sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O general Mourão e a maçonaria no Brasil

Por Luís Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – general Mourão coloca Maçonaria na mira

As declarações do general Antônio Hamilton Mourão em uma Loja Maçônica do Distrito Federal foram amplamente cobertas pela mídia. Passou em branco o local da manifestação e as relações políticas da maçonaria no país.

Em Portugal, a Maçonaria teve papel central nas movimentações que resultaram na prisão e na destruição política de José Sócrates, ex-primeiro ministro de tendência socialista. Ressurgiu como poder político, não se sabe se efetivo ou superdimensionado pelo caráter misterioso dos maçons.

No processo de impeachment houve diversas manifestações de lojas maçônicas e há diversos maçons em cargos-chaves na administração pública.

Como filho e neto de maçons - meu pai chegou a ocupar alto cargo na Loja Maçônica Estrela Caldense, e abjurou para casar na Igreja com minha mãe - sempre a vi como um clube de autoajuda, muito distante da militância política no Segundo Império.

Meu avô foi levado para a Maçonaria por meu pai. Mudou-se para São Paulo em 1960. Em seu enterro, em 1984, quando chegamos em São Sebastião da Grama, estavam aguardando-os os irmãos maçons de Poços.

Mesmo assim, o tema ainda é insuficientemente explorado. E não se sabe se a Maçonaria é uma força organizada, ou seja, com os maçons obedecendo a movimentos políticos coordenados, típicos de partidos políticos e de associações conspiradoras, ou apenas um clube de autoajuda, uma espécie de Rotary Club com rituais.

Hoje em dia, a soma de manifestações políticas obriga a um foco mais próximo para entender a verdadeira dimensão do fenômeno maçonaria no Brasil de hoje.

Lanço algumas pinceladas, claramente insuficientes para uma avaliação definitiva sobre a Maçonaria, mas visando promover a discussão.

Peça 2 - A Maçonaria atual

Ao longo da história, a Maçonaria juntou brasileiros influentes das mais variadas extrações políticas. A lista de 100 Maçons Ilustre (https://goo.gl/FxS36c) traz, na letra A, os nomes dos ex-governadores Ademar de Barros, Alceu Collares, Antônio Carlos Magalhães, ao lado de políticos híbridos como Aldo Rebelo e Antônio Palocci.

A Maçonaria no Brasil tem três correntes: o Grande Oriente do brasil, o mais antigo, fundado em 1822; as Grandes Lojas e os Grandes Orientes Independentes, reunidos embaixo da Confederação Maçônica do Brasil, conforme se depreende de discurso do senador Mozarildo Cavalcanti (https://goo.gl/LSgpib).

O Grande Oriente do Distrito Federal é subordinado ao grande Oriente do Brasil. Foi criado em 1971. Havia a necessidade e de 13 lojas para fundar um Grande Oriente. O primeiro Gráo-Mestre do Distrito Federal foi Celso Clarismundo da Fonseca.

Em 1978 o Grande Oriente do Brasil transferiu sua sede do Rio de Janeiro para Brasília, comandado pelo senador goiano Osíris Teixeira. Hoje existem 73 lojas no Grande Oriente do DF, no coração do poder.

Nos últimos anos, o Grande Oriente comandou eventos políticos de peso, como homenagem às Forças Armadas, com presença de representantes das três forças; o movimento contra a intervenção federal em Brasília, a campanha da Lei da Ficha Limpa e vários eventos em favor da ética.

Nos 40 anos de fundação, houve evento comemorativo que contou com vários maçons ilustres, como o vice-governador do DF, Nelson Tadeu Filipelli, o então vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça Ministro Félix Fischer, o Ministro do STJ José de Jesus Filho, o Desembargador do TJ do Distrito Federal Lécio Resende da Silva.

No evento, propunha-se um novo estilo para a Maçonaria, conforme discurso do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR):

“O tempo em que a maçonaria precisava se esconder já passou. O tempo em que ela foi perseguida pelos reis, pela Igreja e por outros grandes e poderosos já passou. A maçonaria vive um momento em que precisa, de fato, sintonizar-se com o século XXI, modernizar-se, mostrar para a sociedade o que faz - e só faz o bem, mas faz de forma que não é perceptível pela sociedade”.

Eventos em outras partes do país, como em Campo Grande, servem para mostrar a influência regional da Maçonaria (https://goo.gl/qfL7WV). Entre os maçons agraciados estava o presidente do Tribunal de Justiça José Aedo Camilo, do Procurador Adjunto do Ministério Público do estado, Benjamin José Machado, do presidente do Tribunal de Contas do Estado Élcio Gonçalves de Oliveira, do Secretário do Planejamento Luiz Advive Palmeira, do Secretário de Administração Adjunto Sérgio Luis Gonçalves.

