terça-feira, 31 de maio de 2011

EMPREGO E SALÁRIO DE CONTRATAÇÃO ENTRE 2000 E 2010 EM SANTA CATARINA


Segue resumo do artigo "Emprego e Salário de contratação entre 2000 e 2010 em Santa Catarina", no qual analisa-se a evolução do emprego formal no Estado e a correspondência entre o crescimento do emprego e do salário real nos últimos dez anos. O autor é o técnico do Sine Osnildo Vieira Filho.



Como visto anteriormente, o emprego formal em Santa Catarina cresceu substancialmente entre 2000 e 2010, entretanto, o crescimento do salário médio de contratação dos trabalhadores e a remuneração média do conjunto da força de trabalho não acompanhou o mesmo ritmo. No período, o número de trabalhadores pulou de 1,05 milhões para 1,73 milhões, crescendo 63,7% o que significa uma expansão de 5,1% ao ano. A remuneração média inicial (salário de contratação) passou de R$ 705,20 em 2000 para R$ 805,74 em 2010. Em termos percentuais o salário cresceu 14,3% ou um crescimento médio anual de 1,3%.

Nos três primeiros anos do período, o salário médio real de contratação apresentou uma queda acumulada de quase 15%. Só em 2003 a queda foi de 9,0%. Até meados de 2008, o salário médio real de contratação no Estado ficou abaixo daquele praticado em 2000.
Levando-se em conta os dados da RAIS, que disponibiliza o total de empregados incluindo os servidores públicos e a remuneração média de toda a força de trabalho (e não somente os 10
contratados), enquanto o emprego cresceu 82,7% nos últimos dez anos, a remuneração cresceu apenas 18,2%.

Enquanto o salário médio de contratação em Santa Catarina (R$ 805,74) chega próximo do praticado na média do país (R$ 829,17), a diferença na remuneração média do conjunto da força de trabalho formal em relação a média de todas as Unidades da Federação é de aproximadamente -11,3%. Mesmo estando entre os estados mais desenvolvidos, a remuneração em Santa Catarina é cerca de R$ 1.485,66 contra R$ 1.674,99 na média do país, deixando o Estado em 14º no ranking das maiores remunerações médias.

Estudos posteriores mais detalhados talvez possam responder as seguintes questões:
É real a suposta falta de “mão-de-obra qualificada” tão reclamada pelos empregadores?
Se o salário inicial crescesse em patamares mais próximos da taxa do emprego, não estimularia um número maior de trabalhadores qualificados e que estão em atividades informais e por conta própria a buscar uma atividade laboral com vínculo formal?
Os baixos salários praticados em Santa Catarina podem estar relacionados à alta taxa de rotatividade8 praticada no mercado de trabalho no qual de cada dez trabalhadores com vínculo ativo durante o ano de 2010, segundo a RAIS, quase quatro não estavam mais ativos ao final do ano. Além disso, dos 1,72 milhões de trabalhadores empregados no Estado ao final do referido ano, mais de 40% estavam a menos de 1 ano no último vínculo e somente 19% dos trabalhadores tinham 5 anos ou mais de serviço no último emprego.

A análise da evolução do emprego e da remuneração nos últimos dez anos mostra que enquanto a emprego no Comércio (103,0%) mais que dobrou, a expansão na Agropecuária (31,3%), Indústria (49,4%) e Construção Civil (56,3) ficaram a baixo da média do total das atividades econômicas (63,7%).
A Construção Civil apresentou forte crescimento a partir de 2006, provavelmente em decorrência das obras de infra-estrutura e da maior oferta de crédito habitacional.
Em relação ao salário real de contratação, o setor de Serviços foi o único setor de atividade que apresentou queda (-5,3%) entre 2000 e 2010. A Agropecuária, por sua vez, foi a única atividade cujo salário (78,3%) cresceu mais que o emprego (31,3%). Nesta atividade econômica, onde é praticada a menor remuneração média (R$ 872,08) e também o menor salário de contratação (R$ 695,63), os salários de admissão gravitam em torno do salário mínimo, e desta forma, os trabalhadores se beneficiaram dos ganhos reais concedidos ao salário mínimo no período. 11
A alta taxa de rotatividade praticada na Construção Civil, que pode ser expressa pela grande proporção de vínculos inativos no último dia do ano do total de vínculos que estiveram ativos durante o ano, pode ser responsável pelos baixos salários praticados no setor.
Entre os 185,8 mil vínculos de emprego que estiveram ativos na Construção Civil durante o ano de 2010, apenas 88,8 mil, portanto menos da metade, estavam ativos ao final do ano. Destes, aproximadamente 59% tinham menos de um ano de emprego no último vínculo e somente 8,8% tinham cinco anos ou mais de trabalho.
A alta rotatividade no mercado de trabalho formal de um modo geral e na Construção Civil e Agropecuária em particular, remete ao debate sobre a Convenção 158, da organização Internacional do Trabalho, que coíbe a demissão imotivada, uma das poucas Convenções da OIT que o Congresso Nacional ainda não ratificou.
O argumento de que o país já possui um dos maiores custos sobre as demissões, e que a ratificação da Convenção 158 inibiria a abertura de novos postos de trabalho em razão das dificuldades impostas para a rescisão, não se sustenta quando analisa-se os dados do mercado de trabalho. Quase 40% dos trabalhadores com vínculos ativos durante o ano estão inativos no último dia do ano. Além da insegurança gerada entre os trabalhadores, decorrente da alta rotatividade nas empresas, há grandes prejuízos, como aqueles relacionados à perda dos investimentos em qualificação profissional, na maior parte bancada com recursos públicos.
Outra medida que se impõe frente a grande rotatividade no mercado de trabalho é a necessidade urgente de se regulamentar o dispositivo constitucional (art. 239, § 4 da Constituição Federal de 1988) que pretendia inibir esta prática ao determinar contribuição diferenciada às empresas que praticam maiores índices de rotatividade.

