sexta-feira, 31 de julho de 2015

Atentado contra Instituto acende alerta vermelho

Breno Altman - Opera Mundi

  
A bomba jogada contra entidade liderada pelo ex-presidente da República, na noite de quinta-feira, revela perigos que rondam o cenário político.

Tudo leva a crer que o ato terrorista teve origem em alguma franja da direita, animada pelo clima de ódio antipetista diuturnamente alimentado pelos principais meios de comunicação e líderes da oposição.

A escalada é notável, transitando das agressões verbais nas redes sociais para o terreno do enfrentamento físico.

O primeiro sinal veio com a coação de ex-ministros em restaurantes paulistanos, além de ataques irregulares contra sedes do PT.

No início da semana, o presidente fluminense do partido e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, tomou um empurrão que o jogou ao chão enquanto dava entrevista a alguns jornalistas.

Sentindo-se à vontade, de mãos livres para fazerem o que bem entendem, extremistas do conservadorismo agora aumentam a altura do sarrafo e miram na principal liderança da esquerda brasileira.

Seria irresponsabilidade afirmar que o atentado contra o Instituto Lula, cujos objetivos parecem ser intimidação e propaganda, representa prova de que a oposição de direita esteja saindo da institucionalidade para a violência.

Mas é cristalino que o discurso do reacionarismo, estimulando clima de caça às bruxas contra o petismo, identificando-o como campo político a ser aniquilado por todos os meios, está na origem da atual onda de truculência.

Basta ver a audácia dos que resolveram escolher Lula como alvo de suas intentonas. Não se trata mais de situações casuais e fortuitas, mas de operação planejada e armada, o que indica proliferação e recrudescimento de grupos dispostos ao terror.

Também chama atenção a reação frágil e intimidada do governo federal a respeito de fato tão relevante.

Ataque desta natureza contra um ex-presidente da República, ainda mais da estatura de Lula, sem o qual jamais a atual administração teria sido eleita e reeleita, exigiria resposta de alta intensidade, através de todos os canais possíveis.

Para começo de conversa, as investigações deveriam ser imediatamente federalizadas e caberia, à chefe de Estado, chamar rede nacional de rádio e televisão, com o intuito de proclamar claramente o repúdio ao ódio fascista e a determinação de empenhar todos os esforços para impedir sua difusão na sociedade.

A claudicante contraposição petista ao atentado da rua Pouso Alegre, no mais, revela as sequelas de uma estratégia conciliatória que foi incapaz de preparar o governo, os partidos de esquerda e os movimentos sociais para uma etapa como a atual, de radicalização do confronto entre projetos de nação.

Ao deixar intacto o monopólio da mídia, o petismo cevou seus piores inimigos, que agem como máquinas de animação e mobilização das entranhas mais apodrecidas do país, na busca de onda restauradora que possa colocar enterrar, a qualquer preço, o processo de mudanças iniciado com a eleição de Lula em 2002.

Mantendo ares de normalidade, o governo e o PT banalizam a gravidade dos acontecimentos, desorganizam sua própria militância e abrem alas para o conservadorismo seguir em seu movimento ascensional, que já combina hegemonia institucional com disputa das ruas e, agora, o recurso à violência.

A história, aliás, está repleta de exemplos sobre o que se passa quando as forças progressistas e democráticas comportam-se como avestruzes.

Ofensivas reacionárias, afinal, não costumam ser detidas com bom-mocismo, falta de audácia e encolhimento.



Entrevista Roberto Mangabeira Unger

https://youtu.be/1ZUwvgoqok4

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Celso Amorim: 'Acusar Lula de lobby é absurdo'

Isaías Dalle - CUT - No Carta Maior

 
Depois de participar de um debate na manhã desta terça, dia 28, na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, em São Bernardo, Celso Amorim deu breve entrevista a jornalistas que compareceram ao local.

Um dos principais elaboradores da política externa e de relações exteriores do Governo Lula, tarefa que incluiu uma participação ativa do ex-presidente em viagens e contatos pelo mundo, em missões políticas, diplomáticas e também comerciais, o ex-ministro classificou como absurdas as acusações de que Lula teria cometido lobby, e portanto algo condenável do ponto de vista jurídico ou ético, ao defender interesses brasileiros, e também empresas, na luta pela construção de acordos bilaterais ou multilaterais.

“Isso é um total absurdo. Isso demonstra a que ponto chegou a politização. Não vamos aqui defender o que é errado, esses escândalos na Petrobrás, acho que tudo tem de ser apurado, direitinho. Acho que ninguém deve assumir para si os eventuais erros, delitos cometidos. Agora, acusar um ex-presidente porque ele apoia as empresas brasileiras, isso é um total absurdo. Mas todos, olha, eu nem vou ficar citando nomes, porque se não depois fazem uma ação de calúnia contra mim. Mas é uma coisa absurda. Todos os ex-presidentes apoiam, e mesmo os presidentes no cargo”, disse Amorim, ao responder a pergunta sobre o tema.

Durante sua palestra, num painel sobre política externa, Celso Amorim afirmara que a classe trabalhadora tem de estar muito unida nesse momento de desaceleração da economia, e ter “muita visão do futuro”. Sobre isso, respondeu: “Eu diria que houve muitas melhorias no Brasil nos últimos anos, especialmente para as pessoas mais pobres. É muito importante que essas conquistas sejam mantidas. É muito importante não perder de vista que o aprofundamento da crise política não interessa à classe trabalhadora. Acho que nós temos de trabalhar pela estabilidade e ao mesmo tempo pela manutenção dos direitos e de tudo aquilo que foi obtido”.“Claro, você não vai apoiar uma empresa brasileira contra outra. Agora, apoiar empresas brasileiras em assuntos que são interesse do Brasil, dentro da legalidade, acho inteiramente cabível . Acho que seria até surpreendente que um presidente ou ex-presidente não fizesse isso. Você está defendendo interesses brasileiros, empregos. Você não está defendendo aquela empresa, o lucro daquela empresa, mas quem trabalha naquela empresa. Então, isso (as acusações) é uma coisa descabida, mostra como as pessoas perderem a noção”, completou.

Ainda no decorrer da entrevista, ao comentar as críticas que recebeu em diferentes episódios de sua gestão como ministro das Relações Exteriores, Amorim disparou: “A mídia brasileira é mais conservadora que a média da elite nacional”.



