quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A nefasta terceirização no setor público



           José Álvaro de Lima Cardoso.

       Neste momento histórico, em que o país sofre os efeitos do golpe de Estado mais sórdido da história, que vem liquidando com direitos, soberania e patrimônio do Brasil, um dos traços marcantes é a sanha neoliberal de reduzir o Estado brasileiro a pó. A destruição absoluta do Estado e a terceirização de cargos públicos estão nesse contexto de destruição.
     O debate sobre a terceirização é particularmente importante porque, dentro de cerca de um mês e meio, entra em vigor a Legislação que destruiu os direitos sociais e trabalhistas no Brasil. Essa lei é um verdadeiro crime de lesa-pátria, como se sabe. Regressaremos ao século XIX em termos de direitos sociais e trabalhistas. Significará também o maior roubo de renda que os trabalhadores já sofreram na história do Brasil. Se os trabalhadores soubessem o que essa lei significará nas suas vidas, haveria greve geral no país até que a Lei 13.467/2017 fosse anulada.    
     A terceirização tem sua validade nas atividades meio das empresas e instituições públicas, especialmente nos serviços auxiliares, como aliás, vem sendo praticado há décadas no Brasil. A focalização da empresa na sua “missão” teria como objetivo elevar os níveis de produtividade e a qualidade da produção ou serviço prestado. Porém, no contexto histórico brasileiro, a experiência concreta de terceirização (que se disseminou na década de 1990) vem associada com uma série de problemas, relativamente bem pesquisados e documentados. Quais são eles:
a) Precarização das condições de trabalho e insegurança no trabalho;
b) redução do emprego; isto é, a empresa terceira não recontrata todos os trabalhadores desligados pela empresa mãe por ocasião da terceirização;
c) diminuição de salários. Quase sempre os trabalhadores terceirizados ganham menos que os demais, ainda que exerçam a mesma função do trabalhador não terceirizado. O objetivo é este mesmo;
d) menor formação e treinamento. Na política de treinamento das empresas dificilmente o trabalhador terceiro é incluído;
e) jornadas superiores aos demais trabalhadores (em muitos casos).  
     A fúria privatista que tomou conta do Brasil após o golpe, somada aos efeitos da crise fiscal, que tornou o cobertor financeiro mais curto na administração pública, em função da queda na arrecadação, aumentam o risco de terceirização de serviços públicos fundamentais. Quando se terceirizam serviços essenciais no setor público, os aspectos listados acima exercem um resultado negativo sobre as condições de vida dos trabalhadores e sobre a qualidade dos serviços prestados, prejudicando especialmente os mais pobres, que mais precisam dos serviços do Estado.
     Não se adotou a realização de concurso público para os serviços essenciais do Estado, por acaso. O trabalhador concursado possui maior autonomia e qualificação, o que é fundamental para garantir um elevado padrão de serviços por parte do funcionalismo púbico. Os trabalhadores concursados, por exemplo, estão sujeitos à uma rotatividade do trabalho bem inferior à verificada no setor privado, o que é fundamental para o desempenho dos serviços que, boa parte deles, são complexos e exigem estudo e continuidade.  
     Quando as entidades sindicais do setor público defendem a realização de concursos públicos, salários dignos e condições de trabalho, eles estão defendendo ao mesmo tempo o direito de o povo ter acessos à serviços de qualidade. A visão predominante nas empresas e instituições públicas, é que a terceirização é um problema meramente administrativo, que não diz respeito às direções sindicais. Esta é uma questão bastante séria, porque a terceirização, além de representar redução de empregos, leva também à fragmentação sindical, na medida em que trabalhador terceirizado não se associa ao sindicato, não participa dos fóruns sindicais, ganha menos, não tem benefícios, é desqualificado e tem mais medo de perder o emprego. Por conseguinte, seu poder de barganha e negociação perante o patrão é praticamente nulo.