sábado, 28 de maio de 2011

País precisa investir R$ 804 bi em infraestrutura, diz estudo



http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/imagens/vazio.gif

Fábio Pupo | De São Paulo
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Impulsionado pelas demandas provenientes da Copa do Mundo de futebol, o Brasil precisará de cerca de R$ 804,5 bilhões em obras de infraestrutura nos próximos cinco anos. O estudo, feito pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), foi divulgado ontem em seminário que apresentou oportunidades de negócio para executivos da iniciativa privada.

As demandas identificadas pelo levantamento nos próximos cinco anos são nas áreas de petróleo e gás (R$ 376,5 bilhões), energia elétrica (R$ 141,5 bilhões), transporte e logística (R$ 120,5 bilhões), telecomunicações (R$ 98,5 bilhões) e saneamento básico (R$ 67,5 bilhões). As necessidades se somam aos investimentos relacionados à Copa do Mundo de 2014. Só em cidades-sede, a expectativa do vice-presidente executivo da Abdib, Ralph Lima Terra, é que o potencial de investimentos atinja R$ 116,8 bilhões nos próximos dois anos. Em São Paulo, cidade que mais pode atrair investimentos em infraestrutura devido à Copa, segundo a instituição, as oportunidades de negócio no setor são de R$ 34,5 bilhões. A capital paulista é seguida por Rio de Janeiro (R$ 18,9 bilhões) e Belo Horizonte (R$ 11,3 bilhões).

Nesses valores, estão incluídos os gastos com arenas esportivas, mas a principal demanda virá da mobilidade urbana. A estimativa é que, até o fim de 2013, 284 contratos relacionados a esse item sejam fechados nas cidades-sede, movimentando R$ 67 bilhões.

Mesmo com o potencial apresentado, João Bosco Vaz, secretário extraordinário para a Copa de Porto Alegre e palestrante do evento, reclama do pouco interesse de empresas brasileiras nas obras relacionadas à competição. "Para oferecer placas de energia solar que poderiam ser usadas em estádios, vieram empresas de vários lugares. Menos do Brasil", lamenta ele, que também criticou entraves em licenciamentos ambientais para obras na cidade gaúcha.

Para o executivo da Abdib, no entanto, o clima é de otimismo. "Fui a Londres para conhecer o que está sendo preparado para a Olimpíada de 2012 e cheguei à conclusão que não há algo naquele lugar que não possamos fazer", diz. Para ele, falta às empresas de infraestrutura brasileiras experiência em gestão.

Para Richard Dubois, sócio da PricewaterhouseCoopers, para atrair mais investimentos as empresas do setor necessitam de simplificação jurídica e tributária no país. Ele cita um estudo feito por sua consultoria: "São 2.600 horas só para preencher papéis em relação a tributos."
Valor Econômico - 27/05/2011


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Exportação do Brasil depende mais da China

Cresce a dependência do Brasil em relação à China na exportação de produtos básicos. No primeiro quadrimestre deste ano o país asiático comprou 29,14% do total de básicos vendidos pelo Brasil ao exterior. A fatia representa um avanço em relação aos 26,3% no mesmo período do ano passado.

A demanda por produtos como minério de ferro, soja e petróleo, combinada com a alta de preços desses itens, fez a China absorver US$ 9,65 bilhões em produtos básicos brasileiros no acumulado de janeiro a abril. A compra dos chineses praticamente empata com os US$ 9,68 bilhões em produtos básicos exportados no mesmo período aos Estados Unidos e a toda a União Europeia juntos.

