Conforme se pode ver no quadro abaixo, a distância entre o apoio que Dilma Rousseff recebe nos extremos alto e baixo de rendimento alcança 22 pontos percentuais. Trata-se exatamente da mesma diferença registrada às vésperas do primeiro turno de 2010.
Passados três anos de governo, os eleitores da área superior de ingresso parecem ter feito um giro completo para voltar ao mesmo lugar de onde saíram. Primeiro houve um encantamento com a presidente, quem sabe pela imagem da faxina. Depois veio a decepção, talvez em função do efeito combinado do julgamento da ação penal 470 e de alguma deterioração econômica. Por fim, voltou a rejeição, que já é marca registrada desde 2005.
Enquanto isso, os mais pobres ficaram alinhados ao lulismo. É certo que durante os acontecimentos de junho houve uma retração temporária no segmento fiel. Logo depois das manifestações, Dilma sofreu uma queda de 20 pontos percentuais na intenção de voto entre os mais pobres. Porém, após quatro meses, recuperou 70% deles, enquanto que só cerca de 30% dos que dispõem de maior riqueza voltaram a apoiar a presidente após afastar-se. A previsão de que a perda de sustentação ocorrida no bojo dos protestos seria apenas um soluço vai se confirmando na base da pirâmide.
Em consequência, a um ano do pleito o quadro lembra o da última disputa. A soma das intenções de voto em Marina e Aécio por faixa de renda é parecida à que a postulante ecologista reunia com José Serra um triênio atrás. Com a diferença de que, já tendo concorrido à Presidência, Marina encontra-se à frente do pré-candidato tucano, menos conhecido.
Mantida a tendência atual, com Marina no lugar de Campos, Dilma chegará em primeiro lugar no domingo, 5 de outubro, mas haverá segundo turno. As incógnitas giram em torno de quem será o adversário do lulismo no último round e o quanto ele ou ela conseguirá reter dos votos dado ao terceiro colocado.
avsinger@usp.br
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