domingo, 22 de abril de 2018

Novo golpe na integração regional

Por Marcelo Zero

A integração regional já havia sofrido um golpe duro com o afastamento da Venezuela do Mercosul por motivos puramente políticos.

Na prática, isso criou uma espécie de veto político a regimes bolivarianos e de esquerda, no Mercosul.

Além disso, com o Brasil de Temer e a Argentina de Macri, acabou prevalecendo, no bloco, a tese do “regionalismo aberto”, isto é, a tese de que se deve abandonar a união aduaneira e que cada país deve procurar se integrar às economias mais avançadas, como a dos EUA e a da Europa.

Com isso, o Mercosul sofreu um golpe mortal e se tornou uma organização sem nenhum sentido geoestratégico.

Agora, a golpe vem contra a Unasul, a União das Nações Sul-Americanas.

A decisão, anunciada hoje, do afastamento da Argentina, Brasil, Paraguai, Colômbia, Chile e Peru da organização significa, na prática, o fim da Unasul.

Brasil e Argentina queriam impor o embaixador argentino José Octávio Bordón como novo secretário-geral da Unasul.

O governo golpista defendia que a presença do argentino conservador à frente do bloco diminuiria a influência dos países “bolivarianos” no bloco.

Brasil e Argentina também queriam afastar a Venezuela da Unasul, tal como já haviam feito no Mercosul. Obviamente, isso não foi conseguido, pois tais decisões têm de ser consensuais.

A Unasul submergiu, assim, num impasse político.

Agora, justamente quando a Bolívia assume a presidência pro tempore da Unasul, Brasil e Argentina lideram esse movimento de afastamento e dissolução prática da Unasul.

Assim, os líderes dessa desconstrução da integração regional são o Brasil de Temer e a Argentina de Macri.

Esses governos neoliberais almejam a integração a qualquer custo com a União Europeia e com os EUA.

E ambos querem entrar, de qualquer jeito, na OCDE, o Clube dos Ricos.

Não querem saber mais de “integração cucaracha”, como Serra chamava depreciativamente o Mercosul.

Na realidade, eles estão se lixando para a integração regional e querem manter o Mercosul apenas como uma área de livre comércio, sem união aduaneira e sem qualquer sentido geopolítico e geoeconômico.

Também querem esvaziar politicamente a Unasul, bloco que procurava articular uma política de defesa comum da região, sem a presença de potências extrarregionais.

Desse modo, estão fazendo o trabalho sujo que deseja os EUA, os quais sempre viram a nossa região como seu quintal geopolítico e um vantajoso apêndice econômico.

Viramos um bando de vira-latas que comem o lixo do Império.

Trump e a Síria: o jogo pesado do império

https://youtu.be/sInTl9b5Ugc

Esquivel, Boff e os que não se rendem

Por Joaquim de Carvalho, no site Carta Maior:




Leonardo Boff, na foto tirada por Eduardo Mitysiak na frente da Superintendência da PF em Curitiba, era o retrato da esperança que não se rende.

Cabelos brancos, bengala, ele se postou ali à espera de outro ancião mundialmente conhecido, Adolfo Perez Esquivel, argentino que ganhou Prêmio Nobel da Paz.

Depois da espera, ambos entraram na superintendência e, algum tempo depois, saíram, sem conseguir o que queriam: visitar Lula.

Não puderem ir além de uma conversa com o superintendente da PF, que lhes teria explicado estar de braços amarrados.

Por uma decisão da juíza Carolina Moura Lebbos, ele não pode permitir a visita, que ainda tem caráter de inspeção do cárcere onde Lula está.

Na saída, ao lado de Boff, Perez Esquivel disse que não poderia fazer muitos comentários. Ele contou aos jornalistas que avisou ao superintendente que está voltando à Argentina amanhã.

“Espero que, humanitariamente, com sentido de justiça, me permitam encontrar com Lula”, disse Perez Esquivel.

Perez Esquivel não demonstrou contrariedade, embora saiba o poder corrosivo da burocracia ou da arrogância de algumas autoridades.

Desde 1974, juntamente com religiosos e outros ativistas dos direitos humanos, Esquivel enfrenta os poderosos.

