sábado, 23 de fevereiro de 2013

Brasil tem déficit em conta corrente recorde em janeiro


Por Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves | Valor

 As transações correntes com o exterior geraram para o Brasil déficit recorde de US$ 11,371 bilhões no mês passado. Resultado da diferença entre despesas e receitas internacionais com comércio, serviços, transferências de renda e transferências unilaterais, o número foi bem pior que o de igual mês do ano passado (déficit de US$ 7,050 bilhões). Os números foram divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC).
A balança comercial contribuiu expressivamente para que o Brasil registrasse um déficit recorde. Sozinha, a conta de comércio gerou saldo negativo de US$ 4,036 bilhões no mês, com as importações alcançando US$ 20,003 bilhões e as importações foram de US$ 15,967 bilhões.
Além da balança comercial, o chefe do departamento econômico da BC, Tulio Maciel, citou o volume maior de remessas de lucros e dividendos para explicar o déficit recorde em conta corrente. O Brasil remeteu liquidamente ao exterior em janeiro US$ 2,068 bilhões a título de lucros e dividendos. O valor é mais que o dobro do registrado em igual mês do ano passado (US$ 981 milhões), embora bem inferior aos US$ 4,383 bilhões vistos em dezembro.
Na conta de serviços, o economista do BC ressaltou que mais uma vez os brasileiros continuam batendo recorde de gastos no exterior. Os gastos internacionais do país com serviços, já descontadas receitas correspondentes, atingiram US$ 3,680 bilhões, dos quais US$ 1,598 bilhão relativos a despesas líquidas com viagens ao exterior. Em termos brutos, isto é, sem abater os recursos que viajantes estrangeiros deixaram no território nacional, tais despesas somaram US$ 2,293 bilhões.
“A despeito do câmbio, o brasileiro continuou viajando”, afirmou Macial. Para ele, os fatores que explicam esses gastos são o aumento da renda nos últimos anos e os preços “atrativos” em termos de serviços dos países que estão fragilizados pela crise internacional.
Maciel também destacou que o item aluguel de equipamentos está influenciando o déficit na conta de serviços, que se mantém constante, segundo ele em torno de US$ 3,6 bilhões. No mês passado, o déficit em aluguel de equipamentos foi de US$ 1,565 bilhão. “Esse serviço está associado aos investimentos na área de petróleo, que precisa arrendar máquinas e equipamentos”, afirmou.
Déficit recorde
No acumulado de 12 meses, o déficit encerrou janeiro em US$ 58,568 bilhões, o equivalente 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC para o mesmo período.
O resultado da chamada conta corrente do balanço de pagamentos externos do país no primeiro mês deste ano também ficou mais deficitário na comparação com dezembro de 2012, quando os gastos superaram as receitas em US$ 8,413 bilhões (recorde até então).
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A autoridade monetária projetava para janeiro déficit corrente de US$ 8,3 bilhões, mais baixo, portanto, que o efetivamente apurado.
Para o ano inteiro de 2013, o BC projeta saldo negativo de US$ 65 bilhões (2,72% do PIB).
Balanço de pagamentos
Apesar do déficit recorde do país em suas transações com o exterior, o ingresso líquido de capitais financiou com alguma sobra essa conta em janeiro. Dessa forma, o balanço de pagamentos externos do país foi superavitário em US$ 1,376 bilhão no mês.
O resultado representa uma retomada dos fluxos líquidos de empréstimos, financiamentos e investimentos internacionais em direção ao Brasil.
O BC espera que o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) em fevereiro seja de US$ 3,5 bilhões, segundo Tulio Maciel. Até o dia 20, a entrada líquida já é de US$ 2,2 bilhões.
Em janeiro, esses ingressos foram de US$ 3,703 bilhões, montante inferior à projeção da autoridade monetária de US$ 4,5 bilhões. Maciel disse que é comum no primeiro trimestre um certo arrefecimento desses fluxos, mas ressaltou que eles continuam “muito expressivos”.

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