Patricia Lara Salive no site Carta Maior
postado em: 17/05/2014
Doutor Uribe,
O senhor é um líder com a capacidade de estadista de Carlos Lleras, a habilidade de Julio César Turbay e a genialidade política de Jaime Bateman. E, em algumas ocasiões, pode se transformar em um cavalo descontrolado a quem o senhor mesmo teme, conforme me disse em sua primeira campanha presidencial durante uma série de viagens de dois dias na qual, para escrever um perfil seu, eu o acompanhei a Medellín e ao Chocó – onde o senhor cumprimentou e saudou pelo nome, como Turbay, cada nativo e lhes perguntou como estava sua mãe, a dona Fulana, e onde o senhor, assim como Lleras, seu assessor Andrés Uriel Gallego (R.I.P) mudo quando lhe perguntou o número de quilômetros de um trecho de rodovia ou o volume de águas de um rio.
O senhor se lembra que, naquela ocasião, eu lhe perguntei se tinha medo e o senhor me respondeu: “sempre empreendi esforços para me controlar. Nós somos humanos e as reações não podem se descontrolar como um cavalo sem rédeas. Procurei manter as rédeas?”. E eu voltei a lhe perguntar: E se as rédeas se soltam? O senhor disse: “Complicado. O cavalo se descontrola, e um cavalo descontrolado não sabe onde vai cair, se vai se atirar por um precipício ou se vai causar danos a alguém”. Então eu lhe disse: É verdade que o que mais o senhor pede a Deus é paciência? “Eu peço paciência e que me ajude a não fazer mal ao próximo”, respondeu.
Pois chegou a hora de rezar para Deus muito mais, doutor Uribe, porque o senhor está fazendo muito mal com seu cavalo descontrolado de ódio contra Santos, a quem o senhor não perdoa por não ter sido seu fantoche ou por estar a ponto de promover essa paz que o senhor buscou contra as FARC – primeiro, acossando-as com a guerra, depois entregando-lhes o Rodrigo Granda gratuitamente e, por fim, enviando para a selva os seus emissários, os padres da igreja, para que acordassem com elas algum começo de paz. Mas como Santos, seguindo seus passos, avançou nesse processo, o senhor não o perdoa, como tampouco perdoa o fato de ele não ter declarado guerra a seu ex-amigo-inimigo Chávez, optando de modo pragmático por conviver em paz com o vizinho.
Por isso, levado por seu perigoso cavalo, a dias das eleições, o senhor acusou Santos de receber 2 milhões de dólares do narcotráfico sem entregar uma única prova nem às autoridades competentes (como é seu dever legal) e nem ao país (como é o seu dever moral), mas semeando a dúvida em seus milhões de adoradores.
Sabe, doutor Uribe... É triste que, apesar de seu grande amor pela Colômbia e de sua grande capacidade de construir, é a sua pátria querida que você está causando mais dano, enchendo-a de divisões e de ódio. E esses sentimentos, alimentados pelo seu ágil perfil no Twitter, enchem de pólvora a consciência coletiva que, diante de qualquer provocação, ou depois de um simples porre, poderia partir para a violência e, assim, voltaríamos àquela norrível noite em que, instigados por chefes políticos incendiários, lotamos os nossos campos com 300 mil cadáveres.
O que foi feito de seu grande coração, doutor Uribe? Eu me lembro que o senhor me confessou que chorava facilmente, que tudo o comovia, e ainda me disse, com os olhos marejados: “Estou comovido porque um dos meus críticos, Fernando Garavito, saiu do país após ser ameaçado. Estou ofendido e farto com isso!”. E logo acrescentou: “Estou cansado! Meu governo não permitirá que espíritos daninhos se descontrolem”.
Pois agora, com sua influência, parece que é o senhor quem está se descontrolando. Não é melhor ocupar um posto alto na história desse país que quer lhe dar isso, e que o senhor merece? E não é melhor que Santos, seu ministro da Defesa, que continuou suas políticas, tenha debilitado as FARC e as forçado a negociar, promovendo essa paz que também é do senhor?
Então, certamente, a Colômbia o colocaria para sempre à altura de Bolívar... Pense bem, doutor Uribe...
