João Donizete Scaboli
Como representante de Sindicato de trabalhadores pela Força
Sindical no conselho curador da Fundacentro, quero deixar
registrada a observação que fiz na última reunião da entidade, no
dia 26 de setembro de 2013.
Por ocasião da discussão dos temas, falei sobre a importância
da Fundacentro e de como o sucateamento do Ministério do Trabalho
vem causando apreensão a todos nós.
O que mais nos preocupa é sabermos que hoje, o MTE conta com
apenas 2.800 Auditores Fiscais do Trabalho para um universo de 13
milhões de empresas e de 95 milhões de trabalhadores e com um
reduzido número de técnicos na Fundacentro.
Faz-se necessário e com urgência, a realização de concurso
público para suprir a deficiência existente desses
profissionais.
Não dá mais para ficar de braços cruzados diante dos
acontecimentos diários de mortes, doenças decorrentes do trabalho
e de acidentes de trabalho. Por mais que os Sindicatos de
trabalhadores tentem fazer o seu papel, cabe ao Ministério do
Trabalho e Emprego também cumprir o seu, porque é a ele que cabe a
interdição dos ambientes de trabalho e isso os Sindicatos não
podem fazer.
Para isso, também tem que ser revisto o papel da Fundacentro
enquanto órgão de pesquisa. São necessários mais profissionais
devidamente aprovados em concurso público.
A redução do quadro de profissionais do MTE, tanto na
Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), como na Fundacentro, faz
com que sofram os trabalhadores e trabalhadoras. Consequentemente,
sofre o mundo do trabalho!
A falta de profissionais Auditores Fiscais, com especialidades
em Medicina do Trabalho e em Engenharia de Segurança do Trabalho,
repercute de maneira clara no aumento de adoecimentos decorrentes
das condições de trabalho, acidentes e mortes dos nossos
trabalhadores.
E a quem isso interessa? Não preciso falar a resposta.
Esses prejuízos, direta e indiretamente, afetam a sociedade
quando se faz uma correlação do pagamento de benefícios pagos pela
Previdência em virtude de ausência de ações fiscais que podem
prevenir esses casos.
O reduzido quadro de técnicos da Fundacentro é injustificável
num momento em que não podemos prescindir de estudos científicos
que possam melhorar as condições de trabalho e garantir patamares
mínimos de segurança e saúde para aqueles que labutam. O reduzido
quadro de Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho é uma
consequência de uma política que não privilegia a Saúde dos
trabalhadores e trabalhadoras do nosso País.
Vamos tomar outras providências no sentido de revertermos esse
quadro, por meio de ofícios encaminhados aos Ministérios do
Trabalho e Emprego, Ministério do Planejamento e Casa Civil. Se
não obtivermos o resultado esperado, pretendemos fazer uma
denúncia à Organização Internacional do Trabalho, a OIT. O que não
podemos aceitar é que o quadro atual do mundo do trabalho continue
assim, quando medidas coerentes podem reverter esse panorama.
Saúde do Trabalhador exige ação! Mais que isso: Saúde do
Trabalhador exige ação imediata!
É isso que queremos!
João Donizete Scaboli é diretor
do Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequimfar (Federação
dos químicos no Estado de São Paulo)
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