Análise / Delfim Netto
A tão esperada mudança de rumo na política monetária
dos EUA foi aprovada por 9 votos contra 1 no segundo dia da reunião do
Fed
Na manhã da quarta-feira 18, sem muita paciência
para esperar o resultado da reunião do Federal Reserve, o banco central
americano, prevista para a tarde daquele dia, a presidenta Dilma
Rousseff fez uma declaração desafiadora quando provocada durante uma
entrevista para a Rádio Jornal do Commercio, do Recife: “Em dado momento
vai ter de fato a mudança da política monetária expansionista dos
Estados Unidos, mas nunca antes estivemos tão preparados”.
E acrescentou, explicando logo em seguida: “O Brasil está preparado para enfrentar as turbulências porque tem reservas e tem sabido usá-las. A dívida líquida é de 35% em relação ao PIB, nossa inflação está sob controle, terminamos o 11º ano consecutivo sem ultrapassar os limites da meta. A taxa de desemprego é baixa e somos o quarto país que mais atrai investimentos estrangeiros diretos, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e de Hong Kong”.
No meio da tarde, logo após as 17 horas, horário de Brasília, quando terminou a última reunião do conselho do Fed, o presidente Ben Bernanke anunciou o primeiro movimento de redução no pacote de afrouxamento monetário que mensalmente tem injetado 85 bilhões de dólares na economia norte-americana. O estímulo será mantido, mas reduzindo-se as compras dos títulos para 75 bilhões de dólares ao mês.
Segundo a informação oficial, a tão esperada mudança na política monetária americana foi aprovada por 9 votos contra 1 no segundo dia de reunião do conselho. O resultado certamente foi influenciado pelas pesquisas a indicar uma leve recuperação da atividade econômica em outubro e novembro. Nos dois meses, os níveis de desemprego (não divulgados oficialmente) seguiram em queda, ficando abaixo de 7%.
Ainda assim, superiores aos níveis esperados pelo Federal Reserve, que informou pretender manter a taxa de juros próxima de zero. Esse alvo valerá enquanto a taxa de desemprego não cair para 6,5% e a taxa prevista para a inflação não ultrapassar o índice de 2,5% ao ano.
A expectativa é de essas mudanças serem iniciadas com cautela, até porque o banco central americano não deu qualquer indicação de que sabe como fazê-lo, ou que ritmo pretende usar. Quem acompanhou as decisões do Federal Reserve neste último ano lembra que elas produziram mais insegurança, transmitidas frequentemente por uma comunicação muito ruim: passou os últimos seis meses na tentativa de avisar que “a vovó vai subir no telhado”, ou “a vovó já subiu no telhado”, tendo provocado uma volatilidade muito grande e confusão nos mercados de câmbio.
Precisamos pensar medidas que nos permitam enfrentar os efeitos dessas mudanças que já estão acontecendo, mesmo sem os esclarecimentos do Federal Reserve. Existe uma ameaça sobre a nossa política fiscal, produzida não pela situação presente, mas pela perspectiva de continuar a ter um aumento muito grande de despesas e pela possibilidade de o superávit primário ser insuficiente para manter a relação dívida/PIB.
Não é o problema de hoje, mas a perspectiva colocada é que é ruim. Devemos, portanto, resolver isso com toda a urgência. Caso consigamos, daremos tranquilidade ao mercado e a confiança de que realmente faremos uma política fiscal compatível com a política monetária. Assim sendo, quando sentirmos os malefícios da redução desse laxismo monetário norte-americano, eles serão menores.
A boa perspectiva que vejo nesse momento é o governo ter entendido isso claramente, tanto que tem tomado as providências necessárias: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou, ainda nas vésperas do anúncio do Fed, que tem instruções da presidenta Dilma Rousseff para manter o superávit primário em torno dos 2% em 2014, sem nenhuma espécie de truque.
Há razões suficientes para acreditar nisso, porque o governo está ciente da delicadeza da situação com a mudança da política monetária nos EUA. Teremos seguramente um efeito sobre o câmbio e algum efeito mais leve sobre o movimento de capitais, mas nada capaz de nos prejudicar fortemente, como insistiu a presidenta na entrevista em Pernambuco.
E acrescentou, explicando logo em seguida: “O Brasil está preparado para enfrentar as turbulências porque tem reservas e tem sabido usá-las. A dívida líquida é de 35% em relação ao PIB, nossa inflação está sob controle, terminamos o 11º ano consecutivo sem ultrapassar os limites da meta. A taxa de desemprego é baixa e somos o quarto país que mais atrai investimentos estrangeiros diretos, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e de Hong Kong”.
No meio da tarde, logo após as 17 horas, horário de Brasília, quando terminou a última reunião do conselho do Fed, o presidente Ben Bernanke anunciou o primeiro movimento de redução no pacote de afrouxamento monetário que mensalmente tem injetado 85 bilhões de dólares na economia norte-americana. O estímulo será mantido, mas reduzindo-se as compras dos títulos para 75 bilhões de dólares ao mês.
Segundo a informação oficial, a tão esperada mudança na política monetária americana foi aprovada por 9 votos contra 1 no segundo dia de reunião do conselho. O resultado certamente foi influenciado pelas pesquisas a indicar uma leve recuperação da atividade econômica em outubro e novembro. Nos dois meses, os níveis de desemprego (não divulgados oficialmente) seguiram em queda, ficando abaixo de 7%.
Ainda assim, superiores aos níveis esperados pelo Federal Reserve, que informou pretender manter a taxa de juros próxima de zero. Esse alvo valerá enquanto a taxa de desemprego não cair para 6,5% e a taxa prevista para a inflação não ultrapassar o índice de 2,5% ao ano.
A expectativa é de essas mudanças serem iniciadas com cautela, até porque o banco central americano não deu qualquer indicação de que sabe como fazê-lo, ou que ritmo pretende usar. Quem acompanhou as decisões do Federal Reserve neste último ano lembra que elas produziram mais insegurança, transmitidas frequentemente por uma comunicação muito ruim: passou os últimos seis meses na tentativa de avisar que “a vovó vai subir no telhado”, ou “a vovó já subiu no telhado”, tendo provocado uma volatilidade muito grande e confusão nos mercados de câmbio.
Precisamos pensar medidas que nos permitam enfrentar os efeitos dessas mudanças que já estão acontecendo, mesmo sem os esclarecimentos do Federal Reserve. Existe uma ameaça sobre a nossa política fiscal, produzida não pela situação presente, mas pela perspectiva de continuar a ter um aumento muito grande de despesas e pela possibilidade de o superávit primário ser insuficiente para manter a relação dívida/PIB.
Não é o problema de hoje, mas a perspectiva colocada é que é ruim. Devemos, portanto, resolver isso com toda a urgência. Caso consigamos, daremos tranquilidade ao mercado e a confiança de que realmente faremos uma política fiscal compatível com a política monetária. Assim sendo, quando sentirmos os malefícios da redução desse laxismo monetário norte-americano, eles serão menores.
A boa perspectiva que vejo nesse momento é o governo ter entendido isso claramente, tanto que tem tomado as providências necessárias: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou, ainda nas vésperas do anúncio do Fed, que tem instruções da presidenta Dilma Rousseff para manter o superávit primário em torno dos 2% em 2014, sem nenhuma espécie de truque.
Há razões suficientes para acreditar nisso, porque o governo está ciente da delicadeza da situação com a mudança da política monetária nos EUA. Teremos seguramente um efeito sobre o câmbio e algum efeito mais leve sobre o movimento de capitais, mas nada capaz de nos prejudicar fortemente, como insistiu a presidenta na entrevista em Pernambuco.
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