Peça 3 - A diversidade ética e política

Os últimos eventos político-policiais mostraram que nem sempre os princípios éticos foram seguidos por todos os maçons. A quadrilha comandada por Michel Temer teve dois maçons ilustres, dois de seus principais operadores, Nelson Tadeu Filipelli e Sandro Mabel, que nos registros da Maçonaria utiliza seu nome real, Sandro Antônio Scodro. Era maçom também o ex-senador Demóstenes Torres.

Não se pode atribuir à Maçonaria uma ação homogênea.

Em São Paulo, há uma clara articulação visando eleger políticos maçons. A Assessoria Parlamentar do Grande Oriente de São Paulo é constituída pelo vice-governador Márcio França, o deputado federal baleia Rossi e os deputados estaduais Welson Gasparini e Itamar Francisco Borges.

Por outro lado, havia um grupo autodenominado de Maçons Petroleiros (https://goo.gl/SBnYW1) que se organizou “em defesa dos interesses da Petrobras e da nacionalidade”. Criou 7 lojas denominadas Monteiro Lobato (um dos pioneiros da luta pelo petróleo) e, em 2008, se aliaram ao PT, parlamentares do PMDB, PTB, PCdoB e sindicalista tentando tirar Paulo Roberto Costa de uma diretoria da Petrobras.

Os arquivos do governo do estado do Paraná guardam fotos de uma visita ao então governador Roberto Requião, por Alan Kardec e José Inácio Conceição, Inspetor Geral da Ordem dos Maçons.

As estripulias de Paulo Roberto já não eram segredo. O candidato do grupo era Alan Kardec, que dirigiu a Petrobras Biocombustíveis. Na época, sua indicação foi vista como vitória pessoal da Maçonaria. Infelizmente, não foi vitorioso no objetivo principal, que era tirar Paulo Roberto da Petrobras.

Peça 4 - As ligações internacionais

Historicamente, a Maçonaria brasileira nasceu da costela da Maçonaria de Portugal.

Recentemente, a Maçonaria adquiriu enorme protagonismo em Portugal, sendo apontada como personagem política central da crise que destruiu o grande nome da socialdemocracia portuguesa, ex-primeiro ministro José Sócrates.

Mas por lá há uma divergência clara entre duas linhas da Maçonaria: o Grande Oriente Lusitano, ou Maçonaria Regular, mais conservadora; e a Maçonaria Irregular, Liberal e Adogmática (https://goo.gl/MnLBJf).

Nasceu na Maçonaria Irregular a Lei do Serviço Nacional de Saúde, aprovada pela Assembleia da República em 1979.

A dissidência se deu nos anos 80, refletindo as disputas o pensamento da Grande Loja Unidade da Inglaterra, que não admite mulheres maçons e obrigava seus seguidores a adotar crenças religiosas. Enquanto a outra linha maçônica admite a participação de mulheres e aceita ateus e agnósticos.

Grão-Mestre da Obediência Maçônica Grande Oriente Lusitano, de tendência liberal, o português Antônio Reis definiu bem seu compromisso com a democracia:

“Vivemos em tempo de crise. A Maçonaria está atenta para se adaptar aos novos tempos?

Temos que estar muito atentos a estes sintomas de inquietação que vão proliferando, mas não podemos cair num certo catastrofismo, nem pensar que a democracia está condenada e que se caminha no sentido de uma certa anarquização das respostas políticas. Longe disso.

Há que aperfeiçoar a democracia e os partidos. Não vejo alternativas a uma organização democrática em que os partidos políticos continuam a ter um papel fundamental”.


Por outro lado, a Loja Mozart, que pertence à Grande Loja Regular Legal de Portugal foi apontada como diretamente envolvida com o serviço secreto português, nos ataques a José Sócrates.
Peça 5 - O destino manifesto

Do lado dos conservadores e dos progressistas, há inúmeras referências a uma espécie de destino manifesto dos maçons.

No artigo “Perspectivas para a Maçonaria no Século 21”(https://goo.gl/RNMAHh), preconiza-se:

“O exemplo da burguesia revolucionária, que foi sábia o suficiente para reunir todos os ingredientes que possibilitaram o salto de qualidade, deve ser seguido, devidamente relativizado. Somos a única instituição no mundo capaz de se apresentar diante da história como agentes catalisadores da mudança, sem que confundamos nossas ações com as ações próprias de um partido político. Na minha avaliação a maçonaria está acima e além da luta de classes. Ela e só ela!

Por sermos universais, podemos promover vários ensaios, encontros, congressos, etc… com todas as grandes inteligências do mundo, presentes na instituição. Se não estiverem, nós as traremos. Aqui é o lugar delas.

Poderemos forjar novas lideranças mundiais a partir de nossas lojas universitárias. Deveremos ir aos parlamentos, forças armadas, Academia, etc… e buscar todos que se sentem compromissados perante o desafio de promover a necessária harmonia entre os elementos que formam a complexa tessitura de nossa marcha evolutiva. A exigência será a vocação para Homem-Humanidade. E , hoje, ser Homem-Humanidade é sonhar com um ordenamento social que desempenhe a função histórica de ultrapassar a emancipação provocada pela Revolução Francesa, superando os seus limites, isto é, criar uma emancipação universalmente humana e não apenas a de uma classe”.


De qualquer modo, são pouco claras as ligações de setores da Maçonaria brasileira com a dos países centrais.

O site "Três Janelas", ligado à Maçonaria, traz informações relevantes sobre as formas de articulação das Lojas Maçônicas brasileiras com a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Diz o texto:

"O District Grand Lodge of South America Northern Division tem como Grão Mestre Distrital o RW Bro Colin Foster, como Grão Mestre Distrital Adjunto o W Bro John Collakis e como Grão Mestre Distrital Assistente o W Bro Ivan Clark.

A novidade desse ano foi à gravação de um vídeo sobre as atividades da maçonaria inglesa no Brasil, idealizado pelo Grão Mestre Distrital Colin V. Foster e que será distribuído no Brasil e Inglaterra. O vídeo abordará a maçonaria inglesa, a maçonaria brasileira, a maçonaria inglesa no Brasil, além de outros assuntos relacionados.

O Grande Oriente do Brasil sempre pautou o seu relacionamento internacional pelas normas estabelecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, com a qual mantem estreito relacionamento desde o século passado".


Colin V. Foster é o marido de Graça Foster, ex-presidente da Petrobras. Motivo para que os fakenews que pululavam na Internet atribuísse propósitos conspiratórios à Maçonaria, que se infiltraria no governo através de Graça.

Colin é o Grão-Mestre Distrital da Divisão Norte da Grande Loja Unida da Inglaterra, cujo “Grand Master” é o Príncipe Edward George Nicholas Paul Patrick – primo da Rainha Elisabeth. Quem comanda a Grande Loja Unida da Inglaterra, junto com o príncipe, é Peter Lowndes membro do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS).

Peça 6 – levantando a bola

A intenção desse Xadrez inconclusivo foi levantar a bola, juntar mais dados e estudos para voltar ao tema.

Obviamente, como um Portal colaborativo, contamos com a colaboração de vocês.

O golpe da “quebra” da Petrobras é só desculpa para vendê-la

GRAFPETR

Indispensável e esclarecedora a análise do economista Cláudio da Costa Oliveira, aposentado da Petrobras e conhecedor, durante décadas, da situação financeira da empresa.