Enquanto a participação da China aumentou em quase três pontos percentuais, a fatia americana na exportação brasileira de básicos caiu de 8,07% no primeiro quadrimestre do ano passado para 6,24% para o mesmo período deste ano. A participação das compras dos países da zona do euro caiu de 23,8% para 23%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento (MDIC).

Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, diz que a China, com sua forte demanda, aumentou a compra de produtos básicos e tornou-se a principal parceira de vários países fornecedores dessa classe de mercadorias. "O momento atual é de preços extremamente elevados e oferta relativamente reduzida. O Brasil está aproveitando isso", diz. "A médio prazo, porém, há sérios riscos."

Rogério Cezar de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), lembra que o aumento de participação da China nos embarques brasileiros de básicos tem sido uma das grandes causas para a ampliação da fatia dessa classe de produtos nas exportações totais do Brasil.

No ano de 2000, a China comprou US$ 739,8 milhões em básicos do Brasil. O valor era pouco representativo dentro dos US$ 12,6 bilhões em básicos embarcados pelos brasileiros. No ano passado, os chineses compraram US$ 25,8 bilhões em básicos, o que representou 28,6% do total exportado pelo Brasil nessa classe de produtos. Nesse período de dez anos, a fatia dos básicos nas exportações brasileiras saltou de 22,8% para 44,6%.

"Não há problema nenhum em exportar básicos. O problema é só exportar básicos e para poucos destinos", diz Barral. Para ele, dentro de dois ou três anos, o que considera "médio prazo", pode haver mudanças nos patamares de preços dos básicos e o Brasil pode sofrer impacto no resultado de sua balança comercial, cujo superávit hoje é sustentado pela exportação de básicos.

"O efeito do preço no avanço dos básicos e da participação da China foi muito maior do que o do volume, principalmente nos últimos meses", lembra Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

O principal produto brasileiro exportado hoje - e também o principal comprado pela China - é o minério de ferro. No primeiro quadrimestre deste ano o Brasil exportou US$ 11,3 bilhões em minério de ferro, dos quais US$ 5,3 bilhões foram para a China. No mesmo período do ano passado a exportação brasileira do produto foi de US$ 5 bilhões, sendo 42% para os chineses.

A alta em termos de valor foi proporcionada principalmente por aumento de preço. Em abril, houve elevação de 129% na exportação de minério de ferro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. No período o preço subiu 88% enquanto a quantidade, apenas 22%.

A soja em grão, outro produto fortemente exportado para a China, experimentou aumento de 42% no valor em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado. No período, o aumento de preço foi de 30% enquanto o de volume, 9%. Os dados são do MDIC.

Além do preço, a alta demanda da China explica a ampliação da fatia do país asiático na venda de básicos do Brasil no mercado internacional. Regiões como a União Europeia, também tradicional consumidora de básicos brasileiros, por outro lado, ainda estão com menor crescimento e têm perdido espaço, lembra Souza.

"Apesar de realmente existir uma demanda realmente forte da China, é bom lembrar que a alta de preços também tem um componente especulativo, resultado da alta liquidez no mercado internacional", diz o economista-chefe do Iedi. Um arrefecimento de preços, analisa, não muda a alta demanda chinesa, mas pode reduzir o saldo da balança comercial brasileira e até gerar déficit.

O economista da Tendências acredita que o aumento da dependência do mercado chinês não é ideal do ponto de vista estratégico. O ponto positivo, ressalta, é que o país tem aproveitado a oportunidade, o que tem propiciado a manutenção de uma moeda nacional mais forte. "Isso tem possibilitado as importações, necessárias para atender a demanda interna forte e para proporcionar o crescimento da economia."

Barral vê os efeitos benéficos atuais da exportação brasileira de básicos. Ele ressalta, porém, que o avanço da China pode fazer com que o país asiático use essa maior dependência como instrumento de negociação. "Isso aconteceu com a Argentina no ano passado com o óleo de soja", diz Barral. Ele se refere ao embargo de sete meses feito pela China em relação ao óleo de soja argentino, que tem no país asiático o principal comprador. "Os chineses pararam de comprar e a Argentina teve que negociar em uma condição desvantajosa." Para Barral, essa possibilidade hoje é mais distante em relação ao Brasil porque para alguns produtos importantes na pauta de exportação brasileira não há outros fornecedores que consigam suprir a demanda chinesa. "Mas isso pode mudar. Pode haver, por exemplo, aumento de produção agrícola de soja por terceiros países ou mesmo pela própria China, nos investimentos que tem sido feitos no continente africano, por exemplo."
Fonte: Valor Econômico/Marta Watanabe | De São Paulo

Taxa de desemprego cai para 6,4% em abril, mostra o IBGE

SÃO PAULO - O nível de desocupação nas seis regiões metropolitanas investigadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 6,4% em abril, a menor taxa para o mês desde a reformulação da pesquisa em 2002. O indicador ficou ligeiramente abaixo daquele apurado em março (6,5%) e acabou inferior à marca de abril de 2010 (7,3%).

