Por Fernando Brito ·
Lê-se na Folha que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, vai falar amanhã a uma plateia de empresários que “Operação Lava Jato, que ele comanda e já mandou para a cadeia um punhado de executivos de grosso calibre, não é um ataque ao capitalismo.”
Eu procurei na Constituição e na Lei Orgânica do Ministério Público para ver se havia alguma atribuição semelhante na legislação ao que vai fazer o Dr. Janot e não encontrei nada ligeiramente assemelhado, ao contrário.
O Ministério Público não tem funções de representação econômica ou diplomática.
Nem, muito menos, com defender o “capitalismo” ou o “socialismo”, seja para empresários ou para sindicatos.
No máximo este papel caberia ao Ministro da fazenda, das Relações Exteriores ou da Justiça – o que, neste caso, nos leva a dar graças que não esteja sendo exercido.
O nome de quem toma a si uma representação que não é sua é, em português claro, o de usurpador.
Daqui a pouco, quem sabe, teremos o Dr. Sérgio Moro, em Davos, garantindo ao empresários um terreno seguro para investir, depois do “arrasa” feito nas empresas brasileiras pela corrupção que as la de fora praticam em igual gênero, número e grau.
Ou a Rolls Royce, que firmou acordo por suas propinas, é de Araraquara?
Mas o Dr. Janot, com passagens e estadia pagas pelo Erário, está lá na Suíça, desfilando a sua vaidade.
Oficialmente, as intervenções de Janot se inserem num “âmbito do que o Fórum batizou de Paci (sigla em inglês para Iniciativa de Parcerias contra a Corrupção)”.
Só que o Forum não é uma entidade diplomática, mas um evento privado, finaciado pelas mil empresas-membro da instituição.
Parece um destes encontros de juízes numa Comandatuba sobre os Alpes.
Cordilheira que, como se sabe, não é tão alta quanto as vaidades e sedes de poder do Judiciário e seus apensos, hoje, no Brasil.
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