     As pesquisas do DIEESE, e de outras instituições, revelam que a lógica da terceirização no Brasil é principalmente a da redução de custos. Pela importância e complexidade dos serviços públicos os governos não podem se guiar exclusivamente pelo barateamento dos serviços. Especialmente num país onde os salários já são baixos. A lei da terceirização sem limites, aprovada neste ano e já em vigor, tem como objetivo principal a redução de custos. Quando o empresário terceiriza no setor privado, quer principalmente reduzir custos, e portanto, repassar o ônus da crise para os trabalhadores, que passam a ser mais explorados.
    Esta lógica não pode ser a do setor público. Se quisermos atingir a condição de grande nação, teremos que eliminar todas as formas de trabalho indigno e precarizado, e melhorar continuamente as condições de trabalho de todos, incluindo os trabalhadores do setor público, que têm a responsabilidade de prestar atendimento aos setores que mais precisam na sociedade.
                                                                                                             *Economista.

Jessé Souza - A classe média "revolucionária" do Brasil

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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tempo e Temer elegerão Lula em 2018

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania: retirado do blog do Miro.


O salário dos “memeiros” é “fixo e secreto”, afirma Kim Kataguiri, um dos coordenadores do MBL, segundo reportagem da Folha de São Paulo sobre a estratégia do “movimento” para manter acesa a chama da burrice em um setor bem específico da sociedade.

Rafael Rizzo, 25, e Arthur França, 24, os “memeiros” recém-contratados pelo “movimento” dizem trabalhar cerca de 12 horas diárias. Os dois também administram as redes do MBL como um todo.

O dinheiro que abunda para esses picaretas do MBL financiou o lado mais cruel do golpe: o de fazer pessoas que seriam afetadas pela ruptura institucional e o consequente fim da visão social do Estado brasileiro após a ascensão do PMDB e do PSDB ao poder.

Incontáveis milhões de dólares foram gastos para derrubar Dilma Rousseff e o PT. Empresas, partidos políticos e ricaços do Brasil e do exterior investiram e continuam investindo fortunas para sustentar o governo oriundo do golpe e manter acesa uma chama que, apesar de tantos recursos, já começa a ficar bruxuleante…

Um vídeo divulgado no ano passado já deixava muito claros os interesses por trás desses “movimentos espontâneos” que mobilizaram multidões ao custo de milhões e milhões de dólares. Foi produzido pela “The Real News”, agência independente de jornalistas investigativos. Vamos assistir [aqui].

Esse investimento que está sendo feito pelo MBL em redes sociais, segundo o relato da Folha, já prevê as dificuldades que os mercadores de estupidez vão ter daqui até o ano que vem para manter acesa essa chama da burrice que permitiu a derrubada de um governo cuja obra social todos conhecem e que foi trocado por um governo que, a cada dia, edifica mais o empobrecimento da sociedade brasileira.

Não importa quanto a mídia tente vender “melhora” da economia. Não há melhora alguma.

O desemprego parou de cair porque o nível de emprego já está no fundo do poço. Os pouquíssimos empregos criados são muito piores. Pagam salários que chegam a 1/3 do que eram antes do golpe, sem contar que a inflação corroeu os valores, fazendo o que é 1/3 virar, quem sabe, 1/10.

A economia não irá reagir por falta de confiança dos investidores. Ninguém sabe o que acontecerá no ano que vem. Só um louco colocaria dinheiro no Brasil neste momento.

O ataque aos programas sociais irá retirar uma rede de proteção que vinha atenuando os efeitos da crise. A sociedade, desprotegida, verá surgirem hordas de miseráveis desesperados, o que inclui àqueles que optarão por “soluções” desesperadas, entre as quais o crime.

Pobreza, desigualdade, violência, criminalidade…

Foi tudo muito rápido. O Brasil mergulhou no inferno de repente. Não houve tempo para as pessoas esquecerem que até há pouco o Brasil era um país promissor, em que a economia crescia, a pobreza despencava, a desigualdade melhorava a olhos vistos.