No mês passado, Salvador registrou taxa de desemprego de dois dígitos (10,2%). Em Recife, a taxa foi de 7,5%; em São Paulo, estava em 7,1%. Na casa de 4%, as taxas de desocupação no Rio de Janeiro e em Porto Alegre acabaram próximas - 4,8% e 4,6%, respectivamente. Em Belo Horizonte, o indicador se encontrava em 5,3%.

Conforme o levantamento, o contingente de pessoas desocupadas estava em 1,537 milhão em abril, inalterado em relação a março (1,538 milhão) e abaixo do 1,710 milhão de pessoas na mesma situação em abril de 2010.

O grupo de ocupados, por sua vez, correspondia a 22,313 milhões no quarto mês deste ano, contra 22,279 milhões de pessoas em março e 21,820 milhões de pessoas em abril do calendário passado.

O rendimento médio real habitual dos ocupados de R$ 1.540,00 implicou queda de 1,8% na comparação mensal, mas elevação da mesma ordem no comparativo com o quarto mês de 2010.

(Juliana Cardoso | Valor)

Um acordo pela indústria brasileira


Por Paulo Pereira da Silva, Artur Henrique e Paulo Skaf O Brasil atravessa um grande momento econômico e social. Os bons indicadores da economia e o volume de investimentos públicos e privados previstos colocam o País em condições de aprofundar o seu processo de desenvolvimento.

Resultado de uma política que articulou estabilidade financeira, fortalecimento do mercado interno e compatibilização entre crescimento e distribuição de renda, o cenário atual aponta para uma curva mais estável de crescimento.

A acertada decisão de estimular o mercado interno criou um novo dinamismo econômico. Isso se deu, entre outros fatores, pela valorização do salário mínimo, pela universalização de programas como Bolsa Família e Pronaf (agricultura familiar) nas áreas mais pobres e pela ampliação da disponibilidade de crédito. Essas medidas, associadas a uma retomada dos investimentos públicos, renovaram o fôlego de nossa economia.

Entretanto, alguns indicadores recentes apontam para o precoce encolhimento da participação da indústria de transformação no nosso PIB: de 27% em meados dos anos 80 para 16% atualmente.

O deficit comercial do setor de manufaturados deverá atingir a cifra de US$ 100 bilhões em 2011. À crescente reprimarização da pauta de exportação soma-se o processo de substituição da produção doméstica por produtos e insumos industriais importados e a expressiva queda do conteúdo nacional na produção. Ou seja, acendeu-se uma luz amarela para a indústria brasileira. As consequências desse processo são ainda imprevisíveis.

O Brasil, com sua legítima aspiração de assumir um papel de liderança global, não pode abrir mão de uma indústria forte.

Nossa história mostra que o desenvolvimento industrial foi responsável pela urbanização, pela integração da população ao consumo e pelo crescimento dos demais setores da economia. A produção e a exportação de commodities agrícolas e minerais, apesar do grande aumento recente, não geram emprego e renda suficientes.
Mesmo o setor de serviços, tão importante para a economia, tem parte significativa de seu dinamismo derivado da indústria.

A previsão de que em 30 ou 40 anos o Brasil será a quarta economia do mundo apenas se sustenta com o restabelecimento do papel da indústria e com o adensamento de suas cadeias produtivas. Não existem países cujos cidadãos gozem de alto padrão de vida e pleno acesso a bens e serviços que não contem com indústria sólida, diversificada e com alto grau de inserção em mercados internacionais.

A possibilidade de estabelecimento de um diálogo contínuo entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é algo inovador e reflete o compromisso de construir um Brasil forte e industrializado.

Este é o momento para que os diferentes atores desse processo - trabalhadores, empresários e o governo - formem um grande consenso acerca da política industrial nos rumos da economia.
Tal entendimento ajudará a tornar realidade as expectativas otimistas para o Brasil. Isso é o que discutiremos no inédito seminário "O Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego", organizado pela Fiesp, pela CUT e pela Força Sindical, hoje, em São Paulo.

