do blog Democracia & Política
Por Paulo Nogueira Batista Jr.
EUA
“O
tema da desigualdade vem ganhando destaque aqui nos EUA. Há poucos
dias, o presidente Obama referiu-se à crescente desigualdade na
distribuição de renda como “uma ameaça fundamental ao sonho americano”.
Desde a década de 80, a renda e a riqueza se concentraram de forma
impressionante. Os 10% mais ricos, que até então tinham algo como 1/3 da
renda, passaram a responder por cerca de metade da renda, lembrou
Obama. O patrimônio líquido das famílias mais ricas equivale a 288 vezes
o de uma família típica — um recorde para os EUA.
EUROPA
Na
Europa, a desigualdade também é crescente. As sociedades europeias
tendem a ser mais igualitárias do que a americana, mas a tendência lá
também é de concentração da renda. Na Alemanha, a participação dos 10%
mais ricos na renda nacional (antes de impostos e transferências)
aumentou de 26% para 31% entre 1991 e 2010. Na periferia da área do
euro, a crise aguda levou os governos a enfraquecerem os sistemas de
proteção dos trabalhadores no afã de recuperar competitividade. Isso vem
contribuindo para erodir a coesão social e abalar a estabilidade
política de países como Grécia, Portugal, Itália e Espanha.
BRASIL
No Brasil – que sempre esteve entre os mais desiguais do mundo —, a tendência tem sido de desconcentração.
No fim de novembro, o IBGE divulgou a “Síntese de Indicadores Sociais”,
com informações sobre a distribuição pessoal e funcional da renda. O
que se verifica é que, desde a década passada, os indicadores
melhoraram.
Uma fonte de dados é a “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios”
(PNAD). Entre 2004 e 2012, a participação dos 10% com maiores
rendimentos diminuiu de 45,3% para 41,9% da renda total; a dos 40% com
menores rendimentos subiu de 10,9% para 13,3%. O índice de GINI teve
queda contínua desde 2004, passando de 0,556 para 0,507.
As contas nacionais também indicam melhora da distribuição na década passada. A participação do trabalho assalariado (salários brutos e contribuições sociais pagas pelos empregadores) no valor adicionado à economia (no PIB, vale dizer – Nota do “Tijolaço”) aumentou de 45,8% em 2004 para 50,6% em 2009 (último dado disponível). A participação da renda do capital (rendimentos das empresas, dos detentores de títulos e dos proprietários de imóveis e outros bens alugados) diminuiu no mesmo período de 41,5% para 38,5%.
A melhora nos indicadores de desigualdade parece ter três explicações fundamentais:
a) o crescimento econômico com geração de empregos e formalização das relações de trabalho;
b) o aumento real do salário mínimo;
c) os programas de transferência de renda (Bolsa Família e outros).
Não
há dúvida de que a renda e a riqueza continuam extraordinariamente
concentradas. Mas, diferentemente do que está acontecendo nos países
avançados, os indicadores de distribuição começaram a mostrar alguma
melhora no Brasil.”
FONTE: texto de Paulo Nogueira Batista Jr. Transcrito e comentado por Fernando Brito no seu blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/blog/?p=11038)
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