É uníssono o diagnóstico de que a inflação do mês de janeiro é causada, em grande medida, pela alta de alimentos. É unânime o diagnóstico de que se tratam de preços cujas altas não tendem a se repetir no tempo e que suas causas estão atreladas tanto ao clima quanto à variação do preço de commodities no mercado internacional.
Como se sabe, o interesse político das classes dominantes anda sempre junto com grandes interesses econômicos, sendo que grande parte desses interesses estão sendo seriamente afetados com a atual política de juros praticada pelo governo Dilma Rousseff. A base material desta gente com grande influência sobre a mídia, e que tende a apoiar incondicionalmente o candidato da oposição à presidência, reside justamente na taxa de juros e sobre seu poder de multiplicar riqueza sem a necessidade de se produzir nada.
Voltemos à raia miúda da análise com uma pergunta de fácil resposta: alguém de fato pode acreditar que a alta do preço do tomate pode ser enfrentada com elevação da taxa de juros? Será que o povo, que é quem tem interesse direto nesta questão, saca empréstimos no banco com o objetivo de comprar arroz, feijão, tomate, cebola etc? A resposta a esta questão elucida, de forma clara e direta, a campanha voraz da imprensa contra o “fantasma da inflação”. O que está em jogo é a base material que dá sustentação, política e econômica, para os maiores beneficiados pelo acordo tácito criado e engendrado pelo Plano Real. Ou seja, os beneficiados pela troca da inflação pela dívida pública.
O governo enfrenta esta campanha jogando peso na queda da inflação partindo da quebra do oligopólio do setor energético, reduzindo tarifas. Ótimo. Porém, o combate à inflação não pode ser justificativa para a intervenção do Banco Central no mercado de câmbio fazendo o dólar despencar, em questão de duas semanas, da casa dos R$ 2,10 para R$ 1,98. Isso num momento em que o próprio governo apela para a capacidade de investimento e endividamento do setor privado para tocar adiante grandes projetos capazes de fazer nosso país crescer de forma mais alta e linear. É contraditório, para não dizer que se trata de uma ação inaceitável.
É momento, também, para se pensar estrategicamente numa forma de se planificar e colocar à disposição do país um sistema de estoques e abastecimento capazes de preparar o Brasil para determinadas oscilações de oferta tanto no mercado interno, quanto no mercado externo.
A pressão da oposição é grande. E deve ser suficiente para que tenhamos capacidade e tenacidade de antever problemas, pensando em formas de enfrentá-los. Temos que estimular nossa antevisão, inclusive para deixarmos os inimigos de nosso país em dificuldades, sem ação.
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