No tempo em que militares argentinos torturavam e matavam militantes de esquerda, Esquivel era uma voz firme em defesa de quem se encontrava encarcerado.

Na Argentina, ao contrário do Brasil, os torturadores não ficaram impunes e, em Buenos Aires, graças ao trabalho de pessoas como ele, existem nas calçadas painéis que contam eventos do “terrorismo de Estado”.

Já a advogada de Esquivel, Tânia Mandarino, mais jovem e cheia de energia, ficou muito irritada. Disse ela:

“Absurdo dos absurdos. Ontem, quando a juíza apreciou primeiro o pedido de inspeção que tinha sido posto depois, mas nós pedimos opusemos embargos de declaração, pedindo que ela apreciasse o pedido de visita, que ela ainda não tinha apreciado. Mas ela só apreciou os nossos embargos e ela não falou sobre o pedido de visita. Não apreciou o pedido de urgência. Resumindo: disse que é problema do Esquivel se se ele está de passagem”, afirmou a advogada.

Engana-se quem pensa que os dois velhos, Esquivel com 86 anos, Boff com 79, a aparente fragilidade, eram menos eficazes e firmes que Tânia Mandarino.

Cabelos brancos, conquistados na luta por causas nobres, tiveram o poder de minar a ditadura argentina, com mulheres que fazem passeata silenciosa na Praça de Maio, em frente da Casa Rosada, o palácio presidencial da Argentina.

Boff e Esquivel, assim como as mães da Praça de Maio, hoje avós, conservam na alma a certeza de que a luta vale pena.

Paulo Celestino, detona!