Publicado na Folha de S. Paulo em 26 de maio
Paulo Pereira da Silva (Paulinho) é presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP), Artur Henrique é presidente da CUT e Paulo Skaf é presidente da Fiesp

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Capacidade de produção sobe menos que salários

 

Indústria ficou menos eficiente e sofre com a oferta de importados

Segundo dados do IBGE, quantia produzida por horas trabalhadas está recuando, ao passo que a remuneração cresce


MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Com o mercado de trabalho aquecido, os salários pagos pela indústria cresceram mais do que sua capacidade de produção nos últimos doze meses. Considerando os últimos dois trimestres, a produtividade industrial recuou, enquanto os salários continuaram crescendo. Isso significa que o setor está menos eficiente e mais caro, o que pode alimentar a inflação, reduzir a competitividade nacional e limitar a capacidade das empresas de conceder novos aumentos reais de salário e de investir. Uma consequência natural do cenário atual seria o endurecimento das negociações salariais, já que a produtividade está em descompasso com os custos.
Para o economista sênior do Banco Espírito Santo Flávio Serrano, no entanto, a falta de mão de obra qualificada dá espaço para os trabalhadores terem aumentos maiores: "A briga vai ser dura". Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a produtividade da indústria acumula crescimento de 2,4% em doze meses. Já a remuneração real do trabalhador cresce 3,6%. A produtividade indica quanto é produzido por hora de trabalho do funcionários. Para o economista da LCA Fábio Romão, é a competição forte com os importados que está limitando o ritmo de crescimento da produção. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho está aquecido, o que infla os salários. Além de terem que pagar mais pela mão de obra, as empresas estão lidando com insumos mais caros. A consequência seria o repasse do custo maior para os preços. Mas, em alguns casos, isso não é possível devido à competição dos importados.
Se por um lado a situação limita os efeitos na inflação, por outro reduz os lucros das empresas, afetando sua capacidade de fazer investimentos e gerar empregos. A observação é do economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial Rogério Souza. O economista da Unicamp Fernando Sarti lembra que a indústria também tem que lidar com juros altos e elevada carga tributária. Um estudo da Ernst Young mostra que a produtividade da economia brasileira cresceu em média 0,4% ao ano de 2000 a 2008, a menor taxa entre os BRICs.
Na China, a taxa média foi 5,2%, na Rússia, 4,8%, e na Índia, 2,8%. O estudo mediu a eficiência dos trabalhadores, da alocação de investimentos e dos equipamentos de produção. "A taxa de natalidade do país está diminuindo, a oferta de trabalho vai ficar restrita e os salários vão continuar crescendo", prevê o economista Jorge Arbache, da USP. Segundo ele, isso afetará principalmente a indústria que é intensiva em mão de obra. "Os ganhos de produtividade são cada vez mais fundamentais", conclui.

Indústria de SC prevê investimentos de R$ 2,5 bi até 2013



A previsão de investimentos da indústria catarinense para o período 2011-2013 é de R$ 2,48 bilhões, sendo que mais da metade (R$ 1,60 bilhão) deve ocorrer em 2011. A projeção de investimento para este ano é 18% maior que o valor investido em 2010 (R$ 1,3 bilhão). Para 2012, estão programados investimentos de R$ 411 milhões e para 2013 R$ 469,9 milhões. Os dados estão na publicação Desempenho e Perspectivas da Indústria Catarinense 2011, que a FIESC apresentou nesta terça-feira, dia 24, com o apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

A apresentação dos dados foi realizada pelo presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, pelo diretor de relações industriais e institucionais, Henry Quaresma, e pelo presidente do BRDE, Renato Vianna. Até 2013, os maiores investimentos serão realizados pelos setores metalurgia, celulose e papel e alimentos e bebidas. A maior parte dos investimentos programados para o triênio ficará em Santa Catarina (72%). Outros estados receberão (25%), 1% vai para o exterior e 2% em local a ser definido. Com os investimentos previstos até 2013, estima-se que sejam gerados 18 mil novos empregos, sendo 14 mil em Santa Catarina e quatro mil fora do estado.

A principal finalidade dos investimentos são aquisição de máquinas e equipamentos, aumento da capacidade produtiva e atualização tecnológica. Para os investimentos futuros a tendência é reduzir utilização de capital próprio e aumentar a captação em bancos de fomento. A previsão é utilizar 44% de recursos próprios, 32% de financiamentos de bancos de fomento, 12% de bancos privados nacionais e 7,4% de bancos de fomento via bancos privados, entre outros.    
Segundo 43,3% das indústrias consultadas, os investimentos previstos para 2011 buscam atender apenas o mercado interno. Para 55,8% a pretensão é atender tanto o mercado interno quanto o externo e para 1% a finalidade é só o mercado externo.

De acordo com a pesquisa, realizada com 133 empresas de 19 setores da indústria de transformação, os fatores que poderão colocar em risco os investimentos planejados são demanda incerta, elevados custos das matérias primas e insumos, altas taxas de juros, restrição ao crédito, política tributária, concorrência com produtos chineses, inflação, força de trabalho qualificada, estagnação do mercado e política cambial.

