sábado, 10 de maio de 2014

Datafolha desmente pesquisa Sensus


Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:


Antes de comentar a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, vale lembrar previsão feita por este Blog no domingo passado, no post Datafolha desta semana tentará repetir Sensus. O post afirmava que a divulgação da pesquisa levada a campo nos dias 7 e 8 deste mês obedeceria ao que esta apurasse. Abaixo, trecho daquele post.

“(…) A nova pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial terá campo nos dias 7 (quarta-feira) e 8 (quinta-feira) de maio, com estimativa de 2.880 entrevistas. A data da divulgação do resultado deve variar de acordo com o que a sondagem apurar.

Se Dilma tiver ganhado pontos ou se mantido na posição da pesquisa Datafolha de abril, o resultado pode ser divulgado na sexta-feira mesmo, dia de menor interesse por notícias ante a chegada do fim de semana. Essa divulgação se daria no meio da tarde, horário de menor interesse em um dia de pouco interesse sobretudo por política.

Se Dilma tiver perdido pouco e/ou seus adversários tiverem ganhado pouco, a divulgação ocorrerá no sábado, um dia de maior repercussão que a tarde de sexta, mas, ainda assim, dedicado a outras atenções.

Se Dilma tiver perdido um percentual considerável e/ou seus adversários tiverem ganhado, a divulgação ocorrerá no domingo, ou no fim da tarde de sábado, quando a Folha de São Paulo distribui seus exemplares de domingo nas bancas. Assim, a repercussão começaria na tarde de sábado e se avolumaria no domingo (…)”

Como se sabe, a primeira hipótese prevaleceu. Ou seja: Dilma Rousseff se manteve praticamente na posição da pesquisa Datafolha anterior, divulgada pela Folha On Line no dia 5 de abril, com campo nos dias 2 e 3.

Por conta da falta de grandes novidades, portanto, a pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira. A única diferença da previsão feita por esta página foi no horário da divulgação, que ocorreu algumas horas mais cedo do que se esperava.

No início de abril, Dilma apareceu no Datafolha com 38% dos votos – agora tem 37%, variação de 1 ponto, dentro da margem de erro –; Aécio Neves tinha 16% – agora tem 20%, tendo crescido 2 pontos acima da margem de erro –; Eduardo Campos tinha 10% – agora tem 11%, variação dentro da margem de erro.

Uma curiosidade sobre Eduardo é a de que em fevereiro, no Datafolha, ele tinha 9% e hoje aparece com 11%, ou seja, cresceu dentro da margem de erro da pesquisa (2 pontos percentuais), o que pode significar que não cresceu nada.

A avaliação do governo Dilma e do staff de campanha da presidente coincide com a avaliação do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, que, em análise publicada na Folha de São Paulo desta sexta, não vê no crescimento de Aécio um indicativo sólido de reação do pré-candidato tucano.

Segundo Paulino, “É cedo para se apostar em uma disputa novamente polarizada entre PT e PSDB”, ou seja, ele não enxerga o crescimento de Aécio como consistente.

Vale lembrar que Aécio está hoje em um patamar ainda inferior ao que os candidatos do PSDB tiveram nas eleições anteriores – de 2002 para cá – nesta época da campanha eleitoral, em torno de 25%.

Contudo, a pesquisa Datafolha não traz grandes novidades. Os números coincidem, por exemplo, com pesquisa CNT/MDA divulgada em 29 de abril passado, quando Dilma apareceu com 37%, Aécio com 21,6% e Eduardo Campos com 11,8%.

Na pesquisa Ibope de 17 de abril Dilma tinha os mesmos 37%, Aécio tinha 16% e Eduardo 6%.

Alguns dirão que o Datafolha confirma a polêmica pesquisa Sensus, divulgada no sábado passado (3/5), acusada de usar metodologia obscura até pelo Estadão. Nessa sondagem, Dilma apareceu com 35%, Aécio com 23,7% e Eduardo Campos (PSB) com 11% (no cenário que excluía os candidatos “nanicos”).

