sábado, 2 de novembro de 2013
Emergentes atraem 60% do IED global
Por Assis Moreira | De Genebra
O fluxo global de Investimento Estrangeiro Direto (IED) cresceu 4% e alcançou US$ 745 bilhões no primeiro semestre comparado ao mesmo período de 2012, com os países em desenvolvimento atraindo mais de 60% do total, que representa um recorde. A estimativa da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) confirma que as multinacionais continuam a aumentar sua expansão nos emergentes, onde a economia cresce mais e a classe média crescente mantém alto nível de consumo, em contraste com a prudência nos mercados desenvolvidos.
O fluxo para os países em desenvolvimento cresceu 8,8%, o dobro da média mundial, e alcançou US$ 381,4 bilhões. Já o volume para países desenvolvidos sofreu contração de 12,2%, ficando em US$ 291 bilhões. A Unctad projeta para este ano fluxo total de IED próximo de US$ 1,3 trilhão, a exemplo de 2012. Apesar de algumas melhoras nas condições macroeconômicas, países desenvolvidos continuam a ter demanda mais fraca, e a expansão nos emergentes desacelerou.
Na verdade, diz a Unctad, poucos países conseguiram atrair mais IED no primeiro semestre. As altas ocorridas têm a ver com dois negócios: a fusão de US$ 146 bilhões entre Glencore e Xstrata e a transação de US$ 55 bilhões entre a British Petroleum e a russa Rosneff. Isso explica em parte por que o fluxo para a América Latina e Caribe cresceu 35%, a US$ 165 bilhões. É que um dos controladores da companhia russa está registrado nas Ilhas Virgem britânicas. Além disso, a cervejaria belga Anhauser Busch América Central pagou US$ 18 bilhões por 44,5% do Grupo Modelo, do México. Na América do Sul, o fluxo de IED caiu 8%.
A Rússia, o Reino Unido e as Ilhas Virgem britânicas tiveram alta em seus fluxos de IED no primeiro semestre. Em contraste, EUA, Suíça, Holanda, França, Suécia e Alemanha sofreram queda. Os países que mais atraíram IED foram o Reino Unido, com US$ 75 bilhões, e a China, com US$ 67 bilhões.
A África continua atraindo mais investimentos. Montadoras estão colocando mais dinheiro na região, caso da Nissan na Nigéria e da indiana Mahindra em Gana.
Nos países desenvolvidos, o fluxo de IDE continuou modesto. Na Europa, houve queda de 20% em relação ao segundo semestre de 2012. Mas a Unctad aponta substancial melhora na Espanha, devido à queda no custo do trabalho.
Na América do Norte, investidores asiáticos ajudaram a manter o fluxo de IDE. A petroleira Cnooc, da China, comprou a canadense Nexen por US$ 19 bilhões. O grupo japonês Softbank pagou US$ 21,6 bilhões pela americana Spring Nextel. A chinesa Shuanghui comprou a americana Smithfield, maior produtor mundial de carne de porco, por US$ 4,8 bilhões, na maior aquisição chinesa nos EUA.
A agência da ONU constata que o IDE vem ocorrendo principalmente com fusão e aquisição, mais do que por investimento em novas unidades produtivas.
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