A proporção de indústrias que investiu em 2010 foi maior do que em 2009, ou seja, 83% contra 77%, respectivamente. O valor investido apresentou pequeno aumento, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,3 bilhão. Embora maior do que 2009, os investimentos de 2010 ainda estão abaixo de 2008 (R$ 2,1 bilhões), mas dentro da média dos anos anteriores, que foi de R$ 1,2 bilhão. Das indústrias catarinenses que investiram em 2010, 63,9% o fizeram conforme o planejado, 25% realizaram investimentos de maneira parcial e 11% investiram além do que havia sido previsto. As principais razões apontadas para a não-realização de investimentos em 2010 ou a realização parcial foram as incertezas com relação à demanda, as restrições de linhas de crédito, a falta de recursos próprios, a menor rentabilidade das exportações, a política cambial favorável às importações, a concorrência desleal de produtos chineses, além da retração do mercado internacional.  O nível das atividades industriais de 2010 ainda não voltou ao patamar de 2008. Para 22,1% das empresas, o desempenho em 2010 ficou abaixo do período anterior à crise e 18,3% delas se recuperaram parcialmente. A proporção de indústrias que se recuperou é de 59,5%. Segundo o levantamento, os segmentos industriais mais afetados com a concorrência de produtos importados em 2010 foram produtos têxteis, do vestuário, químico, minerais não-metálicos, metalúrgico, máquinas e equipamentos, material eletrônico e de comunicação e informática/automação.

Publicação - Desempenho e Perspectivas da Indústria Catarinense é um estudo da FIESC realizado desde 2000. Esta é a 11ª edição do trabalho, que estará disponível para download, gratuitamente, no portal FIESCnet no endereço www.fiescnet.com.br/pei. 

Ipea divulgou pesquisa sobre mobilidade urbana

Comunicado nº 94, que foi lançado no Rio, atesta o crescimento do transporte individual nas metrópoles 
 
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nessa quarta-feira,  dia 25,  às 10h,  o Comunicado do Ipea nº 94  A mobilidade urbana no Brasil. O estudo foi apresentado pelo técnico de Planejamento e Pesquisa Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, na representação do Ipea no Rio de Janeiro.
 
A pesquisa tem três eixos. O primeiro é um diagnóstico da mobilidade urbana no Brasil. O trabalho constata a tendência do crescimento do transporte individual (automóvel), que traz diversas consequências no sentido de inviabilizar a vida nas metrópoles, como problemas de congestionamento e poluição. O segundo eixo trata das políticas federais que vêm afetando o padrão de mobilidade nos centros urbanos brasileiros. Por fim, o terceiro eixo discute alguns cenários futuros e os grandes desafios para a melhoria das condições de mobilidade urbana.
 
O estudo faz parte do livro Infraestrutura Social e Urbana no Brasil: subsídios para uma agenda de pesquisa e formulação de políticas públicas, editado por Maria da Piedade Morais, coordenadora de Estudos Setoriais Urbanos do Ipea, e Marco Aurélio Costa, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto.

Recuperação econômica está em curso, mas é irregular, avalia OCDE

A recuperação global está firmemente em curso, mas ocorre a velocidades diferentes em países e regiões, avalia a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no documento Perspectiva Econômica, divulgado nesta quarta-feira.

A entidade projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial avance 4,2% neste ano e 4,6% em 2012, inalteradas na comparação com o documento anterior. Nos Estados Unidos, a economia deve crescer 2,6% em 2011 e 3,1% no calendário seguinte. A economia da zona do euro deve registrar ampliação de 2% agora e em 2012.

No caso do Japão, a previsão é de contração de 0,9% para o PIB neste exercício, reflexo do terremoto de março que atingiu o país, mas deve haver uma retomada no próximo ano, com crescimento estimado de 2,2%.
Em novembro passado, a OCDE previa expansão de 1,7% para o PIB do Japão e de 2,2% para a economia dos Estados Unidos.
"A recuperação está se tornando autossustentada, com o comércio e o investimento gradualmente substituindo os estímulos monetário e fiscal como principais motores da expansão econômica. A confiança está subindo", pondera a OCDE.

(Juliana Cardoso | Valor, com agências internacionais)

Dívida externa brasileira vai a US$ 282 bilhões

BRASÍLIA - A dívida externa brasileira estimada para abril de 2011 somou US$ 282,461 bilhões, excedendo a posição projetada para março, de US$ 276,678 bilhões. Os números são do Banco Central (BC).