Para a atual diretoria da
Petrobrás somos todos idiotas

Cláudio da Costa Oliveira
Em recente carta enviada pela administração da Petrobras a seus funcionários, desta vez de autoria do Diretor Financeiro, Ivan Monteiro, foi mantida a forma de cartas anteriores, também enviadas por outros diretores (Pedro Parente e Nelson Silva), nas quais fala-se muito, mas nenhum número é apresentado para comprovar o que é falado. Apesar de não serem permitidas cópias e muito menos comentários, eles chamam a isto de “diálogo”.
O objetivo desta última carta foi a tentativa de defesa da venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS). Não vou aqui trabalhar este assunto, pois penso que o mesmo já foi bem esclarecido no artigo intitulado: “NTS: crônica de um prejuízo anunciado
Resumindo, venderam um ativo que remunerava mais de 20% ao ano, para reduzir uma dívida que custa 7% a.a. Que negócio é este?
No entanto, o que me chamou a atenção foi a afirmativa de Monteiro de que a queda nos custos de captação de recursos pela empresa é causada pelo atual modelo de administração da companhia. Ivan Monteiro afirma: “Um dos motivos dessa melhora na avaliação de risco de nossa companhia desde o segundo semestre do ano passado tem sido exatamente o nosso programa de parcerias e desinvestimentos, tendo como grande destaque a venda de 90% de nossa malha de gasodutos do Sudeste (NTS) sic”.
Vejam que esperteza engenhosa. Usam um fato extremamente negativo para os futuros resultados da empresa (venda da NTS), como se fosse fator determinante de um fato positivo (queda de juros ). Tudo para confundir.  Trata-se de um discurso orquestrado, pois o próprio presidente Pedro Parente em diversas entrevistas, tem feito afirmativas idênticas. A Gerente Executiva de Aquisições e Desinvestimentos, Anelise Quintão Lara, em comentário, seguiu a mesma linha.
Ou seja, eles querem que nós acreditemos nesta bobagem. Pedro Parente em entrevista a Miriam Leitão (27/07/2017) destacou isto, enquanto a pseudo-jornalista econômica balançava a cabeça positivamente.
Nada mais ridículo. Nenhum banco reduz juros para uma empresa como a Petrobras baseado num modelo de administração. Empréstimos são feitos com vencimento em 2040. Até quando Pedro Parente vai continuar como presidente da Petrobras? Vocês sabem dizer ? Até quando Michel Temer vai continuar presidente do Brasil? Vocês sabem dizer?
O que atrai grandes volumes de recursos para a Petrobras e consequentemente a queda nas taxas de juros, é o direito que a empresa tem para exploração de grandes volumes de petróleo, que ela mesma descobriu (pré-sal), aliado a tecnologias, que ela mesma desenvolveu, tornando o negócio viável economicamente.
A atual administração não teve nenhuma participação na descoberta das reservas e muito menos no desenvolvimento de tecnologias e agora cinicamente, quer roubar os direitos dos louros da conquista.
O pré-sal brasileiro, que Carlos Alberto Sardenberg em artigo (2008) disse que: “só existe na cabeça do governo”. Que Miriam Leitão (2009) disse que a Petrobras: “não tem capacidade para extrair petróleo nestas profundidades.”  Este pré-sal brasileiro, que por motivos escusos sempre foi denegrido, hoje é motivo da visita dos abutres, que vem para o banquete ofertado por autoridades constituídas por um golpe parlamentar ilegítimo.
O leilão da ANP, previsto para o próximo dia 27 de setembro, trás ao Brasil representantes de quase todas as grandes petroleiras do mundo que vem reclamar sua parte no butim. E eles não escondem a satisfação. “Pré-sal é onde todo mundo quer estar” diz o presidente da Shell.
Vai jorrar petróleo” é a visão do CEO da estatal norueguesa Statoil.
Mas por que o povo brasileiro não reage a esta fantástica operação lesa-patria ?
Isto não é difícil de entender, basta rastrear os caminhos seguidos pelos vendilhões da nação.
Depois de tentar denegrir a existência do próprio pré-sal, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg criaram a mãe de todas as mentiras: “A Petrobrás está quebrada”. Sendo assim, ela não tem capacidade para investir no pré-sal que terá de ser entregue para as petroleiras estrangeiras.
Tanto falaram, que a opinião pública brasileira e até mesmo muitos funcionários da própria Petrobras, passaram a acreditar nisto.
Por diversas vezes, Miriam Leitão no Bom Dia Brasil ou por outros meios salientava que a empresa tinha sérios problemas financeiros.
No final de abril de 2016, Carlos Alberto Sardenberg chegou ao cúmulo de afirmar que ou a Petrobras fazia um acordo judicial ou seriam necessários aportes do Tesouro para sua sobrevivência.
A realidade entretanto era completamente outra, o Tesouro é que almejava os recursos que a companhia sempre gerou em abundância, e no final de 2016 a Petrobras adiantou R$ 20 bilhões para o BNDES, aliviando o caixa do banco.
Os números da Petrobras são públicos e podem ser encontrados no seu site balanços dos últimos 10 anos. Sendo assim retiramos alguns dados financeiros para avaliação, que estão ao alto do post.
Qualquer contador ou analista de balanços olhando estes números dirá que esta empresa não tem, nem nunca teve problemas financeiros.
Diversas vezes os referidos jornalistas afirmaram que a companhia tinha uma dívida impagável. Mas uma empresa que tem uma dívida liquida de US$ 97 bilhões, mas tem uma geração operacional de caixa sempre acima de US$ 25 bilhões, não tem nenhum problema na administração da dívida.
Para analisar melhor a situação financeira da Petrobras recomendamos a leitura do artigo “A realidade desafia a estratégia atual da Petrobras”, que compara a situação financeira da empresa com a das principais petroleiras do mundo.
Quem sabe um dia, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg venham a público se redimir do crime cometido contra a imagem da maior empresa brasileira, bem como perante a opinião pública do país.
Finalmente, resta também um pedido de desculpas do presidente da empresa, Pedro Parente, que sempre que pode insinua (ou afirma) em entrevistas, que recebeu uma empresa com problemas financeiros.
Na realidade o ex-presidente Bendini, quando transmitiu o cargo para Parente, declarou na imprensa: “Estou entregando uma empresa com R$ 100 bilhões em caixa”. O que na época (junho de 2016) equivalia a US$ 27 bilhões.
Infelizmente meu sentimento é que provavelmente em breve, a atual administração da companhia virá a público dizer que recuperou financeiramente a empresa. Uma empresa que na realidade nunca teve problemas financeiros. Pensam que somos idiotas.
*publicado originamente no site da Associação dos Engenheiros da Petrobras