O Brasil era o país para o qual os que emigraram para o exterior retornavam. Durante mais de uma década a vida melhorou tanto por aqui que, pela primeira vez na história, a renda se desconcentrou como jamais ocorrerá. Os governos do PT viram acontecer a primeira verdadeira queda na desigualdade em mais de um século de vida republicana.

Ainda há muita gente reticente contra Lula, o PT e a esquerda. O dinheiro grosso que alimenta as fábricas de burrice dos MBLs da vida vai continuar jorrando, mas, em algum momento, esses setores imbecilizados da sociedade vão ter que começar a pensar na realidade de suas vidas.

Grande parte dos inocentes (burros) úteis dos quais esses movimentos fascistas se valem será dramaticamente afetada pela crise. Não haverá dinheiro suficiente para enganar tanta gente.

Os financiadores desse festim diabólico que sustenta mistificadores como os do MBL atingiriam melhor seus objetivos se jogassem essas fortunas de um avião sobre o país. Contratar memeiros não vai impedir que as pessoas sintam os efeitos da piora da condição de vida que Temer e o PSDB vão impor aos brasileiros.

Ou alguém acha que as pessoas vão comer memes ou pagar contas com eles?

A liderança de Lula está crescendo porque, a cada dia, mais e mais pessoas percebem quanto a vida era melhor quando o PT estava no poder. É por isso que esbirros da ditadura temerária como Sergio Moro perdem popularidade na mesma medida que Lula ganha.

O mais incrível é que, enquanto golpistas e seus apoiadores fazem pouco das possibilidades de Lula voltar a governar o Brasil afirmando que o povo o rejeita, torcem para que a Justiça o inabilite a tempo para NÃO concorrer como candidato.

O efeito que teria diante do mundo o Brasil impedir o principal candidato a presidente de concorrer não será pequeno. E vai dificultar ainda mais a saída da crise.

No limite, se a direita vencesse em 2018 e continuasse aplicando o programa econômico em curso, o país mergulharia em uma convulsão social generalizada. Sem partidos, mas com gente desesperada promovendo saques e mergulhando no mundo do crime.

O aumento previsível da esperança em Lula lhe permitirá apontar em quem um país desesperado deverá votar. O povo revoltado com o impedimento a votar em quem aposta para tirar o país do buraco ouvirá contrito a indicação do ex-presidente, caso a Justiça teime em dar um golpe eleitoral no ano que vem.

Não acredita? Tudo bem. Mas não esqueça de que leu aqui essa análise.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Na caravana, Lula reencontra o povo

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog. Extraído do blog do Miro.

Num país onde a queixa sobre a apatia da grande massa dos cidadãos tornou-se o grande lugar comum das análises políticas, a caravana de Luiz Inácio Lula da Silva pelo Nordeste oferece uma surpresa e tanto.

Num fenômeno pouco visível para quem limita-se a acompanhar a realidade do país pela cobertura dos grandes monopólios da mídia familiar, basta reconstruir o que aconteceu neste domingo, quando a caravana completava seu décimo dia, para se ter uma noção adequada do que se passa no fundão da política brasileira.

Depois de fazer, no sábado, um discurso de 43 minutos para uma pequena multidão reunida no Ponto Cem Réis, na região central da capital paraibana, Lula assumiu seu lugar no ônibus número 1 da caravana, líder de um comboio com outros dois ônibus e pelo menos nove automóveis e veículos mais leves.

O plano do dia era percorrer os 277 quilômetros que separam João Pessoa para chegar a Currais Novos, no Rio Grande do Norte. Num esforço para recuperar velhas audiências e estabelecer novos laços com um eleitorado que esmagou o Partido dos Trabalhadores em 2016, a ideia era convocar aliados, militantes e eleitores mais irredutíveis para dar um novo oxigênio a máquina de um partido. 
A proposta se resumia a organizar três comícios num único dia, o que por si só já seria uma proeza respeitável. Mas, ao longo do dia se descobriu que ao menos uma parcela da população local achou que isso era pouco para quem pretendia ouvir Lula. Sem condição de comparecer aos locais pré-estabelecidos, em diversos pontos do trajeto os moradores da beira do caminho resolveram participar da festa de forma imprevista.

