Assinado acordo que reajusta o
Piso Salarial Estadual em
9,3%
O Piso Salarial Estadual terá reajustes entre 9,29% e 9,38%, conforme
acordo assinado hoje à tarde, na Fiesc, por representantes patronais e das
Centrais Sindicais e Federações de Trabalhadores de Santa Catarina. O documento
será entregue nesta quarta-feira (16) ao governador Raimundo Colombo, a quem
cabe enviar o projeto com o reajuste para aprovação da Assembleia Legislativa. O
resultado da negociação contempla aumento real de 3,10% sobre a inflação dos
últimos 12 meses (de 6,20%) e é um pouco superior ao valor repassado ao Salário
Mínimo Nacional, de 9%, e que subiu para R$ 678,00 a partir de 1º de janeiro. A
primeira faixa do Piso Salarial Estadual de Santa Catarina passou dos atuais R$
700,00 para R$ 765,00 com reajuste de 9,29%; a segunda recebeu reajuste de 9,38%
e passou de R$ 725,00 para R$ 793,00; a terceira faixa saltou de R$ 764,00 para
R$ 835,00, com reajuste de 9,29%; por último, a quarta faixa salarial passou de
R$ 800,00 para R$ 875,00, com reajuste de 9,38%.
"Foi uma negociação bastante razoável, não exatamente o que a gente
estava insistindo mas, dentro da realidade nacional, está de bom tamanho",
avalia o diretor técnico do Dieese, economista José Álvaro Cardoso. Ele destaca
que em SC os pisos têm grande repercussão sobre a escala salarial,
diferentemente do que acontece nos demais estados onde existe o piso, "porque
aqui a lei pegou, ou seja, as categorias não aceitam, em regra, negociar valores
abaixo do piso. Do ponto de vista dos trabalhadores, embora não sendo o índice
ideal, está acima da inflação e terá efeito multiplicador sobre os demais
salários, o que é extremamente importante para a renda dos trabalhadores
catarinenses", resume José Álvaro. O Dieese estima que aproximadamente um milhão
de trabalhadores catarinenses sejam beneficiados com o reajuste do Piso
Estadual: "Em SC temos 6,5 milhões de habitantes e quatro milhões de
trabalhadores, o que é um percentual significativo", valoriza.
Para o diretor sindical do Dieese, Ivo Castanheira, o reajuste do
Piso "ficou dentro da expectativa, que estava baseada no índice de inflação e na
correção do Salário Mínimo nacional". Foram necessárias cinco rodadas de
negociação para sair o acordo com a Fiesc: "Chegamos a um índice bom, que
reflete a nossa organização. Poderia ser melhor, mas o movimento sindical não
conseguiu coletar 50 mil assinaturas que precisávamos para um projeto de lei de
iniciativa popular que, quem sabe, fosse uma ferramenta para a gente pressionar
e obter um índice melhor", avalia o diretor do Dieese. "Para o próximo ano
teremos que pensar ainda em um projeto de iniciativa popular para o reajuste ser
automático. Somos cinco centrais sindicais e federações e é preciso que o
Projeto de Lei tenha consenso no movimento sindical", finaliza Castanheira. No
total, 37 mil assinaturas foram coletadas pelas entidades sindicais, até o
momento.
O presidente da CUT/SC, Neudi Giachini, também acha que a negociação
poderia ser melhor "se a gente tivesse feito o dever de casa". Neudi lembra que
a CUT se empenhou em coletar as assinaturas - "principalmente os comerciários",
destaca - porque o projeto de lei de iniciativa popular seria uma ferramenta
importante de pressão sobre a classe patronal. "Os patrões sabiam que não
tínhamos esse instrumento na mão", lamenta Neudi: "De qualquer forma,
considerando todo o processo, implementamos de vez o Piso em Santa Catarina;
para o ano que vem temos que estar bem mais mobilizados e preparados e buscar
formas diferentes de organização e pressão sobre os patrões", antecipa. O
dirigente da UGT/SC, Moacir Rubini, também responsabiliza parte do movimento
sindical "por não ter compreendido, durante 2012, que era importante termos as
50 mil assinaturas para fortalecer o processo de negociação". Mesmo assim, acha
que "a negociação foi boa, considerando os dados econômicos desse ano".
Já
o presidente da NCST/SC, Altamiro Perdoná, entende que foi mantido o bom senso e
a vontade de fechar o acordo. "A Nova Central compreende um dos grupos de
salários mais baixos do estado (construção civil, madeireira, cerâmica, olaria)
e o reajuste do Piso vai ter um peso muito grande nas negociações futuras desse
ano", avalia. O representante da Força Sindical/SC e presidente da Federação dos
Trabalhadores de Alimentação de SC (Fetiaesc), Miguel Padilha avalia que a
negociação foi boa se comparada à variação do INPC. "Em nível de Alimentação,
esse ano não houve acordo com mais de 2% de aumento real. A negociação foi uma
luta, mas o Piso Estadual está tendo ganhos reais para que possamos melhorar as
negociações de outras categorias". O vice-presidente da Fetiesc, Landivo
Fischer, participou pela primeira vez da negociação sobre o reajuste do Piso
Estadual: "Tentávamos outro percentual mas acho que foi razoável. Houve pequeno
avanço em comparação ao Salário Mínimo nacional, mas não se chegou ao esperado
pelas Centrais e Federações", conclui. (Foto em anexo: Representantes dos trabalhadores e dos
patrões, na Fiesc, chegaram a um acordo sobre o reajuste do Piso Salarial
Estadual).
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