Leilões: o Golpe se tornou indestrutível

https://youtu.be/8HoZzcZ3u6Y

O Brasil às escuras


Privatizar as empresas do grupo Eletrobras, tais como a Eletrosul, e comprometer a sobrevivência da Celesc, enquanto empresa pública, é mais uma das propostas estapafúrdias do presidente entreguista. Não bastassem a diminuição de investimentos em áreas essenciais como a saúde e a educação, a redução de direitos imposta pela  “reforma” trabalhista e a´pretendida “reforma” da previdência; não bastassem a entrega do pré-sal para petroleiras estrangeiras e a intenção de entregar parte da Amazônia, agora a bola da vez é o setor elétrico.

Vital para o desenvolvimento socioeconômico e para a soberania, o mandatário ilegítimo quer vender as estatais para fazer caixa. Com um patrimônio avaliado por especialistas do setor elétrico, em mais de 350 bilhões de reais, Michel Temer pretende vender as empresas do grupo Eletrobras pela bagatela de 20 bilhões. Como se observa, o presidente golpista é também um péssimo negociante.

Adjetivos à parte, diante de tantas desmedidas governamentais, o Brasil está caminhando para trás e sob ameaça de ficar às escuras novamente. Isso mesmo, e sem exageros! Basta voltar um pouco na história  e observar o que era o setor elétrico privado: falta constante de energia e preço da luz cara. Ou seja, não foi por acaso que esse setor teve que ser estatizado objetivando, de modo especial, impulsionar a indústria no país.

Sobre todos os aspectos, a privatização de áreas estratégicas é um péssimo negócio para o Brasil, que já tem um alto índice de desemprego e que tende a aumentar com a venda dessas empresas. Os chamados países desenvolvidos, tais como os Estados Unidos, não abrem mão de manter sob o controle estatal o setor elétrico por terem clareza de que nenhuma nação conseguirá se desenvolver, com independência, deixando essa área à mercê tão somente do lucro. Ou seja, é um equívoco tratar um serviço essencial como mercadoria.

Ao privatizar o setor energético do país, considerado um dos mais complexos e eficientes do mundo, Michel Temer toma uma decisão de quem não tem luz própria e age movido por outros interesses e não, de fato, para “colocar o Brasil nos trilhos”.

Dinovaldo Gilioli
Ex-membro do Conselho de Administração da Eletrosul



Coração do golpe é o ataque ao pré-sal



Coração do golpe é o ataque ao pré-sal[1]
José Álvaro de Lima Cardoso.
     A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) retomou no dia 27 de setembro, os leilões de áreas para a exploração e produção de petróleo e gás natural, com a realização da 14ª Rodada de licitações. Os 287 blocos em oferta têm, segundo a agência, potencial para descobertas no pré-sal, embora sejam áreas oferecidas sob regime de concessão. A retomada dos leilões de áreas petrolíferas nas bacias sedimentares, após dois anos, ocorre após uma série de mudanças adotadas pelo governo, como a flexibilização das regras das licitações. Entre as principais alterações estão: a) desobrigação da Petrobras de atuar com exclusividade de operação nos campos do pré-sal; b) redução das exigências de conteúdo local; c) ampliação para 20 anos do Repetro - regime aduaneiro especial, que permite a importação de equipamentos específicos para serem utilizados diretamente nas atividades de pesquisa e lavra.
     No leilão do dia 27, algumas gigantes do Petróleo, que apoiaram alegremente o golpe, arremataram algumas áreas, como foi o caso da Exxon Mobil. Com os leilões de áreas do pré-sal, previstos para outubro, deverão vir todas as grandes multinacionais, agora já com as principais regras da lei de Partilha, decapitadas, como José Serra havia prometido à Chevron, em 2010.
     O desmonte da Petrobrás e a entrega do pré-sal são extremamente funcionais à agenda de guerra que os golpistas colocaram em marcha: enfraquecem a capacidade de ação, externa e interna, do Estado brasileiro; dificultam muito a retomada da industrialização (para a qual a Petrobrás é fundamental); internacionalizam ainda mais a economia brasileira, tornando o país uma plataforma de matérias primas das multinacionais, por baixo preço, visando compensar a crise mundial. Se houver correlação de forças (por exemplo, com um golpe militar), vão vender também a Petrobrás, como pretendiam nos anos de 1990 (na gestão FHC), quando mudaram até o nome para Petrobrax. Neste momento estão desmontando a empresa, sem alarde, para facilitar o processo de venda do controle acionário para estrangeiros.
     Alguns executivos de multinacionais do petróleo, como se poderia prever, não têm poupado elogios à direção da Petrobrás, justamente em relação àquilo que é essencial para o país, no que se refere à lei de Partilha: conteúdo local, exclusividade na exploração do óleo e compromisso com o desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que os atuais dirigentes da empresa são duros com os seus trabalhadores e com o povo em geral, agem com os representantes das multinacionais como verdadeiros poodles amestrados.
                                                                                                             *Economista.
     


