terça-feira, 29 de novembro de 2011

Durban: A verdade inconveniente: falta ímpeto

28 DE NOVEMBRO DE 2011


A cada vez que os cientistas reavaliam as evidências de mudanças climáticas mundiais, seus prognósticos pioram. O mesmo acontece com as perspectivas políticas de um acordo mundial para lidar com as emissões de carbono. Desde o fiasco em Copenhague, há dois anos, ninguém ousa esperar muito do interminável processo de negociação internacional sobre o clima, cuja mais novo capítulo começa hoje em Durban.
O prazo para estender o protocolo de Kyoto, cujos compromissos de redução nas emissões dos países ricos acaba em 2012, está praticamente se esgotando. A meta continua sendo um preço mundial para os créditos de carbono, sustentado por cotas negociáveis de emissões ou taxas sobre as emissões. Não importa tanto por qual caminho se chegue a isso - se por meio de um protocolo de Kyoto aprimorado, de um novo acordo obrigatório mundial que o substitua ou de novos compromissos nacionais voluntários, mas eficientes.
O triste fato hoje, porém, é que todos esses caminhos parecem politicamente pouco realistas.
Os motivos de preocupação crescem. Neste mês, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) advertiu que as emissões de gases causadores do efeito estufa deverão provocar ondas de calor e inundações costeiras mais extremas. Ainda assim, o apoio político para ações reais se está perdendo força. As economias mundiais mais ricas estão estagnadas. A dependência de combustíveis fósseis tornou-se mais atraente, graças a novas tecnologias, como a fratura hidráulica. Atualmente, os esforços desajeitados dos EUA em 2009 para definir uma política para as mudanças climáticas parecem ter sido o ponto culminante do país.
A verdade inconveniente é que o argumento político a favor de ações decisivas para combater as mudanças climáticas corre o risco de se perder. Além de acertar acordos entre países sobre como agir, os líderes precisam fortalecer o apoio popular a essas soluções.
A situação está longe de ser incorrigível. Muitos países avançam - o compromisso britânico para um piso ao preço do crédito de carbono e a adoção pela Austrália de um imposto sobre as emissões são duas luzes em meio à escuridão. Pelo lado da tecnologia, a forte queda no preço dos painéis de células solares significou a quebra de muitos fabricantes, mas foi um grande avanço para a viabilidade comercial da energia solar.
A lição é que os incentivos ao mercado funcionam - e, uma vez que isso seja compreendido, também é politicamente possível adotar políticas que gerem os incentivos apropriados. Determinar o preço certo dos créditos de carbono e deixar o mercado encontrar a melhor forma de reduzir as emissões prejudica os interesses velados da antiga economia de uso intensivo de carbono, mas recompensa os que têm a ingenuidade de solucionar o problema.
Os eleitores apoiarão as políticas climáticas se virem isso como uma oportunidade, e não como o fim de seu estilo de vida. Conseguir isso é tão importante para o futuro de nosso planeta como o que for acertado - ou não - em Durban.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Barbas de molho

Sou de uma geração treinada em ler nas entrelinhas. Vivi as longas décadas deregimes ditatoriais latino-americanos e aprendi a pesquisar as intenções nos discursos oficiais. O dr. Ulysses Guimarães me ensinou que se deve prestar atenção aos silêncios nos discursos.
Percebo uma crescente preocupação da presidente Dilma com a China e suas pretensões geopolíticas e geoeconômicas. Na reunião do G-20, a presidentedeclarou sua preocupação com a ausência de compras chinesas de produtos industriais brasileiros (leia-se, nas entrelinhas, que o Brasil é exportador dealimentos e matérias-primas sem processamento: soja em grão, minério de ferro bruto, couro de vaca sem curtição etc). Em passado relativamente recente, exportamos geradores para a grande usina do Rio Amarelo; agora, estamos importando geradores da China. Vendemos aviões da Embraer. Bobamente, aceitamos instalar uma filial na China; os chineses clonaram a fábrica da Embraer e, hoje, competem com o avião brasileiro no mercado mundial. Esta semana, a presidência declarou sua preocupação com a tendência chinesa à aquisição degrandes glebas agrícolas no Brasil. A percepção presidencial não resolve o problema das relações Brasil-China, porém já é meio caminho andado que o poder executivo nacional tenha aquelas dimensões presentes.
O enigma chinês é fácil decifrar. O Brasil cresceu, de 1930 a 1980, 7% ao ano.Depois dessas décadas, mergulhamos na mediocridade e patinamos com uma taxa média ridícula de 2,5%. A China, nas últimas décadas, vem crescendo anualmente entre 9% e 10%. Entretanto, está em situação potencialmente pior que o Brasil. Hoje, mais de 80% da população brasileira está em áreas urbanas e 50% em metropolitanas e nem chegamos aos 200 milhões de habitantes. A China tem uma população de 1,34 bilhão, sendo que menos de 50% estão na área urbana. Como a renda média do chinês rural é um terço da do chinês urbano, é inexorável uma transferência equivalente a duas vezes a população brasileira para as cidades chinesas, nos próximos 20 anos. É fácil entender o sonho de urbanização do chinês rural. A periferia urbana das cidades chinesas já está "favelizada".
Estratégia da China combina aspectos da Inglaterra vitoriana com primazia do Japão científico-tecnológico
Sabemos que o Brasil tem uma péssima distribuição de renda e riqueza. Houve uma melhoria da participação dos salários na renda nacional, que evoluiu, desde 2000,de 34% para 39%. A elevação do poder de compra dos salários foi importante, entretanto o leque salarial se tornou mais desigual e houve pouca geração deempregos de boa qualidade. O salário médio brasileiro é muito baixo, entretanto é, por mês, igual ao limite de pobreza chinês ao ano (cerca de €150), isto é, o brasileiro pobre ganha 12 vezes mais que o chinês pobre. Nosso governo fala deuma "nova classe média" e esconde que o lucro real dos grandes bancos brasileiros cresceu 11% por ano no período FHC e 14% durante os dois mandatos do presidente Lula. Enquanto os colossais bancos chineses têm uma rentabilidadepatrimonial inferior a 10%, os bancos brasileiros chegam a 20%.
É impensável o futuro demográfico chinês. No passado, cada família só podia ter um filho; agora, essa regra está sendo relaxada. A urbanização e a industrialização chinesas já comprometeram o lençol freático da China do Norte. Com restrições deágua, e necessitando transferi-la cada vez mais para a sede da indústria e população urbana, a China não produzirá alimentos suficientes. Se o consumo interno da China crescer cada vez mais, haverá falta não só de água, mas tambémde energia fóssil e hidráulica, além de, obviamente, todo um elenco de matérias-primas.
O planejamento estratégico de longo prazo da China é para valer. O projeto geopolítico e a geoeconômico chinês está transformando a África e parte da Ásia do sudeste em fronteira fornecedora de alimentos e matérias-primas. Em busca deautossuficiência de minério de ferro, a China já está desenvolvendo as enormes reservas do Gabão. A petroleira chinesa já está nas reservas de petróleo de gás do coração da África e a ocupação econômica de Angola é prioridade diplomática e financeira da China. O extremo sul da América Latina é objeto de desejo expansionista chinês, que se propôs a fazer e operar uma nova ferrovia ligando Buenos Aires a Valparaíso, perfurando um túnel mais baixo na Cordilheira dos Andes. O Chile - com pretensão de se converter na "Singapura" do Pacífico Sul - e os interesses agro-exportadores argentinos adoram a ideia. Carne, soja, trigo, madeira, pescado e cobre estarão na periferia da China do futuro. A presidência argentina é relutante em relação a esse projeto, porém o Mercosul está sob o riscode se converter, dinamicamente, em pura retórica.
O Império do Meio, unificado pela dinastia Han (ainda antes de Cristo), atravessou séculos com Estado centralizado e burocracia profissional estruturada. No século XIX, a China balançou pela penetração da Inglaterra vitoriana; enfrentou a perfídia mercantil do ópio controlado pela Índia britânica. Sua república, no século XX, foi ameaçada pela expansão japonesa, e somente após a Segunda Guerra Mundial conseguiu, com o Partido Comunista Chinês (PCC) restaurar a centralidade.
Com um pragmatismo secularmente desenvolvido, a China combinou o Estado hipercontrolador com a "economia de mercado". "Casou" com os EUA e criou um G-2, aonde mais de 3 mil filiais americanas produzem na China e exportam para o mundo (70% das exportações de produtos industriais são de filiais americanas). O superávit comercial chinês é predominantemente aplicado em títulos do Tesouro. Esse é um sólido matrimônio, em que os cônjuges podem até brigar, mas não renegam a aliança mutuamente conveniente. Enquanto isso, a China repete a proposta da Inglaterra vitoriana para a periferia mundial: fonte de matérias-primas e alimentos, a periferia mundial é, progressivamente, endividada com os bancos chineses e seu espaço econômico é ocupado por filiais da China. A Revolução Meiji, que modernizou e industrializou o Japão, está em plena marcha na China, que procura ser a campeã mundial em ciência e tecnologia. A estratégia da China combina as chaves do sucesso da Inglaterra vitoriana com a prioridade científico-tecnológica japonesa.
Que a China faça o que quiser, porém o Brasil não deve se converter na "bola da vez" da periferia chinesa. País tropical, com enormes reservas de terra agriculturável, água e fontes de energia fóssil e hidrelétrica, imagine-se a prioridade estratégica para o planejamento chinês em sua marcha pela periferia.
O discurso da globalização, a fantasia da "integração competitiva", a ilusão de ser "celeiro do mundo" com brasileiros ainda famintos, e a atrofia da soberania nacional podem vir a ser um discurso de absorção da proposta neocolonizadora da China.
Leio, nas palavras da presidente, uma percepção do risco do "conto do vigário" chinês. Temo os vendilhões da pátria, entregando energia e alimentos para o neo-sonho imperial.