Doutor Uribe,
O senhor é um líder com a capacidade de estadista de Carlos Lleras, a habilidade de Julio César Turbay e a genialidade política de Jaime Bateman. E, em algumas ocasiões, pode se transformar em um cavalo descontrolado a quem o senhor mesmo teme, conforme me disse em sua primeira campanha presidencial durante uma série de viagens de dois dias na qual, para escrever um perfil seu, eu o acompanhei a Medellín e ao Chocó – onde o senhor cumprimentou e saudou pelo nome, como Turbay, cada nativo e lhes perguntou como estava sua mãe, a dona Fulana, e onde o senhor, assim como Lleras, seu assessor Andrés Uriel Gallego (R.I.P) mudo quando lhe perguntou o número de quilômetros de um trecho de rodovia ou o volume de águas de um rio.
O senhor se lembra que, naquela ocasião, eu lhe perguntei se tinha medo e o senhor me respondeu: “sempre empreendi esforços para me controlar. Nós somos humanos e as reações não podem se descontrolar como um cavalo sem rédeas. Procurei manter as rédeas?”. E eu voltei a lhe perguntar: E se as rédeas se soltam? O senhor disse: “Complicado. O cavalo se descontrola, e um cavalo descontrolado não sabe onde vai cair, se vai se atirar por um precipício ou se vai causar danos a alguém”. Então eu lhe disse: É verdade que o que mais o senhor pede a Deus é paciência? “Eu peço paciência e que me ajude a não fazer mal ao próximo”, respondeu.
Pois chegou a hora de rezar para Deus muito mais, doutor Uribe, porque o senhor está fazendo muito mal com seu cavalo descontrolado de ódio contra Santos, a quem o senhor não perdoa por não ter sido seu fantoche ou por estar a ponto de promover essa paz que o senhor buscou contra as FARC – primeiro, acossando-as com a guerra, depois entregando-lhes o Rodrigo Granda gratuitamente e, por fim, enviando para a selva os seus emissários, os padres da igreja, para que acordassem com elas algum começo de paz. Mas como Santos, seguindo seus passos, avançou nesse processo, o senhor não o perdoa, como tampouco perdoa o fato de ele não ter declarado guerra a seu ex-amigo-inimigo Chávez, optando de modo pragmático por conviver em paz com o vizinho.
Por isso, levado por seu perigoso cavalo, a dias das eleições, o senhor acusou Santos de receber 2 milhões de dólares do narcotráfico sem entregar uma única prova nem às autoridades competentes (como é seu dever legal) e nem ao país (como é o seu dever moral), mas semeando a dúvida em seus milhões de adoradores.
Sabe, doutor Uribe... É triste que, apesar de seu grande amor pela Colômbia e de sua grande capacidade de construir, é a sua pátria querida que você está causando mais dano, enchendo-a de divisões e de ódio. E esses sentimentos, alimentados pelo seu ágil perfil no Twitter, enchem de pólvora a consciência coletiva que, diante de qualquer provocação, ou depois de um simples porre, poderia partir para a violência e, assim, voltaríamos àquela norrível noite em que, instigados por chefes políticos incendiários, lotamos os nossos campos com 300 mil cadáveres.
O que foi feito de seu grande coração, doutor Uribe? Eu me lembro que o senhor me confessou que chorava facilmente, que tudo o comovia, e ainda me disse, com os olhos marejados: “Estou comovido porque um dos meus críticos, Fernando Garavito, saiu do país após ser ameaçado. Estou ofendido e farto com isso!”. E logo acrescentou: “Estou cansado! Meu governo não permitirá que espíritos daninhos se descontrolem”.
Pois agora, com sua influência, parece que é o senhor quem está se descontrolando. Não é melhor ocupar um posto alto na história desse país que quer lhe dar isso, e que o senhor merece? E não é melhor que Santos, seu ministro da Defesa, que continuou suas políticas, tenha debilitado as FARC e as forçado a negociar, promovendo essa paz que também é do senhor?
Então, certamente, a Colômbia o colocaria para sempre à altura de Bolívar... Pense bem, doutor Uribe...
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