por Sergio da Motta e Albuquerque
A lista anual de multimilionários da revista Forbes é uma
referência mundial de abastança. Ou riqueza, melhor dizendo. A relação
dos brasileiros, publicada pela revista no final do ano passado mostra
alguns casos interessantes, do 5º ao 9º lugar. Neles estão alguns
magnatas locais ligados às comunicações e ao cinema. Notem que a lista
pula do 6º para o 9º lugar. Abílio Diniz [7º lugar] e Jorge Moll Filho
[8º] ficaram de fora da relação publicada no “Povo online”, mas constam
na lista da Forbes americana.
Os dois não trabalham, ou estão ligados a nenhum tipo de negócio
envolvendo a propriedade de meios de comunicação, ou a entretenimento e
mídia. Ressalva feita, passemos à relação dos multimilionários do Brasil
(Povo online, 31/12/2016):
Há três anos, o “Valor Econômico” (13/3) informou que os herdeiros acabaram como uma das famílias mais ricas do Brasil graças à um investimento que seu pai fez em 1965 na exploração em um mineral desconhecido chamado “nióbio”. Que tem a virtude de tornar o aço ainda mais forte e maleável, entre muitas outras. Nesse ano, Walther Moreira Salles, o pai, depois de atender a convite para exploração comercial do metal junto com o Almirante norte -americano Arthur Radford, (então presidente do conselho da mineradora ianque Molycorp), tomou o controle de partes da empresa e passou a produzir a maior parte do minério consumido no mundo. A Molycorp faliu um 2016 e ainda tenta sobreviver com dificuldade depois que a canadense “Neo Performance Materials” passou a controlá-la.
Foi diferente com a exploração do nióbio no Brasil. Com os anos de 1970, a empresa de Salles cresceu. O mineral é essencial nas indústrias de aviação, aço, informática, armamento convencional e nuclear e indústria naval. Além disso, o subproduto de sua extração gera as “terras raras”, magnéticas e necessárias na produção de lâmpadas LED e chips de computador e outros componentes resistentes ao calor. Seu pó pode ser usado para fabricar capacitores e componentes eletrônicos que trabalham em temperaturas muito altas. O nobre metal também é resistente à corrosão. Com a guerra do Vietnã, seu preço disparou com as demandas do conflito, adicionada às duas “corridas” da Guerra Fria: a armamentista e espacial. Os Salles criaram o monopólio do Nióbio, e agora a fortuna da família não vem apenas de bancos e fusões, mas em grande parte da exploração do metal pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) , a companhia controlada pela família Moreira Salles.
Em 2013, o Valor Econômico (13/3) informou que a companhia de nióbio dos Salles era mais valiosa que a parte deles de 7,1 biliões de dólares no Itaú-Unibanco. Os irmãos, através do grupo E. Johnston (partilhado entre eles) controlam 33,5% “do Itaú Banco Participações, o que os faz controlar 51% das ações de voto do Itaú”, aditou o periódico. O irmãos Moreira Salles são uma das famílias mais ricas do Brasil. Graças ao patriarca da família, que sempre se valeu de suas relações com o estado Brasileiro em seus negócios, antes e depois do golpe de 1964.
A revista apontou outras contradições importantes. A EMBRAER “poderia participar da cadeia produtiva” do mineral e ampliá-la, acrescentou o geólogo e ex-secretário de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Estado do Amazonas Daniel Nava - hoje no Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. Afinal, não se pode fabricar uma boa turbina de avião, ou as saídas de exaustão dos motores a jato sem o mineral. Elas são feitas com o nióbio, assim como as dos misseis. O alumínio de aviação, leve e ultra-forte, também leva o mineral em sua composição. O geólogo explicou à revista que o PT perdeu uma grande oportunidade com a mineração do metal nobre e suas aplicações na indústria de alta-tecnologia.
O Brasil, com sua imensas reservas, não é ameaça à China. Continuamos submetidos pelos desígnios de Pequim e pela ambição dos nossos empresários. Que não possuem visão estratégica associada ao desenvolvimento da tecnologia nacional e à elevação do pais a condição de produtor de bens de alto valor agregado. O Marco Regulatório da Mineração ainda não chegou. E não vai chegar agora, no governo Temer e seu arrocho prometido de 20 anos. Não vai haver investimento público para a expansão da nossa indústria de base tecnológica. Continuaremos a importar minérios que deveríamos exportar, explicou Daniel Nava à revista “Brasileiros”. Nada de indústrias de tecnologia por aqui. Se educação e saúde estão com os orçamentos minguados, que esperança resta para projetos de desenvolvimento tecnológico no Brasil?
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