A confirmação se daria porque, tal qual o Datafolha, a pesquisa mostrou empate técnico entre a presidente e seus adversários, o que indicaria segundo turno. Mas não é bem assim. No Datafolha recém-divulgado, Dilma tem 17 pontos de vantagem sobre o segundo colocado (Aécio); no Sensus, 11,3 pontos. Uma diferença enorme, estatisticamente.

Para o governo e o comando da campanha de Dilma, Datafolha, Ibope, MDA e Sensus estariam forçando a barra na margem de erro. Pesquisas que o instituto Vox Populi faz para o PT reservadamente teriam mostrado, uma semana atrás, Dilma com 40%, Aécio com 17% e Eduardo com 8%.

O Vox Populi deve soltar uma pesquisa na semana que vem, que deverá divergir das dos outros institutos.

A conclusão mais coerente vem a ser a do diretor do Datafolha: é muito cedo para tirar conclusões. Há vários fatores envolvidos. Grande parte do eleitorado ainda espera que Lula saia candidato – ele ainda é o grande adversário de sua afilhada política, acima dos pré-candidatos da oposição – e o povo ainda não está pensando em eleição.

Comparando com o Datafolha de abril, de lá para cá a avaliação do governo permaneceu estável: ótimo/bom caiu 1 ponto (de 36 para 35%), regular caiu 1 ponto (de 39 para 38%) e ruim/péssimo subiu 1 ponto (de 25 para 26%). Mais uma vez, a margem de erro foi o maior adversário de Dilma.

Porém, despencou o percentual dos que acham que a inflação vai aumentar: de 65% em abril para 58% hoje. Segundo o Datafolha, é a primeira vez que essa expectativa cai desde 2012. Os percentual dos que acham que a inflação continuará como está eram 22% e agora são 29%. Os que acreditam que vai diminuir eram 6% e agora são 8%.

O medo do desemprego também caiu fora da margem de erro, de abril para cá: os que têm medo caíram de 45% para 42% e os que não tem medo eram 30% e agora são 33%. Detalhe: 20% acham que o desemprego vai diminuir. Assim, os que não têm medo do desemprego e os que acham que vai diminuir somam 53% do eleitorado.

Outro dado animador para Dilma é o de que 43% acham que a própria situação econômica vai melhorar e apenas 12% acham que irá piorar. Além disso, 41% acham que tudo ficará como está. Ou seja: 84% não temem o futuro, apesar de a mídia difundir pessimismo com esse futuro.

Já a expectativa sobre a situação econômica do país também não é nada má. 26% dizem que vai melhorar e 41% dizem que vai ficar como está. Ou seja: 67% discordam das previsões da mídia. Apenas 28% acham que a economia irá piorar.

Outro dado positivo para Dilma é o de que ela ainda vence no primeiro turno em todas as regiões do país, inclusive no Sudeste, ainda que nessa região o resultado seja mais apertado.

O Datafolha revela, por fim, um dado animador para Dilma quanto ao futuro: apesar de ela ter perdido apoio em municípios pequenos (cidades com até 50 mil habitantes), ganhou em municípios grandes (com mais de 500 mil habitantes).

Por que é animador? A tese dos estudiosos de pesquisas de opinião é a de que os municípios pequenos registram mais tarde as tendências das metrópoles. Assim, hoje estão registrando o movimento contrário à presidente de meses atrás. Como está havendo melhora de Dilma nas grandes cidades, o mais provável é que as cidades pequenas, mais adiante, adiram às grandes.

Sobre os níveis de rejeição dos candidatos, são bastante semelhantes e estão separados, neste momento, apenas pela margem de erro: Dilma tem 35%, Campos tem 33% e Aécio tem 31. Ora, como a margem de erro é de 2 pontos, Dilma pode ter 33%, Eduardo pode ter 35% e Aécio pode ter 33%.

Para finalizar, o PSDB e o PSB já exibiram seus programas de televisão e o PT ainda não exibiu os seus. Daqui até a semana que vem, o partido da presidente irá exibir seus programas regionais e nacionais. Ou seja, Aécio e Eduardo cresceram após seus programas partidários na TV. Falaram mal de Dilma quanto quiseram. Agora é a vez dela…

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