Carlos Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu sei, mas não devia


Marina Colasanti - Escritora

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Fonte: "Eu sei, mas não devia", Marina Colasanti, Editora Rocco (1996).

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rotatividade e flexibilidade no mercado de trabalho

Trabalho na íntegra no link

http://www.dieese.org.br/livroRotatividade11.pdf

Rotatividade e flexibilidade no mercado de trabalho

Estudo realizado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômico), em convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que as
taxas de rotatividade de mão de obra no mercado de trabalho brasileiro têm aumentado,
apesar das melhoras na economia. Os resultados da pesquisa estão reunidos no livro
Rotatividade e flexibilidade no mercado de trabalho, que será divulgado hoje (22/11/2011).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pensamentos e Sonhos sobre o Brasil

Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
1. O povo brasileiro se habituou a "enfrentar a vida” e a conseguir tudo "na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria "enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?
2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.
3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.
4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.
5. O medo é inerente à vida porque "viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.
6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.
7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: "graças a Deus”, "Deus lhe pague”, "fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.
8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.
9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.
10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.
11.Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.
12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

sábado, 19 de novembro de 2011

Que economia está pior, a dos EUA, Europa ou China?

Não admira que os mercados globais estejam tão nervosos. As três maiores economias do planeta não podem continuar pelo mesmo rumo de suas trajetórias atuais, e todo mundo sabe disso. Os investidores procuram nervosamente sinais de que a China está caminhando para um desaquecimento brusco, que os Estados Unidos vão afundar de novo na recessão, e que a zona do euro vai simplesmente implodir.
Nos três casos, empurrar com a barriga tem mitigado o desastre até agora, mas a tarefa está cada vez maior e mais pesada. Qual economia será a primeira a tropeçar nos seus problemas?
Na Europa, as decisões mais difíceis foram adiadas porque os principais protagonistas não concordam sobre como e por que os problemas começaram. A Alemanha e outros países mais ricos põem a culpa na farra de gastos da Grécia, Portugal e Itália, e temem que um resgate concedido logo venha aliviar a pressão sobre esses perdulários para que mudem seu comportamento. Os países devedores, por sua vez, julgam que toda a zona do euro está fora de equilíbrio e que os países mais prósperos como a Alemanha deveriam exportar menos e consumir mais, para endireitar a situação.
Edel Rodriguez
Outros europeus dizem que uma moeda comum não pode sobreviver indefinidamente quando a política monetária é administrada por uma entidade central, mas cada governo decide quanto cobrar de impostos e quanto gastar. Outros ainda alertam que o acesso ao mercado de capitais exige algum tipo de seguro coletivo, de preferência sob a forma de um título em euros. Não surpreende que a Alemanha resista a essa solução, pois implica uma transferência gradual da riqueza das economias mais fortes para a periferia do euro, uma "união de transferência" dos países ricos para os mais pobres.
No entanto, outro ponto de vista europeu sustenta que os planos de austeridade agora concebidos pela Alemanha e o Banco Central Europeu são piores do que a própria doença. O continente precisa de crescimento, não apenas de reformas e de um aperto de cintos, argumentam eles, e apenas uma onda de estímulos em toda a área do euro pode conseguir isso.
Os 17 países e quatro instituições europeias agora enredados na crise do euro vão continuar empurrando com a barriga, mas essa procrastinação não pode ser sustentada. Os mercados já estão perdendo a confiança em uma reforma feita em pequenas etapas. As dúvidas sobre a Itália, uma economia grande demais para ser resgatada, só vão aumentar a volatilidade.
A Europa será a primeira a parar de procrastinar e empurrar com a barriga: espere uma moratória desordenada da Grécia, mais problemas para os bancos europeus e uma recessão acentuada em todo o continente.
Na China, a necessidade de reformas econômicas também é óbvia. Já são quatro anos desde que o premiê Wen Jiabao advertiu pela primeira vez que o modelo econômico do país é "instável, desequilibrado, descoordenado e, em última análise, insustentável", e os três anos desde que a crise financeira deixaram claro que o crescimento chinês continua perigosamente dependente das exportações para a Europa, Estados Unidos e Japão.
Para garantir a expansão econômica (e a estabilidade política) de longo prazo, o governo chinês tem que descobrir uma maneira de incentivar os consumidores do país a comprar mais produtos de fabricação local. Isto exigirá uma transferência maciça de riqueza do Estado e das empresas estatais para as famílias do país.
Mas Pequim está rumando para a direção oposta. A liderança reagiu à turbulência dos mercados ocidentais não impulsionando o consumo, mas sim aumentando as despesas estatais e privadas em investimentos fixos, que hoje respondem por quase a metade do crescimento da China. O resultado foi um boom no setor imobiliário residencial e comercial, maiores gastos governamentais em infraestrutura e mais empréstimos baratos dos bancos estatais para empresas estatais.
De fato, um sério obstáculo às reformas é o fato de que a China continua tão investida em seu modelo de capitalismo com gestão estatal. Das 42 firmas chinesas listadas na edição de 2010 da "Fortune 500", 39 eram estatais, e três quartos das 100 maiores empresas de capital aberto do país são controlados pelo governo. Dirigentes do partido que têm interesse no sucesso das estatais acumularam um poder considerável na liderança, e resistem ferozmente aos esforços para transferir a riqueza das estatais para as empresas privadas e os cidadãos comuns.
[wsjamb1nov14]
A China tem reservas disponíveis de caixa e moeda estrangeira para adiar a crise. Mas o crescimento do país já está encolhendo, as tensões financeiras estão aumentando, e há boas razões para temer que os dias em que a China ainda poderá empurrar com a barriga também já estão contados.
E com isso, sobram os Estados Unidos.
Ninguém pode restaurar a confiança na saúde fiscal americana de longo prazo sem um plano com credibilidade para cortar os gastos com benefícios governamentais e com a defesa, e ao mesmo tempo aumentar as receitas, que estão agora no ponto mais baixo em 60 anos como proporção do PIB. Mas que não se espere nenhuma solução imediata de Washington. A atual campanha presidencial só vai exacerbar o partidarismo mesquinho e o impasse político, ou seja, os problemas estruturais da economia norte-americana tendem a persistir.
Mas a longo prazo, o futuro parece muito mais brilhante para os EUA do que para a Europa ou China. Os Estados Unidos ainda são o líder em tecnologia de ponta, do tipo que expande o potencial econômico de um país a longo prazo, desde energias renováveis e aparelhos médicos até a nanotecnologia e computação na "nuvem". Com o tempo, essas vantagens trarão um crescimento econômico mais robusto.
Os EUA também têm uma vantagem demográfica. Na Europa, a queda nas taxas de natalidade e o crescente sentimento contra a imigração indicam que a população vai diminuir em até 100 milhões de pessoas até 2050. Na China, graças em parte à política do filho único, a população economicamente ativa já começou a se contrair. Em 2030, cerca de 250 milhões de chineses terão passado dos 65 anos, e proporcionar-lhes pensões e assistência médica será muito caro.
Apesar do debate sobre a imigração ilegal, a população americana provavelmente aumentará de 310 milhões para cerca de 420 milhões até meados do século. Entre 2000 e 2050, segundo cálculos de Mark Schill, do Praxis Strategy Group, a força de trabalho americana deve crescer 37%. Enquanto isso, a chinesa vai diminuir em 10% e a europeia em 21%.
Por fim, apesar da crescente exasperação do público americano, os EUA têm muito mais probabilidade do que a Europa ou a China de parar de empurrar as coisas com a barriga. Nada vai mudar muito em 2012, ano da eleição presidencial, mas 2013 abre a oportunidade de uma verdadeira reforma fiscal.
No próximo mês de novembro os republicanos provavelmente ganharão o controle das duas casas do Congresso. Se um republicano for eleito presidente, o Partido Republicano enfrentará uma enorme pressão pública para implementar as reformas prometidas. Mesmo se o presidente Obama for reeleito, a perspectiva de um grande acordo é promissora. Ele estará liberado das demandas políticas imediatas e, tal como outros presidentes em segundo mandato, Obama poderá começar a considerar o seu legado presidencial.
Que ninguém se engane: os desafios diante dos EUA são formidáveis, e um impasse político persistente pode atrasar as reformas fiscais e estruturais muito necessárias. Mas tudo é relativo, e neste momento a melhor aposta é sem dúvida os Estados Unidos.
Bremmer é presidente do Eurasia Group e autor de "The End of the Free Market" (O fim do livre mercado, em tradução livre). Roubini é presidente da Roubini Global Economics e professor da faculdade de Administração Stern, da Universidade de Nova York.

