Pressionado por parte da mídia, e por segmentos “independentes” mais
radicais de oposição, aqueles que, nos portais e redes sociais, esbravejam
contra o “bolivarianismo”; a participação brasileira no Porto de Mariel em
Cuba; e o apoio implícito à Rússia, na Ucrânia, no contexto da posição comum
assumida pelos BRICS, o governo federal dá uma no cravo, e outra na ferradura.
Talvez, para mostrar, que não somos tão radicais assim, em nossas
relações com o mundo, a Presidência da República anunciou que a Senhora
Dilma Roussef se encontrará com o Vice-Presidente Joe Biden, dos Estados
Unidos, quando ele vier assistir a um jogo da Copa do Mundo, no mês que vem,
em um primeiro gesto de aproximação depois da suspensão de sua viagem de
Estado aos EUA, devido ao escândalo da espionagem da NSA.
Ao mesmo tempo, o Brasil promove o rápido fechamento, por seus sócios
sul-americanos, da proposta do Mercosul a ser apresentada à União Européia, nas
negociações do tratado de livre comércio entre os dois blocos.
E, finalmente, acena, também, com a compra, por 165 milhões de
dólares - depois da derrota dos EUA na escolha dos caças do Programa FX, da
Força Aérea, vencida pelos suecos - de mísseis anti-navio
norte-americanos, para aviões-patrulha da FAB.
O Pentágono notificou o Congresso dos Estados Unidos, na semana passada,
da consulta feita pelo governo brasileiro, sobre a aquisição de 16 mísseis
AGM-84 L Harpoon Block II, e mais 4 mísseis para treinamento.
Na sua justificativa – na verdade um pedido de autorização para a venda
do armamento, fabricado pela Boeing - o Departamento de Defesa dos EUA, explica
que “a proposta de venda dos equipamentos e de seu suporte não altera o
equilíbrio militar básico da região, ou terá impacto adverso na capacidade
de resposta dos Estados Unidos”, um eufemismo para dizer que esse
armamento seria praticamente inócuo contra os EUA, em caso de conronto com o
Brasil.
A aquisição de novos armamentos dos EUA, para equipar os P-3 Órion da
FAB, não significa, necessariamente, uma capitulação. A
Índia, que também é sócia do BRICS - e coopera estreitamente com a Rússia na
área de armamento - adquiriu 45 unidades desses mísseis, ao preço de 4.5
milhões de dólares cada uma, estranhamente, por 4 milhões de dólares a menos do
que o preço que está sendo oferecido ao Brasil.
No mundo cada vez mais complexo deste novo século, precisamos,
naturalmente, navegar, com prudência, nas águas, nem sempre calmas, das
relações internacionais, o que implica em negociar, igualmente, com gregos e
troianos.
O que não podemos, no entanto, é deixar de separar o joio do trigo,
segundo nossos interesses como Nação.
E nem, como no caso do preço dos mísseis, ou do acordo entre a U.E e o
Mercosul, o Governo aceitar negociar em desvantagem, ou assumir compromissos
que irão nos prejudicar no futuro, devido às circunstâncias políticas do
momento ou ao calendário eleitoral.
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