Enviado pelo jornalista Sérgio Homrich
No início da tarde de
hoje, os mais de 150 trabalhadores retornaram ao trabalho, mantendo o estado de
greve
Os trabalhadores da LMG Roupas Ltda,
em sua maioria costureiras, paralisaram parcialmente as atividades na empresa do
setor do Vestuário, na manhã de hoje (22), em virtude dos baixos salários e,
especialmente, devido à prática contumaz de assédio moral praticado pelas
chefias e prepostos. O movimento começou dentro da própria empresa, contando com
o apoio e orientação do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário e sua
assessoria jurídica. No início da tarde, representantes da empresa receberam uma
comissão formada por cinco trabalhadores da LMG, mais o presidente do
STIVestuário, Gildo Antônio Alves e os assessores jurídicos, advogados Cláudio e
Cleverson Selhorst, onde ficou acordado o compromisso de mudar as relações de
trabalho dentro da empresa. Os mais de 150 trabalhadores decidiram, então,
retornar ao trabalho, mantendo o Estado de Greve, até que a situação se resolva.
"Os trabalhadores deram um voto de confiança à empresa", disse Gildo Alves, logo
após a assembleia realizada na frente do portão principal da LMG, às margens da
BR-280.
Pela manhã, a adesão dos
trabalhadores à paralisação foi tomando corpo. Cada trabalhador que aderia ao
movimento era aplaudido pelos demais companheiros. Antes do meio-dia já eram
mais de 150 trabalhadores parados defronte ao portão de acesso à empresa e todos
assinaram a lista de presenças, por solicitação do Sindicato. Os trabalhadores reclamam, entre outros
motivos, da "prática de baixos salários; do tratamento com rigor excessivo,
principalmente pelas chefias dos setores de costura, corte e manutenção; da
exigência de produção excessiva; restrição e controle de uso de sanitários;
prática de assédio moral; exigência de realização de horas extras, sob pena de
represália; aplicação de advertência e suspensão sem motivo específico; falta de
exaustão de ar no setor de costura; obrigação da aquisição por parte do
empregado de EPIs, como guarda-pó, calça e sapatão; exigência de entrega de
atestados médicos antes do primeiro dia de retorno ao trabalho; falta de
atendimento médico no ambulatório e não aceitação de atestados
médicos".
As reclamações contra o assédio
moral predominam. "Não valorizam a gente, quanto mais você faz, mais eles
querem", reclamou a costureira F.A.. "O salário é pago certo, temos convênio,
plano de saúde, mas o relacionamento humano é difícil, aqui a gente trabalha sob
ameaça constante", criticou a costureira A.P., 7 anos de trabalho na LMG.
"Humilham, fazem a pessoa se sentir um lixo", emenda a costureira M.C.F, quatro
anos de empresa. O presidente do STIVestuário advertiu que "o tratamento
desumano dentro da empresa tem que acabar" e adiantou que "O Sindicato estará ao
lado dos trabalhadores até que essa situação se resolva". Gildo Alves reclamou
ainda dos baixos salários pagos pela empresa e, regra geral, pela quase
totalidade das empresas do setor do vestuário de Jaraguá do Sul e Região, o que
tem provocado, inclusive, o aumento dos pedidos de demissão, na
categoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário