sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Ocidente incita histeria belicista contra Moscou sem medir as consequências - por Nilson Lage.

Transcrito no blog de Rogério Cerqueira Leite.

Nunca pensei que tal coisa acontecesse: a imprensa ocidental, quase unânime, exigindo guerra contra a Rússia. Como podem seres humanos, em troca de empregos, pedir guerra? Não sabem o que é guerra?
O argumento é exótico.
Os serviços secretos americanos alegam, e não comprovam, que os russos (a) rackearam informações de e sobre Hillary Clinton “para beneficiar Donald Trump” e (b) promoveram uma campanha de propagada, usando, principalmente, a rede de televisão e agência de notícias Russian TV.
Os serviços secretos americanos têm passado comprovado de mentiras de consequências trágicas, das quais a mais notória é a das inexistentes “armas de destruição em massa” de Saddam Hussein: levou à invasão do Iraque, que arrasou o país e causou centenas de milhares de mortes.
O Presidente Obama coonestou a denúncia, mas é obviamente parte interessada e, pessoalmente, tem antecedentes de aventuras militares e intervenções desastrosas no estrangeiro.
Admitamos, porém, ad absurdum, que, dessa vez, os tais serviços secretos dizem a verdade. Ainda assim, espionar o país dos outros é esporte praticado há milênios por todos os chefes de tribos e governos e os americanos se esmeram nisso, como todos sabem.
Resta o “interferir nas eleições”. É improvável que os russos tenham como fazê-lo e, se tiveram em porção mínima, aprenderam com os americanos, que também lhes ensinaram a fazer propaganda usando discursos objetivos, coisa que a Russian TV faz direitinho e os chineses da Xinhua tentam aprender.
A técnica consiste em apoiar afirmações sempre em fatos verdadeiros e comprováveis, admitindo, como “outro lado”, fatos verdadeiros e comprováveis em contrário; limitar a interpretação ao objeto da reportagem, artigo, feature ou documentário, em linguagem corrente e, tanto quanto possível, aparentemente neutra – isto é, sem conotações perceptíveis que exaltem ou depreciem.
Foi coisa que os americanos inventaram no começo do Século XX e os ingleses adaptaram brilhantemente, lustrando a aparência de isenção. Ajudou-os muito na briga retórica com a União Soviética, que jamais abandonou o estilo palavroso e o discurso universalizante dos clérigos e dos ideólogos.
Os americanos desaprenderam. Por isso terminam propondo, explícita e deslavadamente, a guerra que, pela primeira vez na História, pode desabar com armas atômicas sobre suas cabeças.
Tudo para agradar ensandecidos banqueiros!

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