segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Luís Nassif - Coluna Econômica


Autor: 
 
Coluna Econômica
Em um novo passo da política industrial, o governo decidiu dar preferência a produtos nacionais em pelo menos 80% dos bens manufaturados a serem utilizados em obras de mobilidade urbana do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
É um conjunto de equipamentos capazes de dar algum alento à indústria de máquinas e equipamentos. Conforme descrito no decreto presidencial, abarca “matérias rodantes, sistemas embarcados, sistemas funcionais de infraestrutura de vias, sistemas auxiliares de plataformas, estações e oficinas. Dentre os serviços estão os de engenharia, de arquitetura, de planejamento urbano e paisagismo”.
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Apesar dos problemas com a divulgação das contas públicas, há um jogo político e econômico relativamente favoráveis ao governo Dilma Rousseff.
A economia ainda patina. Mas há sinais consistentes de recuperação dos investimentos em infraestrutura que, no momento seguinte, puxará a demanda por máquinas e equipamentos.
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Conforme salientei algumas vezes, é impossível colocar o barco para andar com todas as variáveis sob controle. Mudança do cenário econômico interno, estímulo aos investimentos, enorme conjunto de programas de estímulo à indústria, incluindo o Plano Brasil Maior e as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), aumento do conteúdo nacional nas contas públicas, tudo isso desperta um conjunto de problemas inexistentes em uma economia estagnada.
O grande desafio é o de administrar as dores do crescimento. Mas os problemas que vão surgindo constituem-se no principal estimulador e fator de pressão sobre a gestão pública.
A máquina pública, enorme, disfuncional, tende sempre para a inércia, a não ser quando pressionada por fatores externos. E não existe maior fator de pressão do que as demandas da economia e os desdobramentos políticos daí resultantes.
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Dilma se propôs um enorme desafio, mas não dispõe de um Estado Maior à altura da missão. O que obriga a presidente a se envolver pessoalmente em questões que deveriam estar sendo administradas pelos seus ministros.
No plano econômico, por exemplo, meteu-se em uma maratona de reuniões com grandes empresários, para compensar os problemas de comunicação da área econômica.
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No plano político, também não existe um articulador de peso. Tanto assim que, ao invés de pautar, ela está sendo pautada pelos partidos aliados. Ao indicar o notório deputado Eduardo Cunha como líder da bancada, o PMDB – especialmente o fluminense, de Sérgio Cabral e Eduardo Paes – exorbita.
Do mesmo modo, por falta de uma articulação mais azeitada, no episódio dos royalties Dilma acabou entrando em faixa de risco com seu mais fiel eleitorado, o do nordeste.
Para tentar corrigir o erro, programou visitas às principais cidades da região, tentando desmanchar o mal-estar.
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2014 começou antecipadamente. Do maior ou menor sucesso econômico depende, por exemplo, a decisão do governador pernambucano Eduardo Campos, de se manter na base aliada ou tentar um voo solo.
É toda uma arquitetura política que depende, em última instância, do desempenho da economia.
Dilma tem a seu favor as obras públicas, que começam a engatar; e os bons sinais vindos das economias chinesa e norte-americana.

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