Eleições estão marcadas para 17 de
fevereiro. Enquanto Rafael Correa defende fortalecimento da Alba
(Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) e o 'Socialismo do
Bom Viver', os adversários, como o ex-baqueiro Guillermo Lasso e o
ex-presidente Lucio Gutiérrez, querem aproximação com os EUA e adesão à
Aliança do Pacífico. Duas enquetes indicam vitória de Correa, que teria
entre 49% e 63% dos votos.
Juan Manuel Karg*
Data: 08/02/2013
Há menos de duas semanas das eleições
presidenciais, Rafael Correa lidera as pesquisas de opinião com ampla
vantagem, com grandes possibilidades de ser reeleito no primeiro turno. O
que podemos esperar de um novo período do candidato da Aliança País?
Diversas pesquisas, reveladas nos últimos 30 dias, dão a Correa uma clara vantagem para o pleito de 17 de fevereiro, pondendo, inclusive, vencer no primeiro turno.
A empresa privada "Market", em uma enquete realizada em janeiro, dá ao candidato da Aliança País 49% de intenções de voto, seguido por 18% do ex-baqueiro Guillermo Lasso - Movimento Creo - e de 12% do ex-presidente Lucio Gutiérrez.
Mais distantes, estão Alberto Acosta e Álvaro Noboa, com 6% e 4%, respectivamente. Segundo a empresa "Perfis de Opinião", a brecha é ainda maior, com Correa com 63%. Lasso tem 9%, Gutiérrez, 4%, e Noboa, 2%.
Um tema como as relações internacionais pode servir para ilustrar as profundas diferenças entre os candidatos. Guillermo Lasso declarou recentemente à Efe que a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) é um "império do terceiro mundo", e também afirmou que, se vencer, promoverá a entrada do Equador na Aliança do Pacífico.
Depois, garantiu que, em matéria comercial, dará prioridade à assinatura de acordos com os EUA e a União Europeia. O ex-presidente Lucio Gutiérrez tem uma postura semelhante, e declarou ao canal Ecuavisa que a Alba é um "clube ideológico" e "engraçado". Além disso, chamou Correa de "marionete" de Hugo Chávez.
A proposta do Socialismo do Bom Viver
O programa de governo 2013-2017 de Correa apresenta as "35 propostas para o Socialismo do Bom Viver", cujo principal lema é "governar para aprofundar a mudança".
Dessa forma, desde a apresentação desse extenso documento (139 páginas), anuncia-se que "a Revolução Cidadã promete aprofundar e radicalizar o seu programa: um canto à justiça, à dignidade, à soberania, ao socialismo e à verdade".
Retoma, assim, o ideal independentista do Bolívar, Sucre, Manuela Sáenz e Eloy Alfaro Delgado (mencionado na introdução com seu "Nada para nós, tudo para a pátria, para o povo que se fez digno de ser livre").
Mas quais são os pincipais eixos propostos? Para começar, aprofundar a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e as maiorias populares, demonstrado na diminuição da desigualdade por renda, medida pelo coeficiente de Gini: enquanto em 2006 os 10% mais ricos obtinham 28 vezes a mais do que o 10% mais pobres, em 2011 a brecha diminuiu em 10 vezes.
Isto se une a uma segunda conquista da Revolução Cidadã, também apresentada no documento: "o resgate do público e a reconstrução de um Estado que tinha sido desmantelado por um neoliberalismo selvagem e a indiferença da burguesia".
No entanto, a proposta da Aliança País vai além. E aqui, sem dúvida, podemos mencionar como antecedentes a ideia do "Socialismo do Século 21" na Venezuela, e o "Socialismo Comunitário do Bom Viver", promovido pelo governo do MAS na Bolívia.
Vejamos: no capítulo "Princípios e orientações para o socialismo do Bom Viver", o programa de governo de Correa propõe "uma transição para uma sociedade na qual a vida não esteja a serviço do capital ou de qualquer outra forma de dominação. Afirmamos, de modo radical, que a supremacia do trabalho humano sobre o capital é inegociável e que a defenderemos em todos os espaços da vida social onde possa ser vulnerada".
Isto, somado aos esforços por mudar a matriz produtiva; a busca constante da democratização dos meios de produção; o horizonte da soberania energética; as tarefas cotidianas para promover uma verdadeira "economia social"; o chamado a uma revolução do conhecimento; e a construção do poder popular -a partir das bases - como eixos da proposta do "Socialismo do Bom Viver" apresentam uma perspectiva que objetivamente é antagônica ao ideal de Lasso e Gutiérrez.
Definitivamente, no dia 17 de fevereiro acontecerá uma batalha no Equador. Dois projetos de país e de continente vão se enfrentar: um de horizonte emancipador - representado na Alba, experiência chave para entender a mudança política, econômica e social equatoriana, contra uma hipotética nova submissão aos capitais norte-americanos e europeus; e outro representado pela adesão à Aliança do Pacífico (como vimos nas declarações de Lasso e Gutiérrez).