Aplicativos agora substituem professor

http://online.wsj.com/article/SB10001424052970203611404577044712094391398.html

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Desacelerou

OEstado de S.Paulo, 18/11/2011
Coluna Celso Ming/Crise Econômica

O Estado de S. Paulo - 18/11/2011
governo e o Banco Central têm feito seguidas advertências de que vem aí uma fase de grande
prostração na economia mundial, cujos efeitos chegariam, inevitavelmente, ao bolso de cada
brasileiro.
Essas previsões de fortes borrascas repetidamente anunciadas vêm ajudando a justificar e a
estimular a queda dos juros. Mas também produzem o efeito colateral de levar o empresário
brasileiro a pisar no freio e a ser mais cauteloso na condução dos seus negócios, embora os
indicadores de consumo digam o contrário.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta quinta-feira
aponta para um recuo de 0,32% no terceiro trimestre deste ano em relação ao período
imediatamente anterior – a primeira queda desde os primeiros três meses de 2009, quando o
Banco Central passou a fazer esse levantamento. Em setembro, a evolução desse item
praticamente estagnou em relação a agosto: não cresceu mais do que 0,02% e pode ser um
forte indício de desaceleração da atividade econômica.
O IBC-Br é anunciado mensalmente. Nasceu com o objetivo de antecipar o comportamento do
Produto Interno Bruto (PIB), calculado (Contas Nacionais) trimestralmente e, quase sempre,
publicado no momento em que a conjuntura já está mudada.
O governo tem se mostrado bastante preocupado com o desempenho bem mais fraco da
economia do que o anteriormente projetado. O PIB do Brasil neste ano, provavelmente,
avançará algo acima dos 3% em relação a 2010, mas dá sinais de maior desaceleração. A
ponto de deixar para trás um crescimento de 5% estimado pelo governo federal ao longo de
2012.
O que contraria esse panorama de desaquecimento da produção é o comportamento do
consumo, que segue robusto apesar de alguns setores – sobretudo o de veículos e aparelhos
domésticos – já demonstrarem um claro esfriamento. Os dados mais recentes são da Serasa
Experian e dão conta de um impulso do comércio varejista, na acumulada do ano até outubro,
de 9,1%.
Os últimos números sobre o setor apontados pelo IBGE são de setembro e registram um salto
em 12 meses de 7,7%. O crédito aumentou 19,6%, também no período de 12 meses terminado
30
em setembro – bem mais do que estava nos propósitos do governo. Esse indicador corrobora a
boa fase do consumo interno, que deverá ter um novo reforço em janeiro, quando o salário
mínimo terá reajuste de aproximadamente 14%. A forte elevação das importações, de 25,2%
em 12 meses, sugere que boa parte da oferta está sendo suprida por fonte externa.
O arrefecimento da atividade econômica traz uma dificuldade adicional que, por sua vez,
acarreta ainda uma segunda: gera uma arrecadação mais baixa do que a prevista e, portanto,
tende a diminuir em volume de recursos a formação do superávit primário, de 3,1% do PIB,
em 2012. E com menor contribuição da política fiscal fica também mais difícil contar com
maior corte dos juros.
COLUNA
Atrasados a receber. A equipe da Comissão Europeia encarregada de conferir as estatísticas
econômicas da Grécia e as condições que o país tem de pagar suas contas verificou que o
Tesouro grego tem nada menos que 60 bilhões de euros em impostos atrasados a receber. Não
é nada, é um dinheiro que daria para pagar pelo menos metade dos 120 bilhões de euros
prometidos a título de socorro para os gregos.
E tem a sonegação. Esses são apenas impostos não pagos, cujo recolhimento é muito difícil. À
parte o fato de que os gregos arrecadam menos tributos do que os outros sócios do bloco do
euro, ainda há a sonegação, considerada alta.
A um tico dos 100% do PIB. No dia 15, a dívida dos Estados Unidos chegou aos US$ 15,03
trilhões, o equivalente a 99% do PIB do país. O comitê bipartidário do Congresso americano
ainda não conseguiu chegou a um acordo sobre os cortes de US$ 1,2 trilhão no prazo de dez
anos, o que precisa acontecer até a próxima quarta-feira.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Corte manual da cana deve ser substituído por máquinas até 2014

Área mecanizável de cana em São Paulo não poderá mais usar o fogo.

Fim da colheita manual prejudica trabalhadores e causa desemprego.





http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/11/corte-manual-da-cana-deve-ser-substituido-por-maquinas-ate-2014.html

Setor financeiro detém mais da metade dos títulos do governo federal

Brasília – Mais da metade do que a União deve estão nas mãos do setor
financeiro. Segundo o Tesouro Nacional, as instituições financeiras e os
fundos de investimento detêm 56,6% da dívida em títulos do governo federal
no mercado interno, o que equivale a quase R$ 1 trilhão.

De acordo com o último relatório da dívida pública, a dívida mobiliária (em
títulos) federal somava R$ 1,723 trilhão em setembro, dos quais R$ 976,28
bilhões estavam em poder do segmento financeiro. Desse total, R$ 524,85
bilhões (30,45%) pertenciam a bancos, corretoras e distribuidoras e R$
451,43 bilhões (26,19%) estavam sob a posse de fundos de investimento.

Em terceiro lugar entre os detentores da dívida mobiliária, estão os planos
de previdência aberta e fechada, com R$ 267,36 bilhões (15,51%). Os
estrangeiros detinham R$ 194,65 bilhões (11,29%). Por meio de fundos
administrados pela União, como Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o Fundo Soberano do Brasil (FSB),
o governo federal possuía em setembro R$ 155,32 bilhões (9,01%).

Apesar das iniciativas nos últimos anos, a proporção de pessoas físicas na
dívida pública continua pequena. O estoque do Tesouro Direto, programa de
venda de títulos públicos a pessoas físicas pela internet, somou R$ 6,722
bilhões em setembro, o que corresponde a apenas 0,4% da dívida mobiliária
interna.

Assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana
Graça avalia que a predominância do setor financeiro entre os detentores
dos títulos federais é estimulada pelos juros altos, que, segundo ela,
tornaram-se fonte de lucro fácil para os bancos e fundos de investimento.
“Observamos um círculo vicioso. Não é o cidadão que detêm os títulos da
dívida, mas o mercado financeiro, que lucra com isso”.

Para a especialista, essa postura dos bancos afeta o crédito, à medida que
as instituições financeiras preferem comprar em títulos públicos a
emprestarem dinheiro. “Os bancos querem ficar no mesmo circuito e especular
com títulos públicos, em vez de emprestar para o setor produtivo”.

Segundo o Tesouro Nacional, os investidores preferem tipos diferentes de
títulos públicos de acordo com o perfil. As instituições financeiras têm
49,2% dos títulos públicos em sua carteira corrigidos por taxas prefixadas
– definidas com antecedência. Os fundos de investimento possuem 54,1% de
seus títulos vinculados à Selic, taxa básica de juros da economia.