Na medida em que a caravana se aproximava, em vários pontos do trajeto eles se concentravam à beira da estrada para saudar Lula e acompanhantes. Quando a concentração - de homens, mulheres, jovens e muitas crianças - atingia um bom tamanho, a caravana era obrigada a parar. Se o volume de gente era mesmo grande, Lula descia e fazia uma pequena saudação – era isso, exatamente, o que pretendiam as pessoas que corriam pela beira da estrada.

Em Acari, já no Rio Grande do Norte, ocorreu a grande cena do dia. Estimulada pelo prefeito local, que é filiado ao PMDB, uma pequena massa começou a se concentrar nas vizinhanças do asfalto. Quando a caravana se aproximou, até uma parcela dos fiéis que acompanhavam a missa de domingo, numa igreja das redondezas aderiu a mobilização. A estrada acabou bloqueada, aos gritos de “Lula, Lula, Lula”. Com um novo comício pela frente, o próprio não discursou porque precisava poupar a voz. Mas desceu do ônibus para conversas rápidas com quem estava por perto.

De forma mais organizada, os comícios definiram uma ajudam a entender uma situação clara. Assistindo, a partir da posse de Michel Temer-Henrique Meirelles, ao desmanche de direitos definidos durante a passagem do Partido dos Trabalhadores pelo Planalto, uma parcela considerável de brasileiros encara um possível retorno de Lula à Presidência como a principal esperança para preservar suas conquistas – e estão dispostos a lutar por isso.

Com uma pequena produção de queijo em Caicó, que distribui em duas cidades do Rio Grande do Norte, Mário Luiz da Silva fez questão de comparecer a última parada do dia, o comício de Currais Novos. “Precisamos garantir a vitória do Lula no primeiro turno”, diz ele. “Não falo por mim, pois nunca obtive qualquer benefício direto pelas medidas do governo. Mas pelos programas sociais, que beneficiam a população mais pobre e, dessa forma, fazem bem para o país inteiro.” Num dos lados do palco, o comício de Currais Novos exibia um boneco de Lula. Nada a ver com o execrável pixuleco nos tempos de Lava Jato, mas um Lula bem trabalhado e esculpido, com rosto bem desenhado e camisa vermelha-PT brilhante.

Ao longo de sua carreira, o deputado-sindicalista Vicentinho esteve em Currais Novos em duas situações. Em 2002, quando Lula venceu as eleições presidenciais pela primeira vez, e na semana passada. “ A mudança é total, disse ele ao 247. Em 2002, as pessoas respondiam ao discurso do candidato do PT “virando o polegar para baixo, em sinal negativo”. Ontem, era só aplauso. “Aqui é uma região conservadora mas a compreensão do papel de Lula está clara.”

Prefeito de Picuí, única das 223 cidades da Paraíba na qual o Partido dos Trabalhadores ganhou as eleições para a prefeitura em 2016, Olivânio Remígio fez, no domingo, uma respeitável demonstração de força. Numa cidade com 19000 habitantes, colocou perto de 5000 pessoas na praça principal para saudar Lula - na matemática, de cada quatro moradores de Picuí, pelo menos um saiu de casa para dar seu apoio a Lula.

“Basta pensar na seca para entender esse comportamento”, disse Olivânio ao 247. A conta, no caso, é objetiva. Numa cidade onde 6 mil pessoas residem na área rural, os programas dos governos Lula-Dilma asseguraram a distribuição de 5 000 cisternas – seja aquelas de tamanho pequeno, adequadas para o consumo humano, seja no tamanho maior, ideal para a agricultura. “Chegamos a situação correta, na qual a maioria das famílias tem duas cisternas, que permitem fazer seu trabalho e também cuidar da saúde e da higiene”.