[1] Frase retirada da fala de Pedro Celestino, em 22 de setembro, na sede do Clube de Engenharia, em Audiência Pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.  A audiência foi convocada para debater a questão do conteúdo local, e Pedro é o presidente do Clube.

Pedro Celestino denuncia o golpe contra o Brasil e a Petrobrás

https://youtu.be/Tlt3dW1x7gE

O Golpe foi para entregar a Petrobrax aos gringos

Pedro Celestino: Veja omite que a norueguesa é ESTATAL!

 transcrito no Conversa Afiada Oficial

MadeInBrazil.jpg
Do Viomundo:

Pedro Celestino: Coração do golpe é o ataque ao pré-sal; Statoil reclama, no Brasil, daquilo que a fez crescer na Noruega e ganhar o mundo



No último 22 de setembro, na sede do Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, foi realizada Audiência Pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal para discutir o tema O conteúdo local na cadeia de petróleo e gás.

A proposta foi do senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A abertura coube a Pedro Celestino, presidente do Clube.

Muito resumidamente: ele denunciou que o plano do governo golpista é encolher a Petrobras de tal maneira que o Brasil correrá risco, no futuro, de importar derivados de petróleo.

Feito o que acontece com o minério de Carajás, que o Brasil exporta para a China para em seguida importar trilhos de trem (ver vídeo acima).

O timing da denúncia foi muito apropriado.

Ontem, no leilão de campos contíguos ao pré-sal, a gigante Exxon Mobil desembarcou em grande estilo no Brasil, em parceria com a Petrobras.

Em breve, virão os leilões do próprio pré-sal, com a presença de dezenas de multinacionais, muitas das quais sob controle de estados estrangeiros.

Shell, BP e a própria Exxon estão deixando de ser empresas de petróleo para serem empresas de energia, o que requer grandes investimentos em novas tecnologias.

A Petrobras, segundo Pedro Celestino, está na contramão; se afasta de ser uma empresa integrada, como as competidoras, para focar em furar poços.

Desmantelada por dentro, corre o risco de se tornar uma prestadora de serviços de luxo.

É o contrário do papel que teve, por exemplo, a Statoil, estatal de petróleo da Noruega.

No domingo 24, a revista Veja circulou com uma reportagem intitulada Vai jorrar petróleo, na qual caberia perfeitamente o subtítulo Para os estrangeiros.

O ponto alto do texto é uma entrevista com o presidente da ESTATAL norueguesa, apresentado pela revista da marginal como sendo “CEO norueguês”.

ESTATAL, essa palavra, não entrou no texto da revista por motivos óbvios.

Poderia despertar no leitor esperto de Veja, aquele, a incômoda pergunta: mas, a gente está desmontando nossa estatal para fortalecer outra ESTATAL? Outro estado?

E a nossa soberania?

A Statoil tem presença em 30 países do mundo. Opera 40 plataformas. O maior campo da Statoil no mundo é o Peregrino, na bacia de Campos, que produz 100 mil barris por dia.

À revista, o CEO da Statoil, Eldar Saetre, fez os elogios de praxe ao Brasil, aqueles que enchem de orgulho os colonizados exatamente no momento em que sua (a do colonizado) carteira está sendo batida.

Ele explicou que, embora dono de dois terços da Statoil, o governo norueguês não se envolve na administração da empresa; que a companhia esteve envolvida em seu próprio escândalo de corrupção (“sim, também aconteceu ali”, escreve a Veja, em seu tradicional viralatismo).

