É inacreditável o nível de autossuficiência atingido pelos grupos de mídia, na fase mais crítica da sua história.
Meses e meses batendo nos gastos da Copa, ajudando a criar essa
barafunda informacional, de misturar investimentos em estádios com
gastos orçamentários, criticando os "elefantes brancos", anotando cada
detalhe incompleto de obras que ainda não estavam prontas, ignorando o
enorme investimento na imagem do país.
De repente, como num passe de mágica, fazem uma pausa e, em conjunto,
passam a enxergar as virtudes da Copa - maior evento publicitário do ano
para eles.
O Estadão solta enorme matéria sobre "a Copa das Copas", lembra o óbvio -
vai ser o evento de maior visibilidade para o Brasil, em sua história.
14 mil jornalistas levando a imagem do país para todos os cantos, o
maior público de televisão para um evento.
A Folha dá o óbvio incompleto: a informação de que os gastos com a Copa
representam um naco dos gastos com educação. Não ousou explicar que são
recursos dierentes, que financiamentos não podem ser confundidos com
gastos orçamentários, que gastos com obras são permanentes. Mas vá lá!
O que é impressionante é supor que se pode brincar dessa maneira com a
opinião de seus leitores, levá-las para onde quiser, ao sabor da
manchete do momento, da estratégia de ocasião. Será que não há uma
cabeça estratégica para explicar que essa desconsideração para com o
leitor é veneno na veia da credibilidade?
Dia desses o Ministro Aldo Rabello ao que parece assimilou as críticas
contra sua ausência dos debates da Copa e deu uma boa entrevista a TV
Brasil, com números e argumentos sólidos.
A explicação para a anomia do governo com o tema foi chocante. O
marqueteiro do Palácio desaconselhou qualquer campanha de esclarecimento
porque, segundo ele, as pessoas não estavam associando Copa com governo
e a campanha poderia estabelecer essa associação.
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