Destinada a reforçar a musculatura política de Lula, alvo de uma perseguição da Lava Jato que ameaça tirar de cena uma candidatura favorita em todas as pesquisas para 2018, a mobilização em torno do mais popular presidente nossa história é a mais importante novidade da política brasileira. Enquanto adversários tradicionais se desmoralizam perante o eleitorado, a começar por Aécio Neves, Geraldo Alckmin, João Doria e Jair Bolsonaro se encontram em cenas de canibalismo que ninguém sabe como vai parar.

Numa situação na qual a fragilidade dos adversários coloca em risco a democracia, a ampliada base popular de Lula lhe confere uma legitimidade única numa conjuntura de dúvidas e incertezas para tirar o país da maior catástrofe econômica e política e sua história.

Temer quer vender a Amazônia

https://www.facebook.com/deciolimapt/videos/1575038605900015/

Exclusivo! As 30 heroínas da Joaquim Nabuco!

http://www.ocafezinho.com/2017/08/28/exclusivo-as-30-heroinas-da-joaquim-nabuco/

Canalhas, nós vamos atrás de vocês até o fim do mundo.

https://www.facebook.com/nocautefernandomorais/videos/472868289767026/

domingo, 27 de agosto de 2017

“Serei forte como candidato, cabo eleitoral, libertado ou preso, vivo ou morto”.

https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.nocaute.blog.br%2Fbrasil%2Flula-serei-forte-como-candidato-cabo-eleitoral-libertado-ou-preso-vivo-ou-morto.html&h=ATM5Q92eNWfSH3qo1uQmjfoF0ew8DBNmoFmIIpIW8e4pLDKVyQf4Rrvxxo5pqjp-RGD7vCQiqmp8EzNr49BiKtM_KmBqqejFYjO21eVpIXmXMw6LGGIU2BFaZg_QLz2n0Ie2GUmpBKIg65tKuSkjmH6EiU2QAQJ7bDd1rvfj27WPfrjLj9WCnq_mC9c7ZvtP6j1DHqCZ4uf9Aw-CJFrHSfuJHnUPKcGQHjXx-5K6UofeChaQxOGuMVDSLUlMNUGsm0FaAGVrdBdFCi8tfGf2xEqNwXMj7HFQaA

Os fãs de Bolsonaro e a professora agredida

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo. Do blog do Miro.

Um país no lixo. É isso o que aconteceu. Nos jogaram no lixo.

A professora Márcia Friggi, agredida por um aluno dentro da escola nesta segunda-feira, está sendo linchada por seguidores de Jair Bolsonaro.

“Não posso me calar diante das manifestações de ódio as quais estou sendo alvo. Não estou surpresa, infelizmente, nunca esperei atitude diferente dessas pessoas. Sou cidadã brasileira e, como todos, tenho liberdade de expressão”, lamentou, em sua página no Facebook.

“Estou estarrecida. Certas pessoas estão escrevendo que eu merecia isso, por meu posicionamento político de esquerda, de feminista. Já atingiram o meu olho, mas não vão me calar. Na sala de aula é uma coisa, mas nas redes sociais tenho todo o direito de me expressar”, afirmou ela, que se desdobra em dois empregos, nas redes municipal e estadual.

“Exerço uma das profissões mais dignas do mundo, com um salário miserável”.

Para os fascistas mantidos na dieta indigente e odienta de seu chefe, ela simplesmente teve o mereceu.

“Olhei o Face dessa professora, é esquerdista, defende menor marginal e aplaudiu a mina que agrediu o Bolsonaro, apanhou foi pouco”, afirma um sujeito.



“Ela ajudou a parir o monstro, agora embale. Eu sempre fui durona e tradicional e aluno marmanjo sempre me chamou de senhora”, disse, no Twitter, uma mulher que se identifica como professora.

O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC-RJ) compartilhou uma imagem mostrando o elogio da professora à jovem que atirou um ovo em seu pai Jair em Ribeirão Preto: “A falta de respeito e a violência são incentivadas dentro das salas de aula por alguns professores-militantes”, disse Flávio.

No Facebook, dezenas o apoiam. “Bem feito! Agora vê se aprende e para com tanta estupidez”, escreveu um de seus seguidores.