A entrevista vale mais pelo que não foi dito:



O que ele disse: “outro ponto positivo é o fim da obrigatoriedade de ter a Petrobras como sócia em todos os campos do pré-sal”.

O que ele não pode dizer: O pré-sal está lá, descoberto. É furar e tirar. Por que rachar com a Petrobras? Não, a gente paga um adiantamento ao governo Temer, que está precisando comprar deputados e armar o caixa de campanha do PMDB em 2018, e depois deita eternamente no berço esplêndido do petróleo alheio.

O que ele disse: “também vejo com bons olhos a flexibilização da política do conteúdo nacional, que determinava uma enormidade de itens produzidos pela indústria local”.

O que ele não pode dizer: Quanto mais eu concentrar minhas encomendas em um só fornecedor, melhor. Aumento os lucros dos meus acionistas, o governo da Noruega arrecada 2/3 em impostos e me deixa administrar a Statoil sem interferência. Eles que se preocupem com a saúde e a educação na Noruega. E por que criar empregos no Brasil, se posso criá-los na própria Noruega? É um jeito daquele povo chato de esquerda (da Noruega) largar do meu pé. Arrumo emprego para os trabalhadores noruegueses, os sindicalistas me apoiam e meus acionistas vão concordar até com o aumento do salário do CEO.

O que ele disse: “Na Noruega, tivemos, sim, políticas semelhantes [de conteúdo nacional], mas os porcentuais não eram tão altos quanto os daqui, e as empresas locais eram mais competitivas”.

O que ele não pode dizer: Quando a Statoil era 100% estatal, nos anos 70, cheia de incertezas sobre o futuro, o estado norueguês bancou o risco de explorar no mar de Bering e teve a brilhante ideia de usar o conteúdo nacional para criar empregos e tecnologia na Noruega. Faz sentido uma empresa norueguesa ajudar a Noruega, né? Agora, só faltava o Brasil adotar a mesma estratégia AGORA que tem o pré-sal e reduzir nossa margem de lucros! O que vão dizer meus acionistas? Os trabalhadores noruegueses?

O que ele disse: “É claro que a possibilidade de mudanças na regulamentação da indústria do petróleo depois das eleições de 2018 preocupa, mas não acredito que algum político vá nessa direção”.

O que ele não pode dizer: Já pensou se aparece um brasileiro maluco que, eleito presidente, pense primeiro no Brasil e depois na Noruega?

O que ele disse: “Na Noruega, pagamos 78% de impostos sobre a atividade petrolífera. É um valor alto, sem dúvida, mas não muda”.

O que ele não pode dizer: Vou pagar bem menos impostos no Brasil. Se não, como é que fica minha margem? Se eu não ganhar aqui, como vou sustentar a economia norueguesa e ainda ter lucro?

O que ele disse: “Em um planeta em que a população chegará a 9 bilhões nas próximas décadas, ainda vamos precisar de petróleo por muitos anos. O Brasil está no mapa”.

O que ele não pode dizer: O Brasil FEZ o mapa. Eu deveria dar uns pulos de alegria diante deste repórter: o petróleo do mar de Bering só dura até 2030 e o Brasil está deixando eu entrar no pré-sal! Sem a Petrobras! Com taxa rebaixada de conteúdo local! Como é que eu vou desenvolver as tecnologias do futuro — como os cataventos em pleno mar, com os quais vou abastecer o Reino Unido de energia — sem as margens de lucro que vou conseguir no Brasil? Viva o Brasil!



Depois da entrevista, o CEO norueguês pode ter ficado preocupado.

Vai que o repórter da Veja descobre a tese de mestrado daquele estudante da Universidade de Oslo que comparou as políticas de conteúdo local da Noruega e do Brasil?

Vai que ele descobre a conclusão do pesquisador, que avaliou detalhadamente a legislação dos dois países (íntegra em inglês, no pé):

Acho injusto que muitos paises desenvolvidos tenham tido a oportunidade de aplicar amplamente políticas de conteúdo local em suas indústrias no passado, mas hoje exigem que os paises em desenvolvimento não as apliquem alegando quebra das regras de liberdade do comércio.

Que norueguês traidor!

Ah, mas se o repórter da Veja descobrir, pelo editor não passa.