Em relação aos fundos de previdência, 69,3% dos papéis em seu poder estão
atrelados a índices de preços. As pessoas físicas também preferem títulos
indexados à inflação, que respondem por 50,55% do estoque do Tesouro
Direito.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos
investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver
os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no
caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic (juros
básicos), da inflação ou do câmbio.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO http://agenciabrasil.ebc.com.br

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Principais números do resultado trimestral da Petrobrás

http://www.petrobras.com.br/pt/noticias/nosso-lucro-liquido-no-trimestre-foi-de-r-6-33-bilhoes

Na Comunicação, o Brasil é a ditadura perfeita

Paulo Henrique Amorim
Jornalista. Conversa Afiada - Máximas e Mínimas 1254 www.paulohenriqueamorim.com.br
Adital
E ainda pensam que o copo determina a qualidade do vinho.
Este ansioso blogueiro participou de seminário promovido pela Ajuris, a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e o blog Carta Maior, na quinta-feira da semana passada(dia 03 de nov 11). Entre os expositores, o desembargador Claudio Baldino Maciel, Pascual Serrano (do site Rebelión, da Espanha), Juremir Machado, Breno Altman (Altercom), prof. Venicio Lima, Bia Barbosa (Intervozes), deputada Luiza Erundina (líder da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação, e membro da Comissão de Ciência e Tecnologia, que não consegue discutir a renovação das concessões das redes de televisão), e o ex-Ministro Franklin Martins.
A seguir, trechos – não literais – da exposição deste ansioso blogueiro:
A Globo tem um pouco menos que 50% da audiência da televisão brasileira.
E mais do 70% de toda a verba da publicidade da televisão brasileira.
A televisão detém 50% de toda a publicidade brasileira.
Do tijolinho para vender uma moto usada em Joboatão ao break do jornal nacional.
Tudo somado, a tevê fica com 50%.
Logo, a Globo, a família Marinho, com 50% da audiência e 70% da verba, põe no bolso R$ 0,35 de cada R$ 1 investido na publicidade da sexta (ou quinta) economia do mundo.
A Globo é uma empresa fechada, que explora uma concessão de serviço público, o espaço eletro-magnético, que pertence ao povo brasileiro.
Póóóde ?
Agora, a Globo quer impedir uma segunda opinião sobre a audiência em tevê.
Ela só quer o IBOPE
O que isso significa para a democracia brasileira ?
Em 1998, na eleição para governador de São Paulo, o IBOPE, aqui também chamado de Globope, fechou para o cliente Paulo Maluf, uma pesquisa que o colocava à frente da Marta Suplicy.
Essa mesma pesquisa o jornal nacional divulgou na sexta-feira, na ante véspera da eleição no primeiro turno.
Com Maluf na frente da Marta.
Só que, na sexta-feira, a Marta já tinha ultrapassado o Maluf e ela é que ia para o segundo turno com Mario Covas.
Com o Globope do jornal nacional, muitos eleitores da Marta preferiram o "voto útil” e votaram no Covas, para derrotar o Maluf.
Maluf foi para o segundo turno com Covas e assim Covas se elegeu governador de São Paulo.
Na segunda feira, este ansioso blogueiro, apresentador do Jornal da Band, entrevistou o deputado federal mais votado, José Genoino, do PT.
E nos bastidores avisou que ia perguntar sobre a patranha do Globope contra a Marta.
Genoino reagiu enfaticamente: não, sobre isso eu não falo!
Na Argentina – ah!, que inveja da Argentina! – a Cristina Kirchner comprou o "Brasileirão” da Globo (Clarin) e exibiu no horário nobre da TV Educativa.
E distribuiu o sinal para que outras emissoras exibissem quando lhes desse na telha.
Aí, a Cristina descobriu que o IBOPE argentino dava para o "Brasileirão” da TV Educativa uma audiência muito menor do que quando era da Globo (Clarin).
O que fez a Cristina?
(Ah!, que inveja da Cristina!) ?
Rompeu o contrato com o IBOPE e pôs uma empresa independente, supervisionada por acadêmicos de diversas universidades, para medir a audiência.
O IBOPE da TV Educativa ficou parecido com o que o "Brasileirão” dava na Globo (Clarin).
Sabe quem era o IBOPE da Argentina?
O IBOPE do Brasil!
O mesmo!
Só que lá era conhecido como IBOPÍN…
O nobre deputado gaúcho Henrique Fontana, relator do projeto da Reforma Política, informa que, com menos de R$ 500 mil não se elege um deputado estadual no Rio Grande do Sul.
E com menos de R$ 1 milhão ninguém se elege deputado federal.
(Por isso ele defende o financiamento publico exclusivo, mas o PSDB e o PMDB são contra por que preferem o Caixa Dois, que é a alternativa ao financiamento público?)
E o que tem o Globope com isso?
Porque se um partido sai mal nas pesquisas do inicio da campanha, babau.
Não tem grana.
Globope e Datafalha, que dão invariavelmente o Cerra na frente nas pesquisas iniciais, são uma chave para abrir o cofre dos financiadores: empreiteiros, industria farmacêutica, educação privada, tabaco …
O que isso tem a ver com a democracia?
Tudo!
Daqui a pouco, os parlamentares vão se vestir como piloto de Fórmula Um: cobertos de patrocinadores.
O que isso tem a ver com uma Ley de Medios?
Tudo!
A Globo é o elefante na sala da Democracia.
Nos últimos três anos, caiu a audiência da Globo.
Mas, ela não perde espectador nem um centavo de publicidade para os concorrentes.
Perde para si própria.
Perde audiência para os que vão para a internet e seus diferentes portais; para o cabo e o satélite e assistem à programação nacional controlada pela Globo; ou compram o "Brasileirinho” no pay-per-view.
Três famílias controlam a mídia de um país de 200 milhões de almas.
Os Marinho (e seus donatários, como a RBS), os Frias, e os Mesquita, que sub-locaram o Estadão aos bancos estrangeiros credores.
Essas três famílias e seus donatários controlam tevê, rádio, jornal, revistas, agencias de noticias e portais na internet.
E num mesmo mercado – e tome propriedade cruzada!
Nenhuma nova democracia no mundo toleraria essa concentração de poder.
"Novas democracias” são Portugal, Espanha, Argentina, México, Chile, Uruguai.
Essa é uma jabuticaba brasileira.
Antonio Carlos Magalhães dizia: se não saiu no jornal nacional não aconteceu.
Caetano, antes de trabalhar na Globo, dizia que assistia ao jornal nacional para saber o que o jornal nacional queria que ele pensasse que aconteceu.
O Ricardo Teixeira diz que enquanto a Globo não falar mal dele, nada lhe acontecerá.
Hoje, fica assim: se saiu no jornal nacional, NÃO aconteceu.
E isso tende a se perpetuar, até que a televisão morra para dentro de sua própria obsolescência tecnológica.
O Presidente Lula não fez e a Presidenta Dilma não fará uma Ley de Medios.
O Ministro Bernardo adiou a discussão sobre o assunto para 2012.
Para que o PiG (*) não diga que a discussão ficou prejudicada pelas Festas do Natal.
Em 2012, pondera-se, tem o Carnaval, a Semana Santa e as eleições para prefeito.
2013 fica muito perto da eleição de 2014 e o PiG vai dizer que é manobra para censurar o PiG.
2014, nem pensar.
Quem ousará tocar na Globo num ano de eleição !
Aparentemente, o Governo Dilma tem uma visão temo-tecnicista da liberdade de expressão.
"Temo”, porque teme a Globo.
"Tecnicista”, porque acredita que a banda larga vai promover a democracia.
É como acreditar que o copo determina a qualidade do vinho.
Outro ingrediente dessa "democracia” brasileira no campo da liberdade de expressão, é a reprodução, aqui, de manobra que não deu certo nos Estados Unidos.
Calar os independentes com processos judiciais.
Censurar pelo bolso.
Tentar manipular a Justiça.
É o caso da perseguição aos blogs que o Padim Pade Cerra chamou de "sujos”.
No Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, temos notícia de dezenas de blogueiros perseguidos na Justiça do interior do Brasil por prefeitos, vereadores e empresários suspeitos de corrupção.
Juca Kfouri é o campeão nessa prova.
Ricardo Teixeira move contra ele 50 ações judiciais.
Nassif, Azenha e Rodrigo Vianna são vítimas da mesma estratégia.
Devo ser o vice-campeão.
Costumo afirmar no Conversa Afiada, "diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és”.
Ou como dizia o ínclito presidente Itamar Franco, fundador do Plano Real e do programa de genéricos, "quem melhor me define são meus inimigos e, não, meus amigos”.
Sofro, provisoriamente, 40 ações, com a recente entrada de Paulo Preto no elenco
Treze das ações são de autoria do banqueiro condenado Daniel Dantas.
Também sou homenageado por Gilmar Mendes (autor de dois HCs em 48 horas para tirar Daniel Dantas da cadeia), Heráclito Fortes, Eduardo Cunha, Naji Nahas e outros da mesma estirpe.
É uma galeria que me honra.
Mas, acima de tudo, é uma agressão à liberdade de expressão.
É a tentativa de manipular a Justiça para censurar jornalistas pelo bolso.
(No caso deste ansioso blogueiro, a tentativa é inútil.)
Acabo de voltar do México, onde se acredita que o Partido Revolucionário Institucional, o PRI, vai voltar ao poder na eleição presidencial do ano que vem.
Segundo o Premio Nobel Mario Vargas Llosa, em entrevista ao jornal Excelsior, da cidade do México, o PRI vai voltar ao poder, para fazer um acordo com o narcotráfico.
Foi Vargas Llosa quem disse que, nos 70 anos em que esteve no poder, o PRI construiu uma "ditadura perfeita”.
Por fora, uma democracia.
Por dentro, uma ditadura.
"Ditadura perfeita” – é o Brasil no campo da liberdade de expressão.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alemanha é uma âncora de estabilidade na Europa, afirma Angela Merkel

