*José
Álvaro de Lima Cardoso.
A
imprensa divulgou que Brasil e os Estados Unidos retomaram, em segredo,
negociações para um acordo sobre o uso de uma base militar brasileira no
Maranhão visando o lançamento de foguetes norte-americanos. Essas negociações,
que tinham sido encerradas em 2003, foram retomadas por Serra, ministro das
relações exteriores. A Base de Alcântara é considerada a mais bem localizada do
mundo, para o lançamento de foguetes, o que significa, dentre outras vantagens,
economia de combustível. O governo, através de Serra e do embaixador do Brasil
em Washington, Sérgio Amaral, já refizeram proposta de acordo para uso da base
militar. A proposta enterrada pelo governo Lula em 2003, previa uma série de
proibições ao Brasil, como relata a revista Carta Capital: lançar foguetes
próprios da base, assinar cooperação tecnológica espacial com outras nações, apoderar-se
de tecnologia norte-americana usada na base, direcionar para o desenvolvimento
de satélites nacionais dinheiro obtido com a base. Além disso, somente os
norte-americanos teriam acesso à base militar.
A
partir do encerramento do acordo com os EUA, em 2003, o governo começou a
articular um outro com a Ucrânia, país que dispõe de tecnologia nessa área.
Conforme o site Wikileaks revelou em 2009, os EUA não queriam o acordo do
Brasil com a Ucrânia, principalmente em função da transferência de tecnologia
de foguetes para o Brasil, item que estava sendo acertado. O acordo que estava
sendo costurado com a Ucrânia foi desfeito em 2015, com a assunção de um
governo aliado dos EUA naquele país, introduzido através de um golpe de Estado,
dado com a ajuda de mercenários e ativistas de extrema direita, nazistas, racistas
e antissemitas.
Poucas ações do governo golpista seriam tão previsíveis quanto essa da
Base de Alcântara. Os EUA não apoiaram o golpe no Brasil por simpatia por
Serra, mas pelo interesse em petróleo, água, recursos naturais em geral, pela biodiversidade
da Amazônia e por melhorias no posicionamento geopolítico. Vão tentar vender a
ideia de que esse acordo é vantajoso para o Brasil. Num país em que se
aceita que se abra o Aquífero Guarani para a voracidade das multinacionais de
bebidas, tudo é possível. Vem sendo estimulado há anos, no Brasil, até como
preparação do golpe, o velho complexo de vira-latas, que acomete uma parte da
população. Alguns até consideram o vira-latismo algo chique, uma qualidade a ser
propagada nas rodas e redes sociais. É fundamental nesse processo se depreciar
de forma sistemática tudo que possa significar orgulho pelo país ou amor pela
pátria. Somente um processo sofisticado de manipulação da população, com
recursos da chamada Guerra Híbrida, poderia possibilitar o apoio a uma operação
entreguista como a Lava Jato, e a aceitar como natural repassar ao Império do Norte,
petróleo, água, minerais e território para bases militares.
Outro dia foi noticiado que membros do Ministério
Público envolvidos com a Lava Jato estão explodindo de orgulho por estarem
trabalhando em conjunto com os policiais do Departamento de Justiça do Estados
Unidos, considerado muito eficientes. Ou seja, aquilo que poderia ser motivo de
vergonha nacional, que é nutrir de informações uma potência estrangeira, que fornecerão
elementos para prejudicar e processar a maior empresa nacional, motor da
economia brasileira, é motivo de orgulho e deslumbramento para esse pessoal. Mas
é que o exemplo vem de cima. Os
responsáveis pela operação Lava Jato permitem o acesso a órgãos do Estado
norte-americano, a informações sigilosas, que são utilizadas para atacar e
processar judicialmente a Petrobrás e outras empresas brasileiras. Com polpudos
salários pagos pelo povo brasileiro, atuam com órgãos dos Estados Unidos, sem
qualquer constrangimento contra empresas brasileiras. Atacando inclusive, a
indústria a Eletronuclear, com a prisão do seu mentor e líder maior.
Um golpe de Estado “moderno”, sem tanques na rua, como os aplicados no
Brasil, Paraguai e Honduras, necessariamente se baseia em mentiras,
mistificações e na eliminação de tudo que possa significar orgulho nacional ou
defesa da Pátria. Não basta a apropriação das riquezas nacionais, tem que fazer
o país se ajoelhar. Sabujos bem remunerados pelo dinheiro do povo, e protegidos
pela mídia, em todos os golpes exerceram um papel fundamental.
*Economista.
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