(HD) - O Brasil recebeu, há dois dias, a visita do cavalheiro da foto, o Senhor Angel
Gurría, Secretário-Geral da OCDE, a Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico, que veio apresentar um “estudo” sobre o nosso país,
realizado a cada dois anos.
Há muito – desde, que pagou o que
devia ao FMI, pelo menos – o Brasil já deveria ter se recusado a receber esse tipo de
visita. Principalmente, quando se trata, como é o caso, de uma organização da
qual sequer toma parte.
O site da OCDE na internet diz que a missão da organização -
que abriga os países ditos “desenvolvidos” e alguns de seus alunos mais bem
comportados, como a Estônia, o México e o Chile – é “promover políticas de
melhora do bem-estar econômico e social em todo o mundo”.
A frase, em si mesma, soa contraditória. Primeiro, por que
não se sabe o que significa a expressão “bem-estar econômico". Uma economia
pode estar funcionando bem ou mal. Mas ela não pode sentir-se bem ou se
sentir-se mal. Um banqueiro pode sentir-se bem ou mal, mas o seu bem-estar nem
sempre – ou quase nunca, costumeiramente - estará ligado à segunda parte da
frase, ou ao “bem-estar” do cidadão comum.
A OCDE deixa bem
claro de que lado está, quando se analisa o “estudo”
que preparou sobre o Brasil. O Sr. Angel Gurria e sua delegação vieram
recomendar ao governo que diminua o papel dos
bancos públicos na economia, para estrangular a oferta de crédito e o
“bem-estar” econômico do país; que o Banco Central aumente, ainda mais
os juros da SELIC; que o governo dê incentivos aos bancos privados
(apenas um deles já lucrou 9 bilhões de reais neste
ano) para que possam investir mais em empréstimos de longo prazo; que se
corte
o crédito obrigatório para setores como agricultura e a habitação; pediu
maior responsabilidade
com a política fiscal, e rebaixou a projeção
de crescimento da OCDE para o Brasil, de 2.9%, para 2.5%, no ano que
vem.
“Façam o que eu
digo, mas não o que eu faço” – este deveria ser
o verdadeiro slogan da OCDE. Ao vir ao Brasil
– incensado pelos “analistas” do mercado, trazendo, debaixo do braço,
sua caixinha de recomendações, o Senhor Angel Gurria age como o roto
falando daquele
a quem, por inveja, ele pretende atribuir fama de esfarrapado.
Durante a coletiva de imprensa, e na apresentação do “estudo”
da OCDE, que critica como fraco o crescimento do Brasil de 2.5% em 2013, teria
sido interessante se algum dos jornalistas presentes tivesse perguntado ao Sr.
Angel Gurria qual é o crescimento previsto para seu país, o México – também orgulhoso
membro da OCDE – neste ano, que será de menos da metade do nosso, ou apenas
1.2%.
Também teria sido
igualmente importante, se alguém perguntasse porque a imensa maioria dos
países da OCDE apresentam indicadores macroeconômicos piores do que os
nossos.
E, finalmente, se é mera coincidência que os PIIGS – como são conhecidos Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os países mais endividados e mal administrados do mundo, do ponto de vista econômico, façam, todos, parte dessa organização, que conta com apenas 34 nações.
E, finalmente, se é mera coincidência que os PIIGS – como são conhecidos Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os países mais endividados e mal administrados do mundo, do ponto de vista econômico, façam, todos, parte dessa organização, que conta com apenas 34 nações.
Como vemos, seria
melhor que a OCDE se dedicasse a cuidar de suas próprias dificuldades,
em vez de querer meter-se a dar conselhos as outros.
Em um mundo que está em crise há 5 anos, o Brasil tem, naturalmente, seus problemas. Mas estamos dispensando lições de uma Europa quebrada e decadente, de um EUA, também membro da OCDE, que quase foi à bancarrota há uma semana - do qual somos o terceiro maior credor individual externo - e de seus ridículos prepostos no Terceiro Mundo.
Em um mundo que está em crise há 5 anos, o Brasil tem, naturalmente, seus problemas. Mas estamos dispensando lições de uma Europa quebrada e decadente, de um EUA, também membro da OCDE, que quase foi à bancarrota há uma semana - do qual somos o terceiro maior credor individual externo - e de seus ridículos prepostos no Terceiro Mundo.
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