Transcrito no blog de Rogério Cerqueira Leite.
O argumento é exótico.
Os serviços secretos americanos alegam, e
não comprovam, que os russos (a) rackearam informações de e sobre
Hillary Clinton “para beneficiar Donald Trump” e (b) promoveram uma
campanha de propagada, usando, principalmente, a rede de televisão e
agência de notícias Russian TV.
Os serviços secretos americanos têm
passado comprovado de mentiras de consequências trágicas, das quais a
mais notória é a das inexistentes “armas de destruição em massa” de
Saddam Hussein: levou à invasão do Iraque, que arrasou o país e causou
centenas de milhares de mortes.
O Presidente Obama coonestou a denúncia, mas é obviamente parte interessada e, pessoalmente, tem antecedentes de aventuras militares e intervenções desastrosas no estrangeiro.
O Presidente Obama coonestou a denúncia, mas é obviamente parte interessada e, pessoalmente, tem antecedentes de aventuras militares e intervenções desastrosas no estrangeiro.
Admitamos, porém, ad absurdum, que,
dessa vez, os tais serviços secretos dizem a verdade. Ainda assim,
espionar o país dos outros é esporte praticado há milênios por todos os
chefes de tribos e governos e os americanos se esmeram nisso, como todos
sabem.
Resta o “interferir nas eleições”. É
improvável que os russos tenham como fazê-lo e, se tiveram em porção
mínima, aprenderam com os americanos, que também lhes ensinaram a fazer
propaganda usando discursos objetivos, coisa que a Russian TV faz
direitinho e os chineses da Xinhua tentam aprender.
A técnica consiste em apoiar afirmações
sempre em fatos verdadeiros e comprováveis, admitindo, como “outro
lado”, fatos verdadeiros e comprováveis em contrário; limitar a
interpretação ao objeto da reportagem, artigo, feature ou documentário,
em linguagem corrente e, tanto quanto possível, aparentemente neutra –
isto é, sem conotações perceptíveis que exaltem ou depreciem.
Foi coisa que os americanos inventaram
no começo do Século XX e os ingleses adaptaram brilhantemente, lustrando
a aparência de isenção. Ajudou-os muito na briga retórica com a União
Soviética, que jamais abandonou o estilo palavroso e o discurso
universalizante dos clérigos e dos ideólogos.
Os americanos desaprenderam. Por isso
terminam propondo, explícita e deslavadamente, a guerra que, pela
primeira vez na História, pode desabar com armas atômicas sobre suas
cabeças.
Tudo para agradar ensandecidos banqueiros!
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