Por Fernando Brito, no Tijolaço.
A
contratação direta da Petrobras como exploradora exclusiva do megacampo
de Búzios (e a áreas de Tupi Nordeste, Florim e entono de Iara, a ele
agregadas) deixou sem reação o campo entreguista da política e da
economia brasileira.
Foi para o espaço a primeira das “medidas
impopulares” do sonho de governo tucano: revogar o modelo de partilha do
petróleo e leiloar uma quantidade de petróleo que se aproxima de todas
as reservas já provadas do país até hoje.
Embora a contratação
direta da Petrobras estivesse autorizada em lei e, depois de a empresa
ter feito toda a prospecção preliminar das jazidas, isso fosse apenas
uma consequência lógica, eles estavam certos que o enfraquecimento
político da Petrobras, com a onda de “denúncias” dos últimos meses, e as
dificuldades econômicas do Governo obrigassem ao planejamento de um
leilão do petróleo excedente aos 5 bilhões de barris concedidos à
petroleira nacional quando da capitalização, cessão que seria
juridicamente quase impossível de revogar.
A esperança era este excedente.
E este excedente é uma imensidão de até outros 15 bilhões de barris, além daqueles cinco bilhões já contratados.
Tanto é assim que estabeleceu-se um conveniente silêncio sobre o tamanho destas reservas.
E que, sabemos agora, podem chegar a ser o dobro do megacampo de Libra.
Porque
o quadro divulgado ontem pelo Governo e registrado na CVM como “fato
relevante” pela empresa fala em até 15 bilhões de barris como “volume
excedente” ao já contratado e não como volume total.
Como a gente
avisou, no ano passado, Franco (agora Búzios) é maior do que Libra e,
com as demais áreas agregadas, muito, muito maior.
É claro que
não era só este Tijolaço que sabia desta imensidão. Muito antes de mim,
toda a indústria do petróleo já tinha ciência disso.
Por isso, estão sem palavras.
O inevitável “consultor” Adriano Pires, o homem que queria vender Libra pelo preço de um quarto-e-sala, lamenta no jornais: “é muito estranho fazer isso perto da eleição” e que a decisão espantará os maravilhosos “investidores estrangeiros”.
Muito
pelo contrário, o que a indústria do petróleo quer é que baixem as
exigências de conteúdo nacional para a exploração e como isso só
acontecerá nos casos absolutamente necessários para o cronograma de
exploração que a Petrobras já vem dilatando, vão é continuar a se
instalar aqui. E as petroleiras estão loucas para a Petrobras vender
pequenas partes das concessões que tem no pós-sal para liberar capitais
para a exploração das megajazidas.
E pode ser até que o faça, muito seletivamente.
Por
não terem o que falar, vão dizendo besteiras desconexas, como “sem
licitação”, “dinheiro para acertar as contas públicas” e outras tolices.
A contratação direta da Petrobras está clara e explicitamente prevista na Lei da Partilha.
E
os R$ 2 bi – do total de R$ 15 bi, equivalente ao bônus de Libra – que a
Petrobras pagará neste ano e em 2015 não são sequer 3% da meta de
superavit primário do Governo Federal.
O governo, por seu turno,
também conduziu o processo muito discretamente, para evitar o
recrudescimento das campanhas anti-Petrobras.
Até agora, a
própria mídia está meio atônita que não “pescou” o que mencionei lá em
cima: trata-se de uma área com até o dobro das reservas de Libra.
Mas escreva aí: vai começar uma imensa chiadeira.
A choradeira de perdedor.
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