Dados da Cruz Vermelha apontam aumento sem precedentes no número de europeus que buscam alimentos e abrigos contra o frio
31 de janeiro de 2013 | 2h 08
Jamil Chade, correspondente
GENEBRA - Cinco anos após a pior crise econômica na Europa em 70 anos, a região tem uma explosão de "novos pobres", com o aumento sem precedentes no último meio século no número de pessoas obrigadas a buscar ajuda, alimentos e até abrigo contra o inverno em organizações de caridade. Na Cruz Vermelha, dinheiro que antes era coletado na Europa para enviar a países pobres hoje tem sido usado para alimentar europeusVeja :
Dados divulgados
ontem em Genebra revelam a dimensão social da crise. Na
Espanha, 1,6 milhão de pessoas tiveram de ser atendidas em
2012 pela entidade. Na Grécia, 300 mil pessoas dependem da
instituição de caridade para se alimentar.
Em todo o
continente, já são 26 milhões de desempregados, um recorde. Em
alguns países, o Estado de bem-estar social está sendo
revisto, enquanto gastos do governo com saúde e educação foram
cortados de forma radical. Mas o que mais preocupa é o fato de
que milhares de pessoas hoje dependem da ajuda de ONGs para
poder ser alimentar.
Desespero "A pobreza é algo
novo para muitos na Europa. Por décadas, a percepção é de que
apenas estávamos caminhando em um rumo do desenvolvimento",
disse Aitta Underlin, diretora da Cruz Vermelha para a Europa.
"Ninguém pensava que a crise duraria tanto. O que vemos na
Europa é a emergência de novos pobres, pessoas que nunca
pediram ajuda."
Segundo a
entidade, o que surpreende é que a crise não se limita aos
países do sul da Europa que, nos últimos anos, apresentaram
uma contração de suas economias. Na França, a Cruz Vermelha
constatou um aumento de 14% no número de pessoas solicitando
ajuda em 2012.
Entre 2009 e
2012, a entidade na Lituânia foi obrigada a triplicar a ajuda
alimentar que presta no país. Em 2009, 30 mil pessoas eram
alimentadas pela Cruz Vermelha. Ao final do ano passado, o
volume era de 100 mil. Mesmo na rica Dinamarca, o número de
pessoas que foram atendidas durante o período de Natal
aumentou em 100% entre 2009 e 2012. "No rosto das pessoas,
está um desespero silencioso", constatou Aitta.
Ela destacou
ainda como a Cruz Vermelha da Espanha passou por uma revolução
nos últimos meses. "Por mais de duas décadas, a Cruz Vermelha
da Espanha coletava dinheiro para ajudar justamente os mais
pobres na África. Em 2012, pela primeira vez, ela usou o
dinheiro para atender espanhóis que descobriram a pobreza",
explicou.
Cortes De fato, a busca por
dinheiro para ajudar essa população tem sido um obstáculo a
mais. Georg Habsburg, presidente da Cruz Vermelha da Hungria,
revelou que o governo de Budapeste cortou em 60% seu
financiamento à entidade. "Governos estão cortando as ajudas,
justamente no momento que vemos um aumento sem precedentes em
meio século no número de pessoas pedindo alimentos e roupa."
"Tenho recebido
cartas que são para chorar. Famílias inteiras nos escrevendo
para dizer que, se usarem os últimos centavos que têm para
aquecer a casa, não terão para comprar comida", completou
Habsburg.
fonte <
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ajuda-a-novos-pobres-cresce-na-europa-,991163,0.htm
>
Nenhum comentário:
Postar um comentário