A estranha história do Almirante Othon, que dedicou a vida à soberania do Brasil

29 de julho de 2015 | 00:23 Autor: Fernando Brito
othon
O Vice-Almirante Othon Pinheiro da Silva, mandado prender hoje por Sérgio Moro, é o mais legítimo sucessor do também Almirante Álvaro Alberto, que pôs em risco a própria carreira para desenvolver o conhecimento brasileiro sobre a energia nuclear e sua aplicação prática.
Othon – como fizera Alberto em 1953, quando conseguiu o apoio de Getúlio Vargas para que o Brasil importasse secretamente centrífugas para enriquecimento de urânio, bloqueadas pelos EUA à última hora – também recorreu a expedientes bem pouco ortodoxos para superar os boicotes,  as dificuldades e a incredulidade e fazer o Brasil dominar o ciclo de enriquecimento do urânio.
Obter para o nosso país o domínio do ciclo da energia nuclear é semelhante ao que fez Prometeu fazendo o fogo deixar de ser privilégio dos deuses do Olimpo.
Desta história, porém, saltam situações muito estranhas.
Othon, hoje com 76 anos, já tocou projetos milionários e até bilionários: além do enriquecimento de combustível nuclear, o projeto brasileiro de submarino, construção de navios, obras de infra-estrutura e muitos outros.
Tem um currículo técnico e operacional invejável, que inclui pós-graduações em engenharia mecânica e nuclear no famosíssimo  Massachusetts Institute of Technology, nos EUA.
Enfrentou, ao longo da carreira, indizíveis pressões norte-americanas contra a absorção de tecnologia nuclear por países de sua zona de influência e resguardou segredos pelos quais, com facilidade, alguém que estivesse disposto a lesar seu país poderia ter vendido por uma pequena fortuna.
Agora, o MP diz que Othon teria recebido R$ 4,5 milhões como vantagens por um contrato aditivo de R$ 1,24 bilhões para a construção de Angra 3. Ou 0,36% do valor.
A Folha publica que sua empresa de consultoria teria recebido, em sete anos, R$ 6,1 milhões.
Isso dá R$ 870 mil por ano.
De faturamento bruto, é menos do que está sendo proposto para a fixação de limite para a classificação como microempresa, segundo o Sebrae.
Muito menos do que alguém com a sua história profissional poderia ganhar com consultoria empresarial no mercado.
Bem menos do que muitos oficiais militares e policiais, depois de aposentados, obtém com empresas de segurança privada.
Ninguém, militar ou civil, está imune a deslizes e se os praticaram devem ser punidos. Como todos devem ter a presunção de que são inocentes e o Almirante Othon sequer foi chamado a explicar os valores faturados por sua empresa de consultoria.
Esta história, construída a partir de um delator de fundilhos sujos que quer livrar sua pele dizendo o que lhe for mandado dizer não pode  ser suficiente para enjaular um homem, muito menos um que tem uma extensa folha de serviços ao país.
As coisas na Operação Lava jato são assim, obscuras e unilaterais, com um juiz mandando prender como alguns militares mandavam prender na ditadura.
É indispensável que o país ouça, como o Dr. Moro não se interessou em ouvir, a versão do Almirante Othon sobre os fatos – se é que existiram – que a Polícia Federal e o MP dizem ter ocorrido.
E é estranho que se tenha escolhido justamente uma área tão sensível como a da energia nuclear para que o Dr. Moro detonasse suas bombas de fragmentação, que ferem e destroem honra e empresas nas áreas mais estratégicas para este pobre Brasil.


OS SEGREDOS DO ALMIRANTE OTHON DEVEM SER GUARDADOS PELO STM

artigo do economista

J. Carlos de Assis*    Transcrito do Conversa Afiada Oficial.



A prisão decretada pelo juiz Aldo Moro contra o vice-almirante Othon Luís Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear – descrito por um jornal carioca como “ícone” da tecnologia nuclear brasileira -, pode ser um ato duplo de sabotagem do mais importante projeto de Defesa do Brasil, o submarino nuclear, assim como da tecnologia das centrífugas, a produção barata de urânio enriquecido que enche de inveja as próprias potências nucleares. Se ficar por isso mesmo, em mais uma normalidade anormal introduzida pela Lava Jato na vida política brasileira, é mais vantajoso e mais barato entregar o poder total aos procuradores.

O almirante Othon é um arquivo vivo de tecnologia. Metê-lo na cadeia como um prisioneiro comum, sujeito às torturas psicológicas do juiz Moro que se especializou em delações premiadas arrancadas pelo stress da cadeia, é um risco para a segurança nacional e para a Defesa. Não tenho nenhuma confiança em que algum desses promotores ansiosos por fama não caiam na sua própria armadilha de comprar informações pela humilhação, passando a vendê-las pelo dinheiro e pela fama de desnuclearizar o Brasil. Um presidente muito afoito já fez isso em Cachimbo, sem nenhuma contrapartida das potências nucleares!

Os órgãos do Estado responsáveis pela Segurança e Defesa tem a obrigação de agir imediatamente. Primeiro, exigindo que se coloque o inquérito em segredo de Justiça. De uma maneira mais eficaz, exigindo a transferência das investigações para órgãos militares sob controle das Forças Armadas e do STM. Na verdade, se a Marinha, que está fazendo o submarino nuclar e fez as centrífugas, guardou tão bem os segredos relativos a esses desenvolvimentos tecnológicos vitais para o Brasil, é claro que se confia mais em sua discrição do que na do juiz Moro e de seus promotores midiáticos que vivem vazando informações para a mídia internacionalizada.

Fora dos blogs e de raríssimos comentaristas da grande mídia, não tem havido informação honesta sobre a acusação contra o almirante. Fala-se que recebeu em sua conta 4,5 milhões de reais em mais de quatro anos. Pergunto: Qual alto executivo de grande empresa, com menos qualificações que ele, ganhou menos do que isso em período equivalente?  Acha-se na fila de emprego, com salário de iniciante, algum engenheiro com as qualificações dele? E por que chamar de propina, e não de remuneração normal? Em qualquer hipótese, o Brasil deve muito a esse engenheiro nuclear e almirante. Ele merece respeito, e não suspeita.

Mas temos uma questão imediata de Defesa e de Segurança Nacional pela frente. A Lei de Segurança Nacional da Ditadura acabou em boa hora; eu próprio fui vítima dela. Mas há uma lei anterior que está em plena vigência. É a Lei 1802, de 5 de janeiro de 1953, em plena democracia. Vale a pena ver alguns de seus termos, literalmente. Isso ajuda a concluir que, se houver uma providência simples do Governo, será possível proteger nossos segredos nucleares e aqueles que foram responsáveis por seu desenvolvimento a partir da avocação do processo correspondente para a Justiça Militar. Eis alguns de seus artigos pertinentes ao caso:

Art. 29. Conseguir, transmitir ou revelar, para o fim de espionagem política ou militar, documento, notícia ou informação que em defesa da segurança do Estado, ou no seu interêsse político, interno ou internacional, deva permanecer secreto.

Pena:- reclusão de 6 a 15 anos.

