(JB) - Como o jogador de xadrez que usa todo o terbelho em busca de uma simplificação positiva que possa levá-lo a
fortalecer-se na finalização, o Brasil parece ter se recuperado da divulgação
das ações de espionagem da ABIN de há 10 anos, e avança, com paciência e
determinação, na batalha que move contra os EUA e seus aliados na espionagem
eletrônica, no âmbito da internet.
Esta semana, três movimentos foram executados nesse sentido.
O primeiro tem o objetivo de atrair o adversário para o
interior de nossas linhas.
Os dois outros correspondem ao deslocamento de nossos bispos
para os flancos, com a visita do Chanceler Luiz Alberto Figueiredo, ontem, a Moscou
e a presença do Ministro da Defesa, Celso Amorim, na terça-feira, em Buenos
Aires.
Os Estados Unidos foram formalmente convidados pelo Governo
Brasileiro, para a Conferência que será realizada em abril de 2014, em São
Paulo, da qual participarão vários países e instituições internacionais, para
discutir uma nova governança para a internet.
Chamando os EUA, o Brasil que dar a entender que a reunião
não se fará “contra” os Estados Unidos. Mas está claro que Washington será o
principal alvo dos países participantes do encontro.
Em Moscou, o Chanceler Luiz Alberto Figueiredo reuniu-se com
seu homólogo russo, Serguei Lavrov, para tratar também do tema – a Rússia
também foi convidada – em, em declarações conjuntas, os dois países
manifestaram sua preocupação com a quebra de sigilo rotineiramente praticada
pelas agências de espionagem norte-americanas.
Simultaneamente, Celso Amorim reuniu-se em Buenos Aires com o
Ministro da Defesa argentino, Agustin Rossi, para o estabelecimento de um Acordo
Bilateral de Defesa Cibernética.
Rossi pretende visitar pessoalmente o Centro de Comunicações
e Guerra Eletrônica do Exército, em Brasília. Militares argentinos serão também
enviados ao Brasil, e técnicos brasileiros farão apresentações sobre o tema, no
Instituto Universitário do Exército Argentino, em Buenos Aires.
Amorim afirmou que o assunto deve ser tratado na próxima
reunião do Conselho de Defesa da América do Sul, e o Ministro da Defesa
argentino ressaltou a necessidade dos países da UNASUL – União das Nações
Sul-americanas, estabelecerem uma estratégia comum e conjunta de Defesa na área
cibernética.
No dia primeiro de novembro, Brasil e Alemanha já haviam
apresentado na ONU, iniciativa voltada para a criação de nova arquitetura de
controle da internet.
Ontem, Brasil e Rússia também abordaram o tema na reunião de
Moscou, e o Ministro das Relações Exteriores russo reafirmou o apoio de seu
país ao projeto teuto-brasileiro.
Segundo Figueiredo, os Estados Unidos estão tentando frear a
iniciativa apresentada por Berlim e Brasília. A intenção é modificar o texto do
projeto de forma a que cada nação tivesse a responsabilidade de assegurar o
direito ao sigilo das comunicações apenas de seus próprios cidadãos.
Dessa forma, as agências de espionagem norte-americanas
continuariam livres para vigiar e invadir comunicações eletrônicas de qualquer pessoa,
fora dos Estados Unidos.
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