Desde o início, tinham-se todos os elementos para não se dar credibilidade ao advogado Jonas Tadeu nas acusações de que o PSOL e o deputado Marcelo Freixo estariam por trás do suposto financiamento aos vândalos das manifestações.
Tadeu não apresentou uma prova, apenas sua palavra, e de maneira cautelosa para se prevenir de futuros processos.
Bastava a informação de que foi advogado de Natalino Guimarães – o chefe de milícia alvo de uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio, cujo principal nome foi o próprio Freixo – para, no mínimo, não se endossar de pronto as declarações. Nem seria necessário a informação adicional, de que durante a CPI Tadeu e Freixo se desentenderam várias vezes.
A manobra do advogado era óbvia ao se constatar que as falsas denúncias não obedeciam a uma tática de defesa. Pelo contrário, agravavam mais a situação dos rapazes, que de jovens tresloucados se transformavam em milicianos pagos para fazer baderna.
De Tadeu, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro, se incumbirá. Depois de rifar o destino de seus clientes, para fazer o jogo dos seus financiadores, muito provavelmente será cassado seu direito de continuar advogando.
De qualquer modo, a maneira como se instrumentalizou a tragédia da morte do cinegrafista Santiago Andrade é um sinal eloquente de como se comportará a mídia durante a campanha eleitoral.
Transformaram Santiago em mártir da imprensa. Não é. Ele foi alvo de um rojão disparado a esmo, que poderia ter vitimado um PM ou um manifestante. Ele é um mártir pessoa física dessa imprudência em se dar corda a vândalos. E nem se debite exclusivamente ao PSOL o estímulo às manifestações (não à violência) porque elas interessavam diretamente à velha mídia, em sua cruzada diária a favor da exacerbação da opinião pública.
A exploração política do episódio foi tão vergonhosa quanto a falsa acusação de financiamento dos manifestantes pelo PSOL. A culpa seria de Lula, que recebeu o MST; dos blogs que acirram a animosidade contra a mídia. E, agora, seria uma tática do governo para desmoralizar as manifestações contra a Copa.
Nenhuma responsabilidade à campanha de ódio que tem marcado a velha mídia desde 2006.
Com o fim do pluralismo na mídia, restaram duas vozes isoladas fazendo o contraponto: o colunista Jânio de Freitas e a ombudsman Suzana Singer, da Folha.
Mas, a exemplo de 2006, ambos estão desde já submetidos ao mesmo jogo de desgaste que, naquele período, vitimou jornalistas independentes. Na época, a tática foi concentrada em um colunista da Veja que, com seus ataques, fornecia o álibi para os jornais se desfazerem dos colunistas incômodos.
Agora, a tática consiste em trazer novos colunistas para dentro do próprio jornal, com a incumbência objetiva de conduzir uma guerra de desgaste contra os recalcitrantes. Para o público, passa a ideia de independência editorial e pluralismo. Quem conhece as engrenagens sabe que há uma tática perversa atrás dessa autorização para atacar colegas.
O fantasma de 2006 e 2010 está de volta.
Luis Nassif é jornalista. Publicado originalmente em seu blog (jornalggn.com.br/luisnassif)
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