Tarefa urgente: comprar algumas páginas de propaganda na Veja.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Histórico de escravidão explica imensa desigualdade de renda no Brasil, diz Pikertty

https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fwww.revistaforum.com.br%2F2017%2F09%2F28%2Fhistorico-de-escravidao-explica-imensa-desigualdade-de-renda-no-brasil-diz-pikertty%2F&h=ATO7SSlYHnWzBp6b1H2PnVTcapf_rHzPLf_VTfoYn7lOFODwESGJJHts1kJytYprAOMzohxIwre74hE-89PsTRYj2lWJYVao3DOOVIWoRdOfkr_ufl3ghlE0mixL0MLlxJ9FLa9YwDgN9BfLjeF8orKNjFsdX9kidk_dt25vpsazPOQ8b0wvWVc1G6bFSoICl_X7L6gpmlf2Yn2QR_b1Wyo1dXPnl2r1xkLr2AVfwHUkwNJW7FxPQgTIXeSmhKGLNTHjhhb5voaAMaZEZwNG6iTW8XqVbW5rD-JKSUs8fXP4gg

Estremece a supremacia do dólar



*José Álvaro de Lima Cardoso.
     A decisão recente da China, de realizar todas as suas transações de petróleo em yuanes, utilizando como lastro as suas enormes reservas em ouro, é um acontecimento histórico. Pelo que foi noticiado, o país firmará seus contratos futuros de compra de petróleo utilizando yuanes, com a opção de convertibilidade em ouro. Esta decisão, já esperada para mais cedo ou mais tarde, golpeia fortemente a hegemonia do dólar, moeda de referência para os negócios de petróleo desde 1974, a partir da aceitação da Arábia Saudita, pais chave no comércio mundial e detentor da segunda maior reserva de petróleo do planeta. A decisão da China, maior comprador de petróleo no mundo, é estratégica e acelera o desmoronamento do dólar como moeda líder mundial.
     A medida do governo chinês foi tomada num contexto turbulento para a moeda estadunidense. Em meados deste mês de setembro, o governo Venezuelano havia anunciado que o preço médio do petróleo no país passaria a ser cotado em yuan chinês. A medida do governo venezuelano foi uma resposta às sanções do governo aloprado de Trump que, em 25 de agosto, anunciou mais uma série de sanções contra a Venezuela. Foi a primeira vez que o preço de venda do petróleo venezuelano deixou de ser cotado em dólares. Ademais, há cerca de um ano o yuan entrou no grupo de moedas de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI), juntamente com o dólar, o euro, o yen e a libra esterlina.
       O fato do dólar ser a moeda utilizada no comércio mundial, e de ser a principal moeda de referência nas transações de petróleo, do ouro e das mercadorias em geral, confere um poder absurdo aos EUA. Tal hegemonia do dólar permite aos EUA não se preocupar, por exemplo, com a monumental dívida pública (na casa dos US$ 23 trilhões, superior ao PIB do país), financiando-a com a emissão ilimitada, de bilhões e bilhões de dólares.
     Vale lembrar que um dos interesses diretos da participação estadunidense no golpe de Estado no Brasil em 2016, foi isolar o país da política externa multilateralista praticada nos BRICS. Pesou, neste contexto, a decisão do BRICS de fundar o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura em países emergentes. A intenção dos países que compõem o BRICS é de que o NBD seja uma alternativa ao FMI, organização na qual os EUA detêm a maior cota e total influência política, inclusive com mais de 25% dos votos na direção. Ademais, os países que compõem o BRICS já vêm em processo de substituir o dólar por suas próprias moedas, nas transações internas ao Bloco. Essas decisões de caráter financeiro do BRICS, que vinham num movimento crescente, equivalem ao disparo de uma bomba nuclear no poderio estadunidense, ancorado em parte, no poder de emitir uma moeda, que serve ao mesmo tempo de referência para as transações mundiais.   
    A substituição gradativa do dólar como moeda de referência no mundo, que irá afetar diretamente a vantagem estratégica da economia estadunidense, deve aumentar a agressividade dos EUA, e de outros países imperialistas, em relação à busca de transferência de riqueza da periferia para o centro mundial do capitalismo. Especialmente de matérias-primas, bens bastante escassos nos países ricos.
     No Brasil, o que foi divulgado ou encaminhado até agora (congelamento dos gastos sociais, terceirização sem limites, destruição da seguridade social, liquidação dos sindicatos e dos direitos sociais e trabalhistas, desmonte da Petrobrás e das demais estatais), não será suficiente. Deverão intensificar os ataques contra direitos sociais e soberania nacional, inclusive com o golpe militar, que ao que tudo indica, estão preparando. Na América do Sul, os dois principais países mais fortemente agredidos pelo imperialismo são Venezuela e Brasil, não por coincidência as duas maiores reservas de petróleo da região. Será que precisa desenhar?
                                                                                                          *Economista.