*José Álvaro de Lima Cardoso
O emprego industrial
tem puxado a desaceleração da expansão do emprego na economia brasileira, fechando
o ano de 2012 (possivelmente, já que os dados disponíveis vão até novembro) com
resultados negativos na maior parte dos estados e dos setores produtivos. Com
exceção de 2009, ano de reflexos da crise mundial deflagrada em 2007, o
resultado de 2012 será o pior da série histórica do emprego industrial
calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde
2002.
No acumulado dos
onze primeiros meses do ano, com relação a igual período de 2011, o número de
ocupados na indústria caiu 1,4%, envolvendo doze dos catorze locais pesquisados
pelo IBGE. A maior queda ocorreu em São
Paulo (–2,8%). Outros impactos negativos fortes foram verificados na região
Nordeste (–2,6%), no Rio Grande do Sul (–1,7%), em Santa Catarina (–1,2%), no
Ceará (–2,6%) e na Bahia (–2,6%). Apenas quatro setores tiveram aumento do
número de ocupados: alimentos e bebidas (3,9%), indústrias extrativas (3,9%),
máquinas e equipamentos (1,2%) e produtos químicos (1,0%).
Segundo o DIEESE, a
taxa de desemprego total manteve-se relativamente estável em 2012. Em 2011, a
taxa havia sido de 10,4% da PEA e, em 2012, passou a ser de 10,5%. Em 2012, o rendimento
médio real dos ocupados aumentou 2,6% – em termos monetários passou a valer R$
1.543. A massa de rendimentos real dos ocupados cresceu 4,6% em 2012, resultado
do aumento do nível de ocupação e do rendimento médio real.
Para efeito de
comparação com os vizinhos latino-americanos, se tomarmos a taxa de desemprego
calculada pelo IBGE (que tem metodologia mais próxima aos demais países da região),
a média do desemprego do ano passado (5,5%) coloca o Brasil
entre os melhores desempenhos da região, apesar do pífio crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB), estimado em 1%. Segundo dados da Comissão Econômica para a
América Latina (CEPAL), a média do desemprego no continente foi de 6,4% em
2012. Países que sabidamente cresceram mais que o Brasil no ano passado, apresentaram
taxas de desemprego superiores às verificadas no Brasil, como México (5,8%),
Peru (7%) e Chile (6,4%). Se compararmos a taxa brasileira com países europeus
e EUA, a situação do Brasil é ainda mais favorável. Nos Estados Unidos, o
desemprego atingiu 7,8% em dezembro, na Espanha 26,6% (novembro), França
(10,5%) e Alemanha (5,4%). Obviamente existem diferenças metodológicas
importantes entre os países no cálculo do desemprego. Mas como, mesmo com tais
diferenças, o Brasil já apresentou taxas superiores à praticamente todos os
países mencionados, vale a comparação.
Em boa parte a desaceleração da
expansão do emprego está relacionada com o crescimento muito baixo do Produto
Interno Bruto (PIB) nos últimos dois anos (inferior a 2%). Mas, especialmente
em 2012, a armadilha de altas taxas de juros e baixa taxa de câmbio (razão pela
qual a economia não deslancha) vem sendo desmontada, pelo menos em parte. A
tendência neste ano é aumentar a taxa de investimentos, crescendo o PIB e o
emprego. Apesar das dificuldades da economia mundial (o que não garante vida
fácil para nenhum país) as perspectivas para o Brasil são muito boas,
especialmente se apostar na expansão do seu maior ativo, o mercado consumidor
interno.
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
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