BERLIM - A Alemanha é "uma âncora de estabilidade na Europa", disse a chanceler do país, Angela Merkel, em congresso de seu partido, o União Democrática Cristã. Ela sustentou que é o momento de se abraçar uma "união política" na Europa para enviar uma mensagem aos detentores de bônus que os líderes da região estão comprometidos em colocar um fim na crise da dívida soberana.
Merkel comentou que quer preservar o euro com todos os 17 integrantes da moeda única, "mas isso requer uma mudança fundamental em toda a política da área".
Ontem à noite, em entrevista à TV ZDF, a chanceler frisou ser importante para aqueles que compram títulos do governo que haja clareza de que os líderes europeus querem que "a União Europeia, em particular a zona do euro, cresça junta". "Caso contrário, as pessoas não vão acreditar que nós podemos realmente lidar com os problemas", observou.
(Bloomberg News)

domingo, 13 de novembro de 2011

Mídia tradicional tenta censurar novas mídias; reformar leis é urgente

Em debate na Câmara dos Deputados sobre liberdade de expressão, militantes de novas mídias criticam autoritarismo de veículos tradicionais de imprensa, que reagiriam apelando para censura de que se sentem ameaçados. Aprovação de marco civil da internet e de novo marco regulatório para radiodifusão é considerada fundamental para garantir pluralidade.

BRASÍLIA - No Brasil, a exemplo do que ocorre na economia e no social, o cenário é desigual também no campo das comunicações. De um lado, os veículos tradicionais da imprensa, comandados por uma meia dúzia de famílias, se armam de todos os meios possíveis para manter o controle exclusivo e absoluto da agenda pública. E, para isso, cometem os mais variados excessos, incluindo aí alguns crimes, como destruir a reputação de pessoas sem provas ou sequer indícios.

De outro, cidadãos comuns que só recentemente, com a popularização das novas mídias, alçaram o status de produtores de conteúdo, lutam para consolidarem o legítimo direito à manifestação de opinião e pensamento, a despeito das investidas conservadoras que impõem multas milionárias a blogueiros, tuiteiros e demais internautas produtores de conteúdo mais progressista e irreverente.

“Há uma luta política em andamento entre as velhas mídias e as novas mídias. As velhas mídias, que também se utilizam das novas e estabelecem a propriedade cruzada em tudo, estão profundamente incomodadas com essas últimas”, disse o membro da coordenação da Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade de Expressão e Democratização da Comunicação, o jornalista e deputado Emiliano José (PT-BA).

Ele foi um dos participantes, nesta quarta (9), da audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados para debater as decisões e disputas judiciais que afetam a liberdade de expressão, especialmente dos comunicadores que atuam nas novas mídias. As velhas mídias são os meios tradicionais, como os jornais, revistas, TVs e rádios. As novas são as que nasceram no bojo da internet: sites, blogs e microblogs, dentre outras.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais Túlio Vianna, iniciou a discussão lembrando aos presentes que não existe direito absoluto. “O modelo brasileiro tende a tolerar opiniões divergentes, mas impõe limites. Não há liberdade plena de informação”, explicou.

Entretanto, segundo ele, o que a prática vem demonstrando é a utilização de leis criadas para outros fins para penalizar cidadãos comuns que estão apenas exercendo seu legítimo direito à opinião. Exemplo é o processo contra os dois jornalistas que criaram o site de sátira ao jornal Folha de S. Paulo, chamado “Falha de S. Paulo”.

A Folha acionou judicialmente esses internautas, com base na Lei de Patentes, que deveria servir para a defesa da propriedade intelectual. “Essa lei não foi criada para impedir a liberdade de expressão, muito menos a paródia, a sátira, a crítica, mas foi acatada para penalizar os jornalistas”, critica o professor.

Outro exemplo, segundo ele, é a lei de apologia ao crime, utilizada para criminalizar os defensores da legalização da maconha que, além de uma marcha, na cidade de São Paulo, matinham um site da campanha. “Reivindicar a modificação de uma lei não é incitação ao crime, mas nem sempre a Justiça entende isso corretamente”.

A jornalista e secretária-geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Vicentini Mielli, afirmou que as novas tecnologias de comunicação criaram um novo paradigma na sociedade atual. “Até bem pouco tempo atrás, o agente social responsável por fazer a mediação da agenda pública eram os grandes meios de comunicação. Agora, um novo agente entrou em jogo. As novas mídias permitiram mais pluralidade, mais diversidade na discussão da esfera pública”, diz.

São blogs, microblogs, redes sociais, pequenos sites e uma série de atores que atuam na internet permitindo a distribuição e organização da informação de forma mais ágil e democrática. “Isso, de alguma maneira, diminuiu o monopólio das grandes empresas de comunicação como mediadores da agenda pública. O poder dos grandes veículos não foi sepultado, mas foi diluído. E eles não querem perder esse poder. Por isso, desqualificam esse pólo alternativo de comunicação ou exercem pressão econômica sobre eles, através da judicialização”, afirma.

Segundo ela, o fenômeno é mundial. Nos EUA, só em 2007, processos contra blogueiros movimentaram US$ 17,4 milhões. No Brasil, os valores também assutam. No caso do site “Falha de S. Paulo”, a justiça estipulou multa diária de R$ 5 mil. “Como dois jornalistas, assalariados, vão pagar uma multa dessas? O objetivo é calar as vozes dissonantes”, questiona ela.

A jornalista afirma que processos civis e criminais contra blogueiros estão pipocando em todo o Brasil. Só o jornalista Paulo Henrique Amorim é alvo de 37 processos. “É preciso cuidado para não virarmos sociedade do patrulhamento, do policiamento. Devemos ser uma sociedade da liberdade. E a comunicação é um direito humano”, acrescenta.

Para ela, é urgente que se aprove o marco civil da internet. O projeto de lei está parado justamente na Câmara dos Deputados, esperando a constituição de comissão especial para avaliar o tema. A jornalista avalia que é urgente também a definição de um novo marco regulatório para a radiofusão.

“Não é possível que se discuta as questões da comunicação de forma fatiada. Isso permite que as empresas coloquem no movimento social, que sempre defendeu a liberdade de expressão, a pecha de serem novos censores da sociedade. Regra não é censura. A sociedade precisa entender isso."

O deputado Emiliano José acrescentou que a distinção entre fatos e opiniões não é algo muito simples: não há jornalismo sem interpretação em nenhum momento. “A organização do fato comporta opinião, mas há alguma diferenciação entre as duas coisas, e o jornalismo brasileiro tem caminhado numa direção."

Ele lembrou que as novas mídias, ao mesmo tempo que permitem maior democratização na produção de conteúdos, também ajudam a trazer à tona velhos preconceitos que resistem nas entranhas da sociedade brasileira, com ocorreu no episódio do câncer do ex-presidente Lula. Ele acha que a velha mídia brasileira é um partido político que conspira contra os governos petistas, de caráter popular e democrático.