Parágrafo único. Se se tratar de notícia, documento ou informação cuja divulgação tenha sido proibida pela autoridade competente, a pena será aumentada da metade.

Art. 30. A pena restritiva de liberdade, estabelecida no art. 202 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, será aplicada, sem prejuízo de sanções outras que couberem com aumento de um têrço, se a sabotagem fôr praticada:

a) em atividades fundamentais à vida coletiva;

b) em indústria básica ou essencial à defesa nacional;

c) no curso de grave crise econômica.

A pena será aplicada com agravação da metade:

d) em tempo de guerra;

e) por ocasião de comoção intestina grave, com caráter de guerra civil;

f) com emprêgo de explosivo;

g) resultando morte, ou lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único. Constituem, também, sabotagem os atos, irregulares reiterados e comprovadamente destinados a prejudicar o curso normal do trabalho ou a diminuir a sua produção.

Paralelamente à questão do Almirante Othon, não seria a destruição da Engenharia Nacional pela Lava Jato também um caso de “prejudicar o curso normal do trabalho ou a diminuir a sua produção?”

*Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de cerca de 20 livros sobre a economia política brasileira.

Quem mira no Almirante, por Nílson Lage

Do Tijolaço, texto do professor Nilson Lage


A farsa se ergue contra um homem que é uma lenda.

Soube dele – e dos projetos tecnológicos da Marinha -na década de 1970.

Eu editava política e nacional no Globo e recebi ordem da direção para não publicar uma entrevista sobre o assunto com um oficial da Armada. Disseram-me que era ordem da censura.

No entanto, quem recebia comunicados da censura – pelo telefone ou em tiras de papel fino – era eu. Desconfiei da história.

Quando o censor de verdade me telefonou – era frequentemente a fonte das notícias “que eu não podia publicar” – fiz-me de desentendido:

– Quem recebe sempre instruções de vocês sou eu. Por que diabos resolveram proibir por via da direção do jornal a publicação da matéria tal, sobre pesquisa nuclear da Marinha?

– Não mandamos. Há um erro.

Dois dias depois, a matéria saiu, ocupando quase a página toda, com uma estranha foto em três colunas do entrevistado – tratamento digno dos mais nobres “recomendados do nosso companheiro” (Roberto Marinho).

Voltei a ter contato com o assunto, anos depois, já no ocaso do regime militar, quando me encomendaram – eu trabalhava na Universidade Federal do Rio de Janeiro – um estudo sobre a implantação de uma rede nacional de televisão regionalizada mais inspirada no modelo da antiga Rádio Nacional, que operava comercialmente.

Meu interlocutor na Subsecretaria de Assuntos Estratégicos do Conselho de Segurança Nacional era um doutor em Física, oficial de Marinha.

Finalmente, no início da década de 2000, na última etapa de minha vida profissional, dirigindo um órgão público, tive a honra de conviver com cientistas da Marinha brasileira, responsáveis pelo desenvolvimento das pesquisas nucleares desde que Álvaro Alberto – que atingiu o almirantado por decisão do Congresso Nacional – trouxe ao Brasil, no segundo governo Getúlio Vargas, as primeiras instalações nucleares.

A conspiração atinge a mais alta patente da carreira científica naval, exatamente no núcleo pensante que mais compromissos tem com a Pátria e que se empenha, no momento, em construir as bases para a defesa da Amazônia Azul, onde mora a esperança de um futuro independente para o Brasil.

Obviamente, não é um juiz de primeira instância do Norte do Paraná, um procurador movido pela ira do deus enfezado dos evangélicos radicais ou meia dúzia de covers do FBI que têm tal motivação e poder.

O Brasil sob ataque!

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É muito chocante o que está acontecendo.
Setores tucanos incrustados nos aparelhos de repressão, e reunidos na força-tarefa da Lava Jato, estão fazendo o papel de traidores do interesse nacional.
E os coxinhas ainda tem a coragem de sair às ruas, defendendo esse tipo de jogo sujo, vestindo a camisa do Brasil (o fato da camisa ser da corruptíssima CBF é apenas um detalhe irônico)!
Os procuradores da Lava Jato já foram aos EUA duas vezes, primeiro para pedir ajuda às autoridades americanas para destruir a Petrobrás. Depois para pedir ajuda para destruir a Odebrecht, que concorre com empreiteiras americanas no mundo inteiro, inclusive nos EUA, onde a Odebrecht ganhou licitações para construir parte do aeroporto de Miami.
E agora, a República do Paraná prende Othon Pinheiro (foto), que enfrentou os EUA e ajudou a desenvolver a tecnologia nuclear que tem o segundo melhor desempenho no mundo.

