Rio Grande do Sul 247 – Pré-candidato à reeleição, o governador
do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), afirmou, nesta segunda-
feira (19), que a oposição está fazendo uma campanha contra o
governo da presidente Dilma Rousseff (PT), com o apoio da
imprensa. Segundo ele, "as grandes cadeias de comunicação são
democratas [militantes do DEM] ou tucanas e fazem campanha
massiva" contra legendas alinhadas à esquerda.
"Em todas as categorias existem as pessoas com desvio de
conduta. Ocorre que a campanha que se faz toma todos políticos
como corruptos e todos os partidos como venais. Isso pode trazer
um dano irreversível à democracia. Se essa tese vencer e se
extinguir a politica, o primeiro passo é acabar com a liberdade de
imprensa", disse.
Em sabatina à Folha, Uol e SBT, o petista disse também que o
maior erro de seu mandato foi ter subestimado os problemas da
máquina pública que, de acordo com o petista, foram herdados
da gestão anterior, comandada por Yeda Crusius (PSDB).
"Subestimei a crise em que estava a máquina pública. Estava
muito mais sucateada do que pensávamos. Cometi um erro de
avaliação que custou uma demora maior na realização de obras
importantes", disse.
Com o objetivo resolver o problema da dívida do estado, que,
atualmente representa 209% da receita gaúcha, Genro aposta
na reformulação da política fiscal, proposta em tramitação no
Congresso Nacional. O projeto já passou pela Câmara e precisa
ser aprovado pelo Senado.
"Este governo está equacionado. O que nós vamos fazer no
próximo [governo], para fazer essa transição até 2017? Abrir um
novo espaço fiscal, nós já aprovamos o projeto de reestruturação
da dívida na Comissão Mista, agora vai para o Senado, vai ser
aprovado esse ano. E vamos captar recursos. Já nos abre crédito
novamente de R$ 4 bilhões para continuar investindo em
infraestrutura", disse.
Segundo o governador, o estado utilizou recursos próprios a fim
de melhorar a remuneração do funcionalismo e criticou a oposição.
"Os nossos adversários adotaram uma outra visão: o Estado tem
de pagar a dívida e ficar quieto. Chamavam isso de deficit zero,
e o Estado paralisou. Hoje nós temos o maior crescimento industrial
do país, e nós temos também o maior crescimento do PIB do país
aqui no Rio Grande do Sul".
Sistema carcerário
Diante dos problemas de superlotação que afetam o Presídio
Central de Porto Alegre, o governador disse que a penitenciária
será desativada até o final do ano com a construção de novas
unidades prisionais, porém, segundo ele, o presídio deve começar
a ser esvaziado em agosto.
O presídio abriga 4,5 mil detentos o dobro de sua capacidade.
Além da superlotação, a Organização dos Estados Americanos
apontou, por meio de uma inspeção, problemas como falta de
atendimento médico, de medidas preventivas contra incêndios e
más condições de higiene.
"Se conseguirmos fazer todos os novos presídios, esvaziaremos
o Presídio Central, mas as obras não andam como nós prevíamos.
Temos ações do Ministério Público mandando construir os presídios
e ações mandando parar as obras, questionando procedimentos",
declarou.
Tarso, que é ex-ministro de Justiça, disse que o sistema prisional
brasileiro é uma "fábrica de delinquentes". Para ele, o aumento da
violência é decorrente da indústria do entretenimento. "Há toda
uma estética televisiva e cinematográfica da morte, do estímulo
da violência, do elogio da força e da superioridade da brutalidade.
Isso é terrível para a juventude. Hoje uma pessoa mata para
roubar um tênis. Na minha época, os atos de delinquência juvenil
eram roubar fruta da casa do vizinho ou camisetas para o time
de futebol", disse.
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