Segundo o deputado, a velha mídia demite jornalistas que usam as novas mídias para manifestar suas opiniões, como aconteceu, por exemplo com Maria Rita Khel, que elogiou o impacto do bolsa família na vida das famílias pobres brasileiras e acabou demitida do jornal O Estado de S. Paulo. “Isto sim é censura”, afirma.

Ele defendeu a regulamentação da mídia, incluindo novas e velhas. “As novas mídias têm uma responsabilidade social e política muito grande porque representam novas vozes, novos atores políticos. Ninguém faz o que quer. Precisamos ter direito de resposta. A sociedade também precisa ser protegida dos erros dos jornalistas, sejam elas das novas e velhas mídias.”

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Seis em cada dez brasileiros trabalham mais de nove horas por dia

SÃO PAULO - Difícil encontrar um brasileiro que trabalhe apenas oito horas por dia. Essa é a conclusão que se pode tirar de uma pesquisa realizada pela Regus. De acordo com o levantamento, feito com 12 mil pessoas em 85 países, sendo 500 no Brasil, 43% dos profissionais brasileiros dedicam entre nove e onze horas diárias ao trabalho e 17%, mais de onze. Os números estão acima da média global, já que, no mundo, 38% das pessoas dizem trabalhar cerca de 10 horas por dia e apenas 10% dedicam mais de 11 horas diárias ao escritório. “De uma maneira geral, a pressão por resultados impulsiona esse aumento na quantidade de horas trabalhadas no Brasil”, afirma Guilherme Ribeiro, diretor geral da Regus no país. 
Além das longas jornadas, o estudo comprovou que os profissionais também levam trabalho para casa com frequência. No Brasil, 46% fazem isso pelo menos três vezes na semana, contra 43% da média global. Aqui, apenas 14% afirmam nunca terminar as tarefas profissionais em casa. Os trabalhadores que mais levam pendências para onde moram são os sul-africanos, os americanos e os holandeses.
Ainda de acordo com a pesquisa, uma quantidade menor de mulheres estende a jornada para além de 11 horas diárias. No Brasil, apenas 4% o fazem, contra 20% dos homens. No mundo, a tendência é  a mesma: 5% contra 12%. Profissionais do sexo masculino também tendem a levar mais trabalho para casa. Entre os brasileiros, 49% dos homens o fazem pelo menos três vezes na semana, contra 30% das mulheres. Na média global, a proporção é semelhante, 48% e 32%. “As  mulheres têm sempre a segunda jornada, que envolve os cuidados com os filhos e a administração da casa, o que toma várias horas do dia. Por isso, muitas mães, quando possível, optam por uma jornada de trabalho flexível ou de meio período”, diz Ribeiro.
As pessoas que trabalham de forma remota costumam passar mais horas envolvidas com as tarefas profissionais, segundo a pesquisa. Entre os respondentes, 14% daqueles que exercem a função longe do escritório dedicam mais de 11 horas diárias ao trabalho, contra 6% dos que atuam na sede da empresa. No Brasil, 20% dos trabalhadores remotos exercem suas funções profissionais por mais de 11 horas diárias, contra 11% daqueles que vão todo dia ao escritório da companhia. “As pessoas que trabalham a distância conseguem ter maior tempo disponível para se dedicar às atividades, pois não ficam presas em congestionamentos ou sofrem com o estresse gerado pelo transporte coletivo”, conclui Ribeiro.
(Adriana Fonseca | Valor)

Governo quer mais crescimento em 2012

As nuvens são negras, "mas temos rota", assegurou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, ao Valor. "Há muita incerteza no cenário internacional, mas aqui temos direção. Vamos dar um basta no pessimismo", reforçou ele, que esta semana lançou na cena econômica duas possibilidades aparentemente visionárias: o Brasil crescer 4% em 2012, com chances de chegar a 5%; e a taxa de juros real no país, até 2014, cair para o intervalo de 2% a 4% ao ano. Hoje ela se encontra no nível mais baixo da última década e meia, de 4,5%.
A arte da política econômica do governo Dilma Rousseff foi se situar no "meio termo", explica Barbosa. "Não apostamos na redução da inflação a qualquer custo nem no crescimento a qualquer preço. Não optamos pelos extremos", enfatizou. Ao fazer isso, disse, mesmo sujeitos a críticas da esquerda e da direita, a política econômica se tornou mais robusta.
Pressupondo que a Europa estará em recessão, mas evitará uma crise bancária, o tamanho do crescimento do Brasil no próximo ano, para o secretário, vai depender de uma decisão que a presidente Dilma ainda terá que tomar: se os investimentos públicos continuarão no ritmo lento deste ano ou passarão por uma aceleração em 2012.
Só temos meta fiscal e de inflação, diz Barbosa
Barbosa avalia que, com a redução já em curso dos juros básicos e o aumento do salário mínimo em cerca de 14% em janeiro, o governo estará garantindo uma taxa de crescimento econômico da ordem de 4% para o ano que vem. A isso se somam as desonerações, sobretudo as do Supersimples sancionado ontem, um eventual crescimento nos financiamentos do BNDES, além das novas concessões de serviços públicos que o governo pretende fazer, seja de aeroportos ou de rodovias.
Para ir além dos 4%, os investimentos públicos teriam que voltar a crescer. Foram de 2,86% do PIB em 2009 e de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Este ano estão na casa de 2,7% do PIB. Tal redução foi motivada pelas restrições fiscais impostas pelo governo para produzir o superávit primário de 3,1% do PIB e, também, pela reavaliação dos principais projetos de investimentos na área de transportes, decorrente da queda do ministro e dos responsáveis por essa área no governo.
O corte na taxa Selic este ano pode representar uma economia de gasto com o pagamento de juros da ordem de R$ 10 bilhões ou mais em 2012. Esses recursos ajudariam na administração do Orçamento para cumprir a meta de superávit primário "cheia" de 3,1% do PIB no próximo ano.
Crescer até 5%, admite ele, é "difícil", mas não de todo impossível. Com essa performance, seria mais fácil atingir a meta fiscal. Sem ela, o cumprimento da meta dependerá de um forte contingenciamento de gastos.
Quando o presidente Lula assumiu, em 2003, os juros reais se situavam na faixa de 12% a 16% ao ano. Entre 2004 e 2005, caíram para o intervalo entre 8% e 12% e, depois, para 6% a 10%. Nos dois últimos anos está entre 4% e 8%. Mantida essa trajetória, "será que não dá para chegarmos em 2014 com os juros entre 2% e 4%?", indaga o secretário.
Barbosa faz questão de deixar muito claro que crescimento e juros não são meta de governo. São apenas referências, expectativas. "Nossas metas estão em lei. Temos meta de superávit primário e de inflação".
Nos prognósticos do secretário, a inflação, que este ano termina entre 6% e 6,5%, em 2012 vai cair para 4,5% a 5%, como efeito da desaceleração da economia, que saiu de um crescimento de 7,5% no ano passado para 3,5% este ano. Segundo ele, vários fatores vão ajudar no controle da inflação. Os preços das commodities tendem a cair, depois do choque de 2010; não se repetirá em janeiro o aumento de 17% este ano nas tarifas de transportes em São Paulo; as tarifas de energia elétrica de algumas empresas devem cair; e a mudança na pesquisa de orçamento familiar (POF) pelo IBGE pode gerar uma redução de 0,2 ponto percentual no IPCA do próximo ano.
Segundo projeções do Banco Central, o IPCA de 12 meses deverá cair para cerca de 5,4% entre abril e maio do próximo ano. O nível de atividade econômica, que começa murcho em 2012, tende a se recuperar no segundo semestre, para fechar o exercício entre 4% e 5%, na média, segundo estimativa de Barbosa. Ou seja, a reativação da economia se daria ainda sobre um periodo de inflação alta. O secretário pondera, contudo, que a reação da atividade vai ocorrer sobre uma capacidade ociosa elevada, o que não geraria pressão inflacionária.
Para ser sustentável, o crescimento deve ser acompanhado de aumento da taxa de investimentos e Barbosa acha que ela terá que subir dos cerca de 18% do PIB este ano para 22% do PIB até 2014. Esses 4 pontos percentuais de aumento seriam financiados, segundo ele, com captação de poupança no exterior (com aumento de 1 ponto percentual do déficit em conta corrente); nas empresas privadas, com aumento de 1,5 ponto percentual e outro tanto no governo, através da redução da taxa de juros e do controle dos gastos correntes.
Crescer em 2012 é o grande desafio e a maior preocupação da presidente Dilma Rousseff. Ela deve encerrar seu primeiro ano de governo com taxa de crescimento próxima de zero nos dois últimos trimestres do ano.
Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