Assista entrevista com o almirante aqui:
http://globotv.globo.com/infoglobo/o-globo-pais/v/50-anos-de-golpe-almirante-othon-luiz-pinheiro-da-silva-presidente-da-eletronuclear/3229047/
Será que os procuradores da Lava Jato vão, pela terceira vez, aos EUA, pedir ajuda para destruir o programa nuclear brasileiro?
É para isso que tucanos, fascistas e mídia querem dar um golpe?
Para entregar o país, de uma vez por todas, para os Estados Unidos?
E agora vão fazer uma CPI do BNDES para quê?
Para prejudicar um banco de investimento que financia a nossa infra-estrutura e nos ajuda a ter independência dos credores internacionais?
Eu já conversei esta semana com executivos graduados do BNDES. Eles me lembraram que o BNDES financia menos de 7% das operações da Odebrecht no exterior; o resto são bancos internacionais. Me asseguraram também que a CPI vai tentar apenas fazer sensacionalismo midiático, mas não vão encontrar nada de errado, porque as operações do banco são extremamente rígidas, com vários tipos de controle interno.
As mesmas fontes me aconselharam a seguir mais de perto o Facebook do BNDES, onde estão postando muitos dados atualizados sobre o desempenho do banco.
*
Com apoio da mídia, as ações políticas voltadas para detonar iniciativas soberanas brasileiras ganharam uma força incrível nos últimos tempos.
Em conversa com o Cafezinho, o representante dos trabalhadores no Conselho da Petrobrás, Deyvid Bacelar, explicou que a refinaria de Pasadena foi o ativo que mais deu lucro à empresa em 2014.
Os tucanos ainda pensaram em usar Pasadena para derrubar Dilma.
A imprensa tucana (Veja, Folha, Globo, Valor), durante meses, tratou Pasadena como uma "sucata velha" que não valia nada.
O Conselho da Petrobrás foi tomado por banqueiros, que parecem trabalhar contra o interesse da própria companhia. Nas últimas reuniões, foram encaminhadas propostas para um grande programa de desinvestimento da empresa, com venda de quase todos os ativos no exterior que não forem ligados à exploração. Mais de 50 bilhões de dólares em ativos da Petrobrás no exterior podem ser vendidos.
Aproveitando-se da conjuntura política turbulenta, e da bem sucedida campanha midiática para desprestigiar a Petrobrás junto à opinião pública, o senador José Serra tenta aprovar um projeto de lei para derrubar importantes dispositivos legais que protegem a Petrobrás e o pré-sal brasileiro das garras estrangeiras. O projeto Serra será votado daqui a uns 40 ou 50 dias. Os petroleiros correm contra o tempo para se mobilizarem contra mais esse crime de lesa-pátria.
*
A prisão preventiva do almirante Othon Pinheiro, um idoso de 76 anos, que não oferece, obviamente, nenhum perigo à sociedade, com base apenas numa delação premiada, é mais um arbítrio de Moro, com a chancela da imprensa.
Os tais R$ 4 milhões de propina, que a República da Lava Jata acusa Othon de receber, são, mais uma vez, uma notícia manipulada. Pega-se o que o maior especialista em energia nuclear ganhou em muitos anos para se chegar a esse valor. Diluindo o valor pelo período investigado, dá cerca de 80 mil por mês, valor perfeitamente compatível com o nível e a importância do trabalho de Pinheiro.
Se lembrarmos que o Faustão, da Globo, ganha alguns milhões por mês, entende-se como, de novo, temos uma acusação ridícula, feita apenas para justificar uma violência judicial.
Agora podemos chamar nossa imprensa não apenas de golpista e fascista, mas também de linchadora. A partir de acusações irresponsáveis, não provadas, e notícias manipuladas, o nome da pessoa é jogado na lama. Centenas de blogs sensacionalistas, que vivem apenas de repetir, qual papagaios, o que a imprensa publica, terminam de fazer o serviço sujo iniciado pela grande mídia.
Lembrando: o Brasil é o país que mais promove linchamentos no mundo, e a imprensa, ao invés de fazer uma campanha para conscientizar a população de que não se deve julgar apressadamente ninguém, incentiva esse vício horrível.
Incentiva e ela mesmo constrói uma atmosfera propícia a linchamentos.
Linchar um idoso de 76 anos, maior especialista em energia nuclear do país, por causa de 80 mil por mês, só mesmo no mundinho golpista da República do Paraná.
*
Os procuradores da Lava Jato parecem ter enlouquecido completamente com os holofotes da mídia. Um fala em "refundar a República", outro vai a uma igreja e praticamente se diz um enviado de Deus para acabar com a corrupção no país.
Enquanto isso, a mídia continua a sua campanha para desmoralizar as instituições políticas, que as elites tem um pouco mais de dificuldade de controlar, por causa do voto, e endeusar as meritocráticas, às quais elas são ligadas, historicamente, de maneira orgânica.
As pesquisas indicam que os brasileiros confiam mais em igreja, forças armadas, polícia e juiz, e quase nada em governos e partidos políticos. A mídia brasileira criou uma sociedade repleta de tendências fascistas.
A nossa mídia jamais investiu, através de suas reportagens e novelas, na construção de uma cultura política onde todas as instituições devem ser postas sob o escrutínio popular.
A Globo nunca mostrou ao público, por exemplo, os jogos de poder, as intrigas e a corrupção, dentro do Ministério Público e Judiciário. Apenas a classe política é satanizada. Nunca mostrou, em suas novelas, um trabalhador politizado. Ao contrário, o cidadão politizado é sempre ridicularizado nos meios de comunicação. A menos que ele seja alienado, de direita ou um dos lobotomizados pela própria mídia: aí ele é endeusado.
Criamos uma quase ditadura judicial, onde o poder político se transferiu para procuradores, delegados e juízes, que decidem quem deve ser processado ou não.
Os tribunais superiores, que deveriam servir para conter o ímpeto golpista de Moro foram tomados por juízes amedrontados por esse clima de linchamento e chantagem criado pela mídia.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Moro tem mira certa: Petrobras e programa nuclear!

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/07/28/moro-tem-mira-certa-petrobras-e-programa-nuclear/

Reagan pode, Lula não

http://buff.ly/1D15f9f

A prisão do pai do programa nuclear brasileiro


Na operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.
Aqui, um perfil de Othon trazido pelo nosso blogueiro Athos:

Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva? 

No dia 14 de Setembro desse ano(artigo de 2011), o Dr. Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) durante a comemoração dos 55 anos do instituto (veja o evento nesse link). Chamado até de "lenda viva" na cerimônia, há quem diga que conhecer a carreira de Othon é conhecer a História da energia nuclear no País.

E você leitor, sabe quem é "esse cara"?


CURRICULUM VITAE

Nascido em 1939 em Sumidouro (RJ), Othon formou-se pela Escola Naval em 1960, iniciando sua carreira na Marinha no quadro de Oficiais do Corpo da Armada. Formou-se em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, atuando como engenheiro naval do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) entre 1967 e 1974. Em 1978, Othon obteve sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.

É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos.

Atingiu, na Marinha do Brasil, o mais alto posto para os Engenheiros Navais: o de Vice-Almirante.

Desde outubro de 2005, exerce a presidência da Eletronuclear – Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.

Já recebeu diversos prêmios, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico por serviços prestados à ciência e à tecnologia, prêmio este oferecido em 1994 pelo então presidente da República Itamar Franco.


OTHON E O PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA

"Othon começou o projeto de separação isotópica do Urânio com muita criatividade, liderança e engenharia reversa", disse o Dr. Spero Penha Morato, ex-superintendente do Ipen, em seu discurso em homenagem ao Dr. Othon, na cerimônia de entrega do título de pesquisador emérito.

O projeto, que começou em 1979, produziu os primeiros resultados em laboratório já em 1982: a conversão do yellowcake (U3O8) em hexafluoreto de urânio (UF6), etapa que antecede o enriquecimento isotópico. O passo seguinte foi a produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para o enriquecimento isotópico, Othon desenvolvia, paralelamente à conversão e de forma secreta, centrífugas de última geração, com mancais magnéticos que minimizam o atrito. A única forma de entender rapidamente o funcionamento destes mancais naquela época era serrando uma bomba de vácuo com o mesmo tipo de mancais que havia no IPEN. E Othon fez isso, irritando, claro, muitas pessoas no projeto. Mas, foi com lances ousados como este - acrescentou o Dr. Spero Morato - que Othon pôs o seu projeto para frente.

O jornalista Lourival Sant'anna publicou, em 2004, uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo revelando alguns fatos interessantes que marcaram o projeto. Reproduzo, abaixo, boa parte dessa matéria.