https://www.facebook.com/paulocelestinoperfil/videos/803137059873688/

terça-feira, 17 de abril de 2018

Lançamento de livro Golpe de Estado e Imposição da Política de Guerra no Brasil



Brasil e Síria


*José Álvaro de Lima Cardoso
     Nos últimos anos o tabuleiro conjuntural nacional se tornou muito mais complexo, em função do emaranhado de fatores internos e externos ao país. Em decorrência da confluência de vários elementos, o Brasil ficou no centro de uma guerra de interesses, que envolve petróleo, água, terras férteis, outros minerais fundamentais, e geopolítica. No quadro da maior crise mundial do sistema capitalista e de uma das maiores crises econômicas da história do país, adveio o golpe de Estado. O que chama mais atenção nesse golpe, mais talvez do que em todos os anteriores, é a intensidade e a dramaticidade dos acontecimentos.
     De 2013 para cá, período em que a história “acelerou o passo”, em função dos impactos da crise e da construção do golpe, fatores mutuamente potencializados, ocorreu uma sensível piora do quadro conjuntural político e econômico. O processo, que foi operado por vários grupos de interesses, mas comandado pelo imperialismo, vem mudando profundamente a relação do Estado com a sociedade. Em dois anos destruíram a legislação trabalhista, desmontaram a democracia, aumentaram a pobreza e a fome, entregaram o pré-sal e liquidaram a soberania nacional. É a chamada “política de choque”, que encaminha o que for possível de um “catálogo de maldades”, de forma muito veloz, justamente para evitar reação da sociedade. Esse catálogo só não foi inteiramente implantado até agora porque houve reação da sociedade, como no caso da destruição da Previdência Social. Isso não quer dizer que não consigam, pois o momento é de perplexidade e tentarão de todas as formas completar o serviço. A tentativa neste momento é de institucionalização do golpe, que enfrenta percalços em função da reação da população, que é insuficiente, mas inesperada para os seus estrategistas.
    Um dos objetivos do processo no Brasil foi suavizar para os países imperialistas, os efeitos da crise econômica mundial. A voracidade das multinacionais sobre as riquezas brasileiras (petróleo, água, minerais em geral, terras férteis, estatais estratégicas) que sempre foi muito grande, com o golpe ficou escancarada. O Estado nacional também vem sendo enfraquecido e de todas as maneiras: congelamento de gastos primários por 20 anos, privatizações ou sucateamento de setores estratégicos, destruição dos mecanismos de crédito, etc. Mas o que está sendo desmontado é principalmente o Estado público, aquele que, com muitas limitações desempenha funções públicas nas áreas do crédito, da assistência social, da previdência, etc. Ao mesmo tempo o Estado foi colocado sem intermediações, e de forma descarada, à serviço do capital privado, especialmente o financeiro.
     Em função da crise de hegemonia, e da disputa geopolítica e militar encarniçada com China e Rússia, os EUA intensificaram sua ofensiva contra governos populares e nacionalistas (de diferentes matizes) de toda a América do Sul. Para melhor travar sua disputa ao nível mundial o Império precisava alinhar os governos da Região. Os processos em Honduras (2009), Paraguai (2012) e Brasil (2016) são os acontecimentos que mais chamam a atenção pelo fato de serem golpes de Estado, e com grandes semelhanças (coalização do dinheiro/mídia/judiciário, e outras). Mas outras investidas têm sido encaminhadas e combinadas, como o uso do lawfare (guerra travada por meio da manipulação das leis para atingir alguém que foi eleito como inimigo político) em todo a Região. Pelo domínio da máquina de propaganda em cada país e da grande profusão de recursos, mesmo quando não há golpe de Estado aberto, o Império vem colocando na defensiva, governos democraticamente eleitos.
     Uma mirada rápida sobre o Oriente Médio pode ajudar a entender a conjuntura nacional e internacional. A Síria, no dia 14.04, sofreu um ataque de três dos principais países imperialistas (EUA, Reino Unido, França), com base numa mentira já bastante surrada, o suposto uso de armas químicas por aquele país contra sua população civil, na cidade de Duma. O que os países imperialistas não conseguem explicar é qual a lógica, para um governo que praticamente acabou de ganhar uma guerra, realizar um ataque químico que fatalmente iria chamar para si um confronto com os EUA e seus asseclas. Ficou tão evidente que o suposto ataque químico do governo sírio era apenas um pretexto para um ataque covarde, que o Conselho de Segurança da ONU não apoiou a versão do governo dos EUA, e recomendou uma saída política para a questão, e não militar. Claro, a posição da ONU de nada adiantou porque a acusação era apenas um pretexto para revidar a derrota recente que o imperialismo sofreu na Região.
     No caso da Síria, os países agressores não admitem a perda de um ponto tão estratégico no tabuleiro da geopolítica mundial e resolveram revidar, atacando uma cidade com população semelhante à Curitiba ou Recife. Possivelmente com a intenção de abrir um novo ciclo de guerra, algo sempre tão almejado pela indústria bélica mundial. No caso do Brasil não foi necessário contratar mercenários e fazer uma guerra por procuração, como na Síria. No Brasil não foi preciso a utilização de mísseis para tomar o pré-sal, água, setor elétrico e demais riquezas. Bastaram as técnicas de semiótica largamente utilizadas pela CIA, o uso de parlamentares entreguistas, e de amplos setores do judiciário e da mídia subserviente.
                                                                                                             *Economista.                                                                                                                    (17.04.18)

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Economista lança livro sobre a imposição do golpe de estado no Brasil


O economista José Álvaro Cardoso lança nesta quinta-feira (19), às 17h30min, no Sindicato dos Professores da Rede Particular de Ensino (Sinpronorte), em Joinville, o livro "Golpe de Estado e Imposição da Política de Guerra no Brasil". O livro reúne uma coletânea de artigos publicados no período de 2013 a fevereiro de 2018 e apresenta, em sua narrativa, a construção e consolidação do golpe de estado em curso no país, especialmente dos pontos de vistas econômico e político. "Além de ser referência no aspecto da formação, o livro é uma síntese do processo golpista", reforça José Álvaro Cardoso, que é supervisor técnico do Dieese/SC (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A impressão do livro foi assegurada mediante aquisição antecipada dos exemplares por entidades dos movimentos sindical e social, por colegas e amigos do escritor.
O próprio autor já deixa claro, na apresentação de seu livro, que as análises não pretendem desanimar ou esmorecer os leitores, em função da gravidade da situação e da absoluta ausência de saídas 'tranquilas'. "Pelo contrário, o objetivo é justamente fazer diagnósticos precisos sobre o quadro conjuntural, ajudando a sociedade a entender o que ocorre e, assim, tentar mudar a situação em favor da maioria dos compatriotas. Com o golpe, tivemos que momentaneamente adiar a conquista do sonho de uma sociedade justa, onde a maioria desfrute de dignidade e conquiste seus direitos básicos previstos na Constituição de 1988". José Álvaro cita o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que diz: “Toda derrota e todo triunfo são passageiros. Acima da terra, os únicos derrotados são os que deixam de lutar”.

domingo, 15 de abril de 2018

Defender a Síria é defender a humanidade!