Márcia Friggi não se intimida: “Estou cada vez mais convicta de que sempre lutei e continuarei lutando por um mundo melhor, livre do ódio, do racismo, do preconceito, do machismo, da misoginia, da homofobia, do fascismo”.

Eu já falei e repito: Charlottesville é aqui.

Querem liquidar o país inteiro. E vem muito mais por aí.



                                                                                 *Jose Álvaro de Lima Cardoso.
     No 21.08 o Ministério das Minas e Energia anunciou a privatização da Eletrobrás, a maior empresa de geração de energia da América Latina. No dia 23, por decreto, o governo extinguiu a Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados), localizada nos Estados do Pará e Amapá, e a área agora passa a ser liberada a exploração de minérios pela iniciativa privada. A área compreende quase 4 milhões de hectares e é rica principalmente em ouro, mas possui também tântalo, minério de ferro, níquel e manganês. A Renca foi criada em 1984, no final do regime militar, mantida deste então como posse da União. Na área, que é equivalente ao território da Dinamarca, apesar da existência de vários outros minerais, era explorado apenas cobre (por uma questão de preservação), e através de monopólio do Estado. Com a extinção da Reserva e a liberação da mineração aumentam muito os riscos de conflitos na região, e toda a biodiversidade da área ficará em grave risco.
    O desmonte impressiona pela velocidade e abrangência, mesmo se tratando do governo mais entreguista e corrupto da história. O pacote completo de liquidação do país, divulgado no dia 24, anunciou a privatização da Casa da Moeda, 14 aeroportos, 15 terminais em portos, a Casemg, a Docas do Espírito Santo, a Lotex, a Ceasa-Minas, 11 linhas de transmissão de energia, trechos de rodovias. O pacote prevê a venda de 57 empresas e ativos públicos, além de vários outros blocos de exploração petrolífera. A explicação para a pressa do governo em tomar decisões dessa envergadura de forma atabalhoada, não tem nada de ideológica. Com as medidas o governo golpista pretende fazer caixa para cobrir o maior rombo fiscal da história.
     As medidas aprofundam o ataque ao Estado brasileiro. Estão desarticulando toda a estrutura produtiva que o Brasil construiu ao longo de décadas, desde Getúlio, fundamental para garantir uma base nacional, mesmo que com limitações. Essa estrutura havia sobrevivido ao primeiro desastre neoliberal na década de 1990, comandada por FHC, que representou uma verdadeira nuvem de gafanhotos sobre a economia brasileira. Se a correlação de forças permitir, vão vender também a Petrobrás, como pretendiam nos anos de 1990, empresa, aliás, que já estão desmontando sem alarde, para facilitar o processo de venda.   
     O desmonte que FHC iniciou na década de 1990 no setor elétrico público, que, até então, entregava a energia mais barata do mundo, está sendo aprofundado com as medidas do governo golpista. Segundo os especialistas da área, com a privatização do sistema, o preço da energia deve disparar, com reflexos nos preços de toda a cadeia produtiva. Nesse contexto, o Brasil, que sofre um problema crônico de desindustrialização desde a década de 1990, verá sua indústria perder ainda mais espaço. Ao privatizar e internacionalizar a estrutura produtiva que entrega insumos fundamentais para a produção e o desenvolvimento a preços competitivos, os golpistas inviabilizam a retomada do crescimento. Historicamente no Brasil, quem puxa o investimento no setor privado é o investimento realizado pelas estatais. Além de representar uma queima impressionante de patrimônio público, a privatização da Eletrobrás representa uma renúncia a qualquer objetivo de soberania energética do Brasil, o que mostra a natureza antinacional e subserviente deste governo.
     O desesperador neste processo de desmonte do Estado brasileiro (que estão fazendo em todas as áreas) é que além de canalhice, há um total despreparo na condução das questões. À exemplo do que vem ocorrendo em todas as áreas, não é apenas um problema de corrupção, mas há um completo desconhecimento dos problemas nacionais. Isso fica muito evidente nas manifestações públicas do ministro da Fazenda que, em regra, não sabe do que está falando. No caso da questão energética, este problema é gravíssimo. Não há qualquer medida para resolver os grandes problemas do setor. Como os golpistas não entendem do assunto, estão sendo orientados por tubarões, consultores ligados às empresas privadas no setor, que passam a dar as tintas das políticas, que só interessam ao capital, contra os interesses de mais de 200 milhões de brasileiros.
