quinta-feira, 1 de maio de 2014

Emprego formal cresce mais do que população economicamente ativa em SC

Situação do mercado de trabalho é a melhor da história, segundo analista
Cláudio Loetz no Jornal A Notícia
Emprego formal cresce mais do que população economicamente ativa em SC Dieese-SC/Divulgação
"Bolsa-família tira 55 milhões de brasileiros da miséria" Foto: Dieese-SC / Divulgação
O ambiente econômico em Santa Catarina é bastante razoável, com geração de empregos, investimentos e melhoria discreta da renda. Com as devidas diferenças regionais, este é o ambiente existente no País.

A análise é do economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos em Santa Catarina, José Álvaro de Lima Cardoso.

Graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre em economia rural pela Universidade Federal da Paraíba e doutor em ciências humanas pela federal catarinense, Cardoso trabalha no órgão desde 1989. A atual função ele exerce desde 1992.

Em 2004, Cardoso publicou o livro Reestruturação Produtiva e Mudanças no Mundo do Trabalho: um olhar sobre os setores têxtil e alimentação.

MAIS RENDA
— É preciso continuar aumentando a renda. O segredo do Brasil ter conseguido reduzir sua vulnerabilidade externa nos últimos anos foi a ampliação do mercado interno. Não existe País de sucesso sem um mercado interno robusto.
CONSUMO
— Segundo os dados do PIB de 2013, o consumo das famílias subiu 2,3%. Foi o décimo ano seguido. Este é um dado que merece atenção: são 120 meses de crescimento ininterrupto, e temos novos protagonistas na sociedade brasileira.
VAGAS FORMAIS
— Um dado extremamente positivo no Estado é o pleno emprego em várias áreas. O número de empregos formais em Santa Catarina vem crescendo acima do ritmo de crescimento da população economicamente ativa. Projeção do Sine-SC revela que a população economicamente ativa em Santa Catarina, com 15 anos ou mais de idade, totaliza cerca de 3,5 milhões de pessoas. A situação no mercado de trabalho é a melhor da história. Para os trabalhadores, estarmos discutindo pleno emprego num momento em que a Europa se desmancha em desemprego. É um verdadeiro luxo.
DEPENDÊNCIA
— As empresas dependem muito das políticas macroeconômicas: câmbio adequado, crédito barato, política industrial, política tributária correta e infraestrutura. Temos de desvalorizar mais o real, reduzir os juros, praticar política industrial mais agressiva e fazer a reforma tributária. Esta de caráter mais progressivo e tributar mais quem tem mais.
INFLAÇÃO
— A inflação sob controle, baixa taxa de endividamento das famílias e as contas públicas sob controle são dados positivos. O Bolsa-família tem um custo-benefício dos mais favoráveis do mundo: com 0,44% do PIB, o País tira da miséria 55 milhões de brasileiros. Não tem outro programa tão eficiente assim. O furo é o que pagamos de juros da dívida pública para os rentistas: R$ 248 bilhões no ano passado, o equivalente a mais de dez Bolsas-família.
ASPECTOS NEGATIVOS
— Faz cinco anos que o Estado vem apresentando déficit comercial. Ou seja, as importações superam as exportações. Esse problema é gravíssimo. O déficit é crescente e superou os US$ 6 bilhões no ano passado. Pelo andar da carruagem, estamos indo para um sexto ano de déficit.
POLÍTICA ECONÔMICA
— Acho que o modelo baseado no consumo não se esgotou. Temos ainda muito espaço para a sua ampliação. Falta incluir muita gente ainda. Temos um déficit habitacional muito elevado. A renda é muito concentrada.
EM VOO
— É preciso fazer muita coisa ao mesmo tempo: investir em educação básica, em formação profissional, cuidar do câmbio, aumentar salários, cuidar das contas externas, fazer planejamento de longo prazo. Tivemos duas décadas perdidas
para o crescimento (1980 e 1990). Temos que trocar a turbina do
avião em pleno voo.

AUMENTO REAL
— Há espaço para elevações dos salários. É fundamental manter a política de reajustes do salários mínimo (INPC mais o crescimento do PIB) para além de 2015. Assim, o País vai distribuir o que foi criado de riqueza. Se o PIB cresce é porque a produtividade dos fatores de produção cresceu, e nada mais justo do que distribuir o crescimento com o principal fator de produção, o trabalho.
PROBLEMA EXTERNO
— O País não conseguirá fazer isso se não resolver o problema externo, na balança comercial e nas transações correntes. Estamos com déficit em transações correntes, que por enquanto não é muito grave, mas aumenta rapidamente. Temos que resolver isso sob pena de estarmos cada vez mais sujeitos a crises internacionais.
PREOCUPAÇÕES
— É necessário cuidar do problema do déficit externo do País, que vem crescendo rapidamente. Em 1940, a indústria representava 20% do PIB no Brasil. Em 1985, este número tinha crescido para 36%. No ano passado, havia recuado para 14%. As exportações de manufaturados, em quantidade, estão em declínio desde 2007.
INDÚSTRIAS ESSENCIAIS
— O déficit na balança industrial, no ano passado, chegou a US$ 105 bilhões. Para aqueles que acham que um País não precisa de indústria, lembro que não há registro na história de país que tenha chegado ao desenvolvimento econômico e social sem uma generalizada industrialização e um forte e ativo Estado nacional.
DIA DO TRABALHO
— Em 1º de maio, o trabalhador tem a comemorar a melhoria dos indicadores, os ganhos reais do salário mínimo e a melhoria da renda, que precisa ser acelerada. Em Santa Catarina, temos a conquista dos pisos estaduais.

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