Do blog Resistência: no blog do Miro

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) repudia o criminoso ataque dos EUA, França e Reino Unido contra a República Árabe da Síria, perpetrado na noite (horário brasileiro) desta sexta-feira (13).

Tal agressão viola flagrantemente a legalidade internacional, pois três poderosas nações atacam um outro país soberano, sem declaração de guerra e autorização do Conselho de Segurança da ONU, sob o falso pretexto, já usado na agressão contra o Iraque, do uso de armas químicas.

O cínico argumento de “ataque limitado e direcionado” usado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, repete o velho chavão dos “ataques cirúrgicos” que na verdade vitimam indiscriminadamente crianças, idosos e civis.

Mais uma vez o imperialismo recorre à guerra para impor seus interesses à custa do sangue inocente.

O Cebrapaz conclama a uma urgente mobilização contra a agressão à Síria e de denúncia dos criminosos que promovem esta bárbara violência contra um povo milenar e que não abre mão de sua dignidade e independência.

Todo apoio à República Árabe da Síria!

Em defesa da paz mundial ameaçada pelo imperialismo!

Antonio Barreto - presidente

Wevergton Brito - Secretário-Geral

Pela Direção Nacional do Cebrapaz

Trump, o homem-bomba, cria a guerra

Por Haroldo Lima, no blog do Miro

O espírito belicoso acompanha a história americana desde que os Estados Unidos surgiram no século XVIII. Nenhum país usou tão intensamente a força militar em todos os cantos do mundo. A razão mais alegada sempre foi a defesa da democracia. Na verdade, razões geopolíticas eram determinantes. Tratava-se de aumentar a influência imperialista americana e atender sua indústria armamentista, sedenta por usar armas, produzir armas, vender armas.

Estudos dão conta de que somente depois da II Guerra Mundial os americanos fizeram ou participaram de 201 guerras, uma média de três guerras por ano durante 70 anos ininterruptos. Átila, Rei dos Hunos, o Flagelo de Deus, ficaria envergonhado com suas duas décadas de guerras.


Essas guerras voltam-se contra Nações mais fracas, povos desarmados ou com armamento débil. Através delas, os Estados Unidos anexaram territórios mexicanos como Texas e Califórnia. Desembarcaram tropas inúmeras vezes na América Latina, na Argentina, Chile, Haiti, Nicarágua, Panamá, Cuba, Porto Rico, Honduras, República Dominicana, Guatemala, El Salvador, Venezuela, Bolívia, Colômbia, sendo que em alguns destes países suas tropas estiveram presentes por diversas vezes.

No Brasil, em 1964, os Estados Unidos trouxeram o porta-aviões Forrestal, de propulsão nuclear, e muitas belonaves, para a costa. Se houvesse resistência, desembarcariam.

Invadiram a China diversas vezes, quando a China era fraca. E estiveram em outros países da Ásia, Oriente Médio e África. São rápidos no gatilho, desembarcam seus “boinas verdes” sem demora.

Aliás, demora mesmo eles só tiveram quando tinham pela frente uma máquina de guerra poderosa, a da Alemanha nazista, que ameaçava ocupar o mundo. Aí os Estados Unidos foram lentos, adiando entrar na guerra, e só o fazendo quando os nazistas foram derrotados pelo Exército Vermelho, em Stalingrado, em 1943. Aí eles desembarcaram na Normandia, em 1944.