Em 1974, Othon Luiz Pinheiro da Silva, então um capitão-de-corveta de 35 anos, foi escalado para acompanhar a construção de submarinos brasileiros da classe Tonelero num estaleiro da Inglaterra. O jovem oficial estava indo a contragosto. Um mês antes de sua sombria partida, no entanto, um almirante sugeriu ao então ministro da Marinha, Geraldo Azevedo Henning, que o enviasse para o Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, para uma pós-graduação em engenharia nuclear.

O ministro Henning, que havia feito uma viagem da Bahia para o Rio em um submarino nuclear americano e ficara entusiasmado, acatou a sugestão. Até então, o contato mais estreito de Othon com energia nuclear tinha sido uma visita ao reator do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em 1967, quando terminava o curso de engenharia naval na Politécnica da USP.

O Brasil já havia comprado em 1972 o reator de Angra 1, da americana Westinghouse, com a promessa de fornecimento de combustível – processado nos EUA – por 30 anos. Mas, em 1974, começou-se a levantar dúvidas sobre as garantias desse fornecimento. No ano seguinte, o general Ernesto Geisel firmava o acordo nuclear com a Alemanha, que incluía não só as centrais, mas também o ciclo de enriquecimento de urânio.

Até a década de 70, o minério era enriquecido por “difusão gasosa”. Um novo método, mais eficiente e econômico, o da ultracentrífuga, vinha sendo desenvolvido, e o primeiro a dominá-lo em escala comercial foi o consórcio Urenco, formado por Inglaterra, Holanda e Alemanha. O Brasil queria essa tecnologia.

Na última hora, no entanto, os alemães informaram que não poderiam incluí-la no pacote, porque a Holanda, por pressão americana, tinha vetado sua venda ao Brasil. Em seu lugar, os alemães ofereceram aos brasileiros o jet nozzle, um método “muito promissor”, segundo eles, de separação do urânio 238 do 235. Enriquecer urânio é aumentar o teor de 235. Na natureza, o urânio 235 representa apenas 0,7% do minério e o 238, os outros 99,3%. “Quem tivesse feito um curso razoável de física no ensino médio já não compraria esse método”, ironiza Othon. O professor Manson Benedict, um papa do MIT em energia nuclear, deu na época uma aula sobre o jet nozzle, concluindo: “Os brasileiros acreditaram e compraram isso”.

Em 1979, quando Othon voltou ao Brasil, a Marinha não sabia o que fazer com ele. Depois de quatro ou cinco dias de hesitações, levaram o recém-promovido capitão-de-fragata até o diretor-geral de Material da Marinha, o almirante Maximiano da Fonseca. “Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil?”, perguntou-lhe, de chofre, o almirante. Othon pediu três meses para redigir um relatório. O oficial ficou subordinado à Diretoria de Engenharia. Ao se apresentar, ouviu de seu novo chefe: “Evidentemente não pode ficar um oficial por conta só dessas coisas nucleares”. Othon passou a dividir sua carga horária com o cargo de gerente de um projeto de navio de apoio fluvial. Assim começava o programa de pesquisa nuclear brasileiro: com um oficial em meio expediente.

Othon propôs que o Brasil desenvolvesse sua própria tecnologia. Em outubro de 1978, o então contra-almirante Mário César Flores, do Estado-Maior da Marinha, convocou Othon para dar explicações, depois de ouvir especialistas. A caminho de Brasília, Othon se encontrou no aeroporto com o comandante João Maria Didier Barbosa Viana, que também tinha feito engenharia nuclear no MIT. “Segui o seu caminho”, contou-lhe Othon. “Então você deve estar indo a Brasília pelo mesmo motivo que eu”, especulou Didier. “Tem um louco dizendo que é possível desenvolver o ciclo do combustível nuclear no Brasil.”

Othon passou o dia inteiro respondendo às perguntas que um capitão-de-mar-e-guerra pós-graduado em Monterey (Califórnia) formulava, enquanto Flores fingia ler um jornal. O oficial saiu com a sensação de que tinha ido a Brasília à toa. Pouco mais de um mês depois, foi chamado de novo. “Vai ser outra chatice”, pensou. “Este oficial foi escalado para uma das missões mais importantes que um oficial da Marinha já teve no Brasil”, anunciou solenemente o vice-chefe do Estado-Maior da Marinha, Arthur Ricart da Costa, apresentando Othon ao seu chefe, o almirante Carlos Auto de Andrade. “Deus o ilumine.”

Othon veio para São Paulo e começou a “costurar alianças” com instituições como o Ipen, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Centro Técnico Aerospacial (CTA), em São José dos Campos, que estava desenvolvendo um método de enriquecimento de urânio com raio laser. Depois de consultar especialistas, Othon constatou que a opção do laser não seria viável nos próximos 20 anos, e se fixou na ultracentrífuga.

O objetivo último da Marinha era desenvolver reatores e todos os demais equipamentos da propulsão para submarinos movidos a energia nuclear. Se um submarino movido a diesel – como os que o Brasil usa – partir da Baía de Guanabara, em sua velocidade máxima, antes de chegar a Cabo Frio terá de se aproximar da superfície para o snorkel tomar ar, para pôr em funcionamento seu motor e assim recarregar as baterias. Navegando próximo à superfície, pode ser captado com facilidade por sensores infravermelhos. Para ficar no máximo dez dias no fundo, um submarino a diesel tem de se manter praticamente parado. O submarino nuclear projetado pela Marinha trocaria de combustível em dez anos. O limite de permanência no fundo seria de 45 dias.

Entretanto, a Marinha concluiu que em primeiro lugar era preciso viabilizar o ciclo do combustível e adquirir capacidade de enriquecer urânio. “Autonomia é muito importante”, diz Othon, que aos 65 anos tem hoje uma empresa de consultoria na área de energia. “Inspirei-me na solução que eu imaginei que os americanos estavam desenvolvendo na época em que eu era aluno do MIT, mas com a qual nunca tive contato”, conta o almirante. “É óbvio que a centrífuga americana é muito mais espetacular que a nossa.” Mas, segundo ele, a brasileira sai muito mais barato e os materiais importados necessários para sua fabricação não entram no rol dos itens nucleares sensíveis, sujeitos a embargos internacionais.

O programa capacitou indústrias brasileiras a fabricar as válvulas, sensores e medidores das centrífugas. Othon recrutou cientistas e técnicos do Brasil todo. “Onde tivesse alguém que pudesse ajudar, a gente ia conversar.” O sigilo era resguardado por um termo de compromisso. “Foram 14 anos da minha vida, cada dia um desafio”, lembra o hoje almirante da reserva, que dirigiu o programa entre 1979 e 94. Inicialmente, o projeto era secreto e ficou abrigado num departamento fictício, criado para isso, chamado de Coordenação para Projetos Especiais (Copesp), dentro da Comissão Naval de São Paulo.

