Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo
Pergunte ao seu filho adolescente se ele leu o livro que a escola encomendou. Ele não saberá o nome, provavelmente.
Agora pergunte se ele assistiu ao último vídeo de algum youtuber. A resposta positiva virá com uma descrição minuciosa. Batata.
A estratégia do governo Temer de pagar influenciadores do YouTube para fazer propaganda disfarçada das reformas no ensino médio segue o padrão vigente: é um golpe vagabundo.
Esses rapazes estão sendo pagos com dinheiro público para enganar o público.
De acordo com reportagem da Folha, o canal “Você Sabia?”, de Lukas Marques e Daniel Molo, com 7,13 milhões de assinantes, recebeu 65 mil reais pelos elogios.
“Se eu tivesse que fazer o ensino médio e soubesse dessa mudança, eu ficaria muito feliz”, comenta Lukas, na maior cara de pau.
Um certo Pyong Lee, por sua vez, com seus 3,3 milhões de assinantes, tenta encaixar um texto técnico, que ele claramente não compreende, no estilo bobo alegre característico.
Não há qualquer aviso de que a discurseira é um comercial. É um estelionato.
Os vloggers são um fenômeno mundial. No Brasil, Kéfera Buchmann, por exemplo, tem milhões de fãs querendo vê-la dissertar sobre assuntos como depilação, seus cachorros ou Deus se masturbando diretamente de seu quarto. Tem de tudo para todo mundo.
Era natural que virassem garotos propaganda. Até aí, ótimo. A questão é a falta de transparência.
Nos Estados Unidos, essa discussão está avançada. Em novembro, a US Federal Trade Commission, agência de proteção ao consumidor, anunciou um acordo com a Warner Brothers, multada por não avisar apropriadamente que desembolsou milhões de dólares para youtubers promoverem um game.
“Os consumidores têm o direito de saber se as pessoas estão fornecendo suas próprias opiniões ou se estão sendo pagas para isso”, disse Jessica Rich, diretora da entidade.
Seria demais esperar que uma administração nascida de uma farsa jurídica acompanhada de uma empulhação nas ruas, cujo intuito era colocar uma quadrilha no poder, se preocupasse com questões éticas.
Ninguém da comunicação iria perguntar aos colegas: “Será que devemos mesmo dar uma grana para esses caras fazerem os outros de bobos na internet? Afinal, é educação, mano”.
O sujeito tem clareza de que, se vier com algo nesse sentido, será demitido. Ele se lembra que até o MBL foi contratado para propagandear feitos temeristas com base em sua “expertise de rua” e cala a boca.
É o novo normal na era do pós-ridículo. Se o prefeito de São Paulo faz jabá das vitaminas da empresa de um amigo numa reunião com secretários e filma tudo, qual o problema de tratar crianças como otárias?
Agora pergunte se ele assistiu ao último vídeo de algum youtuber. A resposta positiva virá com uma descrição minuciosa. Batata.
A estratégia do governo Temer de pagar influenciadores do YouTube para fazer propaganda disfarçada das reformas no ensino médio segue o padrão vigente: é um golpe vagabundo.
Esses rapazes estão sendo pagos com dinheiro público para enganar o público.
De acordo com reportagem da Folha, o canal “Você Sabia?”, de Lukas Marques e Daniel Molo, com 7,13 milhões de assinantes, recebeu 65 mil reais pelos elogios.
“Se eu tivesse que fazer o ensino médio e soubesse dessa mudança, eu ficaria muito feliz”, comenta Lukas, na maior cara de pau.
Um certo Pyong Lee, por sua vez, com seus 3,3 milhões de assinantes, tenta encaixar um texto técnico, que ele claramente não compreende, no estilo bobo alegre característico.
Não há qualquer aviso de que a discurseira é um comercial. É um estelionato.
Os vloggers são um fenômeno mundial. No Brasil, Kéfera Buchmann, por exemplo, tem milhões de fãs querendo vê-la dissertar sobre assuntos como depilação, seus cachorros ou Deus se masturbando diretamente de seu quarto. Tem de tudo para todo mundo.
Era natural que virassem garotos propaganda. Até aí, ótimo. A questão é a falta de transparência.
Nos Estados Unidos, essa discussão está avançada. Em novembro, a US Federal Trade Commission, agência de proteção ao consumidor, anunciou um acordo com a Warner Brothers, multada por não avisar apropriadamente que desembolsou milhões de dólares para youtubers promoverem um game.
“Os consumidores têm o direito de saber se as pessoas estão fornecendo suas próprias opiniões ou se estão sendo pagas para isso”, disse Jessica Rich, diretora da entidade.
Seria demais esperar que uma administração nascida de uma farsa jurídica acompanhada de uma empulhação nas ruas, cujo intuito era colocar uma quadrilha no poder, se preocupasse com questões éticas.
Ninguém da comunicação iria perguntar aos colegas: “Será que devemos mesmo dar uma grana para esses caras fazerem os outros de bobos na internet? Afinal, é educação, mano”.
O sujeito tem clareza de que, se vier com algo nesse sentido, será demitido. Ele se lembra que até o MBL foi contratado para propagandear feitos temeristas com base em sua “expertise de rua” e cala a boca.
É o novo normal na era do pós-ridículo. Se o prefeito de São Paulo faz jabá das vitaminas da empresa de um amigo numa reunião com secretários e filma tudo, qual o problema de tratar crianças como otárias?
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