O ato de força criminoso americano ocorrido mais recentemente foi o da guerra do Iraque. O presidente George W. Bush ocupou o noticiário internacional para dizer que tinha informações absolutamente fidedignas dos enormes depósitos de “armas de destruição em massa” do Iraque, o que era inaceitável para os Estados Unidos. Disso veio a Guerra do Iraque de 2003, com tropas americanas destruindo o Estado iraquiano, e por lá ficando por oito anos, enquanto tomava os ricos campos de petróleo iraquianos. Com as lutas intestinas que se seguiram, calcula-se que a aventura americana no Iraque, baseado numa mentira cínica, custou um milhão de mortos.

Mesmo quando o chefe de Estado americano não é um belicista militante, ainda assim a máquina de guerra estadunidense sobrepõe-se, e obriga o presidente a “cumprir seu papel”, fazendo guerra, como aconteceu com Barack Obama, que comandou a invasão da Líbia, a morte do chefe de Estado Muammar el Kadafi e a destruição do Estado líbio.

Quando à frente do Estado americano está uma pessoa tida por muitos de seus compatriotas como “tresloucado”, de sanidade mental discutível, então o espírito belicoso americano voa resplandecente irradiando ameaças de hecatombes aos povos perplexos do mundo inteiro. É o caso do atual presidente Donald Trump.

Essa figura peculiar de biliardário sem escrúpulos e amoral já tomou posse procurando guerra.

A crise crônica da península coreana estava sendo administrada mal ou bem, quando ele passa a ameaçar de “destruição total” a Coréia do Norte e a fazer provocações grosseiras e constantes. Talvez não esperasse ter pela frente um chefe de Estado que respondia à altura, Kim jo-Un, que o chamava de “cachorro louco”, e sobretudo intensificava planos de defesa. Até que a Coréia do Norte se impôs com potência nuclear, a partir do que fez monumental gesto diplomático com a Coréia do Sul, abrindo negociações e deixando o lunático presidente americano frustrado. Afinal, um problema iria ser resolvido sem guerra.

Desapontado com uma guerra que lhe escapou entre as mãos, o desnorteado presidente americano sai atrás de outra.

A Síria já estava em sua linha de fogo. Os levantes da chamada Primavera Árabe, em 2011, também por lá ocorreram, e conflitos envolviam questões políticas e religiosas. Grupos estrangeiros começaram a tomar partido nas disputas e formam-se “rebeldes” armados, apoiados pelos Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita, que buscavam derrubar o presidente Bashar al Assad, por sua vez apoiado pela Rússia, que tinha bases militares na Síria, e pelo Irã.

Tudo se transformou em uma guerra civil prolongada, em que o povo sírio tem pago um preço exorbitante, com cerca de 400 mil mortes, 5,6 milhões de pessoas que deixaram suas casas e estão espalhados pelo país, 6,1 milhões que engrossaram o enorme caudal dos “refugiados” que perambulam por países vizinhos, muitas vezes enxotados.

Com a ajuda americana, os rebeldes chegaram a ter grande presença no território sírio. O governo central, com o apoio russo e iraniano e demonstrando respaldo popular, desencadeou uma ofensiva que terminou levando à reconquista de quase todo o território que estivera com os “rebeldes”. O presidente Bashar al Assad fortaleceu-se. Nessas condições, não tinha porque, já antevendo a vitória, criar um caso internacional desfechando um ataque químico contra seu próprio povo. Mas sua força crescente deu o motivo para o Trump criar um pretexto para entrar na guerra.

Montou-se a farsa de um ataque químico não reconhecido como tal por ninguém de responsabilidade. Como a ONU.

O Conselho de Segurança desse órgão, reunido para tratar do assunto não chancela a ideia do ataque químico e através de seu secretário-geral, António Guterres, recomenda tratar a questão por meios políticos. Vinte e quatro horas após tal recomendação, o enraivecido Trump considera-se ameaçado e vai à guerra que tanto procurava.

O ataque dos Estados Unidos, da Inglaterra e França à Síria leva a ameaça de guerra no mundo a novo patamar. Os povos e as Nações independentes devem se unir para reprovar a iniciativa americana e exigir que pare com suas provocações. A exortação do Secretário-geral da ONU de crítica a ação unilateral deve ser respaldada: “Existe uma obrigação, particularmente quando se trata de questões de paz e segurança, de agir de forma consistente com a Carta das Nações Unidas e com o direito internacional em geral”. Pela Paz.