(HD) - A revelação de que há hotéis que pretendem aumentar, em mil
por cento, o preço da diária no Rio de Janeiro durante a Copa, e que pousadas
vão cobrar, no mesmo período, mil reais por dia por pessoa em quarto duplo sem
banheiro, é de estarrecer.
Isso, não apenas porque se configura aí um crime de virtual
estelionato, mas também porque depõe contra a organização do país - e o caráter
do povo brasileiro - em um evento de importância mundial.
Se a isso somarmos outros problemas dá para ver que o
turista, durante a Copa, corre o risco de ser visto, como já acontece em datas
como o carnaval, como uma espécie de “Peru de Natal”.
No Rio, continuam os problemas com os táxis nos aeroportos, e
mesmo com a tabela, tem “motorista” que tenta enganar o passageiro.
Quem quiser passar o fim de ano no Rio e quiser reservar um
táxi para busca-lo no aeroporto, descobrirá que há empresas cobrando entre
150,00 e 300,00 reais por uma corrida durante o réveillon.
É a mesma situação dos turistas de cruzeiro, que
eventualmente chegam a pagar o dobro do preço normal, quando não mais, para ir
do cais do porto para o centro da cidade.
Cartilhas como as que já foram feitas para alertar os
turistas são válidas, mas não resolvem o problema. Seria, talvez, a
solução, acabar com as frotas de táxi de
um único dono, para que os motoristas de táxi ganhem mais, e aumentar a
fiscalização.
O Governo Federal e a Prefeitura tem a obrigação de
fiscalizar o que está acontecendo, ou, pelo menos, de criar condições para que
esse virtual assalto não ocorra. Uma delas poderia ser cadastrar os voluntários
que vão trabalhar na Copa do Mundo – principalmente os que falam língua
estrangeira – em sites nos quais eles pudessem oferecer, antecipadamente,
transporte e hospedagem, em suas próprias casas, para os turistas que vem de
outras cidades ou do exterior.
Até porque o tiro pode sair pela culatra. Hotéis, que fizeram
o mesmo, em São Paulo, na região da Avenida Paulista na época da Copa das
Confederações, ficaram a ver navios por causa das manifestações de julho.
Se os hoteleiros do Rio de Janeiro – muitos deles
estrangeiros - fizerem o mesmo correrão o risco de perder seus clientes
normais, e os que viriam de fora - apesar dos depósitos antecipados exigidos no
momento da a reserva.
Na área de transporte aéreo, o governo ameaça abrir espaço
para empresas de aviação estrangeira durante a Copa, para evitar o abuso que se
avizinha, com o aumento exorbitante das passagens dentro do país.
A verdade é que, no turismo receptivo, na hospedagem, na
aviação, tudo isso acaba cheirando, para quem vem de fora, a desorganização e
improvisação.
Se não houver uma mudança cultural na forma de se ver o
turista e o turismo - e não apenas no Rio de Janeiro – estaremos ajudando quem
aposta na piora da imagem do Brasil nos mercados internacionais, para
prejudicar o País.
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