(HD) - Quem planta vento, colhe tempestade. A máxima popular - que alguns atribuem a antigo provérbio bíblico - se ajusta, como uma luva, ao continente europeu, sitiado, no Mediterrâneo, por milhares de refugiados da série de conflitos que se convencionou chamar de “Primavera Árabe”.
A intenção da UE e dos EUA, ao incentivar o “vamos para a
rua” nos países árabes, era destruir a coesão interna – se possível promovendo
sua divisão geográfica - de países que, historicamente, se opunham à dominação
ocidental naquela região do mundo.
No plano político, esse objetivo já foi quase alcançado. E na
economia, a situação beira a catástrofe. Nesta semana, o banco inglês HSBC,
publicou relatório afirmando que a Primavera Árabe vai custar a países como o
Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Jordânia, Líbano e Bahrein, entre 2011 e 2014,
800 bilhões de dólares, mais uma redução potencial em seu PIB da ordem de 35%.
No plano cultural e no religioso, abriram-se feridas que
talvez não cicatrizem nunca. Na última semana de setembro, realizou-se, em
Bkerke, no Líbano, a reunião do Conselho de Patriarcas Católicos do Oriente.
A reunião contou com a presença de Gregoire III Laham,
representante dos católicos gregos, de Luis Rafael Sako, patriarca caldeu, de
Ignacio Yusef Yunan, representante dos siríacos-católicos, de Narciso Pedros
XIX e de um grande número de bispos.
No final do encontro, em seu pronunciamento, o Patriarca
Maronita Monsenhor Bechara Rai, não mediu as palavras: “O Oriente Médio -
afirmou Rai, que vai se encontrar com o Papa Francisco em novembro – precisa,
nesse momento, dos ensinamentos de Cristo, do evangelho da paz, da verdade, da
fraternidade e da Justiça.”
“Construímos, nos últimos 2.000 anos, com nossos irmãos
muçulmanos, uma única civilização e uma identidade comum, que a política
internacional tem feito de tudo para destruir e sabotar. A Primavera Árabe transformou-se, em pouco mais de dois anos,
em um inferno de matança e destruição.”
Um inferno que estende suas conseqüências para todos os
aspectos da vida humana e obriga à quebra de padrões de identidade psicológica
e herança antropológica da população mais atingida.
Ainda ontem, na Síria – em uma decisão que lembra o massacre,
pela fome, dos habitantes do Ghetto de Varsóvia - um grupo de ulemás e líderes
religiosos, foi obrigado a emitir um edital islâmico autorizando os habitantes
muçulmanos dos subúrbios do sul de Damasco a abater e comer animais impuros.
Em certas versões do Corão é proibido comer animais que se
alimentem de impurezas, como os burros, ou outros, associados ao demônio, que –
como os cães e os gatos – possuam caninos.
Autorizamos isto – afirma o comunicado publicado na internet – como um apelo para chamar a atenção do mundo para a terrível situação que estamos vivendo, e tentar evitar que nossos fiéis, por obediência às leis de Alá, venham a morrer de fome.
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