Técnicos
do Banco Mundial anunciaram, em estudo divulgado na semana passada, que a China
acaba de ultrapassar os EUA em poder paritário de compra, como a maior economia
do mundo.
Os
chineses costumam dizer que “não interessa a que velocidade você caminha, mas
sim, para onde está andando”.
Para o
Brasil, quinto maior país e sétima economia do mundo, a inevitável ascensão
chinesa, agora voltada para ultrapassar os EUA em PIB nominal, e, um dia,
alcançá-lo em tecnologia, defesa, e, com menor desigualdade, em renda, traz
inúmeras lições.
A mais
importante delas é até onde se pode chegar com um projeto de país baseado no
nacionalismo – e não no proverbial entreguismo vigente em nosso país nos
últimos 20 anos.
O Estado
chinês não financia capitais externos, a não ser que a eles se associe
majoritariamente. Ciente da importância de seu mercado interno -
convenientemente fechado por muitos anos - ele não empresta dinheiro público
para que marcas de automóveis estrangeiras se instalem no país. No lugar disso,
compra participação em suas matrizes. E faz isso em todos os setores da
atividade econômica.
Seu bem
sucedido projeto de desenvolvimento está baseado na presença – serena e incontestável
- do estado como proprietário de meios de produção e elemento indutor na
economia, em parceria com capitais locais e o capital estrangeiro, que tem que
se contentar com um papel secundário no processo, a não ser que queira ficar de
fora de um dos maiores mercados do mundo.
Os
chineses sabem que de nada adianta industrializar o país e modernizar a economia,
se os lucros voarem, todos os anos, para o exterior, como as andorinhas.
Afinal, países não são poderosos apenas pelo que produzem, mas também pelo que
consomem. Ao ultrapassar os Estados Unidos como o maior mercado do mundo,
embora ainda não seja o maior importador, a China dá gigantesco passo rumo ao
futuro.
Nos
últimos quatro mil anos, a maior parte do tempo, os chineses estiveram à frente
da maior economia. A diferença é que - fechados dentro de si mesmos - seus
dirigentes encaravam o resto do planeta como bárbaros e sem o refinamento
e a educação de sua cultura. Coo nações interessadas em invadir e
destruir seu império, como o “ocidente” fez tão logo pôde, implacável e
solerte, em defesa, entre outras causas edificantes, do tráfico de drogas pela Coroa
Britânica, que deu origem às Guerras do Ópio.
A
diferença entre o Império do Meio de antes e o Império do Meio de hoje, é que a
Revolução Maoísta abriu a porta para transformar os camponeses em operários, e,
até mesmo, em milionários e empreendedores. Além de que o espaço natural para
seus produtos e negociantes, estava, antes, quase sempre, cercado pelas
sinuosas curvas da Grande Muralha, enquanto, agora, os limites da influência da
Nova China avançam para se transformar, cada vez mais, nos próprios limites do
mundo.
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