Ricos e desiguais

A cidade de Reading, no Estado da Pensilvânia, ainda conserva um pouco de seu orgulho industrial do passado, quando forneceu aço para o esforço de guerra nos dois grandes conflitos mundiais. As ruas são limpas e bem calçadas. Seus 88 mil habitantes vivem em sobradinhos geminados com varanda na porta. Só que milhares de casas estão abandonadas.
Há algumas semanas, a cidade ganhou o título de a mais pobre dos Estados Unidos e virou símbolo da tragédia humana causada pela Grande Recessão. Quatro em cada dez pessoas vivem abaixo da linha de pobreza em Reading, num país em que, segundo dados do Escritório do Censo, chegou-se à marca de 46,2 milhões de pobres em 2010, recorde histórico.
Uma creche de Reading que sempre teve fila de espera agora não consegue preencher as vagas porque as mães estão desempregadas. Albergues lotaram com famílias que ficaram sem teto pela primeira vez. Quase dobrou o volume de alimentos distribuídos pelo condado da região.
Narcy Madrid procurou o Centro Hispânico, uma associação de assistência social, numa manhã de outono para preencher um pedido de subsídio à conta de luz. Ela se mudou de Los Angeles para Reading há um ano e, até agora, não arrumou emprego. Ganha US$ 50 por semana para levar e buscar algumas crianças na escola. "Ficou mais difícil porque estou grávida."
Hoje, 15,1% dos americanos são pobres, condição em que 10 milhões caíram desde 2007, quando começou a Grande Recessão
Narcy vive com a mãe, que trabalha num mercado nos subúrbios mais afluentes de Reading e ganha US$ 10 dólares por hora. Dentro da cidade, trabalhos semelhantes pagam o salário mínimo americano, de US$ 7,25 por hora. Com uma jornada de trabalho de oito horas por dia, o salário mínimo rende cerca de US$ 15 mil por ano. Esse rendimento nem sempre é suficiente para ultrapassar a linha oficial de pobreza. São consideradas pobres nos Estados Unidos as famílias com dois adultos e duas crianças que ganham menos de US$ 22,1 mil por ano. Ou famílias com um adulto e duas crianças com renda de até US$ 17,6 mil.
Hoje, 15,1% da população americana são pobres. Cerca de 10 milhões caíram nessa condição de 2007 para cá, quando começou a Grande Recessão. Mas antes disso a coisa já vinha mal. Em 2007, um anos antes do estouro da crise, a taxa de pobreza se encontrava em substanciais 12,5%, pior do que os 12,1% registrados em fins da década de 1960, quando o então presidente Lyndon B. Johnson declarou guerra à pobreza, criando novos programas sociais. "Meus amigos, alguns anos atrás o governo federal declarou guerra à pobreza, e a pobreza venceu", disse em 1988 o então presidente Ronald Reagan.
A decadência de Reading começou no pós-guerra, quando a indústria pesada abandonou a área e a classe média se mudou para os subúrbios. A população da cidade encolheu de 110 mil para 78 mil habitantes entre 1940 e 1990. O esvaziamento econômico e populacional fez o preço das casas cair e, nas últimas duas décadas, atraiu imigrantes latino-americanos que procuravam fugir do alto custo de vida de Nova York e Nova Jersey.

Jessica Kourkounis/The New York Times/Jessica Kourkounis/The New York TimesTodos os dias, formam-se longas filas em frente do Greater Berks Food Bank, em Reading, que distribui alimentos aos pobres: muita gente que tinha vida estruturada perdeu tudo e agora depende de caridade

Uma casa pode custar apenas US$ 40 mil em Reading, uma pechincha para os padrões americanos. Muita gente dividiu imóveis em pequenos apartamentos para alugá-los, cobrando a partir de US$ 400 mensais. A população voltou a crescer, chegando aos 88 mil habitantes atuais. "Reading ficou conhecida como um dos melhores e mais baratos lugares dos Estados Unidos para criar a família", afirma Michael Toledo, do Centro Hispano.
Hoje, os latino-americanos respondem por 58% da população de Reading, com uma grande colônia de porto-riquenhos. É uma concentração bem mais alta do que nos Estados Unidos como um todo, onde os hispânicos são 16,3% da população. O índice de pobreza entre os hispânicos é de 26,6%, quase três vezes o percentual de 9,9% observado entre os brancos. Entre a população afrodescendente, o índice de pobreza é ainda mais alto, com 27,4%.
A competição com a China e outros países com mão-de-obra barata drenou os empregos industriais de Reading. Em 2001, a cidade já era a 32ª mais pobre dos Estados Unidos e, em 2007, antes da crise econômica, estava na lista das dez mais pobres. "Quando esse tsunami econômico nos atingiu, fomos pegos numa situação já bastante difícil", afirma Toledo.
Outro fator que empurra a cidade para a pobreza é o baixo nível de educação. Entre a população latina de Reading com 25 anos ou mais, cerca de 70% não conseguiram completar o ensino médio. Nos Estados Unidos, quem não conclui o ensino médio tem oito vezes mais chances de ser pobre do que os com diploma universitário.
Yessenia Barrera, filha americana de imigrantes mexicanos e porto-riquenhos, ficou grávida do primeiro filho aos 14 anos e, para seguir os estudos, foi colocada numa turma especial do ensino médio. Ela chegou a começar a faculdade no currículo básico, mas não levou o curso adiante porque não tinha muita ideia do que pretendia fazer da vida. Hoje com 22 anos e três filhos, vive na casa da avó com US$ 450 mensais que recebe de programas sociais, além da ajuda eventual dos pais das crianças. "Faço tudo para garantir que meus filhos estejam na escola todos os dias", afirma.

Jessica Kourkounis/The New York Times/Jessica Kourkounis/The New York TimesPessoas procuram abrigo e alimentação em igreja metodista de Reading: a crise agravou a perda de vitalidade econômica que a cidade vinha sofrendo há décadas

Em meio à recessão, porém, ficou mais difícil para os pais manterem os filhos na escola. "Já vi crianças frequentando quatro escolas diferentes num mesmo ano letivo", afirma Modesto Fiume, descendente de italianos que preside a Opportunity House, uma instituição de assistência social. "Os pais estão mudando de um lugar para outro para tentar achar emprego." A taxa de desemprego na região metropolitana de Reading é de 8,6%, abaixo dos 9,1% observados nos Estados Unidos como um todo, mas para a parcela mais pobre da população é mais difícil conseguir trabalho.
Antes da crise, uma das principais demandas da comunidade eram vagas em creches. Havia 300 crianças matriculadas na escolinha e berçário da Opportunity House, que funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo. Para atender as cerca de cem crianças que estavam na fila de espera, decidiu-se construir um novo prédio num lote doado da prefeitura, com US$ 3,5 milhões levantados em doações. Hoje, a nova creche está pronta, mas há apenas 230 crianças matriculadas. "Os empregos desapareceram", explica Fiume.
Enquanto isso, a procura no albergue mantido pela associação se multiplicou. Hoje, todas as 75 vagas estão ocupadas, algo que só acontecia no período mais rigoroso de inverno. A maior parte dos admitidos está sem teto pela primeira vez na vida. Cerca de 25 pessoas vivem permanentemente nas ruas de Reading. Das 34 mil casas da cidade, mais de 4 mil estão desocupadas. "Algumas famílias que perderam a casa estão vivendo dentro de carros", diz Fiume.
O volume de alimentos distribuidos pelo condado da região quase duplicou desde o estouro da crise, em 2007. Até a prefeitura de Reading enfrenta dificuldades. Para evitar a declaração de insolvência, o município entrou num programa de socorro oferecido pelo governo estadual.
"Antes, quem mais nos procurava eram imigrantes que não conseguiam se estabelecer na cidade e às vezes queriam uma passagem de volta para o país de origem", afirma Luis Alier, assistente social que faz atendimento de cerca de 20 famílias por dia no Centro Hispânico. "Agora, são pessoas que tinham vida estruturada e estão perdendo tudo."