     Conforme as análises dos especialistas, o setor elétrico no mundo atravessa uma transição importante, que vai exigir muita ação estratégica, em função da disseminação das energias renováveis. Os desafios, que são grandiosos, estão muito além da compreensão dos golpistas do governo, que se limitam a fazer a apologia do setor privado. As empresas privadas dos países dominantes, por sua vez, agradecem a generosa oportunidade de negócios com os ativos públicos brasileiros.
     No mundo todo a energia hidrelétrica é controlada pelo Estado. É o caso da China, Canadá, Brasil e Estados Unidos que, juntos, respondem por 53% da energia hidrelétrica produzida no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, mesmo a energia hidrelétrica tendo um peso menor do que os de outras fontes, o setor é tratado como estratégico. O maior operador de energia hidrelétrica é o Corpo de Engenheiros do Exército, e o segundo maior produtor é o United States Bureau of Reclamation, uma agência federal subordinada ao Departamento do Interior. O presidente dos EUA, um enlouquecido neoliberal, lançou no mês de maio um plano de privatização da infraestrutura nacional, mas as empresas hidrelétricas ficaram de fora do plano. Uma de suas ideias, inclusive, de privatizar a Administração Energética de Bonneville, agência federal criada em 1937 para vender a energia da usina de Bonneville, operada pelo Exército, sofreu inúmeras críticas. Uma das principais críticas é a de que, se a administração for privatizada, os consumidores ficarão na mão do sistema financeiro e podem esquecer energia barata.
     O governo anunciou que pretende arrecadar com a venda do Sistema Eletrobrás entre R$ 20 e R$ 30 bilhões. Segundo cálculo feito pelo engenheiro e consultor do setor, Carlos Mariz, os 48,6 mil megawatts (MW) de capacidade instalada de geração do Sistema Eletrobrás equivalem a um investimento de cerca de R$ 370 bilhões a preços atuais. Ou seja, estão torrando um patrimônio nacional estratégico, o que irá tornar o Brasil dependente de decisões de multinacionais da área de energia, por menos de 10% de valor dos ativos. O consultor mencionado lembra que com a privatização do sistema elétrico, os rios que alimentam o sistema, irão deixar de atender as populações e serem, na prática, privatizados. O abastecimento humano, portanto, será diretamente afetado, com certeza. A queima desse patrimônio estratégico, possivelmente está na fatura do golpe: nos EUA e Europa existem grandes problemas relativos de falta de água, já que boa parte dos rios são poluídos.
     Um dos objetivos do golpe é alterar toda a natureza do Estado brasileiro, até o ponto de se estabelecerem novas relações sociais de produção que atendam aos interesses do capital internacional em um nível inédito na história do país. As medidas anunciadas recentemente estão dentro dessa lógica que, no limite, transformarão o Brasil numa espécie de colônia do imperialismo. Um dos principais motivadores do golpe, além da cobiça dos países imperialistas por fontes de energia como um todo, foi interromper a viabilização, a partir de várias frentes, da construção da soberania energética brasileira. Para isso são importantes todas as fontes de energia, e que é pré-requisito para o desenvolvimento econômico-social. Por isso a Lava Jato, Cavalo de Tróia do golpe, tratou de rapidamente de prender o Vice-almirante e Engenheiro Othon Luiz Pinheiro da Silva, ainda em 2015, comandante do programa nuclear brasileiro. Com o golpe e o consequente fim da Lei de Partilha, se apropriaram do pré-sal, mataram o programa nuclear brasileiro e, agora, liquidam a soberania da energia hidrelétrica do Brasil. E tem alguns que fazem de conta que tudo está normal.
                                                                                 *Economista.