A primeira dificuldade de Othon foi formar equipe. Quando assumiu, em 1979, o general João Baptista Figueiredo baixou portaria proibindo contratações no setor público. Othon recorreu ao Estado de São Paulo – e a uma artimanha. Fez um memorando à Secretaria de Ciência e Tecnologia, solicitando a contratação de 20 engenheiros e 40 técnicos para trabalhar no Ipen, num “projeto de interesse das Forças Armadas”. Se assinasse sozinho, no entanto, ficaria fácil para a secretaria pedir a análise do Estado-Maior da Marinha, onde o memorando provavelmente pararia. Então Othon pediu a um tenente-coronel da FAB que também assinasse. “Assim, não vão saber para que Força perguntar.” Deu certo.

De posse dessa contratação, Othon, na época capitão-de-fragata, atreveu-se a saltar a hierarquia e procurar o então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca: “Almirante, estou numa situação complicada. O Estado de São Paulo colocou 20 cientistas no projeto, liderado pela Marinha, e ela não colocou nenhum”. No fim, conseguiu convencer o ministro a contratar o dobro de cientistas e técnicos. “Fiquei com um exército de 60 engenheiros e 120 técnicos”, exulta Othon. No seu auge, no início dos anos 90, o programa chegaria a ter 680 engenheiros trabalhando internamente e outros 300 do Departamento de Pesquisa de Reatores do Ipen, do qual Othon era chefe.

Mas nem tudo era ciência: habilidade e jeitinho também contaram. Othon lembra que uma centrífuga antiga, importada na década de 50, utilizada para treinar equipes e dissimular o esforço principal do projeto, havia parado porque tinha um eixo flexível que quebrava com freqüência e tinha de ser trazido da Alemanha. “Eu tinha um técnico, Zequinha, muito habilidoso, que fazia um eixinho novo em três dias. Levei para ele o projeto e fizemos o primeiro juntos”, conta Othon. “No Arsenal de Marinha, não precisava importar. Era só ligar para o Zequinha.”

Em 1987, num gesto de distensão, o então presidente José Sarney decidiu trazer seu colega argentino, Raúl Alfonsín, para a entrada em operação de um conjunto de 48 centrífugas em Aramar. A inauguração estava marcada para 15 de março. Algumas semanas antes, o indiano naturalizado brasileiro Kesavan Nair, doutor em física de reatores mas também astrólogo, procurou Othon, com uma expressão preocupada: “Quinze de março ‘não bom’”, disse, mostrando uma listagem de computador, na qual uma nuvem negra cobria a data.

Othon ligou para o então ministro da Marinha, almirante Henrique Saboia. “Você acredita nisso?”, perguntou o ministro. “Não”, respondeu Othon. “Eu também não, mas, por via das dúvidas, pergunte quando está bom para inaugurar.” A partir de 28 de março, informou o indiano. Saboia foi falar com Sarney. Mais tarde, ligou para Othon: “Não se preocupe. O presidente é mais supersticioso que nós dois juntos.” A cerimônia ficou para 8 de abril.

Othon guarda até hoje uma planilha de todos os custos do projeto, ano a ano. No total, foram gastos US$ 663 milhões. Aí estão incluídos: o desenvolvimento do ciclo de combustível (projeto Ciclone), da propulsão do submarino (projeto Remo), do submarino propriamente dito, e a infra-estrutura.

“Desafio a me mostrarem no mundo todo um desenvolvimento do ciclo do combustível e da propulsão nuclear com esse custo”, diz ele. Quando deixou o programa, havia quase 700 centrífugas na “colônia”, em Aramar, pelas quais o urânio vai passando e enriquecendo-se gradualmente. A centrífuga americana enriquece bem mais do que a brasileira. A diferença está no custo, que Othon ilustra assim: digamos que sejam necessárias 20 centrífugas brasileiras para produzir o que uma americana produz. Acontece que o custo de 20 brasileiras é menor que o de uma americana.

Em 1994, o Vice-Almirante Dr. Othon Pinheiro da Silva, com 55 anos, teve de deixar o projeto ao completar seu tempo de serviço militar ativo. Os detalhes desse projeto ainda são mantidos a sete chaves, sob pena de prisão pelo vazamento de segredos científicos.

O fato é que o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil e o Dr. Othon teve um papel fundamental nisso guiado pelo lema do CTMSP: “Tecnologia Própria é Independência”.

Uma salva de palmas!

http://conhecerparadebater.blogspot.com.br/2011/10/quem-e-othon-luiz-pin...