A dívida de médio e longo prazos projetada para o mês passado subiu para US$ 218,128 bilhões, em relação aos US$ 209,005 bilhões previstos para março. A dívida de curto prazo, por sua vez, foi prevista em US$ 64,333 bilhões, ante os US$ 67,672 bilhões estimados para o terceiro mês de 2011.

Os empréstimos intercompanhias das multinacionais a suas subsidiárias no país se situaram em US$ 102,763 bilhões. Somando-se esses empréstimos, desconsiderados da dívida externa líquida, a dívida bruta foi projetada em US$ 385,224 bilhões para abril de 2011, maior do que a posição de US$ 378,740 bilhões estimada para março.

(Azelma Rodrigues | Valor)

Combustíveis vão ajudar a desacelerar a inflação,diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (16) que não há nenhum relaxamento do governo em relação à inflação. O ministro participa do XXIII Fórum Nacional, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, cujo tema este ano é "Visão de Brasil desenvolvido para participar da competição do século: China, Índia e Brasil".
O ministro disse que há uma nítida tendência de queda nos preços dos combustíveis, o que vai ajudar a desacelerar a inflação e mantê-la dentro da meta do governo.

"Os combustíveis subiram porque subiu o etanol. Pegamos um período de entressafra, mas agora com o início da safra houve uma expansão da oferta. O preço foi reduzido primeiro ao produtor, demora um tempo para chegar à bomba, mas agora já está chegando ao consumidor. Portanto, teremos uma deflação no combustível, que é o segundo vilão dessa história inflacionária", afirmou Mantega, lembrando ainda que a queda dos preços das matérias-primas (commodities) no mercado externo também ajudará a frear a inflação no País.
Mantega disse que a alta dos preços das commodities no mercado externo tanto prejudica quanto ajuda o País. A alta dos preços das commodities é uma das principais pressões sobre a inflação oficial desde 2010. "No Brasil existem problemas quando sobe essa inflação de commodities, mas, por outro lado, é um dos países mais bem preparados para enfrentar essa situação, porque produzimos petróleo e porque também somos um grande produtor de alimentos. Por isso, também temos vantagens quando sobem os preços dessas commodities. Então essa é uma moeda que tem duas faces", afirmou Mantega.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Estudo põe trabalhador brasileiro em vantagem sobre EUA

segunda-feira, 23 de maio de 2011



  Estudo põe trabalhador brasileiro em vantagem sobre EUA


Um estudo realizado em parceria entre a Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) abrangendo
70% dos trabalhadores formais urbanos do Brasil (55 milhões de pessoas)
e dos Estados Unidos (116 milhões) causou surpresa, entre os próprios
pesquisadores, ao atestar que, no Brasil, os assalariados têm mais
proteção social e os empregos gerados têm sido de melhor qualidade do
que nos Estados Unidos - mesmo antes da eclosão da crise financeira
mundial, em 2008.

No ensaio "Os sentidos das precariedades em dois mercados nacionais de
trabalho: Brasil e Estados Unidos", os pesquisadores Claudio Salvadori
Dedecca e Wilson Menezes, professores, respectivamente, da Unicamp e da
UFBA, levam em consideração dados oficiais dos países e fatores como
remuneração, desigualdade da massa salarial e perfil do contrato de
trabalho, de acordo com a segurança oferecida ao trabalhador.

De acordo com os pesquisadores, os resultados contestam teses que
relacionam melhorias na remuneração média e na proteção social dos
assalariados com menos regulação nos contratos de trabalho.

Segundo o estudo, enquanto houve, na última década, no Brasil, expansão
na absorção de trabalhadores pelo mercado formal - com mais proteção
social -, com aumento real na média de salários (13% entre 2001 e 2009),
nos Estados Unidos ocorreu fenômeno inverso: a ampliação de vagas ocorre
principalmente em áreas de remuneração mais baixa, como em grandes redes
varejistas, e é seguida por constante diminuição na proteção social.
Além disso, não resulta em aumento salarial médio real (3% entre 2001 e
2009).

Hoje, mostra a pesquisa, o trabalhador norte-americano não conta com
diversos direitos legais com os quais os empregadores brasileiros têm de
arcar, como férias e feriados remunerados, pagamento de horas extras e
licença-maternidade.

"Os resultados apontam para uma redução das precariedades dos contratos
de trabalho no mercado brasileiro, (...) situação que não encontra
sinalização para o mercado de trabalho americano", conclui o estudo. "A
constatação não confirma a tese que associa um menor desemprego e maior
proteção a uma menor regulação dos contratos de trabalho,
independentemente da efetividade das matrizes institucionais."

O levantamento integra um projeto maior, que inclui pesquisadores e
universidades da Europa e dos Estados Unidos. A próxima etapa será
comparar as realidades dos mercados de trabalho brasileiro e
norte-americano com o mexicano.

