Sensor
publica excelente artigo do 247, de Emir Sader.
Tanta
gente se pergunta, diante do silêncio cúmplice do STF diante do golpe, o que
passa pela cabeça dos juízes. O silencio diante de todo o processo que levou ao
golpe se prolonga e se complementar com o silencio posterior.
De
repente, interpelado, um dos juízes se manifesta. E o faz catastroficamente,
revelando como a posição do STF é indefensável.
Marco
Antonio Mello tem a petulância de descarregar a responsabilidade sobre as duas
casas do Congresso e dizer que eles ocuparam "uma cadeira de uma
envergadura maior". E' um escarnio com a democracia e com o povo
brasileiro. O Congresso apelou para o argumento do crime de responsabilidade
das chamadas pedaladas, argumento pelo menos altamente polemico
O que
deveria fazer o STF se cumprisse minimamente com suas obrigações de zelar pela
Constituição? Abrir a Constituição, analisar os argumentos do golpe à luz dela
e se pronunciar sobre se estava caracterizado ou não o crime de
responsabilidade. Elementar.
Mas o STF
nem sequer se pronunciou. Poderia até concordar com os argumentos –
dificilmente sustentáveis – dos adeptos do golpe. Mas nem isso fez. Se omitiu
diante da mais importante decisão tomada pelo Congresso brasileiro, destituindo
uma Presidente reeleita pelo voto popular, frente a ações que todos os outros
presidentes e os governadores usam normalmente e, para ficar ainda mais
insustentável a posição do STF, usa a rodo o governo saído do golpe.
Vergonhosamente,
o STF se omitiu. O seu presidente, presidindo o Senado nas sessões do golpe,
segundo noticia da FSP, não desmentida, fazia lobby pelo aumento de 41% para o
Judiciário, concedido para o hoje preso Eduardo Cunha, nos intervalos das
sessões. Vergonhoso!
Pior do
que isso. O STF assistiu passivamente a demora do PGR em dar andamento ao
processo contra Eduardo Cunha, tendo todos os dados para faze-lo, desde
dezembro de 2015, esperando até que ele prestasse o serviço sujo de dirigir o
processo do golpe contra a Presidenta da Republica.
Como
argumenta o juiz do STF diante do não pronunciamento deles? Da pior maneira
possível. Por que não se pronunciou? "Porque a sobrecarga é
inimaginável." Incrível. Se pronunciaram, entre outros temas relevantes,
sobre a venda de pipoca nos cinemas, tema que pelo visto consideram que tem
prioridade sobre o golpe. Caso de renuncia moral de um juiz do STF.
Melhor
tivesse ficado calado, envergonhado, dando continuidade ao silencio cumplice
com o golpe. Não poderia haver conivência mas escancarada com o golpe do que
aquele silencia, tão vergonhoso quanto aquele strip-tease da Câmara, na votação
daquele domingo.
O STF não
se mostrou à altura da defesa da democracia e da Constituição. O Brasil não
possui mais um Judiciário que defenda os cidadãos, o Estado de direito, a
democracia. Deveriam todos renunciar, abandonar seus salários de marajás e ser
julgados por um Estado de direito, quando a democracia for restaurada no
Brasil.
Enquanto
isso, o STF é cumplice também de ter impedido que o Lula, sem ser réu de nenhum
processo, não pudesse ser ministro do governo da Dilma, enquanto 14 ministros
do atual governo o fazem, diante do silencio cumplice do STF. E o ministro
afirma que não estão engajados em qualquer política governamental". Ele
considera que os brasileiros são beócios, ignorantes, incapazes de saber que
eles forma coniventes com o golpe e agora são coniventes com a perseguição
politica ao Lula. Atuam da mesma forma que o STF atuou em 1964, conivente com o
golpe militar que destruiu a democracia no Brasil, sob o os olhos cumplices do
STF. Um dia serão julgados por um Judiciário que defensa a Constituição, o
Estado de direito e a democracia no Brasil e pagarão por seus crimes.
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