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Grécia é um naufrágio sem capitão


O discurso do primeiro ministro Yorgos Papandreu, anunciando o fim do acordo para formar um governo de unidade nacional e sua consequente renúncia deixou para os atenienses um sabor mais amargo do que aquele que carregam desde o início da crise. Ninguém apareceu para substituir Papandreu. “Desaparecemos como país e nosso sistema político se dedica a salvar a si mesmo”, diz, com profunda raiva, Costas Kavanafis, um jovem de apenas 21 anos. A reportagem é de Eduardo Febbro, direto de Atenas.

Dimitra acaricia com inquietação o bilhete apertado entre os dedos de sua mão esquerda. “É a chave de meu futuro, ou da minha tumba”, diz com ironia festiva. Entre ajuda da família e poupança pessoal juntou 3.200 euros para uma viagem sem retorno programado: uma passagem só de ida para Londres e toda esperança posta em encontrar um trabalho. Ela se cansou das manifestações, da violência policial e da inoperância crônica de uma classe política que funciona em círculo fechado. Os gregos deixaram de acreditar que um novo governo seja capaz de desenhar um país distinto.

O discurso pronunciado pelo primeiro ministro Yorgos Papandreu, anunciando o fim do acordo para formar um governo de unidade nacional e sua consequente renúncia deixou para os atenienses um sabor mais amargo do que aquele que carregam desde o início da crise. Ninguém apareceu para substituir Papandreu. Os políticos gregos seguem encalhados em suas divergências. “Desaparecemos como país e nosso sistema político se dedica a salvar a si mesmo”, diz Costas Kavanafis com profunda raiva. O jovem, de apenas 21 anos, comprou um mapa e joga, a cada manhã, com um lugar do mundo onde “aterrissar com uma pista de futuro”. As imagens que surgem no emaranhado das ruas de Atenas dizem mais que minhas palavras. Na rua da Academia, uma imensa bandeira negra cobre por completo a fachada do edifício da Cruz vermelha. Os moradores estão de luto, pois o pessoal da organização não recebe salários há seis meses.

Yorgos Papandreu deixou o barco com uma mensagem que soa quase como uma brincadeira nas ruelas labirínticas do bairro de Plaka, a zona da moda na capital grega. “Estamos tentando inaugurar uma nova fase em nosso país. Devemos forjar uma Grécia diferente e também garantir que o acordo para o resgate europeu (o plano de 8 bilhões de euros da União Europeia) siga adiante”. O chefe de governo demissionário destacou: “Uniremos nossas forças para seguir no euro”. O discurso foi tragado pelo vento. As divergências entre socialistas e conservadores deixaram em suspenso a formação do novo Executivo.

O nome do próximo primeiro ministro ficou na bruma depois que o candidato favorito, o economista Lukas Papadimos, o número dois do Banco Central Europeu entre 2002 e 2010 e assessor “informal” de Papandreu, desapareceu da lista de candidatos em função das condições que impôs para aceitar o cargo. Segundo a imprensa grega, Papadimos, que era o favorito dos bancos e do mundo dos negócios, rechaçou manter o calendário das eleições antecipadas pactuado pelos partidos políticos para o próximo dia 19 de fevereiro. No caminho da discórdia para a formação do futuro governo se atravessou um novo nome: o socialista Filipos Petsalnikós, presidente do Parlamento. A ele se somam outros três ou quatro perfis suplementares que converteram as negociações políticas em uma loteria.

Ninguém acredita na classe política, nem sequer em quem vai substituir Papandreu ou no próximo que venha. O diário Athens News escreveu ontem que a Grécia é “um naufrágio sem capitão”. Na Praça da Constituição, onde está o Parlamento, os atenienses assimilam o edifício a uma má metáfora da democracia: “um estúdio de cinema onde se monta um espetáculo para que, por trás das câmeras, os produtores não percam dinheiro”, segundo disse Nikos Constantinaus, um jovem com um diploma de arquitetura sob o braço sem trabalho há dois anos. “Tudo isso é um embuste humilhante. Estão todos de acordo, esquerda, direita, centro, pura comédia de sobreviventes. São uns irresponsáveis. Levam semanas e semanas negociando enquanto os cofres do Estado estão vazios, o país paralisado, os salários atrasados, a juventude sem trabalho e a Grécia exposta à humilhação perante o mundo inteiro”, protesta com gestos veementes Ioannis Konstantanarias, um comerciante do bairro da Assembleia.

Os gregos têm ódio nas entranhas. A Grécia está pendurada em um fio delgado, mas a classe política a empurra para o abismo. Em Atenas, a exasperação é um componente central da vida cotidiana, do mesmo modo que a pobreza galopante e visível. O acordo para a formação do governo condiciona o reembolso dos 8 bilhões de euros provenientes do resgate europeu. Sem esse dinheiro, a Grécia derrete, com esse dinheiro a Grécia acentuará ainda mais as políticas de rigor, o corte do gasto público, o congelamento de salários, em suma, o que há de mais pernicioso nas receitas liberais.

No entanto, o presidente da República, Karolos Papulias, ainda não tem governo para anunciar. Os gregos não enxergam a saída do labirinto. Um Executivo renovado não poupará os maus dias que vem por aí. O futuro primeiro ministro interino terá que tomar em pouco tempo – até as eleições de fevereiro – medidas que condicionarão a vida grega durante muito tempo. Espera-o uma dura negociação com Bruxelas e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a implementação de um segundo resgate financeiro indispensável para evitar a quebra e estabilizar a situação antes que se aplique uma nova salva de reformas estruturais. “Já sabemos: nos aguarda um avalanche de sacrifícios, de cortes sociais e privações. Um poço escuro por culpa desses mentirosos”, disse Nikos Constantinaus.

A mentira e a inoperância são aqui duas feridas sempre abertas, junto com a pobreza. A Grécia teve cinco greves gerais. O país, que só pesa 2% na economia europeia, aparece como a ovelha negra da UE. “Vivemos há anos em estado de intervenção estrangeira”, assegura Costas Kavanafis, referindo-se à troika composta pela Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu que há dois anos mantem praticamente uma intervenção na economia do país. O maior paradoxo da crise é a alta dos impostos calculados sobre os salários que ainda não foram pagos. “As empresas levam mais de seis meses para colocar os salários em dia”, explica Ioannis Konstantanarias. O home sai de sua loja e indica com um braço o jardim de papéis amarelos que floresceu nos comércios de sua região: “vende-se, aluga-se”, dizem os anúncios.

A mentira grega tem data. Em 2009, quando Papandreu chegou ao poder, encontrou uma montagem falsa, um orçamento nacional disfarçado graças a argúcias financeiras criadas e vendidas por Goldman Sachs. O anunciado déficit de 3,7% foi elevado, na verdade, para 15%. “Mas todas as medidas que se tomaram desde então estiveram destinadas a proteger os ricos e a fazer a classe trabalhadora e a classe média pagarem o tributo da falsificação”, explica Moise Lipsis, jornalista do diário de esquerda Elefterotipia.

Sua análise ganha corpo na rua. Atenas se transfigurou. Um exército de mendigos e vendedores ambulantes de toalhas de papel, lapiseiras e bugigangas emergiu dos escombros da crise. O horizonte está trancado. A dívida grega representa 170% do PIB. O plano de resgate que o próximo Executivo negociará requer a liberação de 130 bilhões de euros. A isso se agrega o pagamento dos bancos privados. Isso deveria deixar no ar a metade do dinheiro que os gregos devem, ou seja, mais uns 100 bilhões de euros.

O presidente do patronato grego, Dimitrious Laskasas, explicou que a grande lição desta crise está em que “se pediu demasiado dinheiro emprestado”. Os gregos aprovam sua análise, mas não que tenham que pagar essa dívida sem um capitão que aponte o rumo. “Estamos perdidos, nos pedem sacrifícios, bom, adiante, não há dúvida de que é preciso reformar o país, mas para ir aonde? Os planos de austeridade seguem sem parar, mas continuamos cada vez pior”, explica Loukiami, um egresso da carreira de economia, também sem trabalho.

A Grécia está cansada de seus dirigentes e das negociações entre os dois grandes partidos, os Conservadores da Nova Democracia e os socialistas do Pasok. O país se resigna a dias sem recursos e sem glória. Nas ruas de Atenas e nas numerosas manifestações diárias, um slogan similar ao que se popularizou na crise argentina de 2001 começa a circular: “que se vão todos!”.

Tradução: Katarina Peixoto