Fabricantes de SC focam classes A e B

Fabricantes de SC focam classes A e B
Valor Econômico - 23/05/2011

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Júlia Pitthan | De São Bento do Sul (SC)
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O retorno ao mercado brasileiro é o caminho que os fabricantes de móveis do planalto norte catarinense encontraram para tentar reverter os prejuízos com a queda das exportações. Depois de quase uma década de dedicação às vendas para fora do país, o polo - que reúne cerca de 450 empresas - decide investir em design e em estrutura de vendas para atender aos clientes das classes A e B brasileiras.

"O mercado nacional tem um consumidor mais exigente, mas as indústrias da região têm condições de atender a esse padrão", defende Márcio José Froehner, presidente organizador da Móvel Brasil 2011, feira do setor que reuniu 130 expositores na semana passada. Segundo o empresário, o setor não tem interesse em disputar a entrada nas redes populares de varejo. A intenção é ganhar espaço nas casas de decoração e design que atraem um público disposto a pagar o preço de um móvel feito com madeira, e não aglomerado ou MDF, materiais usados nas linhas mais populares. O uso de madeira de reflorestamento com um selo de sustentabilidade, batizado de Biomóvel, também é uma aposta das empresas da região para cativar o consumidor brasileiro.

Froehner é um dos sócios da Indústria Três Irmãos, de Campo Alegre. A estratégia da empresa que já tem 35 anos foi criar uma nova marca para atuar no mercado brasileiro. Batizada de CazaRara, a marca agrega salas de estar, jantar, home theater e escritórios e conseguiu ingressar este ano na Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad). A entidade reúne 170 empresas, e a aprovação do portfólio de produtos é pré-requisito para o ingresso no grupo.

O empresário ainda mantém 52% da receita atrelada às vendas para o exterior, mas prevê uma redução para 35% nos próximos anos. "Não quero perder as exportações, mas elevar as vendas no mercado interno", diz Froehner.

Apesar de algumas empresas da região ainda manterem negócios com compradores fora do país, as exportações vêm caindo. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior compilados pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), de janeiro a abril deste ano, as vendas de empresas catarinenses do setor para o exterior tiveram uma retração de 16,13% na comparação com o mesmo período de 2010, somando US$ 57,2 milhões.

Ivo Sandy Grossl, empresário que está há 26 anos no mercado, encerrou as exportações em dezembro do ano passado. Essa virada começou, para a Grossl, em 2009 quando a empresa começou a conceber os primeiros produtos pensando no mercado interno. "Tivemos de montar uma nova equipe comercial. Partimos do zero", conta.

A decisão de encarar o mercado nacional e abrir mão da disputa fora do país demandou uma reestruturação. O número de trabalhadores, segundo Grossl, foi reduzido a 80% da equipe registrada em 2007.

Segundo dados da Fiesc, o setor de móveis em Santa Catarina teve uma redução de 11,68% na massa salarial real na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e de 2010. No período também houve queda de 18,9% no faturamento das indústrias moveleiras. Apesar do declínio, entre março e fevereiro, as vendas cresceram 13,38%.

A Artefama, de São Bento do Sul, passou os últimos dez anos dedicada exclusivamente à produção de móveis para a exportação. A empresa de 66 anos mantinha a fama de ser a maior exportadora em volumes do país no auge das vendas. Com a crise financeira mundial no fim de 2008, a valorização do real e a retração da demanda externa, a empresa precisou rever seu posicionamento.

No fim de 2010, a companhia reduziu o número de funcionários de 900 para 500. Segundo Angelo Duvoisin, gerente comercial da Artefama, também houve a necessidade de montar uma nova equipe de representantes dentro do Brasil, com a contratação de 20 pessoas. De acordo com ele, o foco são as lojas de decoração.

No mercado externo, a Artefama manteve apenas as vendas para a Ikea, varejista sueca que tem mais de 200 lojas pelo mundo especializadas em venda de móveis. No Brasil, a Tok Stok é uma das principais clientes.

A previsão de Duvoisin é aumentar pelo menos 50% as vendas para o mercado brasileiro em 2011 na comparação com o ano anterior. O gerente comercial estima que seja possível atingir um faturamento de R$ 2,5 milhões mensais com o novo posicionamento.

Daniel Lutz, da Serraltense, com sede em São Bento do Sul, diz que hoje as vendas para fora do Brasil representam apenas 30% do faturamento da empresa. Desde 2009, a companhia, que foi fundada em 1947, voltou a pensar e desenvolver produtos para o mercado brasileiro. Com o portfólio preparado, Lutz está otimista com 2011. "As empresas da região estão mais preparadas para atender o mercado brasileiro", diz.

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