sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Quem ganha com a ação dos Black Blocks?
João Carlos Gonçalves
A ação dos Black Blocks ou vândalos, como alguns os chamam, nas manifestações não ajuda os trabalhadores, nem a ação sindical, nem a democracia. Ao contrário, atrapalha.
Por exemplo: a manifestação das Centrais Sindicais na Jornada Mundial pelo Trabalho Decente e a grande mobilização social em apoio aos professores no Rio de Janeiro e em São Paulo, no dia 7 de outubro, acabaram ofuscadas pelo quebra-quebra por eles provocado.
Quem ganha com isso? Parece que a história se repete: quem não se lembra da infiltração de agentes disfarçados de agitadores, nas mobilizações dos marinheiros, no Rio de Janeiro, antes do golpe militar de 1964? O próprio líder do movimento, o cabo Anselmo, era agente policial!
Aqueles que causam depredações de patrimônios públicos e privados nas manifestações são, de um modo geral, manifestantes equivocados que se pretendem “anarquistas” mas assimilam de forma distorcida e rasa velhos métodos da “ação direta” do anarquismo, sobretudo no início do século 20.
Escondidos por trás da máscara desta visão distorcida do anarquismo estes manifestantes vândalos fazem o papel, quando não são, na verdade, meros e desprezíveis, agentes provocadores da direita.
Sejam eles equivocados ou provocadores com uma ação intencional, o efeito de suas ações é sempre o mesmo: deixar em segundo plano, através da depredação e a violência, as bandeiras e reivindicações legítimas do movimento social e justificar medidas oficiais para restringir o direito constitucional à livre manifestação.
Basta ver as manchetes dos jornais e noticiários que, devido à gravidade da ação dos Black Blocs, acabaram sendo totalmente tomadas por elas.
Os trabalhadores não aceitam isso! Não aceitamos a violência como forma de manifestação. Repudiamos a violência daqueles que, interessadamente ou não, criam os pretextos para os ataques da polícia contra suas manifestações de reivindicação, que são firmes, mas pacíficas.
Os trabalhadores querem mobilizar o povo e não afastá-lo com o fomento do medo e da violência.
Os trabalhadores não podem ser reféns daqueles que agem para desfigurar manifestações legítimas e democráticas.
João Carlos Gonçalves (Juruna) é secretário geral da Força Sindical. Artigo público no jornal Diário de S. Paulo em 16 de outubro de 2013
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