O papel desempenhado pela velha mídia desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo em 2007 beira o ridículo de tão contrário à realização do megaevento no país, colocando em dúvida a capacidade dos brasileiros em organizar eventos de grande porte e jogando sempre no time do quanto pior melhor, parecendo torcer para dar tudo errado, inclusive para a seleção brasileira perder. Mas o tempo colocou tudo no seu devido lugar.
Não é a primeira vez que os fatos derrotam manipulação efetuada pela mídia tradicional. Em 1984 na campanha Diretas Já, a Globo só passou a noticiar a mobilização popular contra a ditadura quando ficou impossível ignorar o fato e os dias da ditadura estavam contados. No ano passado, a mídia começou a atacar as manifestações de junho, depois tentaram a cooptação e mudaram de posição apoiando, depois retornaram à criminalização.
Em relação à Copa, os ataques passaram a ser sistemáticos. Da construção dos estádios à reforma aos aeroportos, tudo era negativo. A reacionária revista Veja, da família Civita, chegou a estampar na capa de 25 de maio de 2013 que os estádios ficariam prontos somente em 2038. Já na edição de quarta-feira (25) estampou: “Só alegria até agora”. Chamada que traiu o desejo claro dos editores em que aconteça alguma desgraça em prejuízo do Brasil.
Diariamente os jornalões e os telejornais apontavam os problemas, os atrasos nas construções e a falta de estrutura e de preparo do país para organizar um evento desse porte. Até uma semana antes da abertura da Copa no dia 12, só noticiavam desgraças e pouco falavam inclusive da seleção.
“A imprensa brasileira já vinha fazendo lentamente o caminho de volta para a realidade ao reconhecer que a Copa do Mundo no Brasil é, até aqui, um grande sucesso e uma ampla coleção de recordes. Até a revista Veja, que há alguns anos abandonou o jornalismo, já ensaiou o processo de transição do pessimismo para a celebração, caso os fatos continuem a desafiar suas próprias previsões”, acentua Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa.
Luciano refere-se ao “mea culpa” feito nesta quinta-feira (26) pelo Jornal Nacional, da Globo, última a assumir o sucesso da Copa no Brasil. Mais uma vez na história a mídia comercial se viu obrigada a se render, inclusive aos apelos comerciais do evento, mas principalmente porque estava ficando muito estranho os posicionamentos midiáticos sobre o país. Como justificar a torcida contra a seleção brasileira?
“A Globo não diz quem alimentou o pessimismo e o noticiário negativo sobre o Brasil nos dias que antecederam o início da Copa do Mundo. De repente, ninguém sabe, ninguém viu quem estimulou o espírito de porco e quem animou o complexo de inferioridade a se manifestar”, questiona o jornalista Luciano.
“Com a chegada da Copa, cerca de 19 mil profissionais de mídia de diversos países do mundo desembarcaram no Brasil. Por si só, esse número já mostra o fracasso da imprensa tradicional brasileira”, revela Helena Sthephanowitz. Segundo ela, “quase ninguém quis comprar suas reportagens e matérias por falta de confiança na narrativa. Todos quiseram ver com seus próprios olhos, fazendo suas próprias reportagens, tanto esportivas como sobre outros acontecimentos”.
O que a mídia comercial não previu era que 3,6 bilhões de pessoas estariam ligados na Copa do Mundo de 2014. Sendo cerca de 600 mil turistas estrangeiros somente no Brasil. A velha mídia perde a pose, mas não a cara-de-pau.
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