José Álvaro de Lima Cardoso (economista)
Nota 1
Nesta
altura dos acontecimentos até as pedras sabem que o interesse imperialista nas
matérias primas do Brasil (petróleo, minerais, água, biodiversidade da
Amazônia) foi um dos carros-chefe do golpe. No entanto, além do interesse
econômico imediato – nas matérias-primas e na eliminação de direitos e redução
de salários - o golpe tem decisivo componente geopolítico, com cada vez maiores
evidências do envolvimento direto das forças de inteligência norte-americanas
(CIA, FBI, NSA). Está cada vez melhor documentado, por exemplo, o envolvimento
da equipe da Lava Jato com estratégias montadas em instituições de inteligência
dos EUA. Ao contrário de 1964, quando a censura e a repressão impediam a
circulação de informações, neste golpe, apesar da democracia ter sido
restringida, está sendo possível denunciar suas entranhas enquanto ele se
desenrola.
Nota 2
Não foi por acaso que na preparação do golpe,
nos últimos anos, foi estimulado no povo brasileiro o complexo de vira-latas e
se depreciou de forma sistemática tudo que poderia significar orgulho pelo País
ou amor pela pátria. A campanha foi tão eficiente que idiotas saíram nas
manifestações pró impeachment vestidos com as cores ou enrolados na bandeira
dos EUA. Somente um processo sofisticado de manipulação da população poderia
possibilitar o apoio a uma operação entreguista como a Lava Jato, pensada para
quebrar a Petrobrás e o seu entorno, que gerou R$ 140 bilhões em prejuízo para
a economia, provocando a demissão de milhares de trabalhadores, liquidando com
dezenas de projetos na área de energia, indústria naval, infraestrutura e
defesa.
Nota 3
Recentemente,
membros do Ministério Público Federal vieram a público para colocar sob
suspeição o programa de construção de 36 caças estratégicos com a Suécia,
colocando em dúvida a lisura de um ex-presidente da República e dos militares
que participaram do negócio. O golpe e o entreguismo estão só no começo. No
apagar das luzes de 2016, o presidente golpista determinou à Comissão
Aeronáutica Brasileira na Europa (CABE) a contratação, com urgência, de
serviços de sensoriamento remoto por satélite. O custo de importação do
equipamento está estimado em cerca de R$ 300 milhões. Segundo informações da
imprensa, os membros da CABE estranharam a ordem, visto que este tipo de
serviço para as Forças Armadas, só pode ser realizado por empresas nacionais ou
constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País. Salvo
raras exceções.
Nota 4
A
ordem, que partiu da Casa Civil, tem graves implicações também no campo da
soberania e segurança nacional. Segundo informações, a divisão de licitações e
contratos da Aeronáutica classificou como ilegal a determinação, visto que esse
tipo de fornecimento tem que ser feito por empresas brasileiras, inscritas no
Ministério da Defesa. Os oficiais da Força Aérea, segundo os jornais, estão
intrigados com o pedido da Presidência da República, que está se metendo
diretamente nesse tipo de assunto, e atropelando regras que, dentre outras
coisas, exigem a presença de empresas nacionais no processo.
Nota 5
O que
pode explicar essa entrega voluntária da vigilância do território brasileiro a
empresas estrangeiras, senão entreguismo e subserviência? O que representa, do
ponto de vista da segurança e soberania, buscar apoios em outros países, se
empresas nacionais sabidamente têm condições de fornecer com excelência esse
tipo de serviço? É que este não é um golpe qualquer. A agressão imperialista
que o Brasil está sofrendo pode se comparar às guerras contra o Iraque e a
Líbia, as técnicas de desestabilização utilizadas são semelhantes.
04/01/2017.
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