Mauro Santayama, em seu blog
O Valor Econômico informa que as empreiteiras brasileiras correm o risco de perder mercado para
concorrentes internacionais, principalmente da Europa e da China se não puderem
mais contar com financiamento do Estado brasileiro.
Há crescente preocupação em explicar que cada centavo tomado
pelo BNDES para construção de obras como o Porto de Mariel em Cuba foi gasto na
contratação de serviços e compra de equipamentos no Brasil, e que as obras no
local da obra são financiadas pelo próprio governo-cliente.
E em esclarecer que, a cada vez que se perde um contrato
desse tipo, deixam de ser criados no Brasil milhares de empregos. Neste momento
as empreiteiras brasileiras, estariam ocupando o segundo lugar no atendimento
ao mercado latino-americano de grandes obras de infra-estrutura, quase sendo
alcançadas pelas chinesas. O primeiro lugar é da Espanha.
As construtoras espanholas avançaram na América Latina, porque
podiam oferecer crédito barato, o que não é o caso agora, quando seu país,
devido à crise, tem uma dívida interna líquida de quase cem por cento do PIB e
cerca de 20 bilhões de dólares em reservas internacionais.
Além disso, a credibilidade espanhola – e européia de modo
geral - também saiu arranhada de episódios como o conflito em torno das obras
de ampliação do canal do canal do Panamá. No ano passado, e até o início deste
ano, o consórcio escolhido para a realização da obra, composto pela construtora
espanhola Sacyr Vallehermoso, a italiana Impregilo, a belga Jan de Nud e a
local Constructora Urbana S.A, do Panamá, ameaçou, por diversas vezes,
paralisar as obras, no valor de quase 6 bilhões de dólares, exigindo, por
diversas vezes, o pagamento de aditivos
não previstos no contrato, alegando “sobre-preços” não previstos,
fazendo com que o governo panamenho ameaçasse levar o caso aos tribunais
internacionais.
Com 378 bilhões de dólares em reservas e um dos maiores
bancos de fomento do mundo, o Brasil precisa e deve continuar financiando, em
condições cada vez mais favoráveis, as obras de nossas construtoras no
continente latino-americano, sob pena de perder mercado para concorrentes que
fazem o mesmo, de outras regiões do mundo.
Com os chineses, no entanto, em vez de briga, se poderia
pensar em estabelecer uma aliança.
Pequim conta com recursos muito maiores que os nossos, e as
empreiteiras chinesas conquistaram - como se pode ver na China – enorme
competência na execução de obras de engenharia pesada e civil de excelência,
nos últimos anos.
Isso pode ser visto, por exemplo, nos seus 10.000 quilômetros
de malha de trens de alta velocidade, a maior do mundo, e nos enormes
arranha-céus de suas metrópoles.
Com os chineses, aproveitando-nos de nossa condição de sócios
nos BRICS, e no futuro banco de fomento do BRICS, que deverá ser lançado na
cúpula do grupo prevista para julho em Fortaleza, o Brasil teria tudo para
estabelecer nessa área uma estratégica e
fecunda parceria.
Nesse acordo, negociado em nível de governo, nossas
empreiteiras poderiam se associar às chinesas na construção de obras na América
Latina, com os bancos estatais dos dois países dividindo o financiamento e a
indústria brasileira e a chinesa, as encomendas e oportunidades.
Esta semana a maior empresa de construção de máquinas
para construção pesada do mundo, a XCMG, vai inaugurar, na cidade mineira de Pouso
Alegre, a sua primeira fábrica fora da China.
Com investimentos de aproximadamente 1 bilhão de reais, a
indústria deverá produzir 1.500 guindastes pesados e máquinas de terraplenagem
no primeiro ano, e 10.000 unidades a partir de 2015, com faturamento de 500
milhões de dólares por ano .
O financiamento do BNDES para a exportação desses
equipamentos fabricados no Brasil, considerando-se o nível de conteúdo nacional
atingido, e seu uso em grandes obras de infra-estrutura disputadas
conjuntamente por consórcios sino-brasileiros na América Latina, poderia ser um
dos pontos oferecidos aos chineses para estabelecimento dessa parceria
estratégica.
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