Mauro Santayama, em seu blog
Circula a informação, na imprensa argentina, de que o
embaixador da Índia em Buenos Aires, Amarenda Khatua, teria afirmado que
Brasil, África do Sul e Índia, estariam dispostos a apoiar a entrada de Buenos
Aires no BRICS, a partir do próximo ano.
Com todo o respeito pelos irmãos argentinos, a idéia, por
mais que possa ter sido apenas fruto de uma deferência do representante indiano
junto ao governo que está servindo, não tem pé nem cabeça, e precisa ser
seriamente debatida, se por acaso estiver sendo considerada, mesmo que
remotamente, por alguém dentro do governo brasileiro, ou pelo Itamaraty.
Algumas condições fazem do BRICS o que ele é, e justificam a
presença dos sócios que fazem parte do grupo até agora.
Em primeiro lugar, os BRICS são, em sua maioria, potências
nucleares e espaciais, se considerarmos a própria Índia, a Rússia e a China;
reúnem países que têm grandes reservas internacionais, como é o caso da Rússia,
com mais de 600 bilhões de dólares em caixa, ou da China e do Brasil
respectivamente o primeiro e o quarto maiores credores individuais externos do
tesouro dos Estados Unidos.
A maioria são, também, países de grande peso territorial e
demográfico, como China, Rússia, Índia e Brasil, ou as nações mais importantes,
do ponto de vista geopolítico, comercial e tecnológico, em suas respectivas
regiões.
A Rússia lidera as ex-repúblicas da órbita soviética, na
Comunidade de Estados Independentes, a China, as nações reunidas no Grupo de
Xangai, a África do Sul - que conta com avançada indústria de defesa – a União
Aduaneira da áfrica Austral, o Brasil é a maior nação do MERCOSUL, da UNASUL, e
do Conselho Sul-americano de Defesa.
PIB mais fraco do BRICS, antes da África do Sul, assim como o
Brasil detêm o maior PIB do grupo depois da China, talvez a Índia esteja
fazendo um balão de ensaio, na tentativa de diminuir o peso de potências mais
fortes, como a China e o próprio Brasil, com a entrada de um país de médio
porte, que diluiria o voto e o poder relativo dos países maiores.
O governo brasileiro, que, obviamente, não precisa sequer tocar
nesse assunto publicamente, precisa cortar, no entanto - entre quatro paredes,
essa hipótese, proposta, se ela realmente existir, no nascedouro.
O BRICS só permanecerá forte - e cada vez mais forte, a
partir de iniciativas como a criação do Banco do BRICS, que será discutida na
Cúpula Presidencial do grupo, em Fortaleza, em julho - se mantiver sua atual
configuração, que lhe assegura presença e ampla cobertura, na Eurásia, no
Atlântico Norte, no Extremo Oriente, na África e na América Latina.
Nossa região já tem assento no BRICS, que está assumindo,
cada vez mais, o papel de uma espécie de Conselho
de Segurança dos países emergentes, rumo a um novo mundo, mais multipolar e
autônomo, com relação ao Ocidente. E esse assento tem dono. Ele pertence ao
Brasil.
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