Um novo triunfo de Correa, com um programa como o apresentado, seria outro claro golpe à política dos EUA em nosso continente, após a rotunda vitória da Revolução Bolivariana em outubro do ano passado.
*Publicado no jornal argentino Marcha. Tradução e divulgação: Telesur
Diversas pesquisas, reveladas nos últimos 30 dias, dão a Correa uma clara vantagem para o pleito de 17 de fevereiro, pondendo, inclusive, vencer no primeiro turno.
A empresa privada "Market", em uma enquete realizada em janeiro, dá ao candidato da Aliança País 49% de intenções de voto, seguido por 18% do ex-baqueiro Guillermo Lasso - Movimento Creo - e de 12% do ex-presidente Lucio Gutiérrez.
Mais distantes, estão Alberto Acosta e Álvaro Noboa, com 6% e 4%, respectivamente. Segundo a empresa "Perfis de Opinião", a brecha é ainda maior, com Correa com 63%. Lasso tem 9%, Gutiérrez, 4%, e Noboa, 2%.
Um tema como as relações internacionais pode servir para ilustrar as profundas diferenças entre os candidatos. Guillermo Lasso declarou recentemente à Efe que a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) é um "império do terceiro mundo", e também afirmou que, se vencer, promoverá a entrada do Equador na Aliança do Pacífico.
Depois, garantiu que, em matéria comercial, dará prioridade à assinatura de acordos com os EUA e a União Europeia. O ex-presidente Lucio Gutiérrez tem uma postura semelhante, e declarou ao canal Ecuavisa que a Alba é um "clube ideológico" e "engraçado". Além disso, chamou Correa de "marionete" de Hugo Chávez.
A proposta do Socialismo do Bom Viver
O programa de governo 2013-2017 de Correa apresenta as "35 propostas para o Socialismo do Bom Viver", cujo principal lema é "governar para aprofundar a mudança".
Dessa forma, desde a apresentação desse extenso documento (139 páginas), anuncia-se que "a Revolução Cidadã promete aprofundar e radicalizar o seu programa: um canto à justiça, à dignidade, à soberania, ao socialismo e à verdade".
Retoma, assim, o ideal independentista do Bolívar, Sucre, Manuela Sáenz e Eloy Alfaro Delgado (mencionado na introdução com seu "Nada para nós, tudo para a pátria, para o povo que se fez digno de ser livre").
Mas quais são os pincipais eixos propostos? Para começar, aprofundar a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e as maiorias populares, demonstrado na diminuição da desigualdade por renda, medida pelo coeficiente de Gini: enquanto em 2006 os 10% mais ricos obtinham 28 vezes a mais do que o 10% mais pobres, em 2011 a brecha diminuiu em 10 vezes.
Isto se une a uma segunda conquista da Revolução Cidadã, também apresentada no documento: "o resgate do público e a reconstrução de um Estado que tinha sido desmantelado por um neoliberalismo selvagem e a indiferença da burguesia".
No entanto, a proposta da Aliança País vai além. E aqui, sem dúvida, podemos mencionar como antecedentes a ideia do "Socialismo do Século 21" na Venezuela, e o "Socialismo Comunitário do Bom Viver", promovido pelo governo do MAS na Bolívia.
Vejamos: no capítulo "Princípios e orientações para o socialismo do Bom Viver", o programa de governo de Correa propõe "uma transição para uma sociedade na qual a vida não esteja a serviço do capital ou de qualquer outra forma de dominação. Afirmamos, de modo radical, que a supremacia do trabalho humano sobre o capital é inegociável e que a defenderemos em todos os espaços da vida social onde possa ser vulnerada".
Isto, somado aos esforços por mudar a matriz produtiva; a busca constante da democratização dos meios de produção; o horizonte da soberania energética; as tarefas cotidianas para promover uma verdadeira "economia social"; o chamado a uma revolução do conhecimento; e a construção do poder popular -a partir das bases - como eixos da proposta do "Socialismo do Bom Viver" apresentam uma perspectiva que objetivamente é antagônica ao ideal de Lasso e Gutiérrez.
Definitivamente, no dia 17 de fevereiro acontecerá uma batalha no Equador. Dois projetos de país e de continente vão se enfrentar: um de horizonte emancipador - representado na Alba, experiência chave para entender a mudança política, econômica e social equatoriana, contra uma hipotética nova submissão aos capitais norte-americanos e europeus; e outro representado pela adesão à Aliança do Pacífico (como vimos nas declarações de Lasso e Gutiérrez).
Um novo triunfo de Correa, com um programa como o apresentado, seria outro claro golpe à política dos EUA em nosso continente, após a rotunda vitória da Revolução Bolivariana em outubro do ano passado.
*Publicado no jornal argentino Marcha. Tradução e divulgação: Telesur
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