20/02/2013
(HD) - Duas
notícias ocuparam os meios de comunicação ontem, e nessa ordem: a visita ao
Brasil da dissidente cubana Yoani Sanchez, e o lançamento, pela presidente da
República, do Programa Brasil sem Miséria.
Comecemos pela que ocupa maior espaço, e
com uma dúvida não só do colunista: quem está pagando pelo tour internacional
da bloguista de Havana, que se diz perseguida em seu país? Não é,
evidentemente, o governo cubano, atacado, todos os dias, pela dissidente. É
estranha a situação da nova musa revolucionária do Caribe. Ela passou dois anos
na Suíça, quando – segundo se sabe – só as pessoas de estrita confiança do
governo cubano podiam deixar o país.
Seria bom que ela revelasse como obteve o passaporte
então. Como sabemos, Cuba é sempre um mistério. E no mistério cubano, é curiosa
a situação dessa senhora que está zanzando pelo mundo, começando pelo Brasil,
para denunciar o regime socialista em declínio na pátria de Maximo Gomez e José
Marti.
Enfim, dentro de alguns dias, a
senhora Sanchez seguirá para a Espanha onde, naturalmente, receberá as devidas
homenagens do ínclito Rajoy e do sábio e magnânimo monarca, Juan Carlos, de
seus filhos e do genro metido em falcatruas.
Cuba não é o melhor nem o pior país do mundo –
mas seus líderes tiveram a coragem de enfrentar o poderoso vizinho e opressor
histórico, com o apoio da maioria de seu povo. E coragem maior ainda de tentar
criar uma sociedade sem ricos e sem pobres. Não conseguiram, e buscam
reorganizar o país e o estado, depois do malogro. Seu projeto frustrou-se, mas
os seus sacrifícios e o seu sonho devem ser respeitados.
A outra notícia é mais importante.
Estamos, no Brasil, buscando construir
sociedade igualitária, mediante os processos políticos e administrativos
de uma república democrática. É ação coerente com o velho programa da
social-democracia européia, de busca da igualdade sem prejuízo da liberdade,
mediante a luta política; da revolução sem armas e sem a ditadura partidária
sobre o Estado. Não inovamos em
nada. O programa de inclusão social mediante subsídios do
Estado aos mais pobres tem, entre outros precedentes, o do New Deal, de
Roosevelt, que salvou a economia norte-americana durante a Grande Depressão e,
em conseqüência, ajudou o mundo, no esforço de guerra, a livrar-se da peste do
nazismo.
Não devemos hostilizar a blogueira
cubana. Ela tem o direito – e, como vemos, facilitado pelo governo de Havana – de
exibir sua popularidade e gozar do aplauso dos setores da direita brasileira
que, pelo que se informa, ajudam a subsidiar sua vida confortável em Cuba e no
estrangeiro.
É melhor tratar de nossos próprios
problemas, que não são poucos, e enfrentar, com prudência e sem arroubos, as
dificuldades econômicas previstas para o tempo próximo.
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