já prefiguravam o golpe que estava por vir, escondido sob a aparente legalidade do processo de impeachment.
Eu sinto muito pelos menos favorecidos. Vão entregar o Brasil ao PMDB carioca. De Eduardo Cunha. Do secretário Pedro Paulo Carvalho Teixeira, que bateu na própria mulher. Do prefeito Eduardo Paes, que gastou quase R$ 45 milhões em uma ciclovia que desabou após três meses de uso. De Moreira Franco, talvez o pior governador que o Estado do Rio já teve em sua história.
E a outros políticos do mesmo calibre, de outros Estados, de outros partidos, mas muitos com a mesma marca: enroscados na Lava Jato.
E o que pesa contra Dilma? Pedaladas. As mesmas que muitos outros políticos também deram. E que, suspeita-se, Antonio Anastasia, agora relator do processo de impeachment de Dilma no Senado, também deu. É tanta hipocrisia, tanto desapego à democracia.

Adeus, Brasil cordial.

Conspirador filho da...Ciro Gomes

https://www.facebook.com/midiaNINJA/videos/640703869421095/

Brics são a razão pela qual EUA financiam o golpe

http://mwdnws.blogspot.com.br/2016/04/brics-sao-razao-pela-qual-eua-financiem.html

Dilma está sendo expulsa porque acenou a bandeira do Brasil aos mais carentes


romário
Mensagem aberta para Romário

Paulo Metri, em seu blog

Caro Senador Romário,
Permita-me tratar-lhe sem a reverência que seu cargo exige. Aliás, pelo conceito que tenho de você, aquela reverência seria pouca. Para mim, sua imagem carregando a bandeira do Brasil da janela do avião, que trazia os jogadores de uma campanha vitoriosa na Copa do Mundo, foi uma das que formam o sentimento de brasilidade nos nossos compatriotas.
No mesmo instante, para mim, você passou a frequentar a galeria dos heróis nacionais, o que lhe traz grande responsabilidade. Você é inteligente e não precisaria de um desconhecido vir a lhe dizer o que é já sabido.
O que há de novo nesta mensagem é uma simples interpretação dos fatos atuais. Lembro-lhe que existem seres humanos indefesos contra toda sorte de explorações dos seus próprios semelhantes, devido a condições hereditárias ou à carência dos seus pais ou à maldade dos exploradores, enfim, não por escolha própria do ser.
Em épocas remotas, estes seres eram jogados por seus genitores de penhascos, como uma desumana seleção natural da espécie. Nos dias de hoje, ainda se ouvem notícias desta maldade, quando mães abandonam seus filhos em lixões e no mato.
Contudo, graças à nossa evolução, hoje, existe o Estado, que é criticado por não ser tão eficiente, mas é o único ente protetor do conjunto da sociedade, prestando toda sorte de apoios, sendo mais útil aos mais indefesos.
Desculpe-me por tentar lhe alertar para algo que você, talvez, saiba mais que um vigário sabe sobre o Padre nosso. A razão para Dilma estar sendo expulsa do governo não tem nada a ver com pedaladas fiscais, até porque não ocorreu crime de responsabilidade algum.
Ela está sendo expulsa porque Lula e ela acenaram a nossa bandeira da janela do avião Brasil, principalmente, para os menos favorecidos, inclusive os 36 milhões de seres nascidos no Brasil e que, historicamente, eram jogados do penhasco pela mesma elite que hoje quer expulsar a presidente do controle da nação.
Por isso, além de pedir que não acredite em nada que a Globo e demais mídias convencionais publicam, peço também seu voto contra o presente golpe contra a presidente, que, na realidade, é um golpe contra os mais carentes e indefesos.

Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia

Brasileiro vencedor do Pulitzer denuncia rede Globo durante premiação

“Suas excelências” do Senado não conseguirão desfazer a imagem do golpe

 
Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ana Amélia (PP-RS)
O simulacro da normalidade golpista no Senado
por Jeferson Miola
A farsa do impeachment começou o segundo estágio. Ontem, 26 de abril, o Senado instalou a Comissão Especial que será presidida pelo peemedebista Raimundo Lira, da Paraíba, e terá como relator o tucano Antonio Anastasia, conterrâneo e aliado de Aécio Neves.
O Senado fará um esforço monumental para desfazer a imagem dantesca da “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha” do 17 de abril, que desmanchou a farsa do golpe perante o mundo inteiro.
Com a tradição de ser uma casa mais “recatada” que a Câmara, “suas excelências” farão de tudo para parecerem menos gangsteres que seus sócios golpistas da Câmara. Isso é decisivo para a tentativa de aparentar certa legitimidade e civilidade do golpismo.
Eles vão conceder prazos adicionais para a defesa da Presidente, evitarão arroubos e excessos, tentarão controlar suas posturas trogloditas e farão o máximo para dissimular um cenário de serenidade e normalidade.
Apesar disso, os golpistas não conseguirão desfazer a imagem do golpe, porque como apenas referendarão a decisão da “assembléia geral de bandidos”, entrarão para a História como uma sucursal daquele bandidismo.
Não precisa ser vidente para descobrir que o parecer do senador tucano vai endossar a fraude criada pela “assembléia geral de bandidos”.
O impeachment é uma farsa sem retorno do golpe de Estado que já aconteceu. A tramitação no Senado é mera formalidade de um processo que já está decidido por antecipação. A conivência do STF com a condução criminosa deste processo joga água fria sobre qualquer expectativa de reversão.
Os perpetradores do golpe já estão montando o governo impostor. Eles não disfarçam: sequer aguardam o resultado da decisão do plenário do Senado no dia 11 de maio, que decidirá ilegalmente pela admissibilidade do julgamento de impeachment sem crime de responsabilidade.
O PSDB do relator Anastasia já decidiu que participará “por inteiro” do governo impostor e ilegítimo do golpista Temer.
Alguma dúvida sobre o conteúdo do parecer do mandalete do Aécio?
Os golpistas travam uma batalha titânica para tentar reverter a consciência democrática no Brasil e no mundo inteiro de que o golpe não é golpe. Por isso se apegam ao discurso cínico da normalidade institucional.
As aparências, contudo, não conseguem enganar. Por debaixo da superfície de aparente calmaria, se arma um poderoso maremoto de luta e resistência ao golpe e ao governo ilegítimo que dele poderá resultar.


Fonte: viomundo