por Jeferson Miola no Jornal GGN
A imprensa internacional, à diferença da brasileira, assinalou com
realismo os passos da conspiração da oligarquia brasileira que redundou
no golpe de Estado jurídico-midiático-parlamentar perpetrado através do
impeachment fraudulento da Presidente Dilma.
Um analista português especializado em Brasil resumiu com notável
precisão o contexto da aprovação do impeachment inconstitucional pelos
deputados em 17 de abril de 2016: "uma assembléia geral de bandidos
comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha"!
A carnificina nos presídios do país – 142 presos mortos em 15 dias –
colocou o Brasil em evidência no mapa da estupidez humana. A mídia
internacional repercute enormemente esses eventos medievais, e alude que
a guerra de máfias nas prisões acontece em meio à depressão econômica, e
em meio à profunda degradação ética, moral e tremenda impopularidade do
Temer. Avalia-se que essa conjunção explosiva é fator potencial de
instabilidade política e social.
A barbárie nos presídios desnuda a falência absoluta do sistema de
execução penal, assim como do arcaico código de processo penal, que
castiga com privação de liberdade inclusive crimes famélicos e consumo
de drogas.
Esta barbárie evidencia, ainda, o retumbante fracasso de um Poder
Judiciário remunerado a peso de ouro, muito acima do teto
constitucional, e que goza mais de 60 dias de férias por ano, enquanto
metade da população carcerária brasileira, em prisão provisória,
apodrece em masmorras medievais sem julgamento e, menos ainda,
condenação judicial.
O episódio é um alerta da vulnerabilidade da sociedade às máfias
criminosas que comandam e organizam o crime organizado tanto de dentro,
como de fora dos presídios, dispondo de recursos bélicos e de
comunicação mais sofisticados que as Polícias.
O governo federal tem responsabilidade por este desfecho. Ignorou os
pedidos de socorro dos governadores no ano passado e agora, no momento
crítico dos acontecimentos, faz propostas equivocadas, aumentando o
risco de esparrame do caos para todo sistema penitenciário.
A matança nos presídios acontece no momento em que o governo é
avariado por mais um grave escândalo de corrupção: a revelação da máfia
criminosa de Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, outro comandante do
quartel-general do Temer na conspiração.
Desde o início do governo golpista em 12 de maio de 2016, quase uma
dezena de autoridades foi demitida por desvios éticos ou corrupção – um
recorde de praticamente duas demissões a cada mês. A outra parcela do
governo que ainda não foi defenestrada, a começar pelo próprio Temer e
demais sócios – o "primo" Eliseu Padilha e o "angorá" Moreira Franco – é
denunciada na Lava Jato e em outros crimes, e poderá ser processada.
Essa confluência de eventos transmite ao mundo a péssima idéia de que
o Brasil está dominado por máfias, foi entregue à bandidagem – na
política, na economia e nos presídios.
Já não adianta a promessa de redução de juros, de retomada do crédito
e dos estímulos econômicos; tampouco ajuda a projeção de crescimento de
3,4% do PIB mundial no ano e a oração fervorosa, porque a economia
destruída pelo PMDB, PSDB e aliados não sairá da depressão profunda
enquanto o governo ilegítimo estiver ocupando o Palácio do Planalto.
Somente um governo legitimado pelo sufrágio popular terá confiança e
condições de retirar o país desta catástrofe econômica, social e
humanitária. O Brasil precisa urgentemente de eleições diretas.
Os golpistas não estão destruindo somente a economia, os direitos
sociais, a Petrobrás, a engenharia nacional, os empregos e a soberania
do Brasil, mas estão legando ao mundo a imagem de um país dominado por
máfias. É preciso virar urgentemente esta página tenebrosa da história
do Brasil; é urgente eleição direta já!
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