José Álvaro de Lima Cardoso*
A dependência cada vez maior do Brasil da
exportações das chamadas commodities na balança comercial (uma espécie de especialização
primária com desindustrialização), somada a um déficit nas transações com
Serviços levará o Brasil a fechar 2013 com déficit próximo a US$ 80 bilhões,
cerca de 3,5% do PIB. Após cinco anos seguidos de superávits, entre 2003 e
2007, em 2008 o saldo em transações correntes do Brasil voltou a ser
deficitário em US$ 28 bilhões. Em 2010 chegou a US$ 47,5 bilhões e encerrou
2012 próximo a US$ 80 bilhões. Além do déficit em serviços não parar de crescer
desde 2008, o déficit comercial na área de produtos industriais, vai alcançar algo
em torno dos US$ 100 bilhões neste ano, revelando claramente um processo
de desindustrialização.
Mas não se trata apenas disso, a questão é
mais grave. Pela primeira vez, desde 1995/99, praticamente não tivemos
superávit em 2013, e só não tivemos déficit elevado em função das exportações
"contábeis" de plataformas de petróleo realizadas pela Petrobras. É
que para aproveitar benefícios fiscais, a empresa exporta contabilmente as
plataformas para suas filiais no exterior, mas o equipamento não sai do país.
Foram “exportadas” oito plataformas em 2013, totalizando US$ 6,58
bilhões a mais em exportações, evitando, dessa forma, que as contas externas
fechassem com elevado déficit comercial.
A dependência do Brasil da exportação de commodities
é agravada pelo fato de que, no contexto internacional atual a tendência é de
uma reversão dos preços de produtos minerais (menos petróleo), algo que é cíclico,
portanto esperado, mas que é grave em função da dependência que a balança
comercial brasileira tem hoje destes produtos. Estamos longe de uma crise
cambial iminente (como quer parte da mídia), mas os indicadores do Brasil na área externa são bastante preocupantes.
*Economista e
supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário