Por Fernando Brito · no blog Tijolaço
Sérgio Moro, com todos os seus títulos, é um homem de sérias
limitações intelectuais – talvez porque o vício de usar, toda hora, a
tal “cognição sumária” para mandar prender – o impeça de pensar com
mais profundidade.
O seu pensar e o seu agir são mecânicos, movidos pela ideia fixa da
vaidade e dominados pelo papel que, a seu ver, é o que o torna querido.
E o torna, mesmo, mas pelos homens e mulheres de coração mau, que por sorte da humanidade, ainda são e serão minoria.
Hoje, dia da missa de sétimo dia de Marisa Letícia, começam as audiências da defesa de Lula, que tinha o direito de estar presente e orientar seus advogados na sua inquirição. Moro não concordou em remarcar as oitivas.
A sua atitude de negar um adiamento de meros 15 dias aos depoimentos
da defesa de Lula, por conta da morte de Marisa Letícia não me espanta
por falta de sentimentos humanos, porque quem persegue, prende
desnecessariamente, encontra formas de arrastar às delegacias quem lá
iria bastando ser chamado ou que se serve, por método, de alcaguetes
para exercer o seu ofício não dá, mesmo, qualquer importância à dor
humana.
Ela impressiona pela limitação de inteligência, mesmo, de alguém que
não vê que o julgamento de Lula, de verdade, não se dá aí, na sua
medieval Vara curitibana.
O julgamento de Lula se dá segundo a condição de animal político que
têm os líderes, os homens de Estado, os que representam a população,
sobretudo a mais humilde, as mais desvalida, a que pensa com a pele, com
o bucho, com o dicumê dos filhos, e que ainda assim tem sentimentos humanos.
Este é o júri de Lula.
Moro tem a ilusão de que é ele, juiz monocrático, quem vai decidir o que já decidiu: que Lula é culpado.
Sua desculpa de que isso seria “suspender o processo” e suspender o
processo não teria fundamento esbarram a sua própria decisão de
suspender o processo da Odebrecht – aliás pelos mesmos 15 dias – que
tomo ao saber que estariam sendo negociadas delações premiadas da
empreiteira em Brasília. Ficou sabendo, informalmente, porque delações
são secretas até quando de sua homologação.
Seu ato mesquinho depõe contra ele próprio, não apenas no campo da humanidade, dos sentimentos.
Depõe contra ele na opinião pública e ele não se iluda que ela já se
move em outra direção, fora do mundo de fanatismo das redes sociais.
Depõe contra Moro a inteligência, que lhe falta.
Falta a tal ponto que chega a ser, como foi terça-feira,
desqualificado por um desqualificado como Eduardo Cunha, que lhe deu
lições processuais, mesmo sendo um escroque.
E muito pior ainda será quando se defrontar com Lula.
De um lado sua frieza burocrática, do outro a emoção do ofendido.
O juiz gaguejará, o réu se afirmará e os tamanhos vão se evidenciar.
Um gigante no banco dos réus e um anão do trono do magistrado.
Claro que ninguém espera Justiça de Sérgio Moro, porque se trata de um juiz que não julga, condena.
E isso é o mais grave na sua existência: é alguém que firma o juízo
do linchamento, da convicção pessoal no lugar das provas, do “é culpado e
nem adianta provar o contrário”.
O ódio, porém, é uma nuvem e como nuvem pode cair sobre nós até não vermos outra coisa diante dos olhos.
Mas, como nuvem, também se dissipa, embora alguns, como
lamentavelmente ocorreu com Marisa Letícia, não vivam tempo suficiente
para ver o mal se dissolver.
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