O fracasso do ajuste e o ajuste do fracasso




Mauricio Mulinari*
                
O governo Dilma, ainda antes do acirrado processo eleitoral de 2014, já indicava que viveríamos um novo período da política econômica brasileira – é importante lembrar que o ajuste fiscal já estava na pauta de final de mandato do antigo Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Entretanto, foi com a indicação para o cargo de Joaquim Levy, ex-empregado do Bradesco e imagem e semelhança do sistema financeiro, parasitário e ultraliberal, que tivemos a confirmação clara desta nova fase. O importante para a equipe econômica do governo deixou de ser estimular o desenvolvimento para, em contrapartida e em detrimento do próprio desenvolvimento, reestabelecer, de maneira equivocada, o superávit primário como cláusula pétrea da política nacional, abalado pelo déficit de 0,6% do PIB encontrado nas contas públicas em 2014.
               Superávit primário entendido como o esforço da economia para pagar juros da dívida pública, conceito advindo diretamente do período de neoliberalismo radical e, infelizmente, mantido intocado durante todos os anos dos governos Lula e Dilma. Ou seja, ao invés de reservar este grandioso recurso para investir em obras de infraestrutura, fazer política industrial de qualidade ou turbinar os programas sociais, o Brasil vem destinando importante parcela de sua riqueza para o rentismo, que não produz sequer um alfinete.
Nada mais adequado a uma elite que tem origem na aristocracia agrária escravocrata, se transforma no início do século XX, em parte, em burguesia industrial débil e passa um longo período de ditadura militar e de redemocratização, tendo como marco o Plano Real, em processo de consolidação como burguesia financeira, parasitária do Estado Nacional através do Sistema da Dívida, fartamente denunciado pela lúcida coordenadora da Auditoria Cidadã, Maria Lucia Fatorelli.
               A contrapartida desta elite, que desde o Brasil Colônia tem horror ao risco de investir e revolucionar as forças produtivas nacionais, é a manutenção da classe trabalhadora na mais absoluta condição de pobreza. O significado disto é claro: em uma economia capitalista, onde a exploração do trabalhador é condição indispensável para o estabelecimento das taxas de lucro, a existência de uma elite estruturalmente parasitária, capital eminentemente improdutivo, pressupõe o aprofundamento constante da exploração dos trabalhadores.
               A redução da pobreza, que de fato ocorreu durante os governos de Lula, principalmente no segundo mandato, sequer arranhou esta estrutura, forjada para moer gente e extrair elevadas taxas de lucro, sobretudo, lucro financeiro. Nunca se lucrou tanto no Brasil, nunca o sistema financeiro lucrou tanto. É verdade, nunca a classe trabalhadora ganhou tanto. Passou até mesmo a se sentir “classe média” ou “microempreendedora individual”, abandonando perigosamente sua consciência de classe trabalhadora. De qualquer maneira, 79% dos novos empregos criados no Brasil durante todos os anos de expansão da economia não recebem mais que 2 salários mínimos, ainda muito longe do salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE, hoje em R$ 3.299,66. Mudamos muito, comparado com a Idade Média representada pelos governos FHC e anteriores, mas praticamente nada comparado com nossa posição subordinada na economia global, herança do nosso passado colonial.
               Terminando esta breve viagem histórica, que sai do Brasil Colônia e chega ao Brasil da “Classe Média”, mudando, de fato, muito pouco, voltemos ao ajuste. Para que serve? Reconstituir o bolsa-banqueiro, que repassa mais de R$ 200 bilhões por ano para em torno de 20 mil famílias. Que ajuste é esse que corta nos benefícios trabalhistas, nos gastos com programas habitacionais, nas grandes obras de infraestrutura e nas verbas de ministérios como o da Educação e da Saúde e, pari passu, continua aumentado as taxas de juros, que remuneram diretamente a nossa burguesia rentista? É, obviamente em uma sociedade de classes, um ajuste com clara natureza de classes. Corta do lado do povo trabalhador e repassa para o dos banqueiros, industriais, comerciantes, latifundiários e capitalistas internacionais, todos reunidos nesta festa que se chama Sistema da Dívida. Lucros privados, prejuízos da classe trabalhadora, disso que realmente se trata o ajuste.
               O mais impressionante é que depois de quase 7 meses do equivocado ajuste, o impacto recessivo na economia, provocando considerável queda na receita do Estado, e o aumento vertiginoso das despesas via aumento das taxas de juros e repasses ao sistema financeiro, ocasionando aumento de gastos, provoca a constatação de que o “ajuste fracassou”. Ou seja, se estruturalmente o superávit primário, ao alimentar o rentismo, já é péssimo para a economia nacional, o próprio tecnicismo que propõe salvar o superávit é incapaz de fazê-lo.  Resultado: a meta de superávit definida no início do ano, de 1,1% do PIB, não tem perspectiva alguma de ser atingida e acaba de ser revisada para 0,15%. A perspectiva da equipe econômica do governo, inclusive, é que se corre o risco de registrar novo déficit em 2015. Ou seja, a despeito do elevado custo econômico, social e político, a nociva engenharia financeira do Ministro tecnicista Levy não funcionou.
Não funcionou, fundamentalmente, pelos elementos estruturais ditos acima, tendo como peça central o Sistema da Dívida. Mas, também naufragou pelas opções na própria condução ministerial. Não se considerou que existe algo chamado política, e política de baixo nível, no referido caso. Precisa negociar com a “base aliada”, nome bonito dado a um grupo que defende apenas seus interesses, não perdendo em nada neste quesito para a base oposicionista. Neste contexto de crise política nacional, o que nosso Congresso extremamente conservador e recheado de oportunistas faz? Barra ou dificulta todas as medidas que minimamente tocariam no lucro das empresas e nas grandes fortunas – como o fim da desoneração da folha de pagamentos e a repatriação de recursos não declarados enviados ao exterior, por exemplo –, mas aprova com velocidade o que atinge a classe trabalhadora e aponta na direção de uma reforma trabalhista com perda de direitos, pauta última e mais desejada pela burguesia brasileira, vide o PL 4330.
O ajuste em si mesmo não se sustenta. Passado meio ano, ninguém mais hesita em afirmar que o fracasso está dado. Não irá cumprir o que se propôs. A crise mundial do capital é muito mais grave do que o Ministério imagina. Qual a saída dentro deste panorama político e ministerial? Aprofundar o ajuste. Já se anuncia um novo corte de R$ 8,6 bilhões, ampliando o proposto no início do ano (quase R$ 70 bilhões) e ainda não realizado em sua totalidade. O que é pior, o último relatório de receitas e despesas primárias já apontou que o ajuste durará até o fim do mandato de Dilma. Ajustar o fracasso com mais ajuste, a isso se resume a política econômica atual. Todo resto é perfumaria barata e pouco relevante.
Mas é preciso refletir, o ajuste é realmente um fracasso? Para o governo, obviamente que sim. A popularidade da presidenta está na lona, uma parcela em função do golpismo midiático, mas uma parcela considerável na conta do conservadorismo econômico do próprio governo. A tendência, dentro desta capitulação completa para a burguesia financeira, é só de piorar. Para a classe trabalhadora, o ajuste é um terror. Não apenas pelo seu caráter classista, mas também pelo horizonte político que se abriu. A burguesia, ao sentir que estava novamente no controle pleno da economia e do Estado – vide a composição ministerial com Kátia Abreu, Armando Monteiro, Gilberto Kassab, Eduardo Braga e, principalmente, Joaquim Levy em cargos estratégicos do executivo –, finalmente se sentiu confortável para avançar sem nenhum pudor para cima dos direitos dos trabalhadores. Tirou o ódio de classe que sempre existiu no conforto de seus lares e ambientes exclusivos e, com atuação decisiva da grande mídia, jogou-o para as ruas.
Por fim, aqueles que se beneficiam com o fracasso do ajuste e, ainda mais, com o ajuste do fracasso, não poderiam ser outros: a grande burguesia nacional e internacional, irmãs siamesas que nunca deixaram de dar as cartas, mas agora dão com maior agressividade. Estes ganham sempre e, na crise, caso não encontrarem resistência dos movimentos populares organizados, ganham em dobro. Garantem o lucro de hoje e firmam o terreno para reforçar a exploração de mais uma geração da classe trabalhadora no futuro. Sejamos nós, trabalhadores, pessimistas ou otimistas, seja o ajuste de sucesso, fracasso ou fracasso em dobro, é para estes e para isto que se presta o atual e mal fadado ajuste fiscal brasileiro.
* Economista do Dieese/SC

As moedas imaginárias do José Serra





  Resposta de Fernando Siqueira ao senador José Serra: do Blog Democracia e Política.

"Seguindo o DNA entreguista do PSDB (em 1995, FHC fez a mudança da Ordem econômica da Constituição Federal que acabou com o Monopólio do Petróleo, das telecomunicações, do gás canalizado e da cabotagem, além de escancarar o subsolo brasileiro para as transnacionais), o Senador José Serra apresentou o PL 131/2015, que retira a Petrobrás de operadora única do pré-sal, desmontando o contrato de partilha e seus avanços.

Tentando justificar o seu projeto entreguista , o Senador fez um artigo publicado no "O Globo" de 23/07/2015. Nesse artigo, o Senador mostra a confusão mental que o domina, ao tentar justificar o injustificável. Vamos mostrar dois exemplos:

1) A dívida da companhia é de R$ 340 por barril de petróleo produzido, enquanto a média das petroleiras é de R$ 60”. 

Ora, o que significam esses dados? Rigorosamente ...nada! Se, por exemplo, a Noruega, ao descobrir petróleo no Mar do Norte, usasse esse raciocínio ela teria entregue o petróleo para as multinacionais, pois ela, até então, não produzia nada. Qualquer empréstimo tomado pela estatal "Statoil" teria uma divida infinita. Digamos que a divida fosse US$ 1 bilhão, sendo a produção zero, 1 bilhão dividido por zero é um numero infinito.

A dívida da Petrobrás foi feita para por em produção 74 bilhões de barris que tem de reservas a produzir, sendo 14 bilhões do pós-sal e 60 bilhões descobertos no pré-sal (Tupi – 10bi, Franco -10bi, Libra – 15bi, Iara 4bi, Sapinhoá – 2bi, Carcará, Carioca e outros 14bi, área das Baleias 5bi). É, pois uma dívida para investimentos. Nenhuma petroleira tem um portfólio de reservas a produzir nesse patamar. Um número aceitável seria a divisão da dívida pelo numero de barris a produzir, ou seja, US$ 328 bilhões da dívida, divididos pelos 74 bilhões de barris daria US$ 4 por barril. Ess
e sim, um número que significa alguma coisa. E é o melhor entre as petroleiras. O que a produção, vinda de campos anteriores, tem a ver com isso?

2) Falando que as receitas do pré-sal são imaginárias (sic) ele cita Vilfredo Pareto: “é preciso distinguir uma moeda de ouro de uma imaginária e se alguém afirmasse que não há diferença proporia uma simples troca: eu lhe dou moedas imaginárias em troca de moedas de ouro".

Vemos aí dois absurdos: 

i) o petróleo não é uma moeda imaginária, mas é o bem mais estratégico e valioso hoje, do planeta; 
ii) não existe moeda mais imaginária do que o dólar. É um papel pintado, sem qualquer lastro ou garantia e, no entanto, compra o ouro, o petróleo, e até algo ainda mais valioso: a consciência de muitas pessoas."   

FONTE: escrito por Fernando Siqueira e publicado no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/blog/alex-prado/as-moedas-imaginarias-do-jose-serra-por-fernando-siqueira).

A hora do grande acerto de contas nacional

http://jornalggn.com.br/noticia/a-hora-do-grande-acerto-de-contas-nacional

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Porque a conta do ajuste fiscal não fecha




*José Álvaro de Lima Cardoso
    Cálculos do economista Amir Khair, especialista em contas públicas, dão conta que apenas no primeiro trimestre, enquanto o governo poupava R$ 18 bilhões retirando direitos trabalhistas e previdenciários para aumentar o superávit primário (conhecido também como bolsa banqueiro), os gastos com juros bateram nos R$ 85 bilhões. Mesmo assim, a dívida pública bruta aumentou em R$ 227,8 bilhões, apenas nos primeiros três meses do ano. Sabe-se que mais de 90% da dinheirama entregue por conta da dívida pública são destinados ao sistema financeiro: bancos nacionais e estrangeiros, investidores estrangeiros, seguradoras, fundos de investimento e fundos de pensão.
     O déficit nominal do setor público (resultado do balanço entre as receitas totais e as despesas totais), neste ano alcançará 6,4% do PIB. Com ajuste fiscal e tudo. Mas não são os salários do funcionalismo público federal (estacionados em pouco mais de 4% do PIB) ou os gastos com os programas sociais que levarão a este resultado, e sim os gastos com a dívida pública, turbinados pelos seguidos aumentos da taxa básica de juros, a Selic.  É fato conhecido que, a cada ponto percentual de aumento da taxa Selic, o gasto com a rolagem da dívida aumenta em cerca de R$ 20 bilhões.  
     Há um evidente conflito entre o gerenciamento do chamado Sistema da Dívida, que transfere recursos fundamentais da sociedade para um grupo restrito de privilegiados, e os direitos da sociedade. Ao invés de financiar serviços públicos essenciais ou investir no combate à pobreza, bilhões de reais são destinados e pagar os serviços da dívida, servindo uma minoria parasitária, que não produz nada, a rigor. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, tem importância estratégica para o país, pois viabiliza a construção de rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, hidrovias, habitação, equipamentos e obras para a defesa nacional, etc. Obras que servirão ao povo do País, por um século, talvez mais. O orçamento do PAC para 2015, é de R$ 64,9 bilhões, o que representa uma fração do gasto com a dívida pública nos últimos 12 meses, cerca de R$ 377 bilhões, (6,7% do PIB). O serviço da dívida pública, endereçada a cerca de 20.000 famílias de rentistas, custou, apenas nos últimos 12 meses, o equivalente a quase seis vezes o orçamento do PAC, encarregado de obras estratégicas para o país.
     A ponte Anita Garibaldi, inaugurada recentemente na BR-101, em Santa Catarina, é outro exemplo. A estrutura, que deverá servir à população de toda a Região Sul por quase um século, ou mais, custou R$ 777 milhões, equivalente a 0,2% dos juros gastos em 12 meses com a dívida pública. Outro Programa, o gigantesco Minha Casa Vida Minha vem resolvendo, com razoável sucesso, o crônico e estrutural problema do déficit habitacional no país. Em março deste ano, chegou à marca de 3,8 milhões de unidades. Desse total, as famílias beneficiadas já receberam 2,1 milhões de moradias. Mais 1,6 milhão de casas e apartamentos foram contratados para entrega nos próximos meses e anos. Pois, para um dos maiores programas habitacionais do mundo, desde o início, em 2009, foram liberados R$ 139,6 bilhões em financiamentos dos bancos (principalmente da Caixa Econômica Federal). O governo ainda investiu no Programa, R$ 114,9 bilhões, subsidiando famílias de menor renda. Se somarmos os dois tipos de financiamentos, eles não totalizam 1% do PIB por ano, desde 2009, enquanto com a dívida pública se transfere entre 6 e 7,5% do PIB para os rentistas, a cada ano. Por isso um ajuste fiscal que apenas corte gastos primários, sem considerar os gastos com a dívida pública, não